Feel Me

Não posso fugir de mim. Não posso porque não teria onde me esconder!

Já achei que não teria nada se não te tivesse, mas tu és apenas um dos que poderia povoar cada pedaço de vida que quis partilhar. Tu representavas a força do amor que apenas eu tinha e por isso mesmo me mantive agarrada às lembranças, deixando-as sobreviver quando morreste e quando nos mataste.

Não posso fugir de mim, mesmo que o tenhas feito tu. Não posso fugir do que sou, mas soube quando e porque não deveria ficar. Não posso fugir, ainda, ao amor que tenho, mas ele já está no lugar que lhe pertencerá sempre, bem arrumado, à espera que o sabor que me trouxe seja mais doce do que amargo. Não posso fugir de mim, mesmo que me apeteça, por vezes, dizer-me adeus e partir. Não posso fugir do prazer que sempre me cabe de cada vez que sou capaz de amar, outra vez, porque os amores não se esgotam. Os amores voltarão, tal como os homens da minha vida, um após o outro, até que o certo fique, porque todos serão os certos, no tempo e lugar que lhes couber. Não posso fugir do que me esperava para me engrandecer e para me dar mais emoções quando achava já não as conseguir sentir. Não posso fugir e já não quero, de tudo o que recebi, de tudo o que o meu corpo suplicou e sentiu.

Nada jamais foi planeado na minha vida no que diz respeito aos amores. Nada do que me alimenta o orgão emocional foi desejado ou pedido, mesmo que o peça de cada vez que sei que nunca me bastarei a mim mesma. Nada me faz sentir mais mulher do que ser vista como mulher. Nada como os beijos partilhados e sentidos para que me passem mais calor do que aquele que já tenho. Nada como sentir que sou a mulher pela qual acham valer a pena esperar.

Quando somos bons, somos mesmo bons, ponto final!

Tenho tropeçado em pessoas maravilhosas. Pessoas com uma sabedoria acima da média e com uma enorme capacidade de chegar, facilmente, onde os outros se recusam. Por vezes por medo, ou por incapacidade natural, e esses seres têm-me fornecido uma energia contagiante, que me obriga a continuar neste percurso de superação e de vontade de ser ainda mais do que já consegui aprender.

Gosto da sensação de crescimento e de quebra de rotina. Gosto de verificar que ainda temos quem acorde com as melhores motivações. Quem espere que o mundo se transforme e que não reclame, apenas porque sim, mas para que se mude o que não tem funcionado.

Quando somos bons no que fazemos, no que queremos, no que sentimos, e no que projectamos para os outros, fica visível e perceptível que "menos" nunca será opção e que ou nos acompanham, ou poderão sair do caminho, sem atrapalhar.

Gosto desta sensação de ser uma das melhores, não porque me suba o ego, mas porque me engrandece a alma. Quero ser capaz de muito, de tudo, do que faz a diferença, porque a mediocridade incomoda-me!

Não estou a ser nostálgica, apenas a agarrar-me ao que me fez bem, ao que me permitiu sensações e emoções que me deixaram grande; plena; a sentir-me amada e desejada como mulher. Cada um terá o seu formato próprio, um jeitinho que me fez sorrir, rir até, com gargalhadas bem audíveis, com prazeres que deixei crescer até me sentir, até que me soubesse e entendesse bem por dentro.

Aos que amei, mesmo que na proporção errada, esperando demasiado, ou sabendo que teria pouco mais do que sonhavam, porque os seus sonhos eram maiores que a força que precisavam para me manterem, desejo muitos dias de felicidade plena. Novas conquistas. Outros amores mais bem conseguidos. Menos medos e mais força para correrem quando caminhar já não for o bastante.

De mim tiveram sempre o que me foi possível, mas sempre de forma genuína, sendo eu em cada momento e amando como o sei fazer. De mim tiveram todos os mimos e carinhos que não me inibo de dar, porque dar é receber duas vezes. De mim tiveram o corpo que reconheço, mesmo que saiba poder ainda dar muito mais. De mim tiveram o tempo que decidi oferecer, sem nunca olhar para o relógio. De mim tiveram os sonhos que sonhei quando os aceitei e que tentei partilhar e prolongar.

Não foram assim tantos, bem menos dos que certamente me caberiam por direito, mas foram os que me permiti, porque serei sempre eu a decidir se entram, mesmo que pareça não poder determinar os finais. Os homens da minha vida, cada um no seu momento, têm chegado para me tornar um ser que amplia e multiplica tudo o que sente. Podem acreditar que o que senti, individualmente e enquanto eram o que julgava ser o que precisava, foi real. Eu toda, eu comigo dentro!

Sempre tive planos e busquei novas etapas sem nunca abdicar do desejo de os concretizar. Este novo ano não será excepção, muito pelo contrário, vai ser bem pleno e com enormes movimentações emocionais e físicas!