Gostava bem mais de mim quando era gostada por ti. Tinha, nessa altura, movimentos que me movimentavam até a alma e que me deixavam o corpo no ponto certo. Sabia o que tinha que fazer e quem ser para que o fosses comigo. Carregava uma energia que contagiava todos à nossa volta e eras tu o responsável pelo que outros desejavam. Corria mais para me cansar do que acumulava de cada vez que me tocavas e nunca aligeirava o que viria no dia seguinte, porque era bom. Deixava-me apertar pelos braços que me asseguravam do que acreditava ser verdade e assim o foi enquanto nos gostámos.
Gostava de todas as vezes que te dizia amo-te, sem normas, peso ou medida, activando o teu olhar que se pousava algo incrédulo no meu. Era tua por escolha, mas escolheste não o entender. Gostava do turbilhão de imagens que povoavam a minha fértil imaginação e sei que nunca me senti TÃO viva. Gostava de te ter convencido que era tua para ficar e que fazias sentido em TUDO o que antecipava, mas não pareço ter gostado o suficiente. Quem sabe não foi demais...
Gostava que tivéssemos dançado juntos as músicas que nos entravam na pele, mas rapidamente percebi que teria que deixar de gostar de ti como no início, porque o fim estava próximo e porque o decidiras sozinho. Gostava de estar a escrever sobre o nosso amor, mas o que sobrou foi apenas o que faltou. Gostava de continuar a acordar ao teu lado, mas depois de tantas noites a adormecer contigo do lado errado da minha vida, decidi que afinal gostava bem mais de mim e parei de gostar de ti, assim, tal como quando te reconheci.