E agora o que faço?
O que fazer com a sensação de não te conseguir esquecer? Para onde ir, se vou sempre para onde te encontro? Do que fugir se apenas pareço continuar a fugir de mim? Quem sou hoje, quando nada parece existir sem ti e apenas me transporto, a cada dia mais pesada e tão mais leve de mim? Que perguntas fazer se não oiço, com atenção, nenhuma das respostas que me libertariam de ti? Como manter presas as horas que me roubam o amor que te tenho e que nunca me deixam ter nada que permaneça. De que forma regressar à pessoa que já era, quando ser nunca antes foi questionável?
Se não te amarem como te sentes capaz do fazer, não faças demasiado para o mudar, ao invés muda de sujeito e abandona a atividade que destinaste a quem se manteve inerte e passivo. Se as escolhas de quem falhou escolher-te te incluirem quando já não o esperavas, por te terem ensinado a desistir, desiste sem dores nem lamentações. Se seres em demasia, para quem assim o entendeu, te deixar incrédula pelo tanto que ainda te sentes capaz de dar, não dês e usa cada gota contigo e para quem o conseguir desejar. Se os dias te ensombrarem as noites que se alongam e prolongam até te esqueceres do quanto o sol precisa de brilhar, sobretudo para ti, interrompe o ciclo que criaste apenas na tua mente e acorda pronta para viver todas as horas que excluiste.
O que fazer com o inevitável recomeço, que já não será do mesmo ponto, mas que terá que te revalidar e sarar? Para onde poderás ir se já não fores para os mesmos lugares? Quem passarás a ser quando voltares a ser quem já reconhecias muito antes de apenas fugires? Que perguntas novas colocarás, a ti em primeiro lugar, para que outros as respondam sem evasivas? Quantas horas tomarás, para ti, para que mais nenhuma seja vivida em vão? Quem serás quando já souberes exatamente quem és?