Deixei de fazer igual para poder ter resultados diferentes. Deixei de te exigir o amor que nunca poderias dar e segui em frente, amando-me mais ainda. Deixei de rebuscar as memórias que me apagavam os dias luminosos e comecei a criar novas, bem mais realistas e em consonância com a pessoa que me tornei. Deixei para trás quem me puxou, durante demasiado tempo, para que me fixasse nos lugares que não me moviam o coração e passei a mover-me de forma bem mais determinada e segura. Deixei de te amar quando percebi que nada do que me desses alguma vez poderia ser o suficiente.
O verão instalou-se em cada um dos dias que agora vivo, bem mais consciente do que busco e indo até onde antes julgava ser distante, inatingível e difícil. Os começos de cada recomeço são ainda desafiadores, mas os pesos infinitamente mais leves e as metas mais do que uma luz difusa num qualquer túnel da vida.
Deixei de tabelar emoções e comportamentos, passando a comportar-me como uma alma pronta, mais leve e bem mais segura do que me cabe enquanto pessoa em evolução. Deixei que os beijos beijassem mesmo, sem restrições e capazes de me acordar cada célula adormecida, por escolha, ou por ter deixado de ter escolhas. Deixei de me impedir as sensações que na verdade apenas me recordam do muito que ainda tenho muito para viver e comecei a usar cada uma para te ter como preciso e é tanto o que pareço precisar de ti. Deixei que a verdade me evolvesse em forma da coragem que sei ter, e me protegesse das mentiras pequenas, mas ainda assim tão redutoras que me roubaram uns quantos anos de felicidade. Deixei para lá o que nunca poderia ter ficado e acabei a respirar de forma tão tranquila, que todo o meu corpo me agradece logo ao acordar, antecipando que o adormecer me devolverá o que lhe ofereci por já ter e ser tanto. Deixei de me deixar parar trás e tomei o volante do meu veículo emocional, sabendo quem beneficiaria mais no final!