Feel Me

Ser uma mulher nova quando já mais nada me parecia possível de renovar, tem-me deixado ainda mais atenta a mim e ao que consigo concretizar!

Faz, continuamente, até que ainda mais haja para fazer. Sê, consistentemente, até que percebam quem precisam de ser para te ter. Vai, com medo mesmo, mas perdendo-o a cada nova passada, para que possas continuar a querer ir e volta apenas quando já tiveres conseguido tudo o que te propuseste.

Provar-me da força que sempre acreditei ter enche-me de mais certezas. Parar de me sabotar de cada vez que sonhar, coloca-me "lá", no ponto mais alto para que possa finalmente voar. Saber que tenho tudo o que fiz por acumular, mostra-me o quanto valeu a pena cada queda, todas as corridas e lágrimas choradas sozinha e com receio de estar a fraquejar.

Estou a viver a minha fase mais desafiante, mas continuo a conseguir passar com distinção. Estou a perceber que a minha fasquia deverá permanecer exatamente onde a coloquei e que se a mover correrei o risco de me defraudar. Estou ainda mais serena e atenta ao que me cabe por direito e estou, sem qualquer dúvida, mais bonita por dentro e é óbvio que se vê por fora. Estou finalmente pronta para o meu amanhã.

Afinal como é o amor? O amor é assim e passo a explicar:

É simples, concreto na sua total abstração e contempla apenas um sujeito de cada vez. Ok, ok, também existe o poliamor, vão alguns dizer, mas ele é apenas, para mim obviamente, um estilo de vida e uma alternativa à monogamia. O amor é o sentimento mais supremo que podemos ter por alguém e é amando que cuidamos, protegemos, olhamos e entendemos do que fala até quando nada diz. O amor é um estado de alma completo, que nos arranca dos problemas comuns e nos atira para as maiores aventuras e habilidades. O amor afasta-nos do marasmo, reafirmando-nos o sorriso e concedendo-nos poderes extra-sensoriais.

Definições existirão muitas, porque cada um usará de vocabulário e experiências próprias para o legendar, mas o que não vale é que o ajustemos e usemos a nosso belo prazer, desviando do caminho o suposto objeto. Quando amamos sabemos, permitindo-nos padecer até que sintamos o retorno. Quando amamos não usamos, não mentimos, nem ferimos ou sequer partilhamos. Quando o amor anda por perto, todo o desamor anteriormente instalado se esfuma.

Queres que te ensine a amar? Não posso, não sei como e nem preciso, porque algures neste mundo TÃO vasto, existirá quem já saiba o que significa, estando pronto para me aceitar. Precisas que te explique o contrário de amor? I don´t think so, because I´m sure you already know!

Gostava de não ter precisado de desistir. Preferia que o nosso momento, aquele que nos levou de forma errónea, ou totalmente errada, um até ao outro, nunca tivesse acontecido, porque não sou das que prefere viver mal do que não ter vivido de todo. Gostava de não ter sido comparada, ou colocada na "fila", talvez pelo muito que me considero, mas tenho que aceitar que não fui assim tão importante. Gostava de poder ser apenas gostada, de forma simples e sem os inúmeros tratados emocionais que agora afligem os que por "aqui" circulam. Gostava que tivesses sido tu, mas estou pronta para receber quem entrará pela porta grande, sem máscaras nem esconderijos.

O meu coração é mesmo um lugar gigante e tem dentro tudo o que me recoloca nas passadas que me visualizo a dar. A minha alma, essa, parece saber de tudo o que já vivi e do muito que ainda me falta sentir e oferecer, talvez por isso continue a pendurar-me o sorriso no canto dos lábios. 

Gostava de encontrar pessoas transparentes, lúcidas e suficientemente crescidas para perceberem do meu crescimento emocional. Gostava de poder confiar sem olhar por cima do ombro, mas recuso-me a acreditar que a maioria esteja definitivamente danificada. Gostava de sentir que não se passa apenas pela vida, mas já percebi que falta mundo, coragem, desapego e certezas. Gostava de voltar a ser amada, mas porque já o desejei, sei que vai acontecer.

Se eu disser que te procuro e que sei tudo o que preciso de encontrar em ti, será que te ajudo a vir, fazendo-te chegar um pouco mais depressa?

Já quase que consigo sentir o calor que os teus abraços deixarão no meu corpo sedento e de que forma irei saborear os teus beijos cheios de desejos. Se fechar os olhos ter-te-ei de forma mais clara e saberei como desenhar cada um dos teus traços, porque há muito me estás destinado. Sinto-te tão dentro, que só podes existir na forma e no formato que se encaixa no meu, sem esforço nem reservas. Temos longas conversas sem sons e falamo-nos de todas as vidas que fomos vivendo, algo vazios, porque a parte que completará a nossa ainda não chegou. Olhas-me sempre com atenção, carregando-te nos sorrisos que apenas eu consigo ver enquanto te sinto e te olho com a mesma entrega. As nossas horas juntos não passam, firmam-se para que nos asseguremos do que nos caberá fazer e ser juntos. 

Se me disseres, mal me tocares, que esperaste uma vida por todas quantas viveremos juntos, saberei que és tu. Se me passares segurança e certezas, mesmo antes de qualquer palavra de amor, irei onde me propuseres, apenas porque posso e porque por um amor como o teu, em mim, revirarei todo o meu universo. Se nunca usares os "mas" que diminuem ainda mais os de alma pequena, nunca te responderei com qualquer dúvida existencial, limpando-me de todo o desamor com que me queimaram a pele e enregelaram o coração que na verdade te pertence. 

Se eu disser que ninguém ficou porque na verdade era por ti que esperava, será que me confirmarás o que já sei?

Chegará um dia, se não o souberes ainda, em que perceberás de que força és feita. Haverá um momento, dos muitos que te compõem, que passarás a ser composta apenas do que te serve e será aí que te servirás melhor. Virá uma lua, talvez a mais cheia e luminosa, que deixará todas as outras sem qualquer  importância.

Ultrapassa os teus medos, sorri-te e usa dos passos mais seguros que tiveres para que te assegures de que és a pessoa que tanto ansiaste ver. Recebe a dor que te for infligida e transforma-a no crescimento que se te impõe, indo até onde antes te parecia apenas possível em sonhos. Procura pelo que te trará certezas reais e usa a realidade que tens para chegares a outras bem mais firmes. Perdoa mais, mas aceita ainda menos para que não andes cá e lá na escada da vida que deverá ser a sempre a subir.

Chegará um dia em que a tua visão do mundo será real e a tua realidade nunca mais passará pelos mesmos lugares e pessoas. Haverá um momento que levará a que os segundos se encaixem de forma perfeita nos minutos imediatamente a seguir às horas que eternizarás. Virá uma lua que permanecerá, mesmo que todas as outras teimem em acontecer, porque o que te for destinado acontecerá.

Nunca olhes, por demasiado tempo, para quem não te conseguir olhar de volta. Nunca aceites sacos de indiferença disfarçados de amores inexistentes e nunca ouças a mesma desculpa mais do que uma vez.

Sentir que sentia sozinha deixou-me mais solitária e sem vontade de me recolocar no mundo das emoções, mesmo que saiba que algures, num universo tão vasto, exista quem reconheça a minha existência. Saber que sei o suficiente de mim para conseguir aceitar o outro, faz-me ter vontade de ser aceite, mas sem que tenham que existir esforços ou desculpas. Perceber que não poderei ser apenas a pessoa de alguém por a ter escolhido, restaurou-me a paz, mas impeliu-me para o momento em que voltarei a ser tocada, arrepiando-me da forma certa. Querer, bem mais agora, que a boca que a minha beijar não esconda mentiras, mas me passe o que nem a ciência explica, deixa-me de sorriso aberto do deitar ao acordar.

Nunca mais forçarei quem ainda não souber o que faz por aqui. Nunca mais voltarei a dar-me sem receber nada de valioso de volta, porque mesmo sozinha serei e terei sempre o que me basta. Nunca mais voltarei a fingir que não vejo, ou não percebo, porque já tenho dentro tudo o que porá a claro a escuridão que envolve algumas almas. Nunca mais voltarei a ouvir a palavra amo-te sem que a felicidade me envolva com os sabores que tão bem conheço. 

E se não te tiver? Fazia-me esta pergunta vezes sem conta, até perceber que cada dia seguiria sempre comigo dentro e que nem a tua falta me impediria de sentir da única forma que sei, intensamente. Quem fui quando julgava ter-te? A minha versão falsa e falível. Fui bem menos do que alguma vez achei possível, mas foi ao entender as inúmeras possibilidades que me reserva o mundo, que me reservei tempo para regressar a mim.

O que me faz falta é exatamente tudo o que tenho e que na verdade é tanto que esperar por mais me tornaria ingrata. Quem me faz falta será a pessoa que estiver em todas as ocasiões, sendo real e verdadeira, mesmo que na amálgama de defeitos que nos cabe a todos. O que não quero deixar de ter é o que me ocupa cada um dos momentos que vivo à minha velocidade, cuidando de tudo o que faz de mim a pessoa que vale a pena ter por perto, desde que aos outros não falte a integridade, o respeito pelo que são e pelo nome que carregam e que seguramente já semearam e desejam ver florir.

E se não te tiver? Ter-me-ei de forma a que volte a ter quem me faça amar ainda com mais desejo e entrega. Terei forma e formatos que se adequarão a quem for a minha pessoa adequada. Terei sons e sorrisos cheios de luz e sem que a escuridão se volte a instalar. Terei o que sou capaz de dar e faço-o sem qualquer esforço. Se não te tiver, como na realidade nunca tive, terei mais tempo para saber quem afinal permito na minha vida.