14.6.22

As inevitáveis perdas!

junho 14, 2022 0 Comments



É inevitável que se vá perdendo pessoas ao longo da vida, porque estaremos com os outros apenas pelo tempo que nos permitirem e seremos da dimensão que nos fizerem. É inevitável que se arrumem lugares e sentimentos, direcionando vontades, porque o que foi ontem, poderá deixar de o ser hoje.

As perdas serão do tamanho que lhes dermos e é a nossa capacidade de resistir a elas que nos molda o bastante para que não queiramos desistir de nós. As perdas chegam com o Adeus, aquele que se deve a quem fica para trás e assim o deixará continuar. As perdas implicam, de alguma forma, desistir, mas quando escolhemos perder, ou largar alguém, temos que saber aceitar que a perderemos mesmo para sempre.

Certamente que conseguiste, algures num momento, ser o abrigo, a alegria e o sorriso de alguém, então agarra-te a cada momento e segue confiante o teu caminho, esperando ainda vir a passar e a sentir tudo outra vez.

Se não quiseres perder outra vez, não te dês demasiado, não esperes demasiado e decididamente, não ames demasiado. Refreia-te, segura os beijos e beija apenas na proporção dos que chegarem até a ti. Não uses demasiadas palavras e não assustes quem muito provavelmente não saberá o que fazer com a tua intensidade. As tuas perdas serão tão tuas quanto souberes e fores incapaz de "jogar". Se não quiseres perder outra vez, usa uma carapaça, ergue mais a cabeça e não resvales em sentimentos que apenas te deixarão a duvidar. As perdas são parte de qualquer processo de ganho e se ganhaste algum amor, aceita que se vá quando se for e deixa que o teu se mantenha intacto e capaz de se moldar a quem volte a entrar.

As perdas só não podem incluir perderes-te de ti, isso nunca deverá ser opção!

As palavras carregam poder!

junho 14, 2022 0 Comments



As palavras carregam poder e ninguém o deveria ignorar, porque quando as usamos, de cada vez que as temos escritas pela mão de alguém, saindo bem de dentro, saberemos que de alguma forma o que foi dito lhes pertencia. As palavras dizem muito de quem as usa e bem mais de quem as recusa. As palavras fazem-nos ganhar e perder pessoas. As palavras permitem-nos viajar por mundos aos quais não teríamos acesso se não as lêssemos. As palavras devem ser ditas e escritas na medida certa, sob o risco de deixarem de ter qualquer impacto.


Conselhos que me dou diariamente:

Não te repitas, não teimes em mostrar-te vitimizada, não queiras que te entendam, sobretudo se o que dizes não vier de ti. Larga as balelas e escreve, tu mesma, com a tua mão, o que estiveres a sentir, mesmo que pareça não fazer qualquer sentido. Deixa de te segurar, porque quando finalmente quiseres deixar-te ir, já não terás palavras que bastem.

Porque será mais fácil fugires de ti mesma, quando já tiveste quem teria fugido do mundo e quem teria perdido tudo para não te perder? Porque continuas escondida de tudo o que te move, achando que apenas assim estarás realmente visível para os que não sabem nada de ti e nem sequer se importam? Porque arriscas perder o que conquistaste, pelas palavras, até teres escolhido ficar muda?

Tenho palavras que bastem para me explicar tudo e leio-as com a atenção que dispenso a mim mesma. Posso dizer, sem qualquer dúvida, que as palavras servem um propósito em tudo o que propositadamente deixarmos acontecer. Tenho palavras para mim e para ti, mas deixaram de servir, porque assim o escolhemos e porque de alguma forma nos respeitámos, com as palavras e sem elas.

13.6.22

Não ponhas ninguém em espera!

junho 13, 2022 0 Comments



Não ponhas ninguém em esperaporque ninguém esperará por ti, mesmo que te tenha amado, ou ame ainda. Já todos vamos sabendo que quem não fica, quem não se esforça, quem não nos procura, ou o faz apenas quando lhe sobra tempo, não deixará que sobre nada de nós. Não ponhas ninguém em espera, não quem seja realmente diferente ou importante, porque um dia, quando finalmente te sentires pronta, capaz ou com coragem para, já não terás quem até tiveste antes.

Sermos a pessoa mais importante da nossa vida não nos dá o direito de retirar importância ao outro. Quem se considera, respeita e pretende saborear a felicidade, fazendo-a proliferar, tem que saber como olhar, como falar e como ser ouvido quando tiver mesmo algo para dizer. Não uses. Não acredites que tens o que te basta. Não te olhes, apenas a ti, porque quando levantares os olhos, não estará ninguém que importe. Não te desculpes com a falta de saber, não saber como dar; Não saber como amar; Não saber o que fazer, porque saber é o teu trabalho e se sabes ao que te sabe o prazer que te proporcionam, saberás ao que sabe aos outros. É uma equação tão fácil de reter!

Não ponhas ninguém em espera e depois não digas que não te avisei, não quando já não tiveres argumentos, tempo, ou sequer amor para partilhar, porque o amor termina. A vontade de sermos desejados por este ou aquele também muda, nada permanece imutável à espera que sejas capaz do que te daria mais do que tens já. Não ponhas ninguém em espera, mas se já o fizeste, é bom que saibas que vais ter o mesmo de volta.

Amor próprio!

junho 13, 2022 0 Comments



O amor próprio carrega um poder que nos eleva nos momentos mais difíceis e de maiores dúvidas, porque nos sossega, quase de imediato, quando sabemos e percebemos o que temos e somos. O nosso olhar para dentro vê mesmo, usando as palavras que nos acertam e que a maioria não nos dispensa. As emoções pelas quais passamos enquanto resistimos a apenas passar pela vida, colocam-nos de volta o sorriso nos lábios.

Nada me danifica por demasiado tempo. Nada do que não me pertence fica por imposição alheia e nunca me imponho a quem não me reconhece. Nada do ontem me força a mudar o que sei que terei, porque o antevejo no meu futuro, mas também nada me impede de reavaliar, fazendo diferente e melhor.

O amor que aprendi a ter por mim vai direitinho para aqueles que alimenta, sem interrupções, julgamentos ou dúvidas. O amor que considero certo, acerta a minha vontade de um dia o encontrar, de forma simples e natural. O amor, esse aparente bicho papão, é o que me faz acordar e adormecer mais segura e confiante, porque não sei viver sem ele e recuso aceitar que subtraia ao invés de multiplicar. O amor deixa-me mais bonita, mais forte e até mais tola, mas feliz. O amor que sinto enquanto me sinto inteira e sentindo de que forma o sangue me corre nas veias alimentando-me o corpo, nunca me fará desistir de o querer por perto.

O que farias por amor e o que nunca serás capaz de fazer por não o teres? Até onde irias se o tocasses e a quem tocarias se te amassem como amas de volta? Que mundos mudarias, ainda mais, se usasses integralmente o amor que desejas sentir?

O que não nos mata...

junho 13, 2022 0 Comments

 

Sue Amado´s photo

      Está tanto calor que até dói, mas a minha determinação não se verga perante pequenos percalços!

12.6.22

Pimentos!

junho 12, 2022 0 Comments



Para o Alexandre a Ana estava a ser uma agradável revelação, conseguiam conversar sobre tudo e usufruir de enormes silêncios, enquanto reviam embevecidos os filmes que lhes diziam tanto. As rotinas de ambos pareciam apenas fazer sentido se passassem por cada um e já quase viviam em casa um do outro, com um enorme à vontade, como se sempre tivesse sido assim. Por incrível que pudesse parecer a todos quantos os rodeavam, ainda não tinham tido qualquer intimidade física. Com eles tudo caminhava de uma forma natural, a encaixar cada pedaço da vida de ambos e a encontrarem motivação em pequenos-nadas.


- Anda miúda, fiz uma salada de carne e pus os pimentos assados, bem marinados como gostas, em azeite e alho, cortados às tirinhas.
- Ui espera que já estou a salivar.

Mas sabem que mais? A salada ficou para depois, porque quando a Ana o olhou com o avental e aquele sorriso que lhe tirava o chão, não resistiu mais. Parecia ter sido tomada por uma loucura momentânea e rasgou-lhe, literalmente, a t-shirt. Começou a tentar abrir-lhe os botões das calças, mas eram muitos...

- Credo, que merda.
- Calma miúda, eu tiro. O que foi que te deu?
- Foi o cheiro dos pimentos - sorriu com ar de mulher determinada.
- Onde foste buscar esse fogo todo?
- A ti. Cala-te agora e sente como a minha boca se encaixa na tua.

Fizeram amor, sexo, tudo a que tinham direito, lambuzando-se no desejo que parecia ter estado engarrafado. Os cabelos longos que lhe roçavam o peito e os lábios que lhe percorriam o corpo, provocavam-lhe descargas elétricas indescritíveis. Estivera sempre ao comando e de vez em quando olhava-o de forma tão profunda e apaixonada que quase o enlouquecia.

Onde estivera esta mulher e porque o conseguia enlouquecer assim? Porque conseguiam encaixar-se desta forma e porque a sentia tão solta e confiante? Afinal o que mudara?

Quando finalmente se saciaram, aninharam-se um no outro e ela pôde finalmente dizer-lhe que o amara desde o primeiro dia em que os olhos, os tais que nunca mentem, entraram tanto em si, como estivera hoje, que percebera ter encontrado quem esperara.

- Isto foi tudo obra dos meus pimentos? Vou tratar de os patentear e vender, vamos ficar ricos.
- Embora ao segundo round?
- Queres-me matar, miúda?

Quando se desiste!

junho 12, 2022 0 Comments



Hoje escolhe-se o que é aparentemente mais fácil e vira-se as costas, por norma aos que nos poderiam acrescentar muito mais do que temos, mas que viriam balançar todas as estruturas e fazer repensar escolhas. Ninguém quer ter trabalho, não com o amor. O instantâneo está na moda e o descartável também. Hoje queremos muito, mas amanhã já nos enjoa. O tempo é o mesmo, o relógio não foi ampliado, nem encolheu, o que mudou foi a forma como o passámos a gerir, na minha opinião mal, não permitindo que nos sobre o essencial.


Por norma para mim desistir não é opção, porque não começo o que não possa terminar, mas por vezes chega quem me interrompe o percurso e me diz que NÃO, que não quer e que não sabe o que fazer com a sua vidinha já pré-estabelecida, roubando-lhe mais do mesmo, mas que lhe serve. Nunca desisto de mim, nem daquilo em que acredito, das pessoas de quem gosto, ou dos meus sonhos, porque chegar ao que sou hoje deu trabalho, custou a entender, foi um percurso para a frente e voltar atrás, segurando-me, não me faz qualquer sentido. Quando desistimos do que tanto nos custou a conquistar, estamos inevitavelmente, a desistir de nós e não pode haver nada mais solitário, nem que nos deixe com mais dúvidas. Mas podemos desistir do que nos faz mal, do que soa a falso, do que não acrescenta e dos que, de uma forma ou de outra, nos fizeram olhá-los de forma diferente. 

Infelizmente não somos todos iguais no que à convicção diz respeito e por vezes temos bem perto quem nunca se tenha estruturado como pessoa, quem apenas deambule pela vida, fazendo as mesmas coisas, rindo das mesmas piadas, ouvindo as mesmas músicas e desejando, ardentemente, que tudo se mantenha no mesmo lugar, até porque o sol nasce sempre no mesmo quadrante.