30.3.22
29.3.22
Tenho saudades de mim!
Agora são tantos, com tantas opiniões, mas tão poucas que importam, que passei a importar-me cada vez menos!
Tenho saudades do tempo em que vivia para aceitar que me aceitassem, mas sem esforços desmedidos, porque era tão somente eu e no modelo que parecia até encaixar-se. No alto da minha ideia de perfeição, sabia-me imperfeita, mas acreditava que a atingiria um dia. Não vivia para questionar, permitia-me viver, sentindo o calor dos sorrisos que me enfeitavam os lábios de forma quase diária. Tenho saudades de mim, da que não precisava de planear demasiado para concretizar, porque seguia, de forma confiante, por cada uma das estradas que mal conhecia, mas das quais regressava vitoriosa. Os olhares eram benévolos e as palavras mais suaves, mesmo que cheias de todas as questões a que poucos sabiam responder. Tenho saudades de ler os livros que me faziam apaixonar por vidas possíveis, sentindo-lhes o sabor e acreditando que se alguém escrevera sobre o que também queria, então é porque o tivera. As páginas eram devoradas como se o tempo me pudesse eventualmente fugir e nunca suspeitando que o faria eventualmente. Tenho saudades dos elogios que aceitava sem procurar por vírgulas mal colocadas ou por sinalética controversa, porque conseguia ser mais consensual. Tinha a ingenuidade dos jovens e a crença nos que diziam saber do que ainda procurava. Tenho saudades de tudo o que me enfeitava os dias, pedaços pequenos de coisas quase indeléveis, mas que bastavam. Nada era vivido em desespero, o que não tivesse ainda chegado, acabaria a ser meu e nunca me arriscava a duvidar. Tenho saudades de todos quantos me amaram, mas cujos amores desperdicei por ser tão cheia de mim e por achar que muitos outros viriam. Escrevia e recebia as cartas que me mantinham a sonhar e sonhava sem pressas, dando a cada pedaço de vida o tempo e o momento que precisavam para me fazerem crescer. Tenho saudades dos 5 anos, por ter aprendido a ler e por me terem ensinado o poder do que me acompanharia vida fora, as palavras. Brincava com as sílabas sem lhes adicionar pesos desnecessários, até porque não os tinha e porque a minha leveza, pelo tamanho e pouca vida, me permitiam desenhar um mundo à minha medida. Tenho saudades de não sentir saudades de nada, simplesmente porque a única coisa que importava era o que existia, o presente, e o futuro parecia pertencer-me na íntegra. Que saudades de mim, da miúda que a mulher escolheu deixar ir, mas que terá que recuperar, de contrário viverá eternamente de saudades.
28.3.22
Preciso de me curar de ti!
Preciso de me curar de ti para poder seguir, prosseguindo com o plano inicial de apenas ser feliz. Preciso de deixar para trás o que me trouxe até aqui, ao lugar no qual me refugio das emoções que me poderiam reabrir as feridas, mesmo que deseje, intensamente, que alguém chegue e me faça desejar um recomeço. Preciso de voltar a sentir abraços sem condições, recebendo-os de forma tão natural, que tê-los será ter-me de volta. Preciso, urgentemente, de voltar a amar, porque receio esquecer-me do quanto me faz bem e deixa ainda mais bonita. Preciso de encontrar a minha pessoa, a única que saberá o que fazer comigo e de mim, mas ainda nesta vida se não for pedir muito.
As pessoas fortes e aparentemente resolvidas, juram a pés juntos não padecer de qualquer trauma, mas quando a vida lhes mostra o oposto nas mais pequenas coisas, percebem que não perceberam o suficiente e que por isso se mantêm sozinhas e descrentes, não no amor do mundo, mas no que lhes estaria reservado. As almas que se sentem incapazes de juntar corpo e coração num único ser, sofrem bem mais do que as restantes, são mais distantes do que as trouxe até "aqui" e receiam, mais do que a tudo o resto, ter que regressar, de forma contínua e persistente, aos mesmos lugares emocionais. Carregam uma missão aparentemente impossível e será provavelmente por isso que afastam os que até poderiam ficar, mas que esbarram em muros que sobem e sobem até que pouco do que importa seja visível. Falham ver quem os olha e apenas se voltam para o que já não tem mais volta, mas que ainda assim as condiciona e afasta do que já deveria estar instalado. As pessoas fortes também sangram, de forma invisível para os outros, mas com um sangue que tem uma mesma cor.
Preciso desesperadamente de te deixar no passado ao qual vetaste o nosso amor, porque desejo, TANTO, ter alguém que me ame, que pensar em ti seja apenas para me recordar do que me proporcionaste ao partir. Preciso de aceitar que o que me estava reservado passava pelo adeus determinado que me ofereceste, usando a mesma voz que um dia me permitiu acreditar. Preciso de atravessar a margem onde me deixaste, chegando tranquilamente à que me espera. Preciso de deixar de precisar de ti.
27.3.22
Sunny days!
Já posso deixar de ser Mulher Alfa?
Já te oiço com mais atenção e tento, não sem alguma dificuldade, permitir-me alguma vulnerabilidade, deixando de me posicionar sempre na dianteira por achar que o mundo ainda o exige. Já vou percebendo que alguns dos meus medos não desapareceram, porque os camuflei e porque a capa, dura e intransponível que uso, me impede de mostrar quem sou quando sou apenas eu, nua da pele sintética e do que até eu tenho que seguir. Já estou um lugar mais à frente nesta nova fase da vida, porque somos feitas de muitas e porque me forço a aprender o que me motivará a melhorar, mas ainda falta tanto, que me arrepio perante a impossibilidade de me superar. Já sei que não posso ser tão Mulher Alfa, apenas Mulher.
. Anda cá pequenina, pousa a cabeça no meu ombro e arruma as armas, comigo podes ser tudo, não te vou cobrar nada, nem sequer esperar que te moldes à ideia que criei duma mulher segura. Fecha os olhos e deixa que te guie, confia, uma vez que seja e prometo que o sabor será doce e natural.
Como é que aprendo a deixar o controlo e a seguir outra pessoa que não eu mesma? De que forma é que posso confiar, sem que ambos os pés se mantenham sempre prontos para fugir? Quando é que serei apenas a mulher que sente e que não tem que fazer acontecer, permitindo que a magia aconteça e que os julgamentos, os meus, me concedam alguma trégua? Qual será o dia, de calendário, em que entregarei corpo e coração, sem limitações, acreditando que existirá quem me impeça de cair, de voltar atrás na evolução e sobretudo de sofrer por amor?
Felizes os que nada esperam e que aceitam o que lhes coube sem questionar. Matava por me saber aligeirar, parando-me e exigindo-me menos, muito menos e não sendo a mão pesada que tabela e penaliza potenciais deslizes. Felizes os que nada querem saber, achando que já sabem tudo, porque a pele nunca se arrepia perante a possibilidade de serem mal-sucedidos. Felizes os seguidores, porque para eles o mundo simplesmente gira e acontece.
Já te olho com menos suspeita, mas suspeito que o caminho ainda será longo, porque não é a ti que cabe passar-me confiança, sou eu que tenho que aprender a confiar.
26.3.22
Enquanto for eu a escolher...
Enquanto me fui reservando tempo para amadurecer e pensar por mim, mesmo que não afastando as emoções de que sou feita, porque são elas que me ligam ao que escolho pensar, percebi que percebia muito pouco do mundo e de quem comigo o povoava. Não sei, nem pretendo, não integralmente, saber o que move os outros, já que sou movida a amor e é com ele que me propago, ofereço, mas também retiro, no entanto, enquanto pensava e repensava no que me foi cabendo pelo período que o permiti receber, consegui distanciar-me dos que não me completam nem falam a mesma língua, tão somente porque usam uma linguagem que não pretendo descodificar. Deixei de me esforçar, em esforços desnecessários, para justificar os males que carregam, as incapacidades verbais e as mensagens que me chegam de forma difusa e que por isso recebo numa surdez auto-imposta. Enquanto me reservo o direito de apenas reservar a uns quantos o que tenho, uso o tempo em meu benefício e não desisto de ser, hoje ainda, bem melhor do que consegui ontem. Enquanto me conseguiram acusar de cegueira temporária, apenas porque me recusava a ver os que me surgiam de forma difusa, e tão inertes e pequenos que me faziam sentir verdadeiramente gigante, tratei de me enriquecer visualmente e de saber, como acaba por acontecer aos que se armam do bem, que também terei que estar pronta para usar as armas que mais sentido fizerem em cada luta. Enquanto quiseram acreditar que sabiam quem era, escolhendo a forma que supostamente ditava o meu formato, puderam tão somente ver a mulher que escolhi mostrar, mesmo tendo o cuidado de avisar que era uma outra bem diferente. Enquanto julgarem saber mais de mim que eu mesma, nunca terão forma de ficar por demasiado tempo!
Não somos máquinas de pensar, somos máquinas de sentir que pensam. Foi o que aprendi no PLN e me mostrou quem eram os meus matadores de tempo e monstros emocionais e foi por isso que passei a apenas deixar passar uns quantos, muito poucos nos dias que correm, com imensa pena minha, porque na sua pequenez e imaturidade emocionais, vetaram-me à solidão inevitável. Não faço por pertencer, não aos que me deixariam vazia e plena de dúvidas. Não carrego ao colo os que me "pesariam" pelo vazio, porque não existe nada mais pesado do que o NADA. Não me desculpo por já estar "aqui", no único lugar emocional onde posso ser sempre eu, as 24 horas do dia, quem não aguentar...
Enquanto tiver degraus para subir e momentos que me elevem, jamais estarei disposta a descer para que me toquem, porque seguramente que apenas seria no corpo, já que a alma está suficientemente elevada para que o coração anseie por TUDO. Enquanto não encontrar quem me cuide, continuarei a cuidar de manter à distância os que iriam, sem sucesso, apenas tentar.
Esta é a minha melhor definição de maturidade, se não estiveres pronto ou pronta para a entender, não me procures.
25.3.22
Obrigada meu querido!
Olá meu querido,
Continuo a ser a mulher que te adora!
Beijo doce,
S.A.