18.7.22
Os dias que te mudam!
Os dias têm uma forma natural de te fazer ouvir, sentir e olhar para o que te faz verdadeiramente falta. Cada dia carrega os que foste deixando passar, dispensando decisões que te impediriam de te adiares, porque és sempre a que conta. Este dia, tal como os que agora me vão chegando, chegou a recordar-me de quem sou e a verdade é que sou muito, sobretudo para mim.
Se desatares a querer mais do que te pertence, acabarás por sentir que tudo o que é externo a ti terá o poder de te revolver o interior. Se te souberes sossegar do que na verdade não controlas, o controlo de ti passará a ser maior e todos os minutos do dia serão melhor usados para que te sintas como és na essência. Se permitires que as pequenas coisas da vida, mas que na realidade são maiores do que tudo o resto, te envolvam, acabarás inevitavelmente envolta numa luz que te ilumina por dentro e te torna bem mais bonita por fora.
Os dias, quando estás atento, têm exatamente tudo o que ainda te falta ler e entender. Os dias terão a dimensão e a importância que te deres e de cada vez que te visualizas no leme do barco, o destino só poderá ser o certo, por isso usufrui de cada nova viagem. Os dias nunca se repetem, por mais importantes e desafiadores e nunca terás forma de viver duas vezes a mesma experiência, então usa e abusa do poder, momentâneo, de estares exatamente onde precisas, de contrário precisarás sempre de recomeçar outra vez.
17.7.22
Agora és meu amigo?
Pior do que seres o meu ex, aquele que não ficou e a quem a vida levou de mim, é seres meu amigo, porque como amigo não te posso cobrar o que não tiveste vontade de fazer. Ao seres o amigo, as palavras, ou metade delas, terão que permanecer guardadas em mim por muito mais tempo, quem sabe para sempre. Se me escolheste para amiga e se te aceitei neste novo papel que ainda preciso de saber representar, os abraços poderão até voltar a acontecer, mas mais frios e condescendentes e não terei forma de os recusar.
Tanto que te queria como a pessoa que já foi e que deixou de ter um rosto no presente. Tanto que precisava de já não ter que precisar de ti, não nesta nova versão aparentemente moderna e na qual não gastamos tempo com as mágoas e os amargos de boca. Tanto que precisava de te poder abanar, cobrando-te o que nos impediste de ter. Tanto que sinto ainda, enquanto me forço a fingir que deixei de nos sentir e que estou resolvida e tranquila, serenando a mente que não cessa de me espicaçar e perguntar o que deixei de saber responder.
Pior do que simplesmente me forçar a esquecer-te, é lembrar-me, todos os dias, que continuas por aqui, querendo ser o amigo que protege, vigia e se certifica de que me mantenho de sorriso nos lábios. Pior do que te odiar, porque é o sentimento certo em oposição ao amor, é precisar de fingir que gosto o suficiente de ti para te considerar um amigo.
Amores para sempre?
Os amores são para sempre, até os que terminam. Quem o diz? Quem já os sentiu na variação certa. Quem os viveu para além do que se convencionou como difícil e quem soube que sabor lhe dar, mesmo não o tendo recebido de igual forma.
16.7.22
Sentir ou dizer?
Já tentei dizer o contrário do que sentia e já tentei sentir o contrário do que dizia, mas e porque ser eu me deu TANTO trabalho, só me permiti algumas "brincadeiras" temporárias, voltando rapidamente ao meu lugar de sempre.
A forma como encaras e encaixas a vida tem a ver com o teu olhar para dentro e que advém de muitas horas de perguntas que desejas ver respondidas, ou do pouco que te dedicas, não entendendo que dessa forma nunca te dedicarás verdadeiramente a alguém. Temos a obrigação de ser felizes, porque a nossa realidade, esta que vivemos agora, é a única que nos cabe e deve ser honrada. A felicidade chega após a conquista de desafios autopropostos, a felicidade é o que sentes enquanto estás a fazer sentir, da forma certa, as pessoas que amas; A felicidade são os silêncios nos quais te ouves como mais ninguém consegue e por isso te enches de palavras com sentido: A felicidade são as escolhas conscientes e que mesmo não prometendo finais antecipados, não te defraudam.
Já fui tentada a acreditar no impossível e já me senti impossibilitada de acreditar no real, mas em nenhum dos processos desisti de estar inteira, sendo a pessoa a quem iria pedir contas caso aceitasse o inaceitável, ou me contentasse com o pequeno. Já fui inundada de amores que tomei por garantidos e já fui impedida de amar quem me sabia a sabores novos, mas NUNCA e em nenhum momento, até nos mais difíceis, deixei de acreditar que o amor que me cabe saberá como me encontrar. Já fui muito feliz sem o perceber, mas hoje sei que a minha felicidade é tão percetível, que ignorá-la seria a minha maior loucura.
Porque escrevo afinal?
Escrevo porque tudo o que faço, sinto e vejo, tem a forma das palavras e é apenas com elas que acabo por mostrar o melhor de mim, fazendo-me entender e dando aos outros o que também me alimenta. Escrevo como penso, penso como respiro e acabo por escrever como amo e amar para mim tem que ser um estado natural, uma necessidade, uma vontade de ser vista como me vejo.
14.7.22
Estou num lugar "novo"!
Estou num lugar "novo" no qual avalio e reavalio tudo o que fiz por ser e sendo, preferencialmente, ainda mais completa e serena. Estou finalmente sozinha, sem as pessoas de quem a minha pessoa cuidava, sabendo que poderia ser muito mais e já o era na verdade, mas receando o momento em que a minha principal função se esbatesse e passasse a ser primordialmente a mulher. Estou num mar que passou de revolto a demasiado tranquilo e agora só me resta equilibrar ambas as partes de mim, porque fui sempre duas, com dois pares de mãos que abraçavam e dois corações que se estendiam para que coubessem as pessoas que depois de mim, serão as mais importantes desta e de outras vidas, de outras porque só poderão já ter sido meus e senti-los desta forma, com uma ligação que os desliga da responsabilidade de me fazerem feliz, mas sendo-o para que sosseguem e vivam de forma plena a vida que lhes ofereci quando os concebi. Estou num lugar novo, vazio de sons e de cheiros familiares, mas pleno de memórias, de planos e de ainda mais sonhos. Estou no lugar onde terei que me saber reinventar, pela inevitabilidade, mas no qual saberei melhor quem sou e o que é suposto continuar a produzir. Estou num lugar que me acolheu, mas continuo sem saber onde pertenço, talvez porque seja de todos, até dos que ainda não pisei, mas querendo, muito mais agora, que a viagem comece sem data para voltar. Estou num lugar "novo" e dele só poderei sair renovada, porque sei que acabarei ainda mais forte e capaz de usar o tempo a meu favor. Estou num lugar "novo" e ainda só agora o comecei a perceber.