29.7.24

Medo, do quê exatamente?

julho 29, 2024 0 Comments



Que medo é este, precoce, de estar sozinho? Que vontade é esta, agora, de querer pertencer, mesmo que no final de cada dia se pertença cada vez menos? Que incapacidade é esta e que aparenta ser inata, de se gostar genuinamente de alguém?

Cresci a ouvir que por amor se faria tudo, mas tenho esbarrado em pessoas que por falta de amor deitam tudo a perder e fazem até o que jamais considerariam aceitável ou possível. Aprendi, espero que não demasiado tarde, a não esperar por quem não espera e a não fazer por entender quem recusa o propósito da vida, das relações e do amor-próprio.

Que pessoas são estas que nos entram vida dentro qual fantasmas, porque as sentimos, mas raramente conseguimos ver no nosso elemento? Que tratados são estes que agora se assinam, mas apenas para que se prendam ao que nunca lhes permitirá momentos de paz? Que lugares se criam e recusam apagar, mesmo que novos sejam construídos, com histórias bem mais coloridas e reais? 

Aceitei, como o fazem os que se envolvem de sabedoria, a não pedir pelo que nunca me seria dado, evitando-me as perdas inegáveis do bem mais precioso que possuo, o tempo. Caminhei e continuarei a fazê-lo, por lugares inóspitos, com subidas árduas, mas que apenas me fortaleceram e afirmaram. Orei, e agora faço-o com maior frequência, pelo dia em que já não precisaria de me segurar, explicar, ou sequer impôr e todas as minhas preces estão a ser atendidas.

27.7.24

Esperei e esperei...

julho 27, 2024 0 Comments



Esperei, esperei muito, mas nunca saí da sombra. Esperei pelo teu sorriso genuíno, segura de que me era dirigido, mas nunca aconteceu. Esperei por palavras que fossem apenas minhas e com as quais o nosso amor crescesse, mas nunca veio e apenas o meu se aproximou.

Caí, duma queda livre e sem nada que me segurasse, para o abismo dos que permanecessem sozinhos na intenção e no desejo. Nadei contra correntes e mesmo sendo exímia nadadora, por diversas vezes quase que me afoguei. Caí de amores, por ti, mas nunca te tive no amor sob o qual tantas vezes escrevi. Caí, mas de forma consciente, calculando as mazelas e as dores que se colariam, no entanto fui forçada a aceitar o inevitável. Caí, não por ignorância e nunca por desconhecimento, mas apenas porque decidi testar a vontade que coloco em tudo o que sou e faço.

Esperei pelo que nunca poderia ter chegado, não depois do NÃO declarado que me ofereceste, mesmo que sem palavras. Esperei por escolha, mas desisti por lucidez e auto-cuidado. 

24.7.24

Quem somos?

julho 24, 2024 0 Comments


Somos o motivo e a razão. Somos, juntos, o que nunca nos serviria separados. Somos um caminho comum e muitos outros ainda por decobrir. Somos a soma quando nos acertamos e a divisão de tudo o que acumulámos enquantos nos tentávamos multiplicar, quase sempre em vão!

Tenho procurado razões e motivos para te querer e ter visto. Tenho andado pelas montanhas dos sonhos, quando as subo e pelos vales da angústia quando aterro, ou me trago para o chão. Tenho ouvido mais músicas nas quais me desculpo pelo que me infligi, mas acabo sempre por dançar as que me impelem a continuar. Tenho aprendido a desvalorizar o que na verdade de nada me serve se não me servir a mim em primeiro lugar. Tenho testado o amor mais vezes e tenho amado na proporção do que me tornei.

Somos tão únicos e diferentes que ou nos acertamos ou acabamos onde sempre estivémos, um sem o outro e cada um sem saber do que já sabe o outro. Somos o fim anunciado após cada reinicio, mas já somos cada vez menos complexos e complicados. Somos o amor que conhecemos quando já nos julgávamos suficientemente amados, mas somos o amor que ainda nos falatava dar, por não termos sabido a quem entregá-lo. Somos, agora, a simplicidade que coloco no que antes parecia tão pesado e somos sobretudo a soma do que te recusaste a ser enquanto subtraia o que desisti de querer. Somos e seremos, para sempre, eu e tu, mesmo que nunca consigamos ser nós...



14.7.24

Sabes o que me fazes sentir?

julho 14, 2024 0 Comments


A tua chegada fez-me de imediato sentir diferente, mais mulher, visível e até apetecível. O teu olhar não saía do meu e contava-me tudo o que os teus lábios carnudos calavam. De quando em vez largavas um sorriso malandro que acompanhavas com um piscar de olhos. Não te coíbias de largar gargalhadas sonoras perante o meu desconforto e pasmo. Conseguias mostrar o quanto te interessava e ainda sem demasiadas palavras.

As perguntas foram as necessárias para que tívéssemos assunto, mas rapidamente desatei a falar de mim sem qualquer inibição. Disseste-me que tens o dom de deixar os outros confortáveis e que por isso te contam sempre mais do que desejam. Os toques foram acontecendo, suaves e sem parecerem intencionais, mas após cada um mais demorado, a minha pele desatou a reagir, arrepiando-se enquanto a face aquecia, acusando um rubor que só não é visível porque tenho a tez escura. És um homem sendual e enigmático o bastante para permitires que a minha mente vagueie perante tanta curiosidade.

A tua altura faz-me parecer ainda mais pequena, mas já me consigo imaginar encostada a ti e enrolada nos abraços que certamente me deixariam segura e tranquila. O teu cheiro, ui, o cheiro faz-me abanar a cabeça umas quantas vezes, como que a sacudir o desejo que parece ampliar-se sozinho e sem freios. Tenho vontade de te perguntar que perfume usas, sobretudo porque estás ainda mais próximo. Será que sabes o que estou a sentir? Será que também te deixo excitado e sequioso da boca que sinto seca?

A tua chegada foi programada por quem jurou que nos juntaria, alegando que foramos talhados um para o outro. - E pensar que adiei tantas vezes este encontro. Quem és tu mulher linda? - A tua chegada numa noite quente e ruidosa, porque gostaria que todos se calassem para te ouvir melhor, restaurou-me a vontade de voltar a ter vontade de alguém, assim, sem demasiados porquês, apenas a permitir-me sentir. A tua chegada, hoje, vai mudar todos os outros dias e já não posso impedir-me de desejar que aconteça.

10.7.24

O que é que me importa?

julho 10, 2024 0 Comments



O que me importa é que continue a importar-me comigo. O que me importa é que continue a acordar sabendo o que pretendo de cada dia, para que todos os outros se alinhem e me melhorem. O que me importa é que mesmo adormecendo cansada de tanto movimento interno, continue a reencontrar-me e a reavaliar-me no meu exterior.

Sinto-me como um peixe em águas novas e percebo, mesmo que nunca o tenha duvidado, que na verdade sou suficientemente habilitada para não me deixar ficar mal. Sinto-me mais plena de amor e não é sem alguma desilusão, que me vejo incapaz de o utilizar. Sinto-me serena, mas revolta pela necessidade de continuar a percorrer tudo o que ainda me falta e tanto desejei. Sinto-me longe dos que nunca me conseguiram ver, mas um pouco mais perto da pessoa com a qual terei que viver.

O que me importa é o que faço por saber e que me sabe ao que ainda posso vir a ser. O que me importa é que os meus me aceitem e desejem copiar, porque apenas assim saberei estar a fazer o que é certo. O que me importa são os sons que me movem o corpo que fustigo, mas que alimento e respeito. O que me importa e importará sempre, é que faça exatamente o que digo, mesmo quando o final coloque o amargo nos lábios que sei serem doces. O que me importa, cada vez mais, é que nunca deixe de me importar.

4.7.24

Sonhei que te perdera!

julho 04, 2024 0 Comments

No meu sonho já não éramos nós, estavas sozinha, mas feliz. No sonho que desejava igual a todos os outros, nem sequer te lembravas de mim. Via-te de longe, ainda mais bonita, serena e com um brilho no olhar que nunca fui capaz de colocar. No meu sonho, que quase me pareceu um pesadelo, os teus passos eram firmes e leves.

Nada do que fizeste por me dar bastou para que me importasse em sequer devolver. Nada, nem mesmo o teu amor, me deixou com vontade de te amar de volta. Nada, nem mesmo a entrega, os carinhos e os sorrisos que me iluminavam os dias, me arrancaram da escuridão a que me atirei. Nada em ti me pareceu suficiente, até ao dia em que te perdi.

No meu sonho, aquele que desejo, ardentemente, nunca ter como a minha realidade, vi de que forma perdera a mulher que me fora reservada, mas que me esforçara por manter longe mesmo quando perto. No meu sonho senti que já tinhas o coração preenchido e a dor fez-me acordar.