25.11.22

Já me disse muitas coisas...

novembro 25, 2022 0 Comments




Já me disse muitas coisas, que ficaria bem e que saberia de que forma aceitar o que não me serviu. Já me disse que apenas iria querer quem me quisesse, saboreando o verdadeiro sabor do que é real, mas também me disse que nunca terei como controlar de que forma os outros desatam a querer. Já me disse que não precisava de ser salva por ninguém e prometi-me um chão firme e menos solitário até quando me sentisse sozinha. Já me importei mais com os que chegavam, mas passei a sentir-me assustadoramente indiferente e egoísta, porque apenas assim pareço ser capaz de me proteger. Já me disse as palavras que outros deveriam ter soprado, mas fi-lo sempre e de cada vez que precisei de me reerguer. Já me disse que era muito, mesmo que vá precisando de me recordar de quem sou na realidade. Já usei palavras duras comigo, para que não me contentasse com o pequeno e já quase que aceitei migalhas para justificar o amor que apenas eu sentia. Já me disse que tudo acabará por ficar bem, porque assim será e porque continuo a saber o que preciso de ser para ter. Já me disse tudo, agora preciso apenas de o começar a fazer.


23.11.22

A irracionalidade!

novembro 23, 2022 0 Comments



A desconfiança e o medo de sermos enganados leva-nos à irracionalidade e à procura de fantasmas até onde não existem!

Isto de se ver esqueletos no armário pode transformar-se numa patologia grave, por isso é que quero ver se não necessito de choques elétricos. A verdade é que uma vez enganados, para sempre desconfiados, porque somos todos feitos de uns quantos fantasmas e de inseguranças que mantemos para lá da vida adulta. Cabe-nos, no entanto, perceber se serão apenas fruto da nossa incapacidade em confiar, ou se estamos irremediavelmente danificados. Precisamos de tentar ver para além de nós mesmos, dando aos outros a possibilidade de se mostrarem como são e de nos conseguiram assegurar da sua fiabilidade. 

Não gosto da sensação de não acreditar. Não gosto de olhar de soslaio e de me sentir amarga e descrente. Não gosto de incluir o meu passado, o tempo todo, no presente que estiver a construir, porque disso dependerá o meu futuro. Não gosto de marcar a ferro quente quem não conheço o suficiente para julgar. E do que não gosto mesmo, é de que me avaliem pelo que tiveram da vida.

A irracionalidade não se coaduna com amores sinceros nem reais, ela está bem mais associada a arrependimentos e aos recuos inerentes a quem não sabia por onde estava a ir nem com quem. A irracionalidade é quase que uma desculpa para camuflar a falta de sentimentos genuínos. A irracionalidade é a dúvida sobre nós mesmos e sobre o que somos capazes de proporcionar ao outro. 

Nada mais irracional do que passar a desconfiar até da sombra e é por isso escolho, racionalmente, nunca deixar de olhar para o que já vi, entendendo o som de cada palavra que acabei por ouvir.

22.11.22

E se eu pedir desculpa?

novembro 22, 2022 0 Comments



E se eu pedir desculpa? Não sei se adianta, mas ajuda qualquer coisa, pelo menos deixa perceber que me preocupo, que sei quando magoei e que a minha incapacidade não deverá ser motivo para deixar de usar uma das palavras mais difíceis que conheço.

Não tenho medo de pedir desculpa, mas receio não ter forma de o deixar de fazer, porque mesmo que nunca pretenda magoar, defendo-me ou ataco se for acossada, se me deixarem sem saída, ou se quiserem de mim o que sei de antemão não poder dar. Gostava de poder olhar para os outros e não os ver de imediato, como na realidade são, quem sabe dessa forma não caminharia um pouco mais na tentativa de os incluir. Seguramente que sairia da minha zona de conforto mais vezes e não lhes daria apenas uma chance de mudarem o que me agradou menos. Juro que quero ser mais serena, aceitando as incapacidades que todos temos, uns mais do que outros, mas vou ter que continuar a pedir desculpa, porque não sei abrir mão da minha exigência e porque determinei que ou seria tudo, ou não quereria nada.

Desculpa se não te completo, se não te aceito e se estou um passo à frente do que ainda dizes não saber, quando já sei de tudo, porque sou mulher, tenho sexto sentido, pele que se arrepia perante situações dúbias e caminhos que levam a lugar nenhum. Desculpa por estar sempre em vigília e por arranjar forma de "espreitar" pelas frestas das inúmeras janelas da vida. Desculpa por não ser menos, sendo mais vazia de valores e sem as referências que te retiram da minha tabela de comportamentos. Desculpa por não abrir mão do que me faz feliz. Peço desculpas por mim, mas também sei que vais precisar de te desculpar por não conseguires estar à minha altura!

21.11.22

Do que é que gostei afinal?

novembro 21, 2022 0 Comments


Gostei de tudo o que consegui sentir enquanto achava que me sentias. Soube-me pela vida os sabores que povoavam os meus lábios enquanto te beijava e achava que estavas inteiro em cada toque e olhar. Parecia precisar de acreditar que o amor chega e se cola quando o desejamos, mesmo que já não o esperasse. Gostei de tudo até perceber que apenas gostavas de mim e passou a ser TÃO pouco. É pouco que nos coloquem em fila de espera, esperando eventualmente que passemos a ser alguém real. É pouco que precisem de nos querer escolher. É pouco que usem as palavras que o corpo e a alma não acompanham. É pouco que nos escondam a verdade que mudaria tudo para melhor.

Não gostei de precisar de fingir que entendia, que saberia esperar e que não via o que era demasiado óbvio para me conseguir manter. Não gostei de não ser gostada como esperava e que me oferecesses apenas o que te sobrava. Não gostei de ser mais breve que um cigarro fumado à pressa e que nem ao respirar me envolvesses no teu ar. Não gostei de saber o que não conseguias sentir, mas que ainda assim fingias procurar. Não gostei de ser apenas eu a amar.

Estar sempre vazia, desistindo de caminhar pelo único chão que me faz sentido, deixou de ser uma decisão, por isso passei a escolher reconhecer cada passada, mesmo que o tenha que fazer sozinha. Estar aqui, de volta a mim, mesmo que seja solitário, é seguro e é disso que pareço precisar. Estar inteira tem que ser o que me move, até quando já mais ninguém me conseguir mover, não para o ponto mais alto da vida que não reconheço e da qual teria que "saltar". Estar tranquila na escolha que me trará de volta, tranquilizou-me.