Com amor tudo se faz, mas ter amor nem sempre basta, não porque seja insuficiente, mas porque por vezes fugimos a sete pés de tudo o que envolve sentimentos assumidos!
Quem nunca teve a outra parte de si totalmente entregue. Quem nunca soube o que seria ter quem o esperasse, de braços abertos, com o desejo estampado no rosto e com o coração a bater mais rápido, precisa de alguma "formação", de tempo, de sentir na pele, no corpo inteiro e sobretudo na alma, o que significa dar TUDO por amor. Mas afinal o que não cura o amor?
Quando os dias mais sombrios resolvem cair, quando os planos correm mal, quando as dores aumentam e os sonhos se partem, o que nos poderá renovar as forças? Porque andarão tantos por aí, a sentirem-se depressivos e sem conseguirem ver uma luz, mesmo que ténue, ao fim do túnel? Podem falar de dinheiro, de conjectura, de empregos à medida, de viagens de sonho, há uma lista infindável, mas experimentem viver tudo isso sózinhos e depois digam-me do que são feitos os vossos dias!
Com amor tudo se faz, até o amor da forma certa. Com amor fazem-se planos em comum e percursos de mãos dadas. Com amor dançam-se músicas lentas, sentidas, agarrados e colados um ao outro para parecerem um. Com amor suportam-se as derrotas e antecipam-se as vitórias. Com amor, verdadeiro e incondicional, esperamos que o outro seja mais do dobro de nós e que a responsabilidade de o fazer feliz nos torne ainda mais felizes.
Sei como o sabes que alguns jamais serão capazes de ter um amor que os acarinhe e com o qual se engrandeçam. Sei que para muitos encontrar o amor que lhes mudaria "from top to bottom", conferindo-lhes uma força inabalável, será uma tarefa inglória. Mas mais duro e penoso do que tudo isso seria nunca terem tentado, porque ser amado, pelo menos uma vez, fará com que tudo o resto valha a pena!
O que carregar? O futuro próximo está na ordem do dia, porque não nos devemos levar pelos extremismos, querendo saber onde estaremos em 5 anos, mas sim preparando o amanhã para que existam muitos mais!
O que carregar e quem? O que esperar de quem venha, inevitavelmente abanar o nosso mundo? Como encontrar o meio-termo, mantendo ambos igualmente felizes?
Não existe nada mais desgastante do que aceitar um novo amor. Dá trabalho, obriga a planear, mesmo que sejamos do tipo descontraído, porque mudar rotinas que se enraizaram, complica e pede flexibilidade. Estamos disponíveis para mudar? Esta pergunta apenas se aplica se as duvidas subsistirem, de contrário é um não assunto. Mas tantos que ainda continuam sem disponibilidade!
Os novos amores chegam quando fazem falta, e por norma testam-nos até ao limite. Quebrará quem não estiver preparado, é assim para tudo a vida, mas o que eles nos acrescentam mudam-nos para melhor e permitem-nos parar de esperar.
Eu só soube que estava pronta quando fiquei pronta, e nessa altura percebi que tenho o espaço que a minha metade precisará para se encaixar na minha vida. No entanto quero-o sem dramas e com muita vontade de me dar por completo, sendo muito mais a cada dia, mantendo os olhos a brilhar qual criança, mas usufruindo da maturidade que me permitirá saborear cada pedaço.
O que devemos carregar quando já sabemos o que queremos, mas o outro ainda está à procura de si mesmo? Provavelmente a nós mesmos!
Sabes que estou bem do teu lado e que penso em ti, nunca te excluindo de nenhuma das minhas rotinas, porque desde que entraste passaste a ser mais um pedaço de mim!
Estarei ao teu lado apoiando cada escolha tua. Todos os percursos que terás que percorrer, mesmo que não sejam ainda do meu lado, mas já no teu alcance, estarei pronta para quando puder fazer parte de cada um. Por vezes, de onde estou, as coisas tomam uma dimensão diferente, mais clara, ou nem tanto assim, porque seremos sempre dois, mesmo que nos consigamos manter próximos e unidos. Caber-nos-à preservar o que conseguimos conquistar, cada pedaço de uma vida algo longa já e usar tudo em favor de ambos, para que os nossos momentos, no presente e no futuro, possam beneficiar de cada viagem.
Não estou contigo agora, mas sei que te faço falta. Sei que me carregas em cada segundo e que todo e qualquer sorriso que te for arrancado, te recordará das gargalhadas que te oferecia e que sempre te despertavam e animavam. Vais olhar cada novo objecto, os lugares que planeaste visitar, as pessoas de movimentos menos familiares, recordando-te de mim, sendo incapaz de me deixar na mala que pousaste quando chegaste ao lugar que nos separou fisicamente. Eu estou aqui, onde me deixaste, a querer-te da mesma maneira a desejar o reencontro que teremos e no qual já não iremos conseguir segurar mais nada.
Mesmo sem a minha voz continuo a falar contigo, nos meus dias mais longos e nos sonhos de onde jamais desapareces. Mesmo sem a minha voz ouves o que digo a mim mesma, que terás que ser tu e que mais ninguém me completa como o fazias. Mesmo sem a minha voz, tu vais continuar a ouvir o que te dizia, porque nunca te recusei palavras envoltas nos sentimentos que fazem de mim a que reconheceste. Mesmo sem a minha voz sei que me continuas a sentir...
O que leva alguém a gostar de nós, a querer-nos e a desejar ter-nos mesmo sem nos ter conhecido?
O coração tem mistérios por desvendar, sintomas que não se diagnosticam, reacções incomuns e mesmo assim continuamos a escutá-lo mais do que à razão. Já te disse que não te quero, que não estás em nenhum dos meus planos, que nunca delineei alguém assim como tu no meu percurso, mas recusas escutar-me e vais-te mantendo alheado da realidade, focado no que não te posso dar, insistindo com o mundo para que algo aconteça e já saber que não vai.
Por vezes quase que me enlouqueces com as ideias que teces de mim, com a tua ideia da minha perfeição, mas se eu o fosse, perfeita, não seria também eu uma alma perdida que procura e espera pelo que poderá nunca chegar? Sou apenas uma mulher que quer e precisa de quem lhe encha as medidas, lhe mate os desejos, alguém que a acolha, a deixe mais preenchida, e esse alguém não és tu. Sou eu que o digo porque me conheço.
Parece que nunca andamos aos pares. Parece que queremos quem nos quer e quem nos quer não nos interessa. Parece que só nos sentimos atraídos por quem não tem forma de nos pertencer. Eu já dei para esse peditório e sei do que estás a padecer, mas tens uma enorme vantagem, é que nunca te vou usar, enganar, ou sequer deixar à espera do que não tenho.
Não és tu, digo eu que sei. Não és tu para mim, mas certamente que serás para quem até bem pode estar à tua espera. Não és tu para mim, talvez porque ande distraída, porque me tenha habituado a olhar para o lado contrário e talvez até me vá arrepender, mas para já, no meu agora, sei que não és tu.
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.