29.9.23

Será que te lembras ?

setembro 29, 2023 0 Comments



Será que te lembras do que sentias quando dizias sentir algo por mim? Lembras-te das palavras que usavas para que te devolvesse as que te alimentavam, mas que nunca me bastavam? Lembras-te das vezes que te esqueceste de mim, para manteres viva a memória de outras, vendo-as como nunca fui olhada?

Não segui em frente por ter esquecido ou feito por arrumar o que me desarrumou, segui por me ter conseguido reencontrar com o meu lugar de sempre, aquele em que sou importante porque me dou importância e no qual ninguém me rouba a paz que seguro com ambas as mãos. Não tenho como esquecer as dores que me infligiste, nem pretendo, porque de cada vez que me queimam a pele, recordam-me do quanto tive que ceder, perdendo-me, para não te perder. 

Será que te lembras da importância que sempre dei ao genuíno e ao real, passando-te em cada beijo o que armazenei para o homem certo? Lembras-te dos meus toques comigo dentro e dos olhares que pousavam nos teus, algo ansiosos pelo dia em que também tu me olharias de volta? Lembras-te dos nossos abraços, aqueles nos quais me envolvias no teu corpo, apertando tanto o meu, mas encolhendo-me o coração? Será que te lembras do quanto te amei, dizendo-o enquanto o confirmava, ou será que apenas o fazes agora porque me perdeste? 

26.9.23

Que atalhos escolhes?

setembro 26, 2023 0 Comments



Não escolho os atalhos, nem procuro o que é mais fácil. Não me nego às experiências e nunca fujo do que me faz sentido até que deixe de fazer!

Se soubesse... Acredito que dizemos todos o mesmo, num qualquer ponto da vida, mas a verdade é que o não saber é que nos permite saber mais. Não podemos ir apenas na direção das ondas, porque nadar ao contrário fortalece-nos e torna-nos mais resilientes. Não devemos contentar-nos com o igual e o previsível, porque é na imprevisibilidade da vida que nos chegam as pessoas mais extraordinárias. Não sabemos tudo de nós, sempre, porque o objectivo é ir sabendo à medida que nos mudamos e acrescentamos.

Não escolho apenas porque sim, tenho e faço planos que alimento ou redireciono. Não me dou por metades, mesmo que me reserve a parte inteira que apenas a mim cabe, até que alguém faça por me merecer. Não iludo com histórias cujos finais já vi acontecer e que não acontecem para me enriquecer. Não espero que me façam feliz, porque seguramente falhariam redondamente e teria que me voltar a reerguer.

Não escolho os atalhos, vou antes na direção que me fará chegar ao lugar certo, mesmo que a estrada seja a mais longa e sinuosa. Não sou eu mesma fácil, mas facilito-me o bastante para os que desejam verdadeiramente estar na minha vida e por isso apenas ficarão os que saibam caminhar comigo e por mim.

24.9.23

Era uma vez uma mulher...

setembro 24, 2023 0 Comments



Era uma vez uma mulher que já se sentia muito antes de sentir tudo o resto. Não foi num dia, num qualquer momento isolado, ou apenas na soma de muitos momentos que se reconheceu e desatou a querer mais, primeiro de si e depois dos outros. Era uma vez uma mulher que fez caminhos sinuosos, mas que se saiu bem de todos, aprendendo a distinguir os que teria que repetir, mas a evitar todos quantos jamais poderiam ou deveriam ser pisados. Desafiou-se a crescer com todos os espinhos e pontas de navalhas. Acreditou até nas dúvidas e mesmo que ainda duvide de uns quantos, percebeu que também precisaria de confiar. Era uma vez uma mulher que foi concebida para conceber e que passou a sentir tudo o que mundo lhe oferecera, para que pudesse oferecer-se sem medida. Sabe do que precisa de saber para que faça bem enquanto continua a fazer de si mesma o que terá que continuar a ser feito. Era uma vez uma mulher que provou do mesmo amor que soube partilhar e que nunca considerou desistir dele até quando não lhe bastou, veio em conta gotas, ou com sabores que amargaram mais do que o doce sabor que carrega. Apenas pede do que pode dar e nunca considera demasiada a medida que encontrou e sabe ser certa. Era uma vez uma mulher que teve uns quantos homens que a tiveram com tudo o que carrega, mas que carregou alguns com toda a falta de peso emocional e incapacidades estruturais. Amou-os de forma diferente, mas sendo sempre a mesma para cada um, talvez em demasia dada a imaturidade que os assolava. Deu-lhes tempo e momentos de adaptação, mas retomou-os para não se perder de si enquanto os deixava ir, serena e confiante de que estivera e confiara até ser possível. Era uma vez uma mulher que nunca o deixou de ser até quando sê-lo parecia acoçar os que nunca a souberam entender, mas diziam amar. Não lamenta nada nem ninguém, porque segue cada dia mais forte, serena e confiante de que apenas lhe restará continuar a sentir-se para que um dia a sintam como espera. Era uma vez uma mulher com caminhos traçados, mas que os mudará sempre e de cada vez que crescer mais um pouco.

19.9.23

Queria correr para ti!

setembro 19, 2023 0 Comments

"The power of love" - Acrylic by Viktoria Lapteva


Queria correr para ti, aninhar-me nos teus braços e sentir a segurança que passam os que não estão apenas de passagem. Queria poder beber da tua força, sendo da forma que se encaixasse no teu formato, mas sem esforço, nem desejos impossíveis. Queria correr para ti de cada vez que o mundo me fustigasse a mente e me esvaziasse as energias. Queria saber que sabias de cada um dos meus pontos fracos, mas que não os usarias para me magoar ou usar. Queria correr para ti com a certeza de que estarias à minha espera, por não precisares de mais ninguém. Queria de ti o mesmo que sou capaz de dar e que quisesses de mim o que mais ninguém teria.

Será que adianta procurar por quem não nos procura? Que avaliações fazemos dos que nos entram coração dentro, para que nos escureçam ou clareiem a alma? Para onde nos devemos voltar quando as partes que se tornam visíveis não espelham o que nos reflete? 

Queria poder ter sido escolhida em igual tempo, para que me sentisse verdadeiramente uma escolha. Queria querer sem embaraços, nem demasiadas explicações, porque o amor não se explica e gostava de saber ao que saberia ter tido o teu amor assim que desatei a amar-te. Queria correr para ti sabendo que saberias exatamente o que dizer e fazer comigo. Queria que não tivesse sido apenas um querer e que a realidade fosse o mais próxima possível do muito que sonhei contigo. Queria, mas eventualmente apenas para continuar a querer, até que alguém, que não tu, me consiga querer de volta.

16.9.23

Sou feita de paz!

setembro 16, 2023 0 Comments


Sou, cada dia mais, feita duma paz que me entra pelos poros e se instala, consistente e energizante, até que me envolva de ainda mais. Anseio, a todas as horas, que o certo me acerte a vontade de parar de me procurar, porque já sei quem sou, mesmo que ainda navegue em águas demasiado revoltas à minha procura. Trabalho a mente, nem sempre com sucesso, para que me deixe respirar tranquilamente, porque não preciso de segurar o mundo com ambas as mãos e porque posso desistir, por ser razoável, de esperar sempre mais dos outros. Sou a minha maior competição, os olhares de análise que corrigem cada nova direção ou escolha, escolhendo ainda continuar a melhorar-me. Sou feita da paz que passo aos outros, mas igualmente dos ventos áridos da Islândia, "limpando" tudo à minha volta. Sou e estou, bem mais contente com a versão atual, percebendo, porque a busca e as perguntas são constantes, o que faço por aqui. Sou feita da paz que desejo no amor e não desisto de amar comigo toda, desejando, avidamente, ser amada da mesma forma. Uso das palavras que me refletem, mas aplico umas quantas que refletem todas as almas que se cruzam comigo e que me mostram o caminho que pretendo seguir. Faço escolhas que me acertem o que for mais errado, inevitável e imprevisível, e honro cada uma para que olhem como me vejo. Sou feita de movimentos lentos, lânguidos e sensuais, mas também acelero, correndo e saltando os obstáculos que crio e me são criados. Sou feita da paz que tanto procurei e já não abdico dela.

14.9.23

Como é que vivemos hoje?

setembro 14, 2023 0 Comments



Vivemos na cultura do exagero, da comparação e dos feitos que nem sempre são exemplares, mas que exemplificam bem a falta de valores, de caráter e de respeito pelo outro. Vivemos para nos mostrarmos, sendo vistos da forma mais redutora e errada, mas ainda assim vistos, porque ninguém parece querer estar, nem que por alguns momentos, no recato, no conforto e paz que deveria ter criado, mas que facilmente troca pelo caos e barulhos ensurdecedores. Vivemos sem referências e sem sabermos de que forma referenciar o que vamos fazendo e sendo para os outros, por norma desperdiçando o tempo que nos entregam os que têm tempo de qualidade. Vivemos para ir sobrevivendo aos nossos balanços, quedas e recuos, porque parecemos já não querer ou precisar de viver para mostrar o melhor que supostamente teremos recebido. Vivemos sem pensar no que sobrará no futuro, porque a não ser abruptamente interrompido, chegará, e a fatura será alta e por vezes impossível de saldar. Vivemos tão vazios, que esvaziamos os que nos preencheriam, tornando os dias mais brilhantes e as noites menos solitárias. Vivemos a esperar tão pouco em troca, que tudo o que vier será ganho. Vivemos cada dia mais sozinhos e solitários, recusando os silêncios que nos recordariam de quem já fomos, quando ainda eramos sãos, tolerantes e generosos. Vivemos a desperdiçar a única vida que nos coube e é por isso que pouco nos caberá quando já não houver nada que mereça ser vivido. Vivemos com tanta falta de amor, que nem conseguimos reconhecer os que nos vão entrando "porta" dentro. Vivemos porque estamos, mas estamos a viver tão pouco, que o resultado das somas serão apenas ainda mais subtrações.

12.9.23

Seguiste em frente?

setembro 12, 2023 0 Comments



Segui, sim, mas memorizei, guardei sons, cheiros e toques. Segui em frente sabendo que o que deixei para trás me acompanhará até que se suavizem as memórias e o olhar se torne menos emocional. Segui para não me fixar no escuro, até porque sou alimentada pelas luzes que crio e me rodeiam. Segui em frente e será lá, no futuro que continuo a criar, que seguramente esbarrarei num outro alguém que me fará ficar, perseverando e vencendo cada pequena ou grande luta. Segui para não me perder de mim.

Tenho saudades dos abraços que já não me curam do mundo faz algum tempo. Sinto, se esforçar a mente e o coração, o prazer que me daria ter alguém que me tivesse. Começo a ansiar por beijos verdadeiros, daqueles que se colam nos lábios que recusaria afastar, porque seriam meus e porque me beijariam apenas a mim. Tenho vontade de sentir a vontade que alguém teria de mim e de tudo o que sei que consigo dar.

Segui em frente, é um facto, e a cada dia olho menos para o que me mostrou o pior dos outros e quase me ensinou a desistir de mim. Segui porque não sou de ficar num único lugar, até porque não sou árvore, mas fiquei com uma ENORME vontade de ter "casa" no coração de alguém, a mesma que estou preparada a proporcionar. Segui comigo na dianteira, porque ficar deixar-me-ia em pedaços demasiado pequenos que não serviriam a ninguém. Segui em frente e não me arrependo.