26.7.22

A pequenez de que NÃO sou feita!

julho 26, 2022 0 Comments


Já há muito que desisti de explicar a sensação que se cola, de forma impiedosa, sempre que tenho razão. Desisti porque a solidão que se instala quando sou desapontada, sabendo que o seria eventualmente, é apenas isso, solitária e demasiado real. Desisti porque sou forçada a aceitar, dia-após-dia, que existem pessoas com uma fragilidade que lhes fragiliza o carácter e a vontade de serem melhores todos os dias. Desisti porque não posso tomar as dores que não me pertencem, mesmo que me magoe a pequenez e a incapacidade de se olhar para o outro, vendo-o. 

Há muito, muito tempo, a escuridão quase que me consumiu e tentou roubar a minha tranquilidade, a que coloco em tudo o que faço, porque a sensação de liberdade que conquistei faz de mim a pessoa que pode verdadeiramente ser livre. Há muito que aprendi a reconhecer os que já não têm salvação, mesmo que os seus graus de perdição ainda me surpreendam. Há muito que passei a conseguir perdoar todos os que não quero no meu caminho, seguindo com o que tenho que continuar a fazer. Há muito que tomei nas minhas mãos o dever de manter seguros os que amo, guiando-os para que também eles saibam o que significa saber quem é importante, amando-os, respeitando-os e oferendo-lhes o tempo que receberão de volta. Há muito que aprendi a dizer NÃO de cada vez que sentir que o que me oferecem não me melhora.

A pequenez de que NÃO sou feita impede-me de ser isso mesmo, pequena, quieta quando deveria estar a esbracejar e revolta sempre que o mar estiver demasiado parado. Agora sou tudo a que tenho direito, porque o que tenho dentro de mim apenas a mim pertence. Agora cumpro as minhas promessas e vou só até onde tenha como voltar, a mim. A pequenez de que NÃO sou feita permite-me ser grande o bastante para não olhar duas vezes para o mesmo lugar escuro e sem vida.

25.7.22

Simple life!

julho 25, 2022 0 Comments

Sue Amado´s photo


Por vezes apetece ser a árvore cujas folhas permanecem, independentemente da estação do ano, ou o sol que nasce e se põe quando é suposto, quer o desejem ou não!

Foi-se embora sem chorar!

julho 25, 2022 0 Comments



Os amores vão e vêm, tal como algumas dores chegam e instalam mas também conseguem sair se as quisermos deixar ir!

Não te agarres ao que não tens forma de mudar e nunca deixes de ser tu nem por uma boa causa, porque igual aos outros, mais do mesmo, não serve, não preenche e no final tem custos demasiado altos.
Não te afogues agarrando a mão de quem se deixa ir para o fundo, salva-te primeiro. Não cries ilusões e não esperes que te vejam se nunca te souberam olhar.

Desta vez ela soube como se ir embora, sem chorar e sem nunca olhar para trás. Desta vez soube libertar-se dum amor destrutivo, porque nem sequer era o dela. Desta vez conseguiu acreditar no que viu, porque para lá do olhar só estava o vazio. 

lentidão dele contrastou demasiado com a velocidade que já imprimira à sua vida e a duas velocidades diferentes ninguém pedala, não para um lugar que valha a pena. Alguém conseguiu finalmente ensinar-lhe alguma coisa e absorveu bem a lição, usando-a como nunca acreditou ser capaz e por isso foi-se embora e desta vez sem chorar, porque percebeu que os amores não se conseguem impor. Ele sentiu que não adiantaria, porque não estava pronto. Conseguiu segredar-lhe um adeus e ficou inerte, quieto, calado, como fizera sempre, sabendo que seria desta vez. Ela sorriu-lhe com a quietude e a generosidade que sempre conseguem ter os que se reencontram e assumem a sua própria felicidade.

Esta história teve um final feliz, o mesmo que tantas precisam para que não se apague a chama que vem de dentro, porque uma vez morta, não haverá forma de a reacender e porque se estamos vivos temos mesmo que saber viver.

24.7.22

A felicidade tem muitas caras!

julho 24, 2022 0 Comments


Não existe apenas uma forma ou formato para a felicidade, ela tem mesmo muitas caras e com cada uma podemos ter tudo, ser tudo e sentir verdadeiramente o que merecemos. A felicidade maior vem da paz que carregamos quando estamos bem connosco e com o mundo que nos interessa. A felicidade está em ti e em ti também, quando és a pessoa que a minha pessoa reconhece.

Sinto-me sempre estupidamente feliz, do acordar ao adormecer, porque sou igual ao meu reflexo e porque reconheço quem está do outro lado de mim quando me olho. Sinto-me pronta para qualquer voo, não importa o tempo ou a distância. Sinto-me capaz de conquistar o mundo, porque vivo nele e faço por respeitar o tempo, a natureza, os animais e até as pessoas, mesmo as que me inspiram pouco respeito, mas a essas desejo luz na alma e paz no coração, porque quem sabe assim não deixam de apenas ocupar espaço. Sinto-me capaz de responder a qualquer pergunta, as que me vão fazendo, porque as minhas são uma a uma, respondidas por mim. Sinto-me de coração cheio e pronta para amar a pessoa que me está reservada e essa já sabe que existo.

A felicidade tem muitas caras e é por isso que lhe sorrio quando escrevo, quando danço, canto ou falo, sorrio-lhe sempre para que ela se mantenha por perto. A felicidade tem tantas caras quantas a minha for capaz de reproduzir enquanto vou sendo feliz e tratando de soprar felicidade a todos quantos aceito e reconheço!

22.7.22

Como é que chegaste até mim?

julho 22, 2022 0 Comments



Chegaste de mansinho, passo a passo, olhando-me com a firmeza que fez parar os meus movimentos. Vi-te aproximar tanto e com tantas certezas, que quase me impedi de respirar. A tua boca estava tão próxima, mas mantive os meus olhos para baixo, conseguindo ver a covinha do teu queixo e o arfar que movia o teu peito. Senti que rangias os dentes e que te tentavas controlar e foi o que fizeste até te perderes e me laçares pela cintura. Já não estou preocupada com os que pararam para perceber o que estava a acontecer, agora só quero ter de volta o que um dia permiti que se fosse. O beijo foi longo, doloroso e desesperado. Apertaste-me tanto que só não gritei porque a minha boca estava na tua. Senti cada um dos meus músculos retesarem-se e quase que me perdi ali mesmo, onde não éramos apenas nós, não fisicamente, mas onde o mundo parecia ter parado de girar.

- Onde tens andado, mulher que me enlouquece?
- Aqui, onde me deixaste.

Nada em nós e connosco é morno. Tudo o que fazemos carrega duas vontades que juntas matam quem arriscar estar no nosso caminho e reavivam quem até já morreu antes. Nada connosco é em demasia e quase que nos fazemos implodir, se não nos segurarmos.

Chegaste, quando já desesperava com a espera e só conseguiste certificar-me, se é que não o sabia já, que sem ti sou muito pouco de mim. Chegaste para que sinta outra vez esse amor que fiz tanto por merecer.

- Estão a olhar para nós.
- Lamento, mas não os quero beijar, não como te vou fazer. 

Chegaste de mansinho, mas determinado e é apenas isso que preciso de saber por agora.

20.7.22

Aberta ou nem por isso?

julho 20, 2022 0 Comments


Estava para aqui a tecer considerações e lembrei-me de perguntar se alguma de vocês conhece ou já teve a "sorte" de esbarrar num D. Juan de esquina? Vou falar do protótipo masculino porque sou mulher, mas existe igual modelo no feminino, não se iludam.

O que querem afinal de nós os que chegam a parecer que nos querem, passo a redundância, quando aparentemente também deitam os olhos a mais umas quantas? Talvez porque não se queiram afastar demasiado dos planos B e C, não vá o A do momento falhar. Agora fora de brincadeiras, mas ainda meio a brincar com estes novos modelos de "relações" e muito provavelmente por já ter atingido a dita idade da maturidade, ou porque tenha sérias dificuldades em entender os homens e as mulheres de agora:

. Quando gostas de alguém e estás interessado em fazer crescer os sentimentos que te envolvem, o normal será que te envolvas inteiramente com essa pessoa, afastando todas as outras, nem que seja por um período determinado, se ele é curto ou não, já dependerá do teu poder de encaixe;

. Quando tens planos, mesmo que planear seja um enorme luxo sujeito a muitas variáveis, o mínimo é que os mantenhas e te passes como desejas ser visto; 

. Quando esperas que o outro te tenha como foco, será conveniente que te mantenhas igualmente focado nessa pessoa, a não ser que estejam ambos abertos à tão falada e aparentemente desejada, relação aberta;

. Quando decides fazer exatamente o oposto do que apregoas, colando-te às palavras que aparentemente o outro deseja ouvir, será que te ouves, por uns minutos que seja e nunca receias estar também a receber o mesmo? É que nem sempre os tranquilos são tolos, mas isto é só uma observação.

"A ética é tudo aquilo que fazes quando te estão a ver, mas já o caráter, esse apenas se revela quando e aparentemente ninguém vê"!

Meus amigos e amigas, LONGE vão os tempos em que o que se fazia em Vegas ficava em Vegas, ou num qualquer outro ponto interessante do planeta, hoje temos algo bem global e imediato e por isso dizemos que uma vez na internet, para sempre na internet. Se não sabem caminhar sem apagar as pegadas, andem com as mãos. Se vão deixar que se sinta o cheiro forte do fumo, não façam fogo e se não querem, MESMO, gostar o suficiente de alguém no singular, por desinteresse ou incapacidade, não sujem demasiado a única coisa que terão que carregar para o resto da vida e que é o vosso nome. Just saying!

19.7.22

Ainda abres as tuas caixas?

julho 19, 2022 0 Comments


Quando abrimos a "
caixa" e de cada vez que vasculhamos vidas já guardadas e postas de lado para que as pudéssemos permitir continuar, acabamos por encontrar o que já se deveria ter esfumado!

Não há que ter medo de olhar para trás e enfrentar só pode ser a melhor escolha, porque até os monstros se encolhem, o escuro clareia, os sons ficam familiares quando conseguimos sorrir perante o absurdo, porque afinal o que já sabemos estivera sempre tudo lá, apenas com um nome diferente. No entanto, quando reabrimos a caixa que deveria estar bem fechada e devidamente arrumada, estamos apenas a trazer para a luz o que não poderia, nem deveria voltar. Quando nos atrevemos a dar mais uma oportunidade, ou a consumar a que antecipámos de alguma forma, abrimos a caixa e ela por norma é mesmo de Pandora e olhem que não estou a falar da minha marca favorita de joias. Quando a caixa passa a absorver o resto da nossa vida, talvez tenhamos mesmo que a abrir, vivendo até os momentos mais obscuros, mas no final, por favor, no final terá que ser fechada, porque se a reabrirmos regularmente, iremos certamente provar sabores bem mais amargos que antes.

Todos temos caixas, alguns até formarão pilhas, mas se usarmos as coloridas, ou se as customizarmos, conseguiremos que se transformem em adornos. Não há como livrarmo-nos dos seus formatos; Não há como ignorar que existem; Não há como queimar o conteúdo, porque antes de estar na caixa, esteve em nós e connosco, moldando-nos. É a isto que chamo viver, correr riscos, espreitar para lugares sem luz, tateando à procura de solo familiar. Quantas mais caixas, mais experiências. Quantas mais caixas, mais nos teremos oferecido. Quantas mais caixas, mais histórias para contar.

Nunca sinto vontade de reabrir as minhas caixas, porque nunca decido recomeçar o que terminei. Nunca me iludo o bastante para arriscar ter que guardar o resto numa caixa ainda maior, mas vou olhando para cada uma sempre que fizer sentido, ou de cada vez que esbarrar nela, fazendo-o de forma construtiva e sem me arrepender do que acreditei um dia ser possível.