23.2.22
22.2.22
Como será o para sempre!
Para sempre, já o esperei, tive e desejei que fizesse parte do resto de todos os meus dias. Já jurei que seria para sempre e já amei acreditando que nunca seria menos do que para sempre. Provei do amargo sabor da finitude quando fui sacudida pela incapacidade de me quererem mais do que início. Mas também já fui a que quebrou o para sempre e me escolhi.
Como será que o para sempre se instala no amor? O que teremos que ser e fazer para que o fim não chegue antes do desejável? Porque razão aceitamos, de forma ligeira e descomprometida, as desistências, arremessando as desculpas que não nos desculpam e o que pretendemos dum futuro onde supostamente estaremos a solo?
Gostava que o nosso para sempre me impedisse, agora, de precisar de outros braços e de todos os beijos que terei que repetir para que se instalem e façam parte de mim. Queria que apenas a tua voz me acompanhasse, porque já conhecia cada variação e porque até o meu corpo reagia à magia que produzia quando me sopravas o que precisava de ouvir. Esperava não ter que ensaiar, com outro, o amor que tantas vezes fizemos e que nos saciava a cada toque. Ansiava pelo conforto que o nosso para sempre representaria e no qual me "salvarias" de todos quantos me perturbam por me desejarem, mas nunca chegou...
Para sempre, talvez ainda o venha a riscar da lista de coisas a conquistar e quem sabe não estarás, secretamente e de alguma forma, a sonhar com o nosso para sempre também.
21.2.22
Não venço sempre, mas nunca desisto!
Recebi-te, mas não fui aceite!
Recebi-te, de braços abertos e de coração pronto, mas a vontade que aparentavas ter de mim não era comparável ao medo de te perderes no que poderia representar!
Somos todos diferentes e nem sempre procuramos pelo mesmo, porque somos feitos de muitos lugares, tempos e momentos que nos marcam como ferros. Somos o que decidimos, mas deixamos de o ser à velocidade do que acreditamos não querer ou ser capaz. Somos o topo do sonho de alguém e o ponto mais baixo da pessoa que a nossa reconhece e pela qual luta, tantas vezes em vão.
Li-te na diagonal, demasiado confiante e julgando estar preparada para as entrelinhas, mas a verdade é que tudo o que disseste foi claro e pleno de todas as vírgulas que mudavam o sentido. Falávamos línguas diferentes e usávamos de linguagens pouco claras e sem qualquer efeito prático. Magoávamo-nos nas imensas insistências, querendo quem na verdade não nos queria o bastante, ou não da forma que nos permitiria o repouso do guerreiro e travávamos lutas tão desleais que no final perdemos ambos.
Recebi-te quando já me sentia tão tranquila e despojada de todos os quês e porquês que antes me travavam, que acreditei ser o tempo e momento de recomeçar. Recebi-te e não duvidei, por nenhum segundo, que não me fosses receber de igual forma. Recebi-te porque me parecia caber a capacidade maior de abrir as portas aos amores falhados de ambos, mas assim que desviei o olhar das imensas janelas que mantiveste fechadas, fiquei como estava antes, sozinha e sem escolhas que me incluíssem.
Fomos a metade possível de um todo tão distinto e impreparado, que nada jamais nos poderia preparar para os danos colaterais de que ainda padeço e que seguramente te mantêm onde continuas, bem longe do meu mundo e a cada dia mais perto de seres esquecido.
20.2.22
Não dizer nada é dizer muito!
Não dizer nada, na realidade é dizer muito, mesmo que não tudo e seguramente que não da forma que o outro precisaria, mas usar o silêncio pode servir para "gritar" o que as palavras não teriam como explicar. Parar quando supostamente continuar seria o mais certo, é aceite por quem desiste, mas não convence quem estaria à espera de mais.
Já fui tremendamente irrascível e julgadora dos que não possuíam, tal como eu, de armas em formato de vocábulos, usando-os para que as dúvidas não se instalassem, mas acabei por perceber que nos movimentamos todos de formas distintas. O medo que faz encolher uns quantos, é a coragem de muitos outros. A necessidade de esmiuçar tudo e de entender até o que não se explica, pode até percorrer as veias de muitos, mas já para outros, será tão importante quanto a areia que lhes entra nos sapatos, e que perturba, mas não impede a caminhada.
Alguém me confidenciou que eu estava nesta vida para trabalhar a tolerância, por isso fui fazendo o caminho até sentir que me tinha superado, passando com nota máxima às minhas avaliações excessivas e quiçá até fora de contexto. Deixei de julgar e acedi a aceitar os que me chegam com menos bagagem, tentando perceber o que me trouxeram e souberam ensinar. Passei a deixar passar muito mais do que antes e deixei de considerar tudo como sendo uma afronta pessoal, ou desamor e escolhi amar-me em dobro para compensar os de alma pequena. Sosseguei-me enquanto respeitava o desassossego alheio e saí a ganhar.
Não dizer nada, para quem como eu usa as palavras como respira, seria impensável e totalmente repreensível, mas acabei por acabar com todas as avaliações desnecessárias e desprovidas de matéria, porque a verdade é que na maioria das vezes apenas sabemos do que julgamos saber. Não dizer nada nunca acontecerá comigo, porque antes de impedir o fluxo das palavras que nos distinguem dos restantes animais, explicarei porque motivo o irei deixar de fazer. Não me explicar e fugir não me serve, mas aceito, sem qualquer esforço os que terão medo até da sombra e que por isso se escondem no buraco mais fundo que encontram. Não dizer nada quando ainda tenho tanto para dizer, seria matar-me enquanto viva e como não planeio apenas passar por "aqui", escolho dizer o que seguramente servirá a muitos e é isso que me sossega e deixa de sorriso rasgado.
Não me disseste nada quando ainda esperava por muito de ti, mas posso prometer-te agora que já me disseste tudo!
19.2.22
Fim de dia igual, mas diferente!
18.2.22
Deitada, no escuro...
Deitada, no escuro, a ouvir o meu coração que parece estar tranquilo porque as batidas são ritmadas, mas sentindo por dentro de mim um mar revolto enquanto nado de forma desesperada para evitar que as ondas me impeçam de respirar. Deitada sobre um corpo que me completa por ser a extensão de todas as emoções que armazenei e que me forçam a testar os limites que não sabia ter, inerte, mas com a mente a mil, gritando, sem qualquer som, que já me disse tudo e que nada mais me resta do que continuar. Deitada, com os braços abertos, os mesmos que antes receberam quem ainda não sabia o significado do amor, não como o entendo e que apenas se instala para restaurar o coração que por vezes me finta, cheio de vida própria, ao invés de o endurecer.
Deitada, ao teu lado, a ouvir o bater do coração que se mistura com o meu e que me assegura de que estás para ficar. Vieste ter comigo, sem mais nada para esconder e a esforçares-te para que acredite no que tens para me dizer, sossegando o meu mar e mantendo-me à tona. Deitada no teu corpo, aquele que rapidamente o meu reconheceu, a reacender as emoções que deixaram de me testar e que agora me permitem usufruir. Deitada do lado certo da cama na qual nos temos, segura de que já sabes o significado do amor, como o entendia antes, e que me acorda de todas as noites nas quais quase me senti endurecer e desistir. Deitada ao teu lado e já sem precisar de te pedir para que fiques.
Deitada, no escuro, a desejar, mais do que a tudo o resto na vida, que os nossos corações estivessem mesmo juntos. Deitada sem qualquer som que me lembre da razão pela qual me deixei ficar sozinha, enquanto jurava já não esperar por ti. Deitada, por mais uns minutos, para que me convença a levantar o corpo e a reerguer a alma que se perdeu de mim enquanto me focava em ti. Deitada, no escuro, enquanto me digo, talvez para me convencer, que sei o que o amor significa para mim e que por isso não abdico de o sentir.