Tanta vida para além de nós...
Sue Amado
outubro 19, 2017
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Não sei se andámos depressa demais. Não sei sequer porque nos deixámos ir depois de umas quantas palavras trocadas, que hoje nem me parecem assim tantas. Não sei que necessidade imperiosa é esta que sinto, para tanto querer sentir este homem.
Tínhamos que nos voltar a ver. Era premente que o olhasse fora de todo aquele cenário que nos parece ter enfeitiçado antes. A aldeia perdida. A água que ainda hoje consigo ouvir. A noite que alimentámos com muita sede de uma vida que ainda não chegou onde precisamos, não até hoje.
Passei na ponte que me leva tantas vezes e vi a sua silhueta de longe. Já me é familiar e tem um sorriso que quase me desmancha, mas eu permaneço de ar controlado, segura de mim, bem mais do que o sou realmente. Os beijos foram a fugir, aqui, neste lugar sem magia, sem a nossa, não me deixo levar e afasto os pensamentos do corpo que já tomou o meu. Levantou-se quando me aproximei, que vontade de o abraçar logo ali e de reter na roupa o cheiro que já tenho na mente. Falámos mais de nós. Trocámos lugares por onde o outro não passou, mas que deixará um rasto que queremos poder seguir. Que vontade de ser beijada outra vez!
Não sei porque razão me seguro sempre tanto. Não entendo este meu medo de me passar como sou, se é que eu sei mesmo como sou quando amo. Não gemo alto para não ouvir o som da minha voz quando tenho prazer. Não me permito arfar, não por muito tempo, acreditando que se controlar a respiração, controlo a minha vida e os passos seguintes. Não peço para ser possuída, deixo-me possuir e conto com a sua rapidez em me saciar.
Falámos de tudo e o meu cérebro de mulher correu à velocidade do que pareço estar a sentir. Fui e voltei. Vi tudo o que já tivemos e consegui olhá-lo com mais atenção. Este homem vai mudar a minha vida e já não há nada que possa fazer para o evitar.
O regresso doeu mais do que esperava. A vontade de não precisar de ter vontade e apenas sentir, sem horas, sem lugares por onde passem outros, sem mais do que não apenas nós. A vontade de pertencer à mesma vida que estou a descobrir. A vontade de saber o que sente realmente este homem por mim...
A mensagem chegou, mesmo quando já sentia a sua falta outra vez e com ele o sorriso que me conseguiu tranquilizar!