Como consegues avaliar o que não fizeste da forma certa e o que aprendes no processo? A vida corre tão veloz com tanto a acontecer, que por vezes não tiramos um segundo que seja, para analisarmos todas as horas que gastámos sem retorno, sem que conseguíssemos fazer o que nos tínhamos proposto e sem chegarmos à meta no lugar que nos confere medalhas. Não temos que nos contentar com os lugares de participante, precisamos de querer mais, de fazer muito mais e melhor do que antes e de esperar que o muito se aloje nos membros, nas veias e em cada pedaço de alma ainda por corromper. Não devemos viver apenas porque sim, respirando o ar dos outros e nunca fazendo o que nos der na real gana. Não precisamos de saber tudo, mas devemos querer tentar saber o que nos define, o que nos levará mais longe e que por consequência nos fará mais felizes.
Sou das que aprende rápido e não precisa de repetições para entender o óbvio. Consigo pensar por mim e escolher o caminho, até o sinuoso e inseguro. Aprendo com o que vejo e decido não me servir, porque só me serve o respeito, a entrega e o reconhecimento. Reaprendo com cada um dos que me vão lendo e uso as suas vivências para enriquecer as minhas. Volto ao meu eu quando não consigo que o nós se mantenha e faço-o de coração livre e tranquilo, porque já aprendi que não mudo ninguém e que as pessoas são na medida da sua essência.
Aprendam com o que vos passo, porque o faço sem amargos de boca, faço-o a pensar que apenas tem sentido andar por aqui se puder mudar nem que seja uma vida. Aprendam até com as dores, mas percebendo que depois de cada uma, mesmo que aguda, também virão os sorrisos e a tranquilidade. Aprendam a amar com toda a entrega, sentindo tudo e dando tudo incondicionalmente, porque se terminar ficarão vocês outra vez e capazes de recomeçar. Aprendam a saber reconhecer quando não podem continuar e continuem a fazer o que já faziam antes, mas certamente que melhor. Este é o meu contributo para com cada um dos que me vão mudando e enriquecendo.
Até onde posso ir e que histórias terei para contar? O que te posso pedir de cada vez que sinto vontade de te pedir que pelo menos me consigas ver? Quem serei na tua vida quando a vives em pleno, sem mim por perto? Com quem conto de cada vez que a solidão me ameaça e o desgaste se instala?
Já perguntei, já duvidei das respostas e até já jurei saber quais seriam. Já esperei quieta, a tentar não ser demasiado visível, mas cheia de medo de nunca mais ser vista. Já estive do teu lado certo, daquele em que sentia com toda a certeza que o teu amor jamais poderia desaparecer. Já tive vontade de nunca te deixar ir, mas acabei a saber que nunca o poderia pedir.
O que te posso pedir quando sei que não há nada que possa realmente pedir? O que te posso pedir quando TUDO me é negado, até respirar sozinha? O que te posso pedir quando não adianta sequer pensá-lo?
Neste momento peço apenas para mim. Neste momento encho-me de um egoísmo que me cura e de um desistir que me impede de desistir de mim. Neste momento quero o que tinha antes, o poder de me comandar, de me escolher e de caminhar sozinha, ao meu passo, no meu tempo, sem demasiadas expectativas para nunca as ver goradas. Neste momento parei de me continuar a mover para o lado errado e o meu lado errado és tu, porque de ti nunca tive o que pedir, nem como o fazer. Contigo estive sempre tão só como estou hoje, mas com ainda mais dor, a dor da certeza e da incapacidade de mudar o que chegou apenas para partir. Neste momento sou apenas eu como me via, porque o reflexo no espelho mantém-se, mas com mais respeito e ourgulho por tudo o que ainda consigo fazer acontecer. Neste momento sei que já não preciso de te pedir mais nada!
Terei certamente muitos dias para sentir pena de mim, mas hoje não, hoje não sou capaz, até porque todas as memórias que me assolam fazem-me sorrir bem mais do que a vontade de me deitar e adormecer, abandonando-me à sensação de erro e de falha. Sou humana, por isso também avalio mal, mesmo que baseada nos dados que recebi e que antecipavam o que me chegou. Hoje não, amanhã, quando acordar, mesmo não sabendo de que forma, porque nada é igual e tanto que já o percebi, amanhã logo vejo se tenho tempo de me lamentar.
Se me deixasse acreditar que não tenho margem para errar. Se me forçasse a aceitar que falho porque estou desatenta, então tirar-me-ia todo o poder que acredito ter, em mim e na minha vida. Por vezes pareço ter o saco lacrimal roto, e choro até sentir que de tanto chorar já me lavei por dentro, mas escolho, quase sempre, ir à luta, arregaçar as mangas emocionais e recomeçar, todas as vezes que precise para aprender ou para ser surpreendida, pela positiva.
Hoje não me apetece pensar que não existe ninguém para mim. Hoje não quero acreditar que acabarei sozinha, porque certamente, algures, nesta vida, terei, para mim, quem queira ser o que sou já, dando-me o que acabará a receber. Hoje escolhi sonhar acordada, sentindo que ainda irei esbarrar em quem me respeite, ao que faço, admirando-me pelo que tenho e que é apenas a mim mesma. Hojenão vou usar palavras negativas, vou rir-me comigo e de mim, vou caminhar solta, livre, não devendo nada a ninguém e sabendo que sou bem mais do que me tentaram fazer e que por isso mereço muito mais do que me acabaram dar.
Temos que querer ser felizes para eventualmente o conseguirmos. Não a toda a hora e minuto e certamente que não sempre, mas é possível ser-se feliz saboreando o sabor que nos passa a felicidade conquistada. As pessoas felizes passam-nos uma energia que contagia, como contagiarão as infelizes, mas a essas não nos queremos colar, nem sequer beber do que forem largando. A felicidade, tal como muitos a imaginam, não existe e não vem sob o formato de bens materiais, por muito que nos possam deixar com a sensação de conquista. A felicidade é um estado emocional e constrói-se a custo, com muitas falhas, avanços e recuos, mas após instalada ninguém mais a volta a arrancar, a não ser que o permitamos. A felicidade que criamos alastra-se, pega-se, cola-se e não deixa ninguém indiferente. A ser genuína e sentida, torna-se um bem inestimável, um artigo raro, como raras são as pessoas que realmente se sentem felizes, seja porque razão for.
NADA de mendigar, pedinchar e sobretudo, NADA de embarcar em dores que se agudizam apenas com o olhar, porque as pessoas infelizes, ou as que nem sabe o significado de um sentimento ou de outro, são mais bem-sucedidas que o WD40 (passo a publicidade), porque se ele arranca qualquer sinal de ferrugem, imaginem o que fará aos optimistas. Nada de desistir do que é nosso por direito, só temos que saber actuar em conformidade, protegendo-nos do que não funcionar. Viver é bem mais difícil do que parece, mas bem mais fácil do que o fazemos parecer porque a verdade é que está tudo no querer. Assim sendo, embora lá usar de toda a felicidade que ainda abunda por aqui!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.