Desde que o teu amor chamou o meu e se reconheceram, nada voltou a ser igual. Desde o teu amor que eu passei a saber que fui feita para ti!
A luz que chegava, brilhante, até a mim, mostrava-me o que as sombras, antes, escondiam, porque eu fui feita para ti. Os sons que as nossas vozes eram capazes de passar, traziam palavras novas, mesmo que já todas inventadas. Eu fui feita para ti. Sou diferente, mais e melhor, desde que o teu amor me tocou. Renovei-me e passei a acreditar em amores possíveis, mesmo com toda a impossibilidade que criamos. Eu sei que fui feita para ti.
Tudo o que me conseguiste arrancar, os tremores e os cuidados excessivos, baixaram as minhas defesas e permitiram que te recebesse. Tudo o que me deste, mesmo muito antes de me tocares, foi sentido, sonhado, mas tão real quanto tudo o resto que acabámos a ter.
Desde o teu amor que eu sei que fui feita para ti. És tudo, o que respiro, o que sinto e o que preciso. Desde o teu amor que mais nenhum poderá sequer assemelhar-se.
Os meus silêncios agora já não são carregados. Deixei de sofrer com a tua falta, porque ficaste comigo, para sempre e em cada um dos momentos em que te sinto, continuas a ser tu, na forma que reconheci. Os meus risos não são falsos, mas vazios e desprovidos do que me faria mesmo rir. A minha calma, deixou de ser aparente, agora sou, mesmo, quieta e resolvida. Eu fui feita para ti e por isso, terás que voltar e reconhecer-me. Não tenho que procurar mais, Aprendi a sossegar-me e a assegurar-me do que senti, lá atrás, no passado que criámos quando nos amámos, apenas nós e sem qualquer outro mundo.
Desde o teu amor que todos os amores deixaram de importar. Fui feita para ti e só poderás ser tu mesmo se estiveres comigo!
No nosso futuro terá que estar a pessoa certa, porque se insistirmos em caminhar ao lado de quem nunca esteve do nosso lado, acabaremos a deixar quebrar tudo o que nos segurava e mantinha para além do amor que nos falta. São muitos os que padecem do tal desamor instalado. Deixaram de sentir falta do outro. Deixaram de suspirar fundo e de se verem tocados como apenas pode quem nos toca realmente. Pararam de planear os passeios de mãos dadas, porque elas já não se tocam nem cruzam. Impediram-se de sequer olhar, porque já não conseguem ver para além de si mesmos.
No nosso futuro precisamos de saber que os beijos a trocar ainda serão quentes, doces e cheios de nós. No nosso futuro teremos que ser capazes de nos ver juntos, amando-nos e transformando o que sentimos no bálsamo que curará qualquer ferida. No nosso futuro, não vamos querer o vazio, o lugar preenchido por uma sombra. Os silêncios que nos arrastarão com o peso do mundo. No nosso futuro ainda poderá vir muito futuro, se estivermos seguro do que o presente nos dá, depois de todo o passado que construímos.
As dores de alma e do corpo. As noites de silêncios carregados. Os vazios que se colam ao estômago, seguidos de um medo que nos arrancam as entranhas. Os lugares que já não têm nome e as ruas que deixámos de reconhecer. Isto é o que o nosso futuro nos dará se não nos dermos e se nos pararmos, sobretudo de sonhar.
No nosso futuro deveríamos já estar eu e tu, mas recuaste e permitiste que o mundo escolhesse por ti. Certamente que não nos voltaremos a ter, mesmo que eu saiba já ao que me saberias quando mais velhos, mas mais entregues ao que passámos a ser, a solidão nunca encontrasse lugar.
Não sei quem me acompanhará no futuro que me negaste, mas se não for do tamanho do amor que te tenho ainda, escolherei ficar sozinha, mas sabendo que nunca me sentirei só!
Irreverência física e emocional. A necessidade de dizer e parecer o que se é realmente, mesmo que choque e abane mundos pequenos. Até o consigo entender e aceitar, mas teremos que ser nós em todo o percurso, sem nunca nos defraudarmos, sem nos vendermos, ou sequer nos mutarmos para que nos possam olhar de forma diferente!
Estou a tentar lembrar-me dos meus momentos de irreverência e verifico que quase não existiram, porque a necessidade de levantar a voz, de ser a que sabia tudo, a que iria não importa onde, apenas para não ser formatada, nunca a tive. Pensei e repensei sempre no que isso me custaria, no quanto poderia sair mais dorida do que vitoriosa. Fui acertando os passos ao longo do meu crescimento, como o faço ainda hoje e o que ganho será sempre a sensação de que me conheço melhor do que qualquer outra pessoa e que apenas eu poderei saber como e por onde irei de cada vez que o decidir.
A minha irreverência é natural e não pretendo, em momento algum, chocar ou impor-me. "Laissez faire, laissez passer". Cada um saberá de si mesmo e de que forma poderá moldar-se, ou ao mundo. Não temos que andar em constantes picardias, mostrando o que se sabe e querendo que acreditem no que desejamos. A irreverência deve ser posta ao nosso serviço, para completarmos as tarefas que nos cabem. Para chegarmos onde nos conseguimos ver e para lutarmos por quem nos inspira. Tudo o resto serão completas perdas de tempo.
Sabes o que diz a minha irreverência? Que eu sou quem desejo e que só acolho quem permito. Esta coisa de querer mudar o mundo e as mentalidades deixo para os anjos, não me importo NADA de ser um demónio.
Vais voltar sobretudo porque não ficaste resolvido. Quando fugirmos do óbvio e sempre que deixarmos algo por dizer ou fazer, teremos a chance de reafirmar, de repetir e de corrigir. É nisso que acredito!
Vais voltar. Vou-te sentir e estarei como já o imaginei tantas vezes, "face-to-face" a olhar-te e a ver-te de novo. Sonhei-o demasiadas vezes para que não aconteça. Nem sequer tenho essa possibilidade em mente, porque se assim fosse já teria deixado de viver há imenso tempo. Vais voltar, sinto-o com tanta certeza que o meu corpo reage apenas de o pensar. Vais finalmente ter a possibilidade de saber o quanto te quis e ainda quero, porque tu estás-me implantado, porque fazes parte do que sou e da forma como te imagino e desenho no meu futuro.
No dia em que voltares, já me prometi, deixarás de ter razões para me fugires. No dia em que voltares, o teu medo vai-se esfumar e sentirás que as peças se encaixam naturalmente. No dia em que voltares, vais estar bem dentro de mim, do que sou e do que desejo de ti, para que tenhas a certeza de que terá que ser contigo. No dia em que voltares, porque tu vais voltar, eu dir-te-ei, como já fiz antes, um milhão e meio de vezes se preciso for, que te amo mesmo e muito.
Vais voltar, porque comigo és o que preciso e eu contigo sou o que te falta!
Quem melhor do que uma mulher para saber de uma outra?
Nós conhecemo-nos. Nós sabemos o que pensamos, como esperamos que as coisas aconteçam e a forma como sonhamos os possíveis "homens da nossa vida". Com o olhar de mulher, conseguimos entender os movimentos, os esgares e os sorrisos quando forçados das outras mulheres. Percebemos as tentativas de parecer o que se tem dificuldade em ser, bastando um olhar atento, de mulher!
Como saber se uma mulher diz a verdade? Como saber se o olhar espelha o que sente por dentro?
Se essa for a vossa tarefa e se o que pretendem é encontrar uma que vos sirva, façam-se acompanhar de uma outra, porque ela entenderá. Ela conseguirá ler a linguagem corporal e pode servir de legendas para o que se deixa por dizer, ou para o que se diz a medo. Estou a falar, obviamente, de mulheres com alma. Mulheres com estilo e elegância, as que não se destituem do seu papel de harmonizadoras, das que querem que as águas continuem a correr tranquilas. Se souberem de uma dessas, ou se a tiverem, mãe, irmã, prima ou amiga, então usem e abusem da sua sensibilidade para rastrearem a mulher que entrou na vossa vida.
O olhar de mulher é decididamente mais acutilante. Não sei se é da nossa visão periférica, ou se dominamos a linguagem em todas as formas, mas nada como uma mulher para desmascarar outra.
Preparem-se no entanto e respeitem a avaliação, porque raramente falhará. Pena que ainda não saibamos ler assim tão bem os homens...
Por vezes a solidão não passa apenas por não ter um ombro, um colo que nos resguarde da vida lá fora, e que impeça o frio de tomar conta de nós. A solidão é uma sensação, ou um estado que poderá até mudar amanhã. Quando a solidão na alma se instala, as pessoas permanecem sem que as possamos tocar, porque se deixaram vazias por dentro.
Não entendo quem escolhe o vazio. Não tenho forma de sentir como será um dia sem conteúdo. Sem vida. Sem planos nem sonhos. Nunca vou aceitar os que desistem da felicidade, perseguindo fantasmas e martirizando-se pelas escolhas conscientes. A solidão dos acompanhados deve ser bem mais dolorosa e são tantos que eventualmente acabarão qual mortos-vivos, assustando de morte todos os outros.
A minha criatividade permite-me entrar em muitas peles e criar uns quantos cenários, mas nunca serei capaz de aceitar o vazio e a inércia. Nunca me identificarei com os que desistem de si mesmos, afundando-se na falta de amor que criaram, talvez por serem incapazes de amar.
Qual é a tua desculpa para aceitares que te roubem o sorriso? Qual é a tua desculpa para a solidão que te auto infliges? Qual é a tua desculpa para não mandares na tua própria vida? Certamente que terás imensas, mas estou certa de que quando te ouves, não acreditas em nenhuma. Shame on you!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.