Foi uma mentira, sobretudo minha...
Sue Amado
setembro 19, 2018
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Foi uma mentira sim, começou por ser, talvez não conscientemente, mas como me intrigavas tanto, porque te via como uma peça rara, com quem nunca, nas minhas andanças amorosas, me tinha cruzado, decidi que te conquistaria e fui bem sucedido!
Demorou, até para mim e quase que desisti, mas fi-lo várias vezes ao dia, regressando sempre com a curiosidade ainda mais aguçada. Quando te vi não foste o que esperava, eras mais, parecias maior do que eu, e não era na altura, tinhas um misto de força e de doçura que me enlouqueceram de imediato. Tudo em ti se encaixava, a forma altiva quando falavas de ti, segura e conhecedora, e os olhos caídos quando te elogiava, quando largava, inconscientemente, palavras que nem sabia conseguir pronunciar, estava maravilhado, aparvalhado, estava definitivamente apanhado por ti.
O primeiro beijo foi roubado, tentaste fugir, mas eu tinha planeado de que forma te deixar presa e incapaz de reagir. Senti os teus músculos retesarem-se, a pressão que fizeste nas cochas, receosa de que me atrevesse a tocar-te. Os teus seios ficaram tão próximos que os poderia ter esmagado de prazer, mas resolvi tirar-te o ar, preferi ver como beijavas quando percebesses que não haveria fuga, e o teu beijo veio, contigo, com toda a paixão que acabei a viver mais tarde. Senti do que eras feita e adorei todos os minutos em que estivemos assim, colados um no outro, apenas nós.
Foi uma mentira a relação que comecei, mas terminei irremediavelmente apaixonado, a amar da mesma forma que me amavas tu, mas como em tudo na vida, e sobretudo nas mentiras, acabamos sempre a pagar pelos erros e da forma mais dura. Quando percebeste que o meu amar era apenas isso, sem mais nada que o suportasse, sem quaisquer planos para poder ficar e construir alguma coisa contigo, saíste. Recusaste ser como eu, um ser pequeno e egoísta e tomaste uma das decisões mais difíceis da tua vida, abandonar quem amavas para continuares a ser a mesma mulher.
Dir-te-ia umas quantas verdades, agora se pudesse, mas percebi que o teu NÃO foi tão determinado quanto o és tu e a tua forma de amar. Vou continuar a respeitar-te pela capacidade que demonstras em querer o que é teu por direito e a não aceitares nadas. Vou continuar a amar-te, agora que já sei como fazê-lo, e vou continuar a culpar-me por não ter sabido manter a mulher que me mudou realmente. Pena que tenha sido tarde demais, pena que eu seja uma besta insensível e agora verdadeiramente sozinho, como fica quem não sabe o que significa dar tudo o que ainda teria para receber.