A quem pretendes impressionar quando falas? O que passas verdadeiramente de ti quando sorris? Quem és quando te conhecem pela primeira vez e em quem te transformas depois? Qual é a tua realidade sempre que começas o dia, a que imaginaste e criaste, ou aquela na qual te arrastas?
Por vezes sinto medo de ser avaliada pelo que escrevo e olhem que escrevo muito. Por vezes sei que poderia fazer muito mais, mas a vontade de me expurgar por palavras carrega o receio de ser demasiado tudo, se é que me conseguem entender. Por vezes queria poder sonhar acordada mais tempo e sem interrupções. Por vezes escrever é um duro castigo!
Temos que nos encontrar com quem nos entende e partilhar cada pedaço de sentimento que não pretendemos esconder, até porque nos diminuiria. Temos que querer da forma mais determinada possível, para podermos e sermos capazes de mais. Temos que nos saber ler os silêncios e nos ruídos de fundo dos demais. Temos e temos, mesmo que acabemos a fazer tão pouco.
Quem escreve sabe o poder das palavras e sente o que representam neste mundo tão verbal, mas no qual se diz menos a cada dia. Quem escreve tem outras vidas para viver e faz por vivê-las intensamente, mesmo que acabe por ter a mais desinteressante de que há memória. Quem escreve não pode sucumbir aos vazios, sobretudo quando disso depende prazos e exigências literárias. Quem escreve, supostamente tem sempre sobre o que escrever.
Por vezes sinto medo de me avaliar, de cada vez que me empresto emocionalmente às palavras que TANTO uso!
Deveria existir um ANTES de qualquer paixão, ou amor desenfreado. Deveríamos poder ser parados ANTES de qualquer loucura amorosa, porque certamente nos custará muitas horas de sono.
Fazemos tanto, crescemos pessoal e profissionalmente, arrastamos, de forma triunfante sucessos e conquistas, mas de repente chega o amor e metade de nós derruba a outra. Sabemos o que ser e até onde ir em todos os quadrantes da vida, mas continuamos a tactear, mesmo que nos sintamos crescidos, quando se trata de sentimentos. Ninguém nos prepara e nem parece ser possível, para a avalanche de emoções que chega assim que o nosso coração aceita alguém. Ninguém nos diz o que ser e de que forma sossegar os passos, caminhando apenas a velocidades controladas. Ninguém nos salva quando corre mal.
Bem que já poderíamos ter manuais, cheios de bonecos e legendas, para classificar TUDO pelo qual passaremos, uns mais do que outros, mas inevitavelmente a maioria de nós. Bem que deveria ser possível viver amores tranquilos, previsíveis e sem demasiados altos e baixos. Bem que deveriam criar leis que proibissem as dores que nos auto-infligimos quando desatamos a amar quem não está pronto. Bem que poderíamos apenas ser felizes, assim, tal como o pensamos e desejamos!
"Se precisas mesmo de conselhos, pede-os a quem sabe voar e resistir. Não o faças com galinhas, porque elas não voam, vai
às águias, essas sim voam alto, resistem e subsistem"!
Não gosto de me vitimizar, mas como sou humana, por vezes caio nesse embrulhar emocional e arrasto o que me cabe a mim resolver!
Largar da mão o que não pode permanecer nela, é uma resolução que vai mudar muito a nossa vida, acabando por restaurar o que adiámos. Perdoar, sair do lugar que nos oprime e restringe os passos, faz andar TUDO de forma mais célere. Colocar o foco em nós mesmos, sendo o início, o meio e o fim, permite que cheguemos a um lugar real. Não devemos culpar os outros das escolhas que deixámos de fazer, ou das erradas. Não podemos esperar que exista SEMPRE quem nos venha salvar. Não nos convém depender demasiado da validação de terceiros para produzir, afinal de contas a história é nossa.
Não sou muito tolerante com os vitimizadores de serviço, porque mesmo quando os estou a ouvir, escolho o tom que me permite manter-me presente na ladaínha que me afasta do que também tenho para resolver. Não sou das que "despeja" desgraças pessoais, prefiro auto-analisar e entender qual foi o meu real papel.
Não estou aberta a quem se fechou para as infinitas possibilidades que a vida nos dá, bastando que estejamos atentos. Não estou disponível para absorver e filtrar o que me mancha a aura e ensombra o coração. Não quero o que não me faz querer com a vontade que se tem que colocar em tudo. Não me vitimizo, arregaço as mangas e vou.
O que fazes com os dias que passam? De que forma te passas o que precisas para permanecer, mais um dia, por mais momentos que deverão ter sabores específicos? Para onde olhas quando os minutos correm mais devagar?
Começámos um ano atípico, mas certamente que fizemos as habituais listas para os 365 dias, e mesmo que tenhamos sido forçados a ajustes, teremos que nos ajustar ao que determinámos, mantendo-nos no curso. Estamos a menos de meio e CHEIOS de dúvidas quanto ao que ainda nos falta. Receamos manter o que afinal já víamos a ser executado, mas quem sabe não teremos um produto final bem mais pleno...
Planeei começar a acordar mais cedo, fazendo a minha corrida matinal antes do trabalho, mas mais importante do que a decisão, tem sido a persistência e a execução, porque confere-me uma maior normalidade, alargando as já infinitas possibilidades. Planeei tudo o que poderei e serei capaz de executar e pretendo exceder as minhas próprias expectativas, sendo bem mais do que fui capaz de visualizar. Planeei novos ritmos e outras áreas de actuação e não desistirei de nenhuma, tendo a firme certeza de que farei, ainda este ano, tudo o que o seu início carregou e no fundo foi apenas a mim mesma.
O que fazes para te obrigar a fazer o que te levantará do chão movediço? A perspectiva alterará qualquer realidade, por isso mesmo deves focar-te na tua e TUDO o que desejas, um dia será MUITO mais do que isso. O que fazes para continuares a fazer o melhor e a seres o teu melhor exemplo?
Olhar para trás e perceber o que já existe no hoje, confere-me uma sensação de concretização, porque ainda consigo crescer e evoluir mais. Já nada do que morava lá atrás alguma vez me voltará a puxar para baixo. Resisti a um amor que foi apenas sentido e vivido por mim em pleno, mas aprendi imenso com ele e saí ainda muito mais fortalecida. Fui abençoada com sentimentos que me souberam pela vida e a minha foi sempre carregada de emoções e de entrega. Vi serem respondidas as questões essenciais quando percebi que tudo começa e termina comigo. Passei a olhar com mais atenção para o que desejo e passei a desejar apenas o que me regenera e revitaliza...
Olhar para trás enche-me de orgulho, porque afinal tenho margem para mais amadurecimento e porque não me detenho, demasiado tempo, em lugares sombrios e nos quais não possa ser eu mesma. Olhar para trás, de soslaio, serve para que cimente a determinação em nunca aceitar menos do que mereço, respeitando-me sempre e em primeiro lugar. Olhar para trás mostra-me o que quero mesmo ver, tive tudo o que fui capaz de criar e criei com a força que me caracteriza. Olhar para trás serve para perceber onde estou hoje!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.