O sabor amargo da perda!
Sue Amado
agosto 30, 2017
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Feelme/O sabor amargo da perda!Tema:Sentimentos! Imagem retirada da internet |
Já o sentimos todos. Já saboreámos o sabor que não queremos repetir. Já estivemos desfeitos, pequenos e incapazes de entender o que nos reservara a vida. O sabor amargo da perda, aquele que nos faz duvidar até de nós e que por vezes nos impede de querer continuar.
A dor até pode ser mensurável, mas cada um entende da sua e arranja forma de desvalorizar a do outro. A perda que sempre carrega uma dor que não explica, tem que ser também ela entendida e catalogada, porque perder, mesmo, é não ter forma de voltar a ver, sentir, tocar ou sequer sonhar. O sabor amargo da perda é todo ele de um único paladar, porque com a perda vem a realização do muito que deixámos por fazer, ou de tudo o que tanto tentámos, mas fomos incapazes de ver acontecer.
Perder, mesmo, e eu sei porque perdi quem outrora esteve sempre, mesmo que quase nunca tivesse estado, não quando o meu coração cansado tinha vontade de desistir. Não quando as lágrimas rolavam sozinhas, sem quem as entendesse ou amparasse. Não quando não sabia quem escolher e de que forma amar. Não quando duvidava até da minha capacidade de entender do que falava... Perder, perdi agora e essa sim é irremediável, porque mesmo quando as conversas eram duras e as discussões acesas, eu sabia que estava "aqui", não questionava por quanto tempo, porque o tomava por garantido, mas tinha-o, sentia-o e recordava-o nos nossos melhores momentos.
Hoje acompanhei quem está a "saborear" de forma imposta a perda, e todos os músculos do meu corpo se retesaram e impediram de funcionar. Deixei-me levar e lavar pelo choro que veio de bem dentro de mim e que por solidariedade derramei. Não tive como me conter, nem poderia, porque entendi uma vez mais, que perder é isto, é ver que nos são levados os que começaram antes de nós e que carregaram a história que teremos que manter. Perder é sentir que o sempre será para sempre e que a saudade, a tal que apenas existe na nossa língua, nunca voltará a sair. Perder é permanecer só outra vez!