Afinal já gosto muito mais de mim!
Por vezes permito-me perceber que fiquei tão confortável comigo, que incluir outro que não eu mesma, já estará demasiado distante. Sou humana, caso existam dúvidas, mas ter o meu tempo, cada pedaço de hora e todos os minutos geridos pela minha vontade e capacidades de avançar, recuar, aceitar erros ou negá-los de todo, tornou-se difícil de recusar.
Não tenho o coração fechado, não a sete chaves, na realidade até considero que nunca o tive tão pleno e saudável, mas permitir que o questionem ou exijam o que já não pretende dar, afasta-me do mundano e remete-me para o mundo que vou criando, colorindo-o sem que me importe com a paleta que dizem ser a certa. Nas minhas mãos estão os pincéis, as tintas, a escolha livre do desenho e o tempo para o fazer. Não me afastei da vida como existe, estou até mais disponível e atenta, no entanto, e porque evoluir é isto, escolho o que fazer com o que me dizem, atiram em formatos mais ou menos perceptíveis, ou deixam que se apague sem que alguma vez o venha a perceber.
Por vezes duvido desta nova mulher, talvez porque já seja a que tanto desejei e achei não ter como conquistar, não nesta vida, mas depois percebo que apenas poderia ser desta forma, agora, e nem um minuto antes. Por vezes estico a minha resistência física e mental, mas os resultados são tão visíveis e permanentes, que o esforço passa a ter outro nome. Por vezes ser eu dá uma enorme trabalheira, mas a vantagem é que já ninguém sai lesado. Por vezes olho com mais atenção para o espelho que me reflecte e rasgo um enorme sorriso porque gosto muito mais de mim.