21.5.24

O que sempre quis ser?

maio 21, 2024 0 Comments



Toda a minha vida quis ser escritora. Todas as horas dos dias que prolongava quanto pudesse, eram envoltas nas palavras que lia, esperando também poder escrevê-las. Toda a minha infância, mal soube juntar palavras, foi enfeitada pelo que acreditava e ainda acredito, ser a forma mais nobre de melhorar a nossa existência. 

Passar pelas palavras, ouvindo-as com atenção, tem facilitado o meu percurso, mas dificultado a percepção dos que as embrulham de forma aparentemente bonita, mas apenas para poderem usar e amassar os que ainda acreditam no amor tal como deveria ser, simples, único a cada relação e pleno do que nos alimenta mais do que qualquer outro suplemento. Teclar, como hoje faço, é apenas a extensão do que represento para mim em primeiro lugar e para todos quantos escolho manter no meu círculo. Escrever porque me consigo sentir melhor enquanto estou a receber do que aparentemente recebem os outros, até pelos que mantêm as mãos vazias. 

Toda a minha vida acreditei que esbarraria em que me impelisse a escrever sobre mim em cada conto ou história inventada. Esperava, numa espera que não termina, por quem me soprasse aos ouvidos as mesmas palavras que tantas vezes replicava e das quais não me canso, não ainda, porque estaria a desistir do que me move. Todos os livros que devorei, ensaiando os sons que um dia seriam os meus, porque seriam ditos por alguém que me escolhesse, trouxeram-me a paz dos resignados, mas a insatisfação dos que nunca chegam onde é suposto. Toda a minha vida quis escrever sobre amores reais e verdadeiros, mesmo que soubesse que os grandes romances assentavam em dores de alma e corações partidos.

Toda a minha vida quis ser escritora e nada do que faço poderia alguma vez bastar se não me enchesse até do que me deixa ainda mais vazia, mas crente. Toda a minha existência não bastará, sei-o agora, para que me conheçam verdadeiramente, mesmo que use sempre das palavras que me definem até quando não o faço sobre mim. Toda a minha vida sonhei com o dia em que escreveria um romance com final feliz, não porque o inventasse, mas porque seria sobre mim.

17.5.24

Já são 30 anos!

maio 17, 2024 0 Comments



30 anos de TANTO amor!

Já são os 30 anos do meu primogénito. Temos tido muita vida nos anos que lhe couberam e é assim que pretendo continuar a acompanhar as suas escolhas, os revezes e as inúmeras vitórias. 30 anos das descobertas que o levaram ao lugar que o "roubou" de mim, mas no qual se sente válido, realizado e em casa, pena que não seja a mesma que a minha, mas a vida foi-mo dizendo mal nasceu, que a viagem deveria ser feita com intensidade e entrega, porque eventualmente deixaria de fazer parte dela. 30 anos que agora parecem ter voado, mas nos quais estive de corpo e alma, com o coração fustigado e a encolher-se tantas vezes quantas se estendia, e numa roda viva que me espicaça a resiliência, mas tão completa que quase parecia rebentar de felicidade.

Continuo a achar extraordinária a capacidade de acumular tanto amor, respirando de todas as inspirações que faz e esperando, ansiosamente, que expire de forma tranquila e segura. Sinto-me tão abençoada que por vezes duvido do tanto que me foi oferecido em formato dum filho que me trouxe uma nova visão do mundo, fornecendo-me os superpoderes que agora uso para resistir à falta física que tenho dele. 

Já são os 30 anos do primeiro homem que entrou na minha vida para nunca mais sair. Parabéns a nós!

12.5.24

Tem alguma fé em mim!

maio 12, 2024 0 Comments


Quando a escuridão se instalou, logo após um sol luminoso e quente, nunca deixei de ter fé. Sempre que o amor não chegou, mesmo que me tivesse rondado, sobretudo nos sonhos, mantive a fé em mim. De cada vez que fui forçada a fugir do que me pareceu ser o dia certo e o momento em que seria a pessoa escolhida, não deixei que a minha fé no amor se despedaçasse.

Não somos feitos apenas de certezas, mas existem umas quantas inegociáveis. Não sabemos tudo, até quando achamos que já pisámos os mesmos caminhos e fizemos o que era suposto para que nos vissem. Não temos varinhas mágicas, não no que ao amor diz respeito e jamais seremos capazes de arrancar vontades de quem não as tiver. Não seremos sempre a pessoa que a nossa pessoa deseja, mas deveríamos ser a que soltariam se nada tivessem para oferecer.

A minha fé tem crescido perante tudo o que já sei não dominar. Sei, agora com mais convicção, que as segundas chances nos salvarão de arrependimentos, mas no que diz respeito às terceiras ou às que "oferecemos" até quando já mais nenhum tempo nos restar, apenas servirão para derrubar a fé que tanto custa a juntar. 

Não pretendo desistir do que sei que me está reservado, mesmo que ainda tenha que fazer o caminho do carvão em brasa. Não me despeço logo após a um "olá" renovado, mas renovo os cumprimentos e as pessoas a quem os dirijo. Não fico se ir me salvar e é a essa fé que me agarro para não voltar a cair. Afinal não sou apenas eu comigo, foi o que a minha fé na vida me ensinou e é com ela que viajarei até ao dia em que já puder regressar, e ficar.

11.5.24

Quem és para os que te olham?

maio 11, 2024 0 Comments


Quanto mais ficas a conhecer de ti enquanto conheces os outros? O que te faz despoletar a vontade de permaneceres com o que já tens e és, ou o que te desarreda das vontades que aparentemente se consomem rapidamente, apenas para que os vazios se instalem? Quem tens que deixar ir para que as partes de ti que te mantêm inteira não se desmembrem? Quem és quando estás apenas a ser tu, sem máscaras e sem repertórios que deixaram de se encaixar no presente que escolheste construir? O que importa afinal se parares de te importar contigo?

Não sou dada a cegueiras momentâneas, nem as prolongo para justificar o que não me faz feliz. Nâo me mato voluntariamente, porque seria a mim que caberia carregar com o que sobrar. Não choro se puder escolher sorrir e NUNCA aceito o que me tornaria inaceitavelmente imperfeita. Não sei tudo, mas pretendo aproximar-me de ainda mais sabedoria, porque ela está ao meu alcance a cada olhar e nos semblantes dos que comigo se cruzam. 

Quantas músicas te recordam do que não deves permitir e que tempo te permites ter para que não te forcem a ser o que nem sequer conseguirias parecer? O que é que a palavra casa significa para ti e o que conseguiriam ver se te vissem no teu lugar? 

6.5.24

Enches a minha "sala"!

maio 06, 2024 0 Comments

Entras e a sala enche-se da presença que pareces carregar, como se tivesses algo mais e fosses bem maior do que os que te olham. Caminhas, de ar seguro e distante, mas cheio dum poder que afasta os que não te entendem nem sabem ler. Sorris com o olhar e ajeitas os cabelos longos que te cobrem os seios generosos, mostrando um corpo que te sustenta o porte e a aparente altivez. Quando danças, sozinha, com passos que acompanho sem me desviar, um segundo que seja, de toda a sensualidade de que és feita e que faz de ti a mulher que pretendo ter, o mundo pára, ou deixa de girar para o mesmo lado.

Já te sinto o sabor que apenas antecipo e já me sinto a sentir cada pedaço de pele que te cobre, esperando pelo tempo e momento em que o tocarei sem reservas. Já não nego nem renego o amor que te tenho e há muito que o passei a incluir em cada um dos momentos que te trazem até mim, mesmo quando não estás. Já me sinto mais corajoso e capaz de te ouvir, antecipando a voz que se me entrará alma dentro, achocalhando todas as ideias que mantive presas em teias que me impediram verdadeiramente de viver. Já sei o que te direi, mesmo que as palavras arrisquem a não sair quando me aproximar e já sinto o coração restaurado, o mesmo que outrora senti partido. Já não pretendo congtinuar a viver sem ti...

Entras na sala, como acabaste de o fazer e nada mais me importa ver ou ser se não o for contigo.

5.5.24

Ser mãe é?

maio 05, 2024 0 Comments



NUNCA pretendi ser apenas alguém que tivesse uma denominação específica imposta. Jamais me revi em papéis únicos e fui, em todos os momentos, a Mulher que concebo, para chegar à mãe que nunca planeei ser, mas que me revelou muito do que aprendi e uso hoje. NUNCA esperei por momentos específicos para passar o que carrego aos meus 3 filhos, porque apenas assim terão como balizar as suas vidas emocionais, pelo contrário, estou sempre quando de mim precisam e jamais deixo de estar quando acham que não lhes faço falta.

Ser mãe tem lugares diferentes para cada uma e cuidar, para toda a vida, dos seres que nos foram confiados, uma missão mais ou menos definida para umas quantas! 

Vou tentando fazer de mim a Mulher que escolheu ser mãe, porque ela terá que continuar, quando o ninho ficar vazio, a viver a vida que sonhou conquistar. Ser mãe é um lugar de chefia sem patente, por vezes assessorado, mas muitas outras apenas alimentado por quem o pretender ser enquanto crescer, com falhas, aprendizagens, desejos e medos, muitos, tantos que não caberiam em compêndios com vários volumes. Ser mãe até quando aparentemente não o estou a ser, faz-me incluir em cada escolha os que sentirão os seus efeitos. Ir para que ficar não se torne demasiado e ficar, porque me foi solicitado sem palavras, tornou-se um puzzle com peças novas e formatos diferentes, mas que desejo movimentar com mestria. Ser mãe não começou apenas num dia, naquele em que tudo mudou mal recebi no colo mais uma vida, ser mãe é o meu eterno posto sem reforma, a escolha que me suga cada grama de energia, mas que me é devolvida com os sorrisos, as conquistas e com as metas que até poderão falhar, mas que estarei pronta para ver atravessar. Ser mãe não se esgota em textos, nem em todas as palavras que me ocorra usar. Ser mãe é poder sê-lo, não importa a forma ou a origem, desde que lhe retire o peso e lhe some o amor. Ser A MÃE é o que continuo inesgotavelmente a questionar, porque se para sê-lo bastasse tudo o que sinto, então já teria chegado.