24.7.24

Quem somos?

julho 24, 2024 0 Comments


Somos o motivo e a razão. Somos, juntos, o que nunca nos serviria separados. Somos um caminho comum e muitos outros ainda por decobrir. Somos a soma quando nos acertamos e a divisão de tudo o que acumulámos enquantos nos tentávamos multiplicar, quase sempre em vão!

Tenho procurado razões e motivos para te querer e ter visto. Tenho andado pelas montanhas dos sonhos, quando as subo e pelos vales da angústia quando aterro, ou me trago para o chão. Tenho ouvido mais músicas nas quais me desculpo pelo que me infligi, mas acabo sempre por dançar as que me impelem a continuar. Tenho aprendido a desvalorizar o que na verdade de nada me serve se não me servir a mim em primeiro lugar. Tenho testado o amor mais vezes e tenho amado na proporção do que me tornei.

Somos tão únicos e diferentes que ou nos acertamos ou acabamos onde sempre estivémos, um sem o outro e cada um sem saber do que já sabe o outro. Somos o fim anunciado após cada reinicio, mas já somos cada vez menos complexos e complicados. Somos o amor que conhecemos quando já nos julgávamos suficientemente amados, mas somos o amor que ainda nos falatava dar, por não termos sabido a quem entregá-lo. Somos, agora, a simplicidade que coloco no que antes parecia tão pesado e somos sobretudo a soma do que te recusaste a ser enquanto subtraia o que desisti de querer. Somos e seremos, para sempre, eu e tu, mesmo que nunca consigamos ser nós...



14.7.24

Sabes o que me fazes sentir?

julho 14, 2024 0 Comments


A tua chegada fez-me de imediato sentir diferente, mais mulher, visível e até apetecível. O teu olhar não saía do meu e contava-me tudo o que os teus lábios carnudos calavam. De quando em vez largavas um sorriso malandro que acompanhavas com um piscar de olhos. Não te coíbias de largar gargalhadas sonoras perante o meu desconforto e pasmo. Conseguias mostrar o quanto te interessava e ainda sem demasiadas palavras.

As perguntas foram as necessárias para que tívéssemos assunto, mas rapidamente desatei a falar de mim sem qualquer inibição. Disseste-me que tens o dom de deixar os outros confortáveis e que por isso te contam sempre mais do que desejam. Os toques foram acontecendo, suaves e sem parecerem intencionais, mas após cada um mais demorado, a minha pele desatou a reagir, arrepiando-se enquanto a face aquecia, acusando um rubor que só não é visível porque tenho a tez escura. És um homem sendual e enigmático o bastante para permitires que a minha mente vagueie perante tanta curiosidade.

A tua altura faz-me parecer ainda mais pequena, mas já me consigo imaginar encostada a ti e enrolada nos abraços que certamente me deixariam segura e tranquila. O teu cheiro, ui, o cheiro faz-me abanar a cabeça umas quantas vezes, como que a sacudir o desejo que parece ampliar-se sozinho e sem freios. Tenho vontade de te perguntar que perfume usas, sobretudo porque estás ainda mais próximo. Será que sabes o que estou a sentir? Será que também te deixo excitado e sequioso da boca que sinto seca?

A tua chegada foi programada por quem jurou que nos juntaria, alegando que foramos talhados um para o outro. - E pensar que adiei tantas vezes este encontro. Quem és tu mulher linda? - A tua chegada numa noite quente e ruidosa, porque gostaria que todos se calassem para te ouvir melhor, restaurou-me a vontade de voltar a ter vontade de alguém, assim, sem demasiados porquês, apenas a permitir-me sentir. A tua chegada, hoje, vai mudar todos os outros dias e já não posso impedir-me de desejar que aconteça.

10.7.24

O que é que me importa?

julho 10, 2024 0 Comments



O que me importa é que continue a importar-me comigo. O que me importa é que continue a acordar sabendo o que pretendo de cada dia, para que todos os outros se alinhem e me melhorem. O que me importa é que mesmo adormecendo cansada de tanto movimento interno, continue a reencontrar-me e a reavaliar-me no meu exterior.

Sinto-me como um peixe em águas novas e percebo, mesmo que nunca o tenha duvidado, que na verdade sou suficientemente habilitada para não me deixar ficar mal. Sinto-me mais plena de amor e não é sem alguma desilusão, que me vejo incapaz de o utilizar. Sinto-me serena, mas revolta pela necessidade de continuar a percorrer tudo o que ainda me falta e tanto desejei. Sinto-me longe dos que nunca me conseguiram ver, mas um pouco mais perto da pessoa com a qual terei que viver.

O que me importa é o que faço por saber e que me sabe ao que ainda posso vir a ser. O que me importa é que os meus me aceitem e desejem copiar, porque apenas assim saberei estar a fazer o que é certo. O que me importa são os sons que me movem o corpo que fustigo, mas que alimento e respeito. O que me importa e importará sempre, é que faça exatamente o que digo, mesmo quando o final coloque o amargo nos lábios que sei serem doces. O que me importa, cada vez mais, é que nunca deixe de me importar.

4.7.24

Sonhei que te perdera!

julho 04, 2024 0 Comments

No meu sonho já não éramos nós, estavas sozinha, mas feliz. No sonho que desejava igual a todos os outros, nem sequer te lembravas de mim. Via-te de longe, ainda mais bonita, serena e com um brilho no olhar que nunca fui capaz de colocar. No meu sonho, que quase me pareceu um pesadelo, os teus passos eram firmes e leves.

Nada do que fizeste por me dar bastou para que me importasse em sequer devolver. Nada, nem mesmo o teu amor, me deixou com vontade de te amar de volta. Nada, nem mesmo a entrega, os carinhos e os sorrisos que me iluminavam os dias, me arrancaram da escuridão a que me atirei. Nada em ti me pareceu suficiente, até ao dia em que te perdi.

No meu sonho, aquele que desejo, ardentemente, nunca ter como a minha realidade, vi de que forma perdera a mulher que me fora reservada, mas que me esforçara por manter longe mesmo quando perto. No meu sonho senti que já tinhas o coração preenchido e a dor fez-me acordar.

29.6.24

Nunca me bastarei!

junho 29, 2024 0 Comments

Nunca deixei de me renovar, sempre e de cada vez que me senti diferente, mais habilitada e pronta. Nunca me acomodei às emoções negativas, mesquinhas e incoerentes, porque assim o serão as pessoas menos dotadas e mais pequenas. Nunca me atribuí culpas que não eram minhas para sentir, ao invés senti-me ainda mais confiante de que o meu modelo é o correto, até porque me define. Nunca desarredei o amor verdadeiro do meu caminho e é por isso que sei, com total certeza, que me encontrará.

Os anos têm passado por mim com enormes lições, as que analiso até à exaustão, não vá perder-me de mim e do que já conquistei. Os amores, esses, foram chegando a bambolear, querendo-me pelo que sou, mas incapazes de aceitar o que tenho. Os sabores, os tons e os olhares que me atrevo a testar, têm testado os sorrisos, os choros e até os medos, porque destes últimos não fujo, apenas os enfrento.

Nunca me disse um NUNCA redondo, não,

porque já aprendi o suficiente sobre mim e os outros. Mas nunca deixo de dizer os NÃOS que me salvam sempre de quem apenas diz sim para sentir validação e segurança. Nunca mais serei a mulher de ontem, até porque nada no meu hoje me impede de alcançar aquela que decididamente serei amanhã.

16.6.24

O que sou por palavras?

junho 16, 2024 0 Comments


Escrever é um estado de alma. Colocar-me em palavras, uma necessidade. Usar os sons que os pensamentos me oferecem, um privilégio, mesmo que me "martele' sozinha, perante a incapacidade de parar de pensar.

Tenho tentado aceitar as minhas diferenças, impedindo os outros de me tabelarem e de procurarem por um modelo que nunca teve forma de existir, talvez porque os criativos desenhem um mundo imaginário. Tenho tentado fazer mais sentido, até quando não pareço romper as barreiras que a maioria usa, por defesa e receio de não pertencerem. Tenho tentado desvalorizar quem não me aceita ou inclui, seguindo por trilhos que me impeçam de me perder de mim. Tenho até tentado amar quem não me ama, mas nem sempre fui bem sucedida...

Escrever afasta-me das inutilidades, das futilidades e visões afuniladas. Escrever descreve-me e leva-me, antecipadamente, aos lugares onde terei que estar. Escrever, usando o que aprendi, seguramente que servirá a alguém, nem que seja para alimentar sonhos ditos impossíveis. Escrever é o que NUNCA poderei deixar de fazer.

2.6.24

Ai se eu pudesse...

junho 02, 2024 0 Comments



Se pudesse regressar àquele dia, a um em específico e a muitos outros que me moldaram e trasformaram, nem sempre para melhor. Se pudesse parar de chorar pelo que foi feito e por tudo o que deixei de fazer, acreditando que estava a usar das melhores e maiores razões. Se pudesse ter dado mais colo, abraçando-me no porcesso. Se pudesse não ter alguns dos arrependimentos que me deixam "caída" e sem o norte que sempre encontrei, até quando percorria caminhos novos. Se pudesse preencher o vazio que se instalou quando me afastei de mim e desatei a perseguir fantasmas. Se pudesse...

O meu corpo foi quase sempre sentido de forma estranha, como estranhos eram os sentimentos que guardava para mim. A minha mente nunca se aquietava e a velocidade que imprimia e imprime até hoje, deixava todos os outros para trás. Fui sempre estranha para muitos dos que procuravam a normalidade para poderem, de forma aparentemente normal, lidar comigo, porque nada do que sonhava se encaixava nos sonhos que escolhiam partilhar, mas que eram apenas cópias de tantos outros. Nada do que dizia lhes soava a natural, porque ser natural, aparentemente, é pertencer.

Se pudesse ter dito, mais vezes, o quanto importavam os que sempre irão importar para mim, a mulher que tão bem usa as palavras, talvez não me fossem cobradas as reações que nunca serão as minhas. Se pudesse ser igual a todos os outros, assim o escolheria, porque ser diferente afasta-me dos que nunca saberão o que fazer comigo. Se pudesse voltar a colocar numa tela virtual, tudo o que fui, senti e passei enquanto fazia o que sempre soube fazer melhor, amar, teria como provar quanto cuidado, toque, vida e tempo ofereci. Se pudesse rebater as inverdades que o desalento, os medos e a dor do crescimento provocam, não teria como ser julgada por falhas que NUNCA me poderão ser atribuídas. Se pudesse, neste preciso momento, abraçar-te forte e sussurrar-te ao ouvido o quanto te amo, porque o fiz no mesmo segundo que te vi, SEI que não terias como duvidar.