4.11.21
3.11.21
Estás a conseguir ser tu o tempo todo?
Estás a ser quem reconheces, ou apenas te deixas ir, sem pensar demasiado, talvez para que não tenhas que te mudar?
Quais são os custos reais duma mudança interna? Até onde precisamos de ir, para lá da nossa zona de conforto, para que finalmente estejamos onde é suposto? Do que precisámos de abdicar, ou de quem, para que nos mantivéssemos inteiros e reconhecendo cada atitude e escolha?
Nunca me disseram que crescer emocionalmente seria fácil, não que alguma vez o tivesse considerado, mas também nunca me disseram que teria que fazer grande parte do percurso sozinha. Tenho uma inveja saudável de quem se mantém ladeado de pessoas boas, impulsionadoras e positivas. Talvez tenham sabido o que fazer e quando, para que crescessem próximas e que mesmo distantes em milhas, nunca se separassem. Talvez sejam apenas mais iluminadas e generosas, ou talvez tenham simplesmente encontrado o "ouro" que rege a vida.
Estás a ser tu o tempo todo, mesmo que com alguns intervalos para que também os outros brilhem, ou estás a escudar-te para que possas passar incólume pelos pingos da chuva?
2.11.21
Quem é que procura o amor?
Nunca me lembro de ter esperado pelo amor, ou de sequer o ter procurado, primeiro porque era absolutamente garantido e depois porque a total ausência de uma segunda possibilidade, a de nunca vir a acontecer, deixava-me livre e feliz para viver todos os que chegassem.
Recordo-me, de sorriso nos lábios, de uns quantos amores que vivi na adolescência, eram simples, seguros e naturais. Não vivia em turbilhões emocionais, talvez os provocasse, mas a minha liberdade estava tão colada à pele e ao coração, que simplesmente desatava a amar à mesma velocidade que "desamava". Adormecia numa certeza inequívoca e acordava com todas as incertezas tão naturais no pequeno mundo do qual fazia parte.
Nunca me ocorreu ter que mudar de estrada depois de já a ter definido. Acreditava piamente no "para sempre", por isso ia vivendo os entretantos totalmente alheada de dores incuráveis e de mágoas que demoram a perdoar. Era seguro que me saberia a certo e que apenas teria que aguardar para ter o olhar que reflecteria o meu. Estava a anos luz de precisar de sequer considerar um recomeço depois de ter começado com todas as certezas que as incertezas amorosas provocam.
Tão longe vão os momentos que pareciam ter um guião para seguir sem pestanejar, cumprindo todas as etapas, sobretudo as que os outros esperavam de mim, mas eis que me torno gente, um ser único que pensa, faz escolhas e não foge da felicidade, porque no final de cada dia, será a única coisa que me moverá.
Nunca me lembro de alguma vez ter achado possível que a pessoa a quem amasse não me soubesse amar de volta. Ingenuidade ou excesso de confiança? Não sei a resposta, mas para o caso também interessa muito pouco, no entanto, o que sei é que nunca se deveria procurar por um amor, sob pena de jamais o conseguirmos encontrar.
1.11.21
Quando é que os opostos se atraem?
Quanta diferença toleramos na nossa aparente semelhança?
Sou das que acredita, porque já vi o suficiente nas minhas 5 décadas de existência, que os opostos só se atraem na física, pessoas demasiado diferentes, com objectivos que não se cruzam e com vivências e experiências que chocam os outros, jamais poderão esperar o "para sempre", quando muito uns mesitos de respiração ofegante. Precisamos de falar a mesma língua, usando a mesma linguagem, porque usar gestos, de forma indefinida, apenas nos esgota e amassa cada expectativa.
A vida amorosa também comporta ciclos e os que chegam quando estamos a dar os primeiros passos, lá pelos vinte, permitem que se aguarde, procure, trabalhe os feitios e se aprenda sobre o outro, apreendendo qualidades e defeitos. No entanto, quando se chega à minha faixa etária, a formatação já se deu, a vida já nos levou, trouxe de volta e esbofeteou umas quantas vezes, assim sendo a margem de erro é minúscula, tal como o tempo que se encolhe a cada respirar. Nunca me atreveria a arriscar numa relação cujo parceiro fosse o meu completo oposto. Jamais me veria a ouvir palavras que não ressoassem com as minhas. O talvez deixou de fazer parte do meu vocabulário, agora ou é, ou é.
Onde se encaixam então as cedências?
Posso ceder o meu lado da cama, a melhor parte do bife e até metade do meu cobertor, mas não cedo para deixar de ser e de existir, passando a fingir que eventualmente talvez lá para a frente a coisa se dê e o desejável aconteça do nada. Não cedo em valores, em posturas, em respeito e em tolerância. Não me disponibilizo a acatar com hábitos que se mantêm apenas porque se descarta o novo. Não me identifico com quem não olha para o mundo com a intenção de o ver, mas tão somente para o criticar, avaliar e comparar. Não sou a metade de ninguém, continua inteira e determinada a esbarrar em quem já o seja.
Os opostos existem para que a diversidade se mantenha, mas tal como o sal jamais adoçará o açúcar, a noite também nunca substituirá o dia, a luz natural que nasce a cada acordar não é a mesma que a artificial que nos ilumina e mostra o caminho. As perspectivas até poderão mudar tudo, mas continuo determinada a chamar os bois pelos nomes, ao invés de me enganar, mesmo que com a melhor das intenções.
Não concordas com as minhas considerações? Pois, devem ser os opostos em rota de colisão.
29.10.21
Quem sou eu para achar que sei?
Uma relação é composta por duas pessoas, um mundo inteiro a julgar, de todas as pessoas que nos impulsionam a seguir em frente, mas também das que apenas respirarão melhor se o nosso suspiro se apagar. Uma relação, qualquer que seja e independente do que a moveu, tem que saber muito bem ao que vai, o que precisa de fazer para que o amor se faça para além de todas as dúvidas e medos e que armas utilizar quando a dor se instalar. Uma relação, por muito bem que comece, precisa de ter o que a manter para sobreviver a cada acordar, continuando muito para além da noite.
Quem achei que era quando decidi que nunca te iria sentir a falta? Porque é que acreditei que não me revolverias os sonhos, matando-os logo de seguida, mesmo que os repetisse, na esperança de te voltar a ouvir, tocar e sentir? Quem me certificou, como se fosse possível catalogar os sentimentos, que me bastaria olhar para os teus defeitos para agradecer a fuga antecipada? O que achei que já sabia quando soube, à força, que me farias mais mal do que bem, mas que ainda assim te amaria até deixar de conseguir pensar, ter memória e perder os sabores a que me soubeste?
Quem sou eu afinal para achar que sei que nunca ficarás melhor sem mim?
28.10.21
Seria tão mais fácil simplesmente acreditar!
Seria fácil acreditar que procuramos todos a melhor versão de nós mesmos, mas na realidade, deparamo-nos com quem se foca no outro apenas para julgar todos os passos dados e os que ainda faltam assimilar. A nova humanidade, a que já sobreviveu a tanto, está a cada dia mais amarga, ressentida, egoísta e incapaz de encher o resto do "copo" para se sentir inteira.
Foca-te no que importa verdadeiramente. Trabalha, diariamente para saberes quem és, de onde vieste e onde pretendes chegar; Arma-te de emoções que te preencham o bastante para que possas preencher outros; Acredita no bom que existe em ti e transforma-o em algo ainda mais grandioso, para que te enchas do que farás sobrar; Cresce em integridade e dá na proporção do que eventualmente receberás, porque mesmo que demore, seguramente chegará quando mais precisares; Deixa de lado a inveja que apenas te consome quando te focas nos talentos dos teus semelhantes, porque como disse Martin Luther King, "Nem todos poderão ser famosos, mas todos poderão ser grandes" e a grandeza advirá do que fizeres e que será bem maior do que tu, se estiveres ao serviço dos outros.
Seria muito fácil acreditar que de repente, como que num passe de mágica, cada um de nós conseguiria MESMO olhar o outro como espera ser visto, mas mesmo que sem qualquer intenção de impedir a realidade de entrar, recomendo que se continue a sonhar. Seria muito mais fácil acreditar que já chegámos todos "lá", mas a viagem ainda está BEM longe de se iniciar.
26.10.21
Are you a people pleaser?
People pleaser, não sou nem tenho perfil para. Recuso-me a ser a pessoa que apenas faz o que deixa os outros bem e que se sonega o direito de dizer o que lhe vai dentro, sendo real e verdadeira. Comigo não existe a opção de fingir sorrisos, usando os amargos intestinais nas costas. Nunca faço favores e não papo grupos apenas para fugir à solidão, até porque quando nos sentimos sozinhos, os outros nunca terão forma de arrancar o sentimento, por mais barulho que façam.
Já ouvi e é muito comum nos dias de hoje, o lema do "eu sou assim e ou queres ou queres", isso é prepotência e narcisismo. Nunca precisei de levantar a bandeira da malvadez, sendo rude e propositadamente desagradável, apenas para fazer valer os meus pontos de vista. As palavras já foram todas inventadas, por isso embora lá usá-las, cada uma para a respectiva emoção ou sentimento. No entanto, tenho alguma acidez para os ácidos, dureza, para com os rudes e ironia para com os que se fingem de burros, porque a verdade é que não existem pessoas burras, apenas limitadas e indisponíveis, sobretudo a aprender.
People pleaser, NÃO mesmo, porque nem sei como o faria, seguramente que me esborracharia inteira na primeira frase, é que finjo MUITO mal. What you see is what you get ( o que vês é o que recebes) sem tirar nem pôr, para o bem e para o mal, mas posso afiançar que quem comigo priva, por me merecer respeito, terá sempre lealdade, solidariedade, tempo de qualidade e coração, porque esse sempre esteve no lugar certo.