Medo, do quê exatamente?
Que medo é este, precoce, de estar sozinho? Que vontade é esta, agora, de querer pertencer, mesmo que no final de cada dia se pertença cada vez menos? Que incapacidade é esta e que aparenta ser inata, de se gostar genuinamente de alguém?
Cresci a ouvir que por amor se faria tudo, mas tenho esbarrado em pessoas que por falta de amor deitam tudo a perder e fazem até o que jamais considerariam aceitável ou possível. Aprendi, espero que não demasiado tarde, a não esperar por quem não espera e a não fazer por entender quem recusa o propósito da vida, das relações e do amor-próprio.
Que pessoas são estas que nos entram vida dentro qual fantasmas, porque as sentimos, mas raramente conseguimos ver no nosso elemento? Que tratados são estes que agora se assinam, mas apenas para que se prendam ao que nunca lhes permitirá momentos de paz? Que lugares se criam e recusam apagar, mesmo que novos sejam construídos, com histórias bem mais coloridas e reais?
Aceitei, como o fazem os que se envolvem de sabedoria, a não pedir pelo que nunca me seria dado, evitando-me as perdas inegáveis do bem mais precioso que possuo, o tempo. Caminhei e continuarei a fazê-lo, por lugares inóspitos, com subidas árduas, mas que apenas me fortaleceram e afirmaram. Orei, e agora faço-o com maior frequência, pelo dia em que já não precisaria de me segurar, explicar, ou sequer impôr e todas as minhas preces estão a ser atendidas.