6.10.16

Confiar e conhecer!

outubro 06, 2016 0 Comments



Como é que partilhas o que és, os teus momentos mais pessoais e interiores com quem entrou de novo na tua vida? Uma coisa é ter ligação física, partilhar corpo, abraços apertados e fluidos. Outra completamente diferente, são os teus dias, as tuas rotinas, as famílias complicadas e por vezes disfuncionais: O tio Joaquim que não se dá com a tua mãe. O teu pai que tem a mania de olhar de lado para as tuas conquistas. O filho que depende demasiado de ti para tudo. No fundo é a vida como a conheces. Essa é a parte que mais necessita de ser trabalhada, o confiar no outro para te confiares a ti mesma, oferecendo-te de forma natural e sem máscaras.

As relações progridem, galgam etapas, conhecem alturas mais introspectivas, põem de lado um pouco as sensações, as emoções e partem para o real. Como é que o outro se vai identificar com tudo isto, ou não, é a questão mais premente!

Se definirmos fases. Se formos mais racionais, descrevendo e analisando o que nos pode juntar para sempre ou afastar irremediavelmente, teremos mais umas quantas chances de chegar lá. Digo eu que não sei quase nada

Estou algo curiosa comigo mesma para perceber se vou conseguir voltar a confiar, a ceder, a amar sem reservas e a ser sempre eu em todas os momentos. Estou igualmente curiosa com a forma como me incluirás e se irás deixar-me ter-te por inteiro, sendo a pessoa que avançará contigo, porque crescer já o teremos supostamente feito.

5.10.16

Surpreendente!

outubro 05, 2016 0 Comments


Esta vida mostra-nos, a cada dia, que podemos ser sempre surpreendidos pela positiva. Incrível, como quase do nada, alguém nos estende a mão, oferece um sorriso, abana os ombros e nos recorda que é possível, que vale a pena e que pode ser bom. Surpreendente perceber que do nada, ou talvez do que estaríamos a precisar, reaparece quem parecia estar apenas à espera, na rectaguarda, vigiando o nosso sonho, aquele que decidimos trazer para a realidade. Surpreendente a falta de atenção que devotamos a alguns e que nos poderia custar o resto da nossa vida. Surpreendente como TUDO pode mudar, bastando que deixemos de olhar sempre para o mesmo lado.

Adoro esta sensação de continuidade, de poder prosseguir, de estar a chegar a algum lado, deixa-me agradavelmente irrequieta, pronta para o que começou a mover-se de forma segura outra vez. Adoro perceber que afinal existem alternativas ao desamor e que algures, em qualquer canto da nossa vida, estará quem nunca deixou de estar. Adoro que me digam o que já ouvi, mas que me soe a novo, a genuíno, sem esforço. Adoro que me queiram e sejam capazes de o dizer, sem o medo que alguns terão, até depois de o terem demonstrado e depois de já o ter repetido eu.


Surpreendente, que tenha entendido a razão pela qual uso as palavras e como elas também poderão vir de outros lábios. Se é de uma oportunidade que precisas, eu até estou disposta a dar, mas é bom que saibas o quanto me tornei AINDA mais exigente e determinada. Se não estiveres à altura, sai já e impede-me de perder um segundo mais que seja, a minha vida passou a ser bem mais importante do que era antes!

Se pudesse, voltava!

outubro 05, 2016 0 Comments
this light is obscure. the light keeps the subject from being seen but also adds an artistic effect:


Se pudesse voltava ao momento em que me sentia só, confusa, dorida, amarga e sofrida, mas voltava só para poder sentir alguma coisa. Se pudesse voltar aos momentos em que me importava, de alguma forma, com alguém, comigo, com os meus sentimentos que cavalgavam qual cavalo selvagem, mas que me mantinham à espera de alguma coisa, à espera de que os dias nascessem e fossem o mais longos possível para te incluir e para saber de ti, voltava. Se pudesse voltava atrás no tempo e arrancava de mim a frieza que se instalou. Os medos foram-se, mas ficou o pior de mim. Ficou a mulher que dificilmente voltará a sorrir, sem razão aparente. Ficou a mulher que deixou de acreditar, e de querer que alguém se instale, e a mude.


Quando tudo parece acertar-se e fazer sentido, é possível que nos levem a querer outros lugares, a imaginar cores diferentes, ouvindo músicas novas, dançando juntos, sentindo juntos e estando verdadeiramente juntos. Quando tudo parece acertar-se, o melhor de nós procura melhorar-se, dar o que tem e o que ainda arranjará forma de incluir, ganhando poderes e forças que pareciam ter-nos abandonado há muito. Quando tudo parece acertar-se, nós, invariavelmente, acordamos renovados, sem dores, ou a sentir que as nossas podem diminuir, bastando uma voz, aquela.

Por vezes ainda dou comigo a sonhar, com o que tinha, com o que era, acabando a sentir saudades, e a querer voltar. Por vezes apenas vagueio, como se nada tivesse acontecido e como se apenas tivesse saído do pesadelo, que me roubou metade da noite. Por vezes percebo que ao acordar desfiz o que agora me impede de sentir.

Voltar se pudesse até que voltava, só para poder inspirar o que me iria devolver o que já me pertencia, eu mesma!

Olhares desconhecidos!

outubro 05, 2016 0 Comments
The Usual Suspects (Line up) by my buddy Faisal Almalki:

Pessoas que se cruzam nos nossos caminhos, estranhos que até poderiam vir a ser amigos, almas que certamente padecerão dos mesmos males, mas olhares desconhecidos e histórias que a nossa história não reconhece.

Somos tantos, mas a cada dia tão poucos. Poucos os que se importam genuinamente com o que importa ao outro. Somos tantos, mas os momentos correm demasiado velozes, atropelando quem apenas queria caminhar, devagar, usufruindo do tempo que o tempo ainda permite. Somos tantos, mas não nos conhecemos, não nos dispensamos os cuidados que certamente nos sanariam as tempestades interiores. Somos tantos, mas não somos ninguém, e na maioria das vezes bastaria um sorriso, um acenar seguro, de cabeça, um olhar brilhante e todo o mundo passaria, realmente, a ser o mundo onde queremos viver.

Olhares desconhecidos, mãos que deixaram de se abrir, de confiar, amargos de boca que ninguém parece conseguir adoçar. Olhares cada vez mais desconhecidos, até dos que estão em nós, connosco, tão dentro como nunca ninguém esteve, mas que apenas nos inflamam os vazios, as dúvidas e as incertezas num futuro com luas mais cheias e de cores que nenhuma outra iguala. Olhares tão desconhecidos que nos tornamos, nós mesmos, estranhos, impotentes, incapazes de mudar os rumos e frágeis o bastante para quase desistirmos de nós.

Não estamos mais atentos. Não nos preocupamos mais. Não nos abrimos aos outros, não aceitamos a nossa mortalidade e incapacidade de sermos felizes, sozinhos. Não estamos mais humanos, mas continuamos a ter medo até da sombra, talvez porque deixemos que o sol encubra a luz que realmente importa. Não estamos a olhar, com atenção, quem até nos olharia de volta, se ao menos parássemos, umas quantas vezes e levantássemos a cabeça que teimamos em deixar cair.

Os olhares desconhecidos que se nos vão entrando alma dentro, forçam-nos a afastar quem até já nos pertenceu!