E quando a noite chega?



Quando a noite chega e o que preciso de ti me é permitido, tendo-te com tudo o que és, percebo o quanto sou afortunado. É na noite que os nossos corpos falam do que apenas nós entendemos e é pela noite dentro que nos tocamos para lá da alma que nos aloja, porque já nos pertencemos antes e por isso ainda permanecemos. Quando a noite chega e nos despimos do que nos cobre, descobrimo-nos do mundo e passamos a sentir, um com o outro, o que apenas um e outro parece ter. É sob as luzes da lua que os meus olhos se iluminam da luz que me passas e é passando as mãos pelo teu corpo esguio, suave e meu, que aceito o que tanto esperei, agradecendo pelo que representas enquanto és verdadeira, genuína e sem qualquer das capas que nos escondem de cada imperfeição. Quando a noite chega, repomos as energias do dia que nos consumiu, mas que guardámos para nos termos como sabemos, desejamos e precisamos. És feita duma seda que me envolve até me afundar no amor que me tens e do qual nunca arrisquei duvidar. Enches-me das certezas que nunca antes povoaram o meu universo e é por isso que te envolvo em todos os beijos que nunca recusas, retribuindo-os em sabor, calor e ainda mais amor. Quando a noite chega estamos verdadeiramente um com o outro e é apenas assim, um no outro, que nos saciamos de todo o mel que continuará a jorrar, dia fora, até que a noite nos chame e se alie, em cumplicidade, ao que continuamos a saber fazer. Se a noite chegar e não estiveres, nada do que tive, fui, trouxe ou produzi, produzirá o mesmo efeito que o olhar que pousarias nos meus, ávidos do prazer que te passo para que mo devolvas. Quando a noite chega sei que terei quem já me pertence e é assim que pretendo continuar, a ser para quem faz a vida valer a pena.

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