A calmaria aparente!
A calmaria que já antecedeu dias de enorme tempestade, deixou de me acalmar, por esse mesmo motivo. A incerteza perante o que até poderia ser certo, se as escolhas passassem por saber de que forma escolher, porque primeiro teremos que querer e apenas depois fazer, tem-me impedido de sossegar. A calmaria que há muito não me acalma e que nunca me deixa saborear sabores novos, sem que me foque nos amargos, passou a ensombrar-me.
Ando por aqui sempre demasiado alerta e a reparar em tudo o que move e me faz mover. Nunca sinto com poucos décibeis, escuto sempre os sons estridentes, até os que não parecem percetíveis ao ouvido humano. Vejo com tanta clareza o que deixa alguns incapazes de olhar, que passei a ter uma avaliação e expetativas demasiado próprias.
A calmaria deveria suceder-se aos sopetões inevitáveis da vida, sobretudo quando as viagens são novas, mas uns quantos de nós escolhem o que lhes agita bem mais do que as bebidas que misturam em cocktails explosivos. Parecem gostar cada vez menos da paz que invade as decisões acertadas e as caminhadas com roteiro. Atiram-se para o abismo acreditando que sairão dele a voar, mas acabam, inevitavelmente, estatelados no chão que os quebra mesmo contra vontade.
Ando cada vez mais sob ovos, tentando não os partir a todos, mas sabendo que serão as suas posições a ditar o meu sucesso ou falhanço rotundo. Ando mais veloz quando me atraso nas decisões, mas desacelero sempre que escolho viver, sem resistir, ao que existe para lá das pessoas e que é muito. Ando, pelo meu pé, sem dúvidas que me impeçam demasiado de continuar na rota das minhas escolhas, mas duvidando de que alguma vez me consigam acompanhar.