7.4.20

A quem é que contas tudo?

abril 07, 2020 0 Comments

A quem é que contas tudo o que sentes, quando estás a sentir medo e de cada vez que as dúvidas te ensombram? Em quem confias o bastante para confiares os teus segredos? Para quem te voltas quando o mundo parece demasiado vasto para que te incluas? De onde te vem a determinação, mesmo que te sintas a fraquejar?
Por vezes o mais simples será vivermos no conforto da negação, negando-nos o direito a mudar o que não está certo, nem nos serve. Teremos todos formas distintas de lidar com o a dor, a insegurança e as questões que apenas saberemos responder mais tarde. Por vezes a melhor reacção será a inacção, porque se nos impedirmos de aceitar o que não é de todo bonito, pelo menos adiaremos o que até poderá ser inadiável, mas enquanto o pau vai e vem...
A quem é que dizes TUDO, sem filtros e sem recear que o que possam ouvir mude a forma como te julgavam conhecer?

O despertador rouba-me os últimos minutos de ti!

abril 07, 2020 0 Comments

O despertador rouba-me os últimos minutos de ti. Acordo devagar e movo-me sem muita convicção. Estou deitada e olho o tecto na esperança de me levantar, quem sabe, contigo ao meu lado. O dia continua cinzento e não ajuda nada a que me encha de cores para melhor sobreviver à tua falta. Lá fora está apenas a chuva e a rotina que já não passa por te ter. Vou fazendo tudo de forma mecânica e até o duche quente falha aquecer-me por dentro. O chá ainda me espera enquanto arrefece, arrefecendo-me o ânimo. O cão olha-me de orelhas caídas porque me sente e sabe do que estou a saber agora; estou inevitavelmente sem ti e sem vontade de muito mais do que faço.
O despertador já me lançou de novo para a realidade que gostava de afastar. Não o culpo, mas mantemos uma relação difícil, precisava de poder estar mais uns momentos no único lugar onde te tenho e conduzo o nosso destino. Já não olho para o telemóvel na esperança duma mensagem, há muito que os teus silêncios se instalaram. Sou a mesma aos olhos dos que não me conseguem ver, mas por dentro o vazio alastra e ameaça consumir-me. Quem é que disse que o amor não dói? Quem é que ainda consegue repetir que o tempo cura tudo? Quem é que tem exactamente o amor pelo qual esperou?
O despertador presenteou-me com uma música suave, mas não suavizou nada e apenas me "gritou" que estou de volta, mais um dia, ao que sou enquanto deixaste de o ser comigo. Posso escolher sorrir enquanto coloco a roupa que me fará ser apetecível, mas deixei de ter vontade de outra pessoa. Posso dizer, repetidamente, que amanhã já estarei mais perto de aceitar que não voltarás, mas quando o despertador dá o sinal de prosseguir, prossigo sem saber onde estarei quando finalmente deixar de te incluir, nem que seja em sonhos.

6.4.20

Sozinha outra vez!

abril 06, 2020 0 Comments

Sozinha outra vez, naturalmente, sem demasiados embaraços ou sequer dúvidas. Sozinha como terei começado um dia, mas nunca mais só, porque me tenho, sei quem sou e o que me devo para me dar continuamente o que preciso. Sozinha outra vez, porque ainda não sei quem poderá entrar e que a acontecer, me deixe confortável o bastante para o continuar a querer. Sozinha até que reconheça quem poderá estar ao meu lado, sendo verdadeiramente a pessoa que me arrancará os momentos de demasiada introspecção. Sozinha até que perceba o que me falta, se é que me falta alguma coisa. Sozinha, mas sem querer, do nada, e por desespero, deixar de o estar e depois me arrepender. Sozinha agora, mas porque não vislumbro outra condição, até quando me permito pensá-la. Sozinha até que deixe de o estar eventualmente, mas estando certa da diferença para melhor.
Escolher estar sozinha, tal como se escolhe sentir a felicidade inundar-nos, é um estado de espírito, uma decisão bem pensada, a única possível!

Vou-me reerguer depois de tudo isto e tu comigo!

abril 06, 2020 0 Comments

Vou-me reerguer depois de tudo isto e tu comigo. Vou superar o que me faltou, mesmo que me sobre tanto e tenha tido bem mais do que antecipava. Vou-me reerguer ainda mais forte e determinada a ser assim, desta forma, amando como se o mundo terminasse amanhã e terminando com o meu medo em avançar para um novo amor. Vou-me reerguer para que me veja quem entrará, estando igualmente determinado e pronto, porque já o estou. Vou-me reerguer e escrever sobre o que me trouxe até aqui, usando as palavras certas, porque as erradas matam até os corações mais preenchidos. Vou-me reerguer para que acreditem que sou feita de tudo o que semeei, enquanto achava poder finalmente colher para além do tempo e dos imprevistos que nem eu mesma controlo. Vou-me reerguer e ensinar-te a manteres-te de pé, regressando a quem sempre foste e fui capaz de ver. Vou-me reerguendo, hoje mais uma vez e amanhã para te poder receber.

Não gosto de sentir saudade!

abril 06, 2020 1 Comments
"Jimmy Law - Abstract Portrait Painter"


Não gosto de sentir saudade, porque não gosto do que ela significa. Dispenso a escassez e a falta interminável de algo ou de alguém. Não gosto de pensar que não ter alguém será para sempre e que não terei forma de encontrar outro formato de vida. Não permito que a saudade se instale, escolho os momentos mais importantes e espreito-os, de quando em vez, para que o coração não se torne demasiado pequenino. Não quero que sintam saudades de mim, porque isso apenas significa que mantêm a vontade, mas rejeitam a proximidade.
Não controlamos as emoções, mas podemos determinar as acções e agirão sempre os que souberem o que esperam de quem terá que estar por perto!
Não gosto da palavra saudade e tenho, de forma determinada, recusado senti-la. Escolho as lembranças doces e os olhares que reconhecerei em qualquer lugar, até quando já não puder ver. Não gosto de me render a sentimentos que se colam e magoam, prefiro aceitar o que não controlo e controlar o que já fui capaz de entender.
Não gosto de sentir saudade, já o senti de ti, mas depressa percebi que significava apenas que nunca mais te voltaria a ter e não gostei...


3.4.20

A cada toque ficamos mais próximos!

abril 03, 2020 0 Comments

Vou sabendo, cada dia mais, que a tua mão está determinada na minha. Vou sabendo, até quando os outros falam mais alto, por cima do que pensamos e quando nos olhamos sem que mais nada pareça importar, que apenas nós importamos. Vou sabendo que serás capaz de me apanhar se cair, bastando que me apertes o corpo que aprendi a abandonar para ti, oferecendo-te o que me pertence.

A cada toque, até quando parecíamos já não ter nada para ser tocado, nada novo, nem nada diferente, consigo sentir-te. És feito do que esperava e foi assim que te reconheci, quando me tocaste. A cada toque, quando acordo e já me olhas de sorriso seguro, porque foi comigo que adormeceste e porque a forma como te toquei te devolveu o que já me dás, dia após dia. A cada toque acredito mais na loucura inicial, aquela em que NADA parecia poder dar certo, pela diferença, pela distância, pelas músicas loucas, tuas e serenas minhas.

As noites de Agosto são cada vez mais longas, e usamo-las para que o calor que nos assola nos mantenha sedentos e colados um no outro. Vou descobrindo cada novo franzir de sobrolho, os toques e tiques que me legendam as histórias e os sorrisos, naturais, que chegam para concordar com o que partilho.

A cada toque vou percebendo que terás que estar no meu futuro, até porque começaste num passado que recordamos, sem inibições, no presente que nos pertence. A cada toque sei eu e sentes tu, que és o homem que permanecerá comigo e no que imagino venha a ser o nosso “para sempre”.

2.4.20

Quando é que as pessoas me surpreendem?

abril 02, 2020 0 Comments

Quando é que as pessoas me surpreendem? Quando carregam um mundo mais completo e transparente, mas rodeado duma película invisível e pacificadora. Não serão muitas, mas para minha felicidade, ainda existem e persistem neste caminho de paz interior e de conhecimento. As pessoas também me surpreendem-me pela positiva, porque a maioria é apenas mais do mesmo, de tudo o que não têm forma de esconder, porque é demasiado pesado para que se libertem elas mesmas. Gosto de surpresas boas. Gosto de pessoas genuínas e resolvidas. Gosto do gostar simples e sem demasiados floreados. Gosto de entender do que falam e de lhes responder com o mesmo tom...
Por ser optimista, acredito que ainda mais pessoas surpreendentes se cruzarão comigo. Preciso delas para me certificar de que estou certa, mas também preciso para que me apontem os erros, ou os deslizes. Preciso que já saibam que precisamos todos uns dos outros, mas que não deveremos depender de ninguém. Preciso da entrega desinteressada e do interesse constante que colocam em mim, fazendo-me acreditar que se importam. Preciso que não me desiludam.
Quando é que as pessoas me surpreendem? Quando resistem à maldade instalada e conseguem reconhecer os outros.