23.1.24

Não sei quem sou sem ti!

janeiro 23, 2024 0 Comments


Olá meu amor,

Há muito que parei de escrever para ti, mesmo que o faça mentalmente, tentando conjugar os verbos que nos definiam e recusando manter-me zangada com a tua partida. Digo-me e repito que não tínhamos mais tempo nem momentos e que a alternativa, se ficasses, seria ficarmos ainda mais desgastados e doridos. Tento convencer-me, mesmo que em vão, de que nada mais haveria a fazer ou a dizer, querendo acreditar que dissemos tudo. Os nossos últimos dias, e que dor se aloja agora no peito, por repetir o que nunca desejei que acontecesse, foram serenos e serviram de bálsamo a tanta mágoa e desencanto. Passeámos de mãos dadas nos inúmeros lugares onde deixámos parte de nós e recolhemos o que ficaria para memória futura. Deitámo-nos a altas horas da noite, recordando cada minuto de todos os anos que vivemos juntos e saboreámos os vinhos que armazenei para ocasiões especiais. Tentámos de tudo, mas falhámos, tu e eu, porque não soubemos de que forma sarar o que nos queimou qual ferro em brasa. 

Ainda não sei quem sou sem ti. Dou comigo a tocar em cada um dos objetos que faziam parte das tuas rotinas e que sempre tomei por garantidos. Nunca mais nada teve o mesmo sabor, e vou ouvindo, sem escutar verdadeiramente, o que me dizem as pessoas que tentam segurar-me, porque nunca me tinham visto cair. As horas passam tão lentas que quase me sinto flutuar, sem gravidade nem energia, mas de repente percebi que já se passou um ano e que devo ter hibernado, porque não me recordo de quase nada.

Quando é que nos afastámos tanto, que até o que sonhámos em conjunto se esfumou? Para onde deixei de olhar para que acabasses a ver outra que não eu? O que foi que deixei de ser, ou tu para mim, para que o NÓS se esvanecesse?

Há muito que desisti de entender o que nos abalrrou, mas preciso, desesperadamente, de saber quem sou, agora que sou apenas eu. Perdi-te mal nos perdemos de nós e o esforço para te recuperar apenas agudizou a distância que se instala quando o amor parte. Há muito que já não era amada, mas pareço ter sido a última a perceber.

Deixo-te um abraço apertado, com o desejo de que já saibas o que significa existires sem mim, porque se alguma dúvida te ensombrar, vais precisar de tudo o que és e tens para resistir.

Até sempre,

M M

22.1.24

A calmaria aparente!

janeiro 22, 2024 0 Comments



A calmaria que já antecedeu dias de enorme tempestade, deixou de me acalmar, por esse mesmo motivo. A incerteza perante o que até poderia ser certo, se as escolhas passassem por saber de que forma escolher, porque primeiro teremos que querer e apenas depois fazer, tem-me impedido de sossegar. A calmaria que há muito não me acalma e que nunca me deixa saborear sabores novos, sem que me foque nos amargos, passou a ensombrar-me.

Ando por aqui sempre demasiado alerta e a reparar em tudo o que move e me faz mover. Nunca sinto com poucos décibeis, escuto sempre os sons estridentes, até os que não parecem percetíveis ao ouvido humano. Vejo com tanta clareza o que deixa alguns incapazes de olhar, que passei a ter uma avaliação e expetativas demasiado próprias. 

A calmaria deveria suceder-se aos sopetões inevitáveis da vida, sobretudo quando as viagens são novas, mas uns quantos de nós escolhem o que lhes agita bem mais do que as bebidas que misturam em cocktails explosivos. Parecem gostar cada vez menos da paz que invade as decisões acertadas e as caminhadas com roteiro. Atiram-se para o abismo acreditando que sairão dele a voar, mas acabam, inevitavelmente, estatelados no chão que os quebra mesmo contra vontade.

Ando cada vez mais sob ovos, tentando não os partir a todos, mas sabendo que serão as suas posições a ditar o meu sucesso ou falhanço rotundo. Ando mais veloz quando me atraso nas decisões, mas desacelero sempre que escolho viver, sem resistir, ao que existe para lá das pessoas e que é muito. Ando, pelo meu pé, sem dúvidas que me impeçam demasiado de continuar na rota das minhas escolhas, mas duvidando de que alguma vez me consigam acompanhar.

19.1.24

Nada x Nada = Nada

janeiro 19, 2024 0 Comments



Lutas inglórias, quem não as teve já? Desejos que nunca se materializaram, talvez porque nos tenhamos focado no que não nos pertencia. Comportamentos que nos afastaram das nossas metas, mas que ainda assim tentámos arrastar pelo tempo que a força interior nos permitiu.

Nada sabe tanto a NADA, do que o pouco que nos dão como se fosse muito ou bastante. Nada nos derruba mais depressa do que a certeza de que não fomos verdadeiramente amados. Nada nos ensina tão bem, mesmo que com muita dor associada, do que os olhares vazios que nunca se pousam nos nossos.

Somos seres em constante evolução e crescimento, mas perceber que somos os únicos quando a soma aparente seria o 2, deixa-nos com imensas dúvidas e ainda mais sós. Somos o que fazemos de cada vez que a vida acontece, mas permitimos que muito aconteça, talvez em demasia, mesmo e até que percebamos que não somos a pessoa certa de alguém.

Nada é mais mutilador do que os golpes escondidos e quase impercetíveis. Nada como ouvir as palavras que gostaríamos de nos ver dirigidas, usadas num outro qualquer. Nada como nunca conseguir saber quando é que o nada termina, para que acabemos reduzidos a pó. Nada como ser apenas mais um nome que nem sequer pronunciarão da forma certa.

Lutas inglórias, mas que eventualmente nos levarão a desistir!

18.1.24

Sou uma fascinada crónica!

janeiro 18, 2024 0 Comments



Sou uma fascinada crónica. Tudo o que me rodeia arranca-me, de uma forma ou de outra, expressões de contentamento, aliados aos sentimentos que promovo para ir sendo um pouco mais do formato que reconheço. Nunca estou satisfeita com o que está e tenho no momento, porque eu não sou o agora, estou no agora e passível de mudar e melhorar. Pareço precisar sempre de um pouco mais deste mundo absurdamente fascinante e diametralmente oposto ao fascínio das pessoas. A pequenez, a formatação e o contentamento descontente escurecem-me a alma. Não entendo, porque o recuso, as entregas sem que se esteja inteiro e verdadeiramente interessado. Abomino, mas de forma bem gutural, os que se "arrastam" pela vida sem a saberem viver, achando que o fazem apenas porque se movem de forma repetida, respiram e entabulam umas quantas conversas sem conteúdo.

Sou e serei sempre a minha maior impulsionadora, buscando pelo que ainda não entendi, mas entendendo que tenho habilidades que me levarão até ao cimo da minha montanha. Sou das que ama sem reservas, mas reservando-me o direito de querer muito amor de volta. Sou, ainda, pouco tolerante com os que toleram a mesquinhez, os abraços sem ninguém dentro e os beijos que estão a beijar outras bocas. Sou a razão pela qual acordo inquieta, mas sossegando-me sempre que os outros falham dizer-me o que gostaria de já saber. Sou a lente duma câmara que vê para lá das coisas, talvez porque escolha ver o melhor do que existirá, para que possa ser realmente visto. Sou tão inteira quanto me permitirem, mas também me parto em pedaços, tantos quantos for capaz de tolerar e a verdade é que tolero pouco. Sou diferente, nem melhor nem pior, mas sempre eu e nunca uma animação projetada num qualquer ecrã virtual.

14.1.24

E se fosses o meu mundo?

janeiro 14, 2024 0 Comments


Para que alguém represente o meu mundo como o pretendo viver, tem que já ter vivido o suficiente e de forma sábia. Para que me entregue, inteiramente e sem questões incontornáveis, terá que saber contornar os meus receios, assegurando-me de que estará na mesma passada, ou a procurar acertar a de ambos. Para que possam valer a pena os inevitáveis desgastes e esforços que sempre coloco em tudo o que faço e que por vezes aparentarão ser em vão, o seu sorriso terá que me iluminar por dentro, retirando quaisquer possíveis nuvens. Para que me saiba amada enquanto amo, mais do que ouvir, terei que sentir, sem qualquer dúvida, que me amarão em cada toque e movimento. Para que avance no jogo, nem que seja para a casa seguinte, cada jogada terá que ser munida de muita inteligência emocional.

Se escolheres ignorar as "red flags", acabarás por pagar, com juros altíssimos, a falta de discernimento ou a entrega infantil. Cada um dará apenas na proporção do que tiver dentro e ou te serve, ou não de todo, mas se continuares numa espera que não termina, por a viagem ter sido apenas iniciada por ti, jamais conseguirás a sensação gratificante e plena, de teres chegado a algum lugar que acreditas merecer. Se te retirares da equação, quando deverias ser a pessoa mais importante, terás que te contentar com o resultado, qualquer que venha a ser. Mas se desistires, porque também te é permitido, sobretudo após muitas lutas inglórias, conseguirás limpar as feridas que te auto-infligiste pelo tempo que cada uma levará a sarar. Se já tiveres decidido que o que pretendes é ser feliz ao lado do amor que conseguirá ser parte do teu mundo, vais perceber que viver é naturalmente simples. 

12.1.24

Amores simples, por favor!

janeiro 12, 2024 0 Comments



Gosto que o amor seja simples, com sabores que não se igualam a nenhum outro, porque não pode, nem deve, ser comparado. Tenho formas, as minhas, de manter o formato que me aproxima de quem amo, mas não abro mão do amor que quero sentir de volta. Preciso de não ter que me explicar, porque sou rápida a entender do que se alimenta quem me importa. Trabalho, diariamente, para manter o amor que sinto e não desvalorizo o trabalho que colocam em me alimentar e sossegar.

Muito já se escreveu sobre o amor, mas hoje temos modelos ditos "novos" e que uns quantos usam para justificar a anarquia emocional. Não somos isto, ou aquilo e não somos apenas isto ou aquilo, mas aparentemente e em nenhum momento, somos o que o outro precisa para não precisar de mais ninguém. Na verdade somos uns insatisfeitos crónicos, querendo apenas quem não temos, porque nos cansamos rapidamente da consistência e do empenho a que o amor obriga. Queremos o novo a toda a hora. As borboletas na barriga a cada reinício. Queremos que nos queiram, sem nunca sermos capazes de querer alguém verdadeiramente.

Gosto que o amor seja simples, como o serão as pessoas seguras e resolvidas. Gosto de quem sabe gostar de si mesmo em primeiro lugar, porque apenas assim saberá como gostar de mim. Gosto que me beijem com sentimento e que não procurem nos meus lábios os que algures conseguiram ter. Gosto de ser a escolhida, à primeira, talvez porque não tenha qualquer dificuldade em escolher a pessoa que a minha saberá reconhecer. Gosto do que já não parece existir e estou a gostar cada vez menos dessa realidade...

11.1.24

Qual é o teu tempo emocional?

janeiro 11, 2024 0 Comments



O tempo e o momento do perdão acontecem quando somos capazes de processar o "porquê", a razão que está por detrás do que se faz, de forma deliberada e totalmente alheada dos sentimentos do outro. Se já perdoei ou se sou capaz de o fazer? A seu tempo, quando a dor eventualmente passar e ela passará, porque NADA é para sempre. Se é o meu ego a impedir-me de estar noutro patamar? Não, de todo, ele já deixou de derramar cada acontecimento, na tentativa, vã por sinal, de me fazer sentir mal comigo. Não sendo Deus, tenho incapacidades que passam pela minha mortalidade, mas mesmo não o sendo, sei o que fazer e quem ser para que os outros também tenham um lugar com memórias positivas.  

Dizem que perdoar nos liberta, mas a teoria está longe de se aliar à prática e ninguém, quero acreditar, alguma vez se prepara para os demónios com pele de cordeiro e para os mal amados da vida. Perdoar carece de explicações que por norma não existem, até porque provavelmente não as terão quem nunca se avalia, reavaliando o sentido que dará à vida. Mas perdoar tem que começar em nós e por nós, porque é a partir dele que seguimos em frente, mesmo que NUNCA venhamos a ser capazes de dar a outra face, não a quem seguramente a esbofetearia uma e outra vez, sem qualquer empatia ou respeito. 

O tempo, ai o belo do tempo que usamos como desculpa ou justificação para tudo, não tem como nos limpar de memórias que gostaríamos de não ter acumulado. O tempo pode ser o nosso maior aliado, se soubermos o que fazer depois de muito mal feito, até por nós, mas igualmente o maior dos inimigos se nos sentarmos à espera de que corra, sem prazos, nem limites emocionais. O tempo que uso e crio em meu benefício, e sei-o porque sinto cada mudança e porque cresço em coragem e determinação, tem-me ensinado a saber quando esperar e a quando nunca mais voltar a confiar de que ele, por si só, seja capaz de mudar quem nunca o planeie fazer.