Subir, subir sempre, até ao cimo!
Já quase que consigo ver, nítido e vivo, o sonho que continuo a sonhar. Parece mais próximo quando estou do meu lado certo, mas vai e volta foge-me, talvez para que me mantenha forte, determinada e a acreditar. É feito de tudo o que acumulei, até de algumas desilusões, se não de todas e é o que me impede de mudar de olhar, achando que nunca será mais do que um sonho. A almofada tem sido a minha melhor confidente e é nela que pouso a cabeça que gira e gira, enchendo-se dos pensamentos que crescem com as emoções que me permito, mas que sossega quando regresso ao mesmo ponto da noite anterior, reencontrando-me com a felicidade que sei existir porque já a senti e provei de tudo o que tem para me oferecer. É na calada da noite, onde apenas eu sei como terminar cada um dos dias que me imponho, que mais nada nem ninguém me impõe o que quer que seja, porque sou invadida de toda a liberdade que torno possível.
Já quase que perdi a fé e mesmo que de quando em vez ela ainda ameace partir, deixando-me tão vazia e nua quanto o são os que não encontram onde se agarrar, continuo a reabastecer-me do que terá que existir, de contrário a minha existência seria em vão. Por vezes quebro os pilares que me mantêm forte e segura, mas depressa os reconstruo, vendo para lá de cada montanha que terei que subir para poder ficar do outro lado e recomeçar. As lutas que ainda travo nunca serão em vão, porque me acrescentam e melhoram, mas já precisava de umas quantas tréguas e de já estar em "casa".
Já quase que sei de cor os movimentos que me imprimo e por isso é que me movo ainda mais segura, de sorriso em riste, mas olhando por cima dos ombros, não vá alguém julgar que já sei todas as respostas. Já passei a margem e enregelei o corpo na água que não me refreou, mas manteve atenta a qualquer movimento errado ou fora do tempo. Já me apeteceu gritar, a plenos pulmões, o que me consome por estar demasiado dentro de mim, mas percebendo que não terá como estar lá fora, porque apenas eu o consigo entender. Já me forcei a duras caminhadas, não sabendo de que forma poderia regressar, mas regressando sempre e aumentando, corajosamente, as distâncias que deixam uns quantos tão pequenos e difusos, que quase duvido de alguma vez terem existido.
Já quase que me levei ao limite, mas por saber que teria que colar cada peça de volta e por medo de não saber como, parei-me para não ter que ser parada e prossegui ainda maior, acreditando ainda mais no que finalmente sou capaz de fazer. Já quase que deixei de acreditar no amor, mas porque ainda o vejo bem espelhado numas quantas almas plenas de luz, escolho esperar que um dia também venha para mim, talvez saído do sonho ao qual ainda tenho que regressar, mas quiçá poderá ser a minha realidade.