23.3.22
22.3.22
Não tenho paciência para o vitimismo!
Deviant Art |
Não tenho paciência para o vitimismo instalado, nem para as doses exageradas de impossibilidades emocionais, nas quais se culpa até o chão que é torto e que por isso impede de dançar!
No geral tivemos uma educação baseada na culpa, na cobrança e nas expectativas, muitas delas impossíveis de alimentar, que nos forçavam a escolher caminhos diametralmente opostos aos que seriam certos. Mas cabe-nos fazer escolhas, escolhendo-nos em primeiro lugar. É da nossa inteira responsabilidade ter a sensibilidade necessária para nos colocarmos no lugar que nos fará sentido, porque apenas assim seremos suficientemente fortes. Precisamos de saber quem somos, para que os revezes do mundo e dos que andam por aqui apenas a destabilizar, não nos destabilizem. É de extrema urgência que saibamos de que forma curar as dores internas, exteriorizando-as e fazendo a catarse do que nos poderia adoecer.
Não tenho respostas para dar aos que nem sabem fazer perguntas, não as certas e não sobre o que me interessa. Não concebo uma vida baseada no que acreditam ouvir sobre mim, quando o que digo não é de todo semelhante. Não vou apenas porque me pedem ou mandam, vou se me fizer bem, mas rapidamente volto se deixar de o fazer. Não sei o que esperar deste novo modelo de mundo, mas sei que não preciso de me encaixar, seguindo cegamente tudo aquilo em que não acredito, simplesmente porque não tenho paciência para o vitimismo.
Lugares mágicos e perfeitos!
21.3.22
Dia mundial da poesia!
Existem sons que apenas eu vou conseguindo ouvir
E tantos os poemas que só escrevo depois de partir
Mas é apenas quando parto que finalmente te deixo saber
Que uma vez do outro lado nunca mais me voltarás a ter
Existem corações que se estendem para que entendam
O que muitos outros não têm como sozinhos vislumbrar
E é assim que os primeiros curam o que os outros remendam
Já os segundos nem sabem do que padecem para se poderem curar
Existem momentos que não se repetem pela intensidade
Mas tantos outros que nem me esforço por recordar
Existem amores que precisavam de doses de pura amizade
E amigos a quem me saberia tão bem poder simplesmente amar
Existem dias que concentram tantos outros grandes dias
Mas existem semanas que em meses se ameaçam tornar
Tomara que os anos em que me deixaste porque querias
Também em ti crescessem séculos sem quem te soubessem amar
Acordei e já não estavas aqui!
Acordei com um silêncio estranho que me enregelou mesmo antes de me destapar. Acordei a sentir que algo se passava, mas cheia de receio de descobrir o óbvio. Acordei para uma casa vazia e todas as minhas entranhas se revolveram, deixando-me capaz de deitar fora o que me sufocava, mas ficando com tudo o que já só ficaria comigo. Acordei e coloquei os pés no chão frio e todo o meu corpo estremeceu. Acordei e já não estavas mais aqui.
Nada do que era teu permaneceu e todas as promessas de viagem sem volta acabaram cumpridas. Nada do que te disse, vezes sem conta, serviu para que mudasses de rota e aceitasses o lugar que desejei poder ser teu. Nada de mim pareceu contar para que contasses connosco juntos e por isso partiste, mesmo que tivesse pedido que jurasses nunca o fazer, cimentando o amor que me dizias ter. Nada do que me deste bastou e agora, de repente, num dia que não vou querer recordar, fiquei sem ter o que fazer e ninguém para me impedir de sufocar.
Acordei e o nada instalou-se. Acordei e tudo o que me pertencia, até o mundo como o imaginei, foi-me levado. Acordei, sabendo que a dor permanecerá por muito mais tempo do que tu e não tendo como a fazer sair, porque não a levaste e não quiseste ficar. Acordei e no mesmo minuto soube que nunca mais nada voltaria a ser igual e que a tua partida me mudaria para sempre. Acordei apenas para perceber que te perdi.
20.3.22
Não quero um amor assim...
. Quem foi que te endureceu ao ponto de permaneceres uma eterna fugitiva?
. Só fujo do amor, mas estou disponível para tudo o resto.
. Porquê do amor, do que tens medo?
. Das amarras invisíveis, dos cadeados nas pontes, da simbologia que carrega quanto ao sempre, porque na verdade nada é eterno, mas não me venhas com a teoria das mágoas infligidas por amores mal sucedidos que comigo não colam, nem me representam. Decidi tão somente fugir do que não me permite ter o controlo e de todos quantos anseiam pelo que não tenho forma de dar, não agora e provavelmente que também não lá para a frente.
"Não quero um amor civilizado, com recibos, ou tempo no sofá. Não quero que regresses no tempo e chegues do mercado com vontade de chorar. Não quero tardes de domingo. Não quero um baloiço no jardim. O que quero, coração cobarde, é que arrisques a tua vida por mim, porque eu morreria contigo se te matasses e matar-me-ia se morresses. Porque o amor não morre, ele mata. Porque amores que matam nunca morrem". (Alejandro Sanz - Contigo).
Quem foi que definiu as regras do amor e armadilhou os caminhos dos que tentam contorná-las, tornando-as mais próximas do que ele deverá ser na verdade? Quem é que nos garantiu, lá muito atrás, num passado que já não se encontra com o presente, que só se poderia chamar amor ao que se parecesse com amor, quando por vezes ele chega sem que se pareça com nada conhecido, mas ainda assim mudando-nos irremediavelmente por dentro? Quem é que ainda tem no amor a razão para estar vivo e sente que nada teria se não o pudesse sentir? Quem é que ainda acredita poder vir a encontrar um amor que não cobre ou defraude a expressão máxima que parece carregar? Quem é que ainda sabe o que é amar, não querendo menos que tudo, mas tendo tudo por se sentir a amar?
19.3.22
Subir, subir sempre, até ao cimo!
Já quase que consigo ver, nítido e vivo, o sonho que continuo a sonhar. Parece mais próximo quando estou do meu lado certo, mas vai e volta foge-me, talvez para que me mantenha forte, determinada e a acreditar. É feito de tudo o que acumulei, até de algumas desilusões, se não de todas e é o que me impede de mudar de olhar, achando que nunca será mais do que um sonho. A almofada tem sido a minha melhor confidente e é nela que pouso a cabeça que gira e gira, enchendo-se dos pensamentos que crescem com as emoções que me permito, mas que sossega quando regresso ao mesmo ponto da noite anterior, reencontrando-me com a felicidade que sei existir porque já a senti e provei de tudo o que tem para me oferecer. É na calada da noite, onde apenas eu sei como terminar cada um dos dias que me imponho, que mais nada nem ninguém me impõe o que quer que seja, porque sou invadida de toda a liberdade que torno possível.
Já quase que perdi a fé e mesmo que de quando em vez ela ainda ameace partir, deixando-me tão vazia e nua quanto o são os que não encontram onde se agarrar, continuo a reabastecer-me do que terá que existir, de contrário a minha existência seria em vão. Por vezes quebro os pilares que me mantêm forte e segura, mas depressa os reconstruo, vendo para lá de cada montanha que terei que subir para poder ficar do outro lado e recomeçar. As lutas que ainda travo nunca serão em vão, porque me acrescentam e melhoram, mas já precisava de umas quantas tréguas e de já estar em "casa".
Já quase que sei de cor os movimentos que me imprimo e por isso é que me movo ainda mais segura, de sorriso em riste, mas olhando por cima dos ombros, não vá alguém julgar que já sei todas as respostas. Já passei a margem e enregelei o corpo na água que não me refreou, mas manteve atenta a qualquer movimento errado ou fora do tempo. Já me apeteceu gritar, a plenos pulmões, o que me consome por estar demasiado dentro de mim, mas percebendo que não terá como estar lá fora, porque apenas eu o consigo entender. Já me forcei a duras caminhadas, não sabendo de que forma poderia regressar, mas regressando sempre e aumentando, corajosamente, as distâncias que deixam uns quantos tão pequenos e difusos, que quase duvido de alguma vez terem existido.
Já quase que me levei ao limite, mas por saber que teria que colar cada peça de volta e por medo de não saber como, parei-me para não ter que ser parada e prossegui ainda maior, acreditando ainda mais no que finalmente sou capaz de fazer. Já quase que deixei de acreditar no amor, mas porque ainda o vejo bem espelhado numas quantas almas plenas de luz, escolho esperar que um dia também venha para mim, talvez saído do sonho ao qual ainda tenho que regressar, mas quiçá poderá ser a minha realidade.