29.4.12

Saw You!

abril 29, 2012 0 Comments
Feelme/Saw You!Tema:Contos!
Encontrámo-nos à porta de um centro comercial de uma terra que não nos dizia nada, nem a ti nem a mim, mas que ficava a meio caminho para os dois. A curiosidade que ambos sentíamos em saber como seria a pessoa por detrás da voz já tinha chegado ao ponto de, “I can´t stand it any longer”. Sempre que falava-mos ao telefone, sobre os mais diversos assuntos, os timbres, sobretudo o meu como teimavas em dizer, fazia-nos enlouquecer de vontade. Eu aparento sempre uma tranquilidade enganadora, e tu, um desespero inexplicável.

- Calma miúdo, por que estás tão ansioso?

- Miúdo, eu? Pois, deixas-me assim, a tua voz enlouquece-me.

- Imagina que te desiludes.

- Nem pensar, estou mais do que certo de que vais corresponder ao que imagino de ti.


Interessante como eu não imaginava absolutamente nada de ti, nem face, nem expressões, absolutamente nada, julgo que seria auto - defesa, mas na verdade não criei expectativas, não queria e não podia.

Identificaste-me pelo carro e pelos cabelos compridos cor de cobre. A tonalidade era demasiado invulgar e contrastava com os olhos enormes de um verde - escuro melancólico sob umas pestanas longas e igualmente acobreadas. Nunca passava despercebida em lugar algum, mesmo que assim o desejasse. O meu metro e setenta sob umas longas pernas e um busto generoso compunham o restante quadro.


- Uau! Eu imaginava, mas assim? Que mulherão!

Larguei-te um sorriso rasgado, estava tranquila por fora, mas sentia um leve tremor interior, tu tinhas atrás de ti um sinal de perigo e agora já o tinha desrespeitado. Apareceste-me enorme, de ombros largos e com um olhar que inspirava confiança. Demos um longo abraço, cheirei-te intensamente, entranhaste-te em mim e nas minhas roupas. Adorei o teu sorriso e os teus lábios carnudos e rosados. Tive uma vontade enorme de os beijar, mas controlei-me e dei-te a face que beijaste longamente e bem junto aos meus lábios. Sussurraste-me que eu era bem mais do que alguma vez poderias imaginar. Sentámo-nos a beber um café que sobrou na chávena. Queríamos falar de tudo, sobre tudo o que nos interessava, as pessoas à nossa volta não importavam, não as víamos sequer.

- Vamos para um lugar mais tranquilo?

- Sim, vamos - respondi-te eu sem sequer supor que o que já pretendias era ter-me, mas acabámos na garagem do centro, dentro do teu carro, com um cd de música espanhola, suave e muito agradável. Lembro-me que te perguntei quem cantava, mas rápido me esqueci do nome e só te escutei a ti. Tiraste o casaco que deixaste no banco de trás do carro e assim que te sentaste ao meu lado, agarraste-me a cara, que aninhaste em ambas as mãos, e deste-me o beijo mais quente, doce e reconfortante que alguma vez recebi. Correspondi totalmente para meu enorme espanto, não te desviei ou tentei que parasses, durou uma eternidade, não foi sôfrego nem desesperado, foi intenso, cheio de vontade, de nós, do que já ansiávamos há muito, foi o beijo que qualquer mulher deseja. Nesses longos, breves segundos, foste totalmente meu, passaste-me tudo o que sabes e és.

- Porque olhas para mim assim?

- Porque és igualmente bonita por dentro e por fora. Tens noção que acabámos de fazer amor? Sentiste o mesmo que eu, ou fui demasiado rápido para o que esperavas?

- Foste tudo, até o que não esperava. Que bom que vim, que te conheci.

- Estás a pensar no depois?

- Não meu querido, o depois ainda não chegou, o agora és tu, aqui, comigo. Não quero usar palavras que não falem do que sinto, simplesmente porque não adiantariam.

Ficámos um par de horas mais, aninhados um no outro, a sentirmo-nos e a falarmos de nós. Contámos coisas triviais das nossas vidas, demos boas gargalhadas e olhámo-nos bem fundo. Não tínhamos urgência para chegar onde quer que fosse, e nem sequer sabíamos se algo estaria a começar, ou se pelo contrário eramos apenas duas pessoas a usufruírem uma da outra. Foi bonito, intenso e ao mesmo tempo pacífico, saí de ti cheia de vontade de construir coisas novas para mim, de estar sempre onde verdadeiramente fizesse a diferença. Vou passar a querer cada dia mais do muito que ainda preciso de ter para ser uma mulher completa e tu, tu vais estar sempre no meu pedaço de história. Tu já és parte de mim!


25.4.12

Me dancing!

abril 25, 2012 2 Comments




Já não me recordava de quando teria saído à noite assim, tranquila, sem amarras, sem horas para regressar, apenas com o intuito de me divertir, de estar com pessoas bonitas, divertidas, vivas. Éramos um grupo de mulheres bastante generoso, ok, exagerado, acho até que assustámos os homens mal entrámos. Cada uma mais bonita do que a outra, sim eu também, claro. Ainda faço voltar muitas cabeças. Ah pois!

No início da noite fui-me deixando ir nos seus risos, olhei em volta, sorri para mim mesma, gostei da sensação de estar descontraída, pronta para me sentir. A música estava ainda suave e consegui seguir alguns olhares que me seguiam, mas eis que começam a tocar o “Would I lie to you”, do Charles & Eddie. Saltou-me a mola, levantei-me e fui dançando languidamente até à pista. Eu sei que quando danço estou viva outra vez, o meu corpo ganha movimentos que me transcendem, sou naturalmente sensual, mas quando danço mato! Culpem a genética se quiserem, ou a minha mistura de sangue africano, mas na verdade tudo no meu corpo vibra logo que a música o atravessa. Foi por isso inevitável ser olhada e admirada, alguém sussurrou que seria impossível olharem-me sem me verem. Algumas pessoas nascem com certos dons, o meu será talvez este, o de alimentar sensações através das que provoco.

Quando finalmente dei pela sua presença, estava quase em cima de mim, de olhar incrédulo e igualmente intenso. Viril, de boca carnuda. Tinha um sorriso indefinido, de desejo, de espanto. Não tive como fugir, nem sequer vontade. Soube-me bem sentir que me desejavam, senti um arrepio na coluna, os meus seios ficaram mais rijos, caramba, afinal estou mesmo viva, desperto emoções e consigo que me façam sentir desejo. Ou será fomeca? Nãaa! Nem todas as pessoas conseguem mexer connosco, este homem estava ali para me mudar a noite, quiçá a vida, e eu queria. Que sensação estranha, mas ao mesmo tempo tão boa por dentro. Estou de vestido preto, bem cintado, de decote generoso, nada exagerado, mas no entanto deixa antever o que tanto enlouquece os homens. De botas altas completo o conjunto, ajuda-me na minha sensação de domínio, de segurança interior. Sei que estou bonita, apetecível, sinto-me arrojada e gosto. Sou eu a dominar!

Sinto o teu abraço forte na minha cintura, estamos bem próximos agora, consigo ouvir a tua respiração descompassada e já não vejo nada à minha volta, para além de mim só estás tu. Desejo-te, quero-te na minha boca, estou bem encostada a ti, esmagas-me os seios, sopras-me nos ouvidos que sou bonita, que te enlouqueço e sentes-me estremecer do prazer que já antecipo. De onde saíste tu? Porque me deixas assim? Será da música?

Eis que me tiras o ar, comprimes os meus lábios, não me dás margem para qualquer movimento, estás dentro da minha boca, da minha alma, sinto a tua língua quente, suave, que se move sem pressas, sei exatamente o que fazer, como te acompanhar, nunca te beijei antes, mas parece que sempre te tive, a tua boca é a que eu desejei. Seguras-me a nuca, sinto o teu prazer encostado em mim. - Quero-te, por favor quero-te, consigo sussurrar.

- Estás a ter-me, estás a sentir a minha vontade de ti. 
A música está a terminar, já vislumbro os olhares incrédulos das minhas amigas que nunca antes me viram enlouquecer e perder as estribeiras. Algumas sorriem, outras quase que aplaudem e eu por dentro estou mais inteira. Se não tiver mais nada de ti, tive o bastante. Trouxeste-me de volta a certeza de que é possível, algures, ao som de qualquer música, sentir a nossa natureza em força. A tua voz determinada e viril, os teus lábios suaves, doces e irresistíveis deram-me o mundo de volta. Fiz amor contigo, tive o prazer que muitos corpos jamais sentiram mesmo sem que tenhas estado dentro de mim.

Já tudo se calou, os sons e as cores e até as vozes que ecoaram sem palavras. Passou a noite onde o meu corpo encontrou outro que lhe encheu e preencheu como nunca achara possível. Ainda carrego o teu cheiro e sei o sabor dos teus lábios. Estás tatuado nos meus sons, nos movimentos que o meu corpo solta sem o meu controle. Foi a dançar que te tive e vou querer a tua boca outra vez. Um dia, numa outra música!

15.4.12

Sofia

abril 15, 2012 0 Comments


- Então Jorge, por onde tens andado homem que ninguém te põe os olhos em cima?
- Iiiiiih! Nem tu queiras saber.
- Já percebi, há passarinho na costa.
- Nem mais. Encontrei a mulher da minha vida.
- Not again! Lá vamos nós. Quem é agora?
- A Sofia do quinto piso.
- Da informática?
- Sim, a morena que vimos no almoço a semana passada.
- Estás a gozar. Aquela… bomba??
- É linda Antunes, linda!
- Conta, conta tudo. O que andaste a fazer?

Estes dois já se conheciam desde a faculdade, chegaram a partilhar namoradas, altas sessões de sexo em camas encostadas. Até gemiam em conjunto e passavam horas a deslindar as capacidades anatómicas.

- Caramba, a fulana era malabarista ou quê? Perguntara Antunes aquando da tarde inteiiiira com a Joana. Ou seria Ana? Bem, na verdade não importava muito. Coleccionavam, na verdadeira acessão da palavra, romances de cama e até partilhavam gostos e medidas.

- Ouve, é desta que eu fico pelos beiços, esta é diferente Antunes, completamente.

Nada o preparara para uma mulher assim. Para além do seu corpo perfeito, curvilíneo, ancas generosas, ligeiramente mais baixa do que ele que estava no metro e setenta e cinco, possuía longos cabelos negros, uma pele morena, parecia ter chegado de uma qualquer praia paradisíaca. Que pele sedosa, não se cansava de a tocar e mexer e beijar e chupar. E os lábios? Oh deuses, aquela boca enlouquecia-o. Que boca, e que sorriso, sob uns dentes brancos e imaculadamente certos. Deitava-lhe um sorriso malandro, de mulher segura de si, mas na intimidade…
Deitada na cama, disponível, mas quieta de olhar arregalado, com aqueles olhos de castanho mel, ali parecia uma menina, obedecia-lhe, implorava-lhe que se acalmasse, sim, porque o seu gemer o enlouquecia, ficava louco de vontade de lhe morder, penetrava-a sem cuidado, simplesmente porque não queria sair de dentro dela, era sua e exigia-lhe! – .

- Jorge por favor!
- Queres que pare?
- Não, não…
- Pede-me então.
- Quero-te dentro de mim, por favor anda. Jorge calma, não me magoes meu amor, calma.
- Não consigo, não me canso de ti. Caramba, o que fiz para te merecer. És linda, e como te mexes querida, que movimentos, queres enlouquecer-me?

Era uma menina mulher, parecia ter toda a experiência do mundo, mas ficava submissa e Jorge virava-a e revirava, possuindo-a como um louco, usando de meiguice e de força e sentia-se descontrolar, sobretudo quando a Sofia se vinha.

- Avisa-me quando te estiveres a vir Sofia, quero partilhar tudo contigo.
- Jorge, porque não te consigo saciar amor.
- Tonta, estás a fazer tudo bem, tudo ouviste-me?
- Mas tu não te vens…
- Eu vou-me vir, mas quero ter-te toda, anda, dá-me essa boca, deixa-me chupar-te. Sabes que quase me enlouqueces com esse gemer? És minha?
- Sim amor, tua, toda tua.
- Vira-te linda, anda cá.
- Não, por favor amor, estás demasiado excitado, não…
- Meu amor, anda que não te vou magoar, vou-te fazer minha, ter-te até que me doa a mim por dentro.

- Jorge, vais-me contar ou não?
- Meu amigo. A partir de agora sou oficialmente um homem de uma mulher só. E esta eu não vou partilhar contigo, nem sequer em pensamentos.
- Foste agarrado?
- Chama-lhe o que quiseres, mas sou diferente, quero, amo e alimento-me dela. Não a vou deixar fugir porque encontrei a minha metade.
- Tudo isto porque o sexo é bom?
- Tudo isto porque para além do sexo, tudo o resto é bom e porque para além de nós, nada mais tem importância!

14.4.12

Os três As...

abril 14, 2012 2 Comments


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- Porque estás tão triste e abatida, o que foi que correu mal ontem Ana?

- Não quero falar sobre isso, desculpa, foi mau demais.

- Como assim mau? Explica. Foi o Artur? O que te fez esse estafermo?

Andreia nunca gostara muito deste relacionamento de ambos, Ana e Artur. Na faculdade eram muito próximos os três e chamavam-lhes os 3 As, mas nunca se tinham relacionado para além da amizade. Ficavam horas a fio a estudar e acabavam por vezes a dormir os 3 na mesma cama exaustos e Artur jamais olhara para qualquer uma delas com segundas intenções. No entanto agora já licenciados a trabalharem na área da publicidade, os dois As, Ana e Artur, começaram uma relação que parecia querer recuperar de todos os anos em que se conheciam. Artur estava a fazer um mestrado em Nova Iorque e tinha vindo passar duas semanas a Portugal, ficando em casa de Ana.

- Artur, pára amor assim magoas.
- Não vim de tão longe para parar, agora vais aguentar a minha fome de ti.

Agarrou-lhe o pescoço que começou a mordiscar, a lamber, e a procurar avidamente a orelha esquerda e depois a direita. Ana implorava-lhe que a beijasse, mas ele recusava, encostava os lábios aos dela, mas não permitia que as línguas se tocassem. Estava a enlouquecê-la e sabia-o. Sentou-a na mesa da sala derrubando tudo o que lá se encontrava com as mãos e ficou a olhá-la estarrecido, como era possível que nunca a tivesse visto antes? Sentado também ele numa cadeira, afastou-lhe as pernas e começou por lhe beijar os joelhos, sentia-a estremecer cheia de vontade dele.

- Quando estiveres sozinha… - Pegou-lhe na mão direita e colocou-a firmemente entre as pernas dela.
- Quando sentires falta de mim… disse colocando a mão dela no clítoris. – É isto que quero que faças.

Ana fechou os olhos e deixou que ele lhe movesse a mão. Era a mão dela, mas os movimentos eram dele e conseguia cheirá-lo e ouvir a sua respiração. Ele manteve o controlo, tocando-a e beijando-a para a obrigar a continuar, para acelerar os seus movimentos, para fazer pequenos círculos.

- Já não vai demorar muito mais disse-lhe.

Quero que contraias os músculos com força. Tenta espremer os dedos. Quase imediatamente ela começou a vir-se, sentiu que o sangue que voltara à cabeça a deixara tonta, sentiu a sala à roda e fechou os olhos. Quando os abriu ela olhava-a sorrindo.

- Ainda não acabou. Anda cá. Mas parece que já não precisas de mim.

Desta vez foi Ana quem o empurrou e começou a despir com sofreguidão.

- Deita-te, aqui já.

Artur nem queria acreditar, parecia ter despertado o vulcão. Era sempre tão comedida, limitando-se a deixá-lo comandar. Mas foi ela que o despiu quase arrancando os botões da camisa. Artur puxou-a pelos cabelos e beijou-a louco e esfomeado.

- Agora quero entrar em ti. – Agarrando-a pelas ancas penetrou-a sem qualquer cuidado, ouvindo-a gemer e gritar.
- Estou a magoar-te?

- Não. – Mentiu, sentindo todo o corpo latejar. Queria vir-se uma e outra vez, sentir o peso do seu corpo que quase a esmagava e roubava o ar, mas era assim que precisava dele. Arranhava-lhe as costas, mordia-lhe os ombros e gemia alto não se importando com os vizinhos.


- Mas conta afinal, porque dizes que foi mau demais?
- Acho que por esta altura já tivemos tanto um do outro que o Artur decidiu que mais alguém no percurso seria bem - vindo.

- Desculpa?

- Sim Andreia, ele achou que se estivéssemos os três juntos o nosso prazer iria aumentar, porque já nos conhecemos, porque gostava de me ver tocar-te e beijar-te, estas palavras são dele.
- E o que disseste?

- Que era louco, que o amava e que isso significava não o querer partilhar com ninguém, nem mesmo contigo.
- Ele sabe que já estivemos as duas?

- Não. Achas?
- E o que queres fazer?

- Já fiz, terminei e não dei qualquer possibilidade de reconciliação. Cada um de vocês me pertencia em separado, não permito que te toque, nem tu a ele…




7.4.12

You!

abril 07, 2012 0 Comments

Feelme/You!Tema:Contos!
Imagem retirada da internet
Chego à triste conclusão que não sei nada sobre o mundo, as pessoas, as formas de estarem na vida, o que leva a que uns queiram tudo de nós e outros nada! Eu acreditava que iria ser difícil estar sozinha, sem o meu parceiro, amigo, companheiro de uma vida, mas nada me preparara para a “selva” de sentimentos que iria encontrar e da qual não me restaria mais do que me moldar e tentar sobreviver.
Foi um homem que terminou com o amor de um outro, foi num dia cheio de sol que a minha vida inteira mudou. Foi nesse mesmo dia que me redescobri e passei a ser mais eu. A mulher! Estranho que até então não me via como tal, tomava-me por adquirida, não me olhava, nem por dentro, nem por fora. Sempre me acharam bonita, sensual, desejável, mas eu teimava em sentir-me diferente. A que ama, o marido, os filhos, os amigos, a família. Até então nem sequer me sentia, tocava ou desejava para além do que me permitiam.
- Não sei muito bem o que lhe diga professora, eu estou a ligar-lhe, porque... porque…
- Houve algum problema Capitão Nunes? Assim está a deixar-me preocupada.
- Não, problema não será, o que se passa é que não consigo deixar de a ouvir, os meus fins-de-semana ficam demasiado longos, cinzentos, estranhos.
- Eu...
- Por favor não diga nada, assim sei que perderei a coragem.
Eu sabia que ele sabia que eu sabia, que nos atraíamos mutuamente sem quase trocar uma palavra. Desde o dia em que nos olháramos pela primeira vez, que nos reconhecemos quem sabe de uma outra vida! Eu jamais me interessara por qualquer outro homem, nunca olhara duas vezes para outro que não aquele que escolhera para meu companheiro, mas que na verdade me deixava emocionalmente só. Não me cuidava, não me via, nem sequer olhava. E porque ainda estávamos juntos? Porque a minha capacidade de amar por dois se mantivera até ao dia em que outro cruzara o meu espaço.
- Estou irremediavelmente apaixonado por si, conto as horas para a ver atravessar a parada, carregada com a sua pasta, portátil e tudo mais que utiliza para fazer das suas aulas motivo de uma semana de conversa aqui na base. Sim, porque os meus homens veneram-na, adoram o sorriso que lhes oferece, mas que eu ainda não tive oportunidade de ver, porque para mim é sempre tão formal, séria, esguia. Mas quando me olha nos olhos sempre tão segura de si e mexe os seus lábios tão carnudos, vermelhos e brilhantes, fico como louco. Gaguejo, como já certamente reparou, e fico cheio de medo de perder as estribeiras e de a agarrar pela cintura e levantá-la até mim.
Andreia por favor diga-me que não sou apenas eu, diga-me que sente o mesmo por mim e que me vai deixar tocá-la, beijar essa boca, sentir essa pele que eu adivinho de seda e com um cheiro que me deixa sem jeito. Fale por favor agora… Andreia?
- Sim Nunes, estou aqui e acho que já se justifica que nos tratemos agora por tu. Tu sabes que mesmo por detrás do meu ar sério, não me deixas indiferente. Tu sabes! Tu sentes! Por isso é que me estás a dizer tudo isto.
- Vem ter comigo por favor.
- Aí à base?
- Sim, agora. Quero-te pequenina, vem por favor!
Imaginar jamais poderia ser tão bom. O meu corpo encaixava no dele na perfeição e sabia pedir-lhe onde me tocar, reconhecia-me e fazia-me arrepiar a cada beijo. Lambia-me de cima a baixo e parava nos meus seios com os bicos todos hirtos, ansiosos para que os chupasse. A minha barriga mexia-se descompassadamente e estremecia a cada mordidela sôfrega.
- Dentro de mim por favor, anda, agora.
- Eu vou entrar em ti meu amor, uma e outra vez, mas agora não, ainda não. Quero sorver-te, lamber essa pele que eu sabia de seda, sentir-te estremecer e gemer por mim.
Tapava-me a boca com beijos tão intensos, chupando-me e mordendo até que eu chorasse de dor e de prazer, e finalmente entrou em mim.
- Não me magoes, dá-me prazer, estou a pedir!
- Não me consigo controlar, deixa-me sentir-te. – E agarrava-me pelas ancas, levantando-me poderoso, cheio de tesão. Entrava determinado e saía bem de mansinho, até que finalmente não aguentei e me vim escorrendo todo o meu prazer, molhando-o todo e vendo-o sorrir triunfante.
- Isso foi tudo para mim pequenina? Agora vou-te chupar e lamber toda, até que te venhas uma e outra vez.
Quando já não julgava conseguir mais prazer, eis que me deixa completamente entontecida, recebia como que choques eléctricos, o meu corpo não iria aguentar muito mais, ou talvez não…
- Anda comigo.
- Onde Nunes? O que queres fazer?
Agarrou-me ao colo e levou-me para aquele que foi seguramente o melhor banho das nossas vidas. Com o gel percorria todo o meu corpo que ia estremecendo devagarinho, enfiava os dedos decididos dentro de mim enquanto me chupava os lóbulos das orelhas. Tentei acariciá-lo, mas não me deixou.
- Agora sou eu, calma!
Virou-me de costas e pôs uma das minhas pernas na ponta da banheira, erguendo-a o suficiente para que pudesse mexer-me com mestria. Agora mordia-me os ombros e eu já gemia demasiado alto. – Nunes por favor, estou a descontrolar-me…
- Deixa amor, a música abafa, ainda agora comecei!
Eis que agora está de joelhos e me lambe e chupa enquanto me toca com os dedos, parece uma combinação impossível e parece também que não irei aguentar muito mais, mas ainda não está satisfeito. Estamos ambos molhados e ensaboados e leva-me de volta para a cama que se molha até do nosso prazer e sede de sexo. Já o queria há tanto tempo e agora dava-me tudo e muito mais. O seu sexo enorme agora entrava mais ligeiro, lubrificado pelo gel do banho, que me ardia ao mesmo tempo que me enchia de um prazer imenso. Escorregávamos um no outro e deslizávamos igualmente nas nossas peles quentes, sedosas. Incrível, jamais alguém me dera tanto, se misturara assim em mim! Fazemos uma pausa para retemperar forças, mas não cessa de me beijar a nuca, os olhos, o queixo, o pescoço e deito a cabeça sobre o seu peito que sinto subir e descer numa respiração compassada. De repente sou eu que me ergo ansiosa e me ponho em cima dele……
- Vais comandar agora tu?
Eu sabia que o tinha deixado louco, mas agora iria ser eu a comandar. Os meus longos cabelos cobriam-me os seios e ele tentava tocá-los afastando-os.
- Xiuuuu! Agora sou eu que te digo como fazes. Braços para trás, não te mexes, apenas sentes.
Com ele todo dentro de mim fui-me movendo devagarinho e compassadamente, impedindo-o de coordenar comigo, só podia sentir, não o deixava mover-se. Estava direita, ele conseguia ver-me bem, mas não o beijava ou sequer me aproximava. Eu sabia que não iria resistir muito tempo assim, mas quando se preparava para se vir, eu saí de dentro dele perante o seu total desespero.
- Pequenina por favor…
- Ainda não acabou meu amor, vou-me virar de costas e agora sim podes tu comandar.
- Queres enlouquecer-me eu sei, agora vou-te fazer gemer e vir e irás pagar pela tortura de prazer que me deste.
Foi bom, caramba, tão bom senti-lo forte e determinado a mandar em mim a mover-me a morder-me e a beijar-me. Puxava-me, levantava-me, apertava-me os seios… até que finalmente nos viemos os dois. Ficámos de joelhos, abraçados até nos acalmarmos e após nos levantarmos, selámos com um beijo quente e longo toda aquela tarde de prazer.
- Vou querer mais, ouviste-me pequenina? Muito mais, muitas vezes mais, para que me consigas saciar de ti. Se for possível.
Sorri-lhe sabendo que sim, que iria acontecer muitas mais vezes, tantas quantas conseguíssemos e pudéssemos, porque a vida só faz sentido assim, ao lado de quem nos completa!


Sorry, just sorry!

abril 07, 2012 0 Comments

Desculpa, desculpa por favor pelo que deixei de te fazer, de te dizer! Não fui suficientemente madura para ti, não consegui pôr em palavras o que sentia nesta relação, julguei-te o forte, o que conseguiria conduzir-nos, deduzir-me, saber-me, mas numa relação estamos em metades, cada um no seu papel e o meu podia e devia ter sido mais activo. Tomei-te por garantido, não te embrulhei no meu manto de sentimentos, não te amei com palavras, não te disse o quanto te queria, como me enchias os dias de sonhos renovados, o quanto a tua força me fazia bem, até a tua escolha de perfume era perfeita e o teu carro a tua extensão. Cheiravas-me a homem, tocavas-me de mãos seguras, sabias o que querias e esperavas de mim. E o que fazia eu? Olhava para ti embevecida, alimentava-me dos teus beijos, encolhia-me nos teus braços, silenciava-me sorvendo o que os teus lábios me proporcionavam. Ouvia-te e entendia-te, queria conhecer-te, saber-te todo e ia apenas respondendo às tuas mil perguntas, sorrindo-te e aceitando um pouco sem jeito os teus elogios, mas deixei-te fugir, vi-te escapar de mim e nada fiz!

- A tua pele parece de seda e esses cabelos, como gosto de me enrolar neles. És tão bonita, pequenina!
Eu ainda não sabia o que era sentir-me assim, admirada, desejada por palavras. Quando estivemos numa relação onde o outro apenas nos olhava, apenas nos tocava ao fazermos amor e apenas quando estávamos nus, juntos, unidos e quando um simples amo-te! És linda! Completas-me! Não se utilizava em nenhuma circunstância, tudo o que ouvimos de nós e sobre nós soa a estranho, inibe, apaga!
Os teus elogios deixavam-me desconfortável, sem saber muito bem como lhes reagir, então sorria-te e por vezes largava um – “Tonto”.
 Logo eu que me expresso tão bem, que brinco com as palavras, que tenho sempre o que dizer a quem a mim recorre, eu contigo ficava calada, quieta, deixava que me procurasses, que me roubasses os beijos, me tocasses sôfrego, eras sempre tu a tomar a iniciativa e a conduzir a relação. Eu caminhava passiva, deixando-me dominar pela tua força interior. Quando me falavas dos países que visitavas com frequência, os locais nos quais experimentavas novas sensações, comidas, bebidas, sons e cores eu sentia-me pequena, tiny, porque não saio do meu mundo, corro, salto, trabalho, cuido, mas sempre aqui. Viajar não faz parte dos meus dias e eu sei o quanto se enriquece por dentro estando com outras pessoas noutros lugares. Se me assustas e inibes? Sim, claro que sim. A tua vivência, experiência e controlo, só servem para me criar medos. Gosto de controlar, de me controlar os dias, os tempos, as vontades e contigo isso deixava de ser possível. Era eu a controlada, e tu o dominador. És o homem que eu sempre procurei, mas afinal assustas-me! Até a forma como me possuis me assusta. Quando estás por cima de mim, ficas com um olhar destemido, imponente.
- Diz-me porque estás assim, comigo dentro?
- Porque sou tua.
- Queres-me dentro de ti?
Enquanto me perguntavas, a tua mão apertava-me o pescoço e deixava-me num misto de medo e de prazer. Fazias questão de me consumir, de me sentires tua e eu deixava, consumia-me em ti, no teu poder.
- Quero. Anda, por favor anda.
Acabava sempre a pedir que te acalmasses, que não me penetrasses tão sôfrego e violento, doía-me por dentro, era uma dor que me apaziguava a vontade de ti, mas eu acabava a recear que te descontrolasses. E já acontecera uma vez, lembro-me de me sentir totalmente impotente, numa sensação de abandono do corpo, corpo do qual te recusavas a sair. Estava de barriga para baixo e o teu membro duro dentro de mim, numa posição em que todo o teu peso me comprimia para baixo e as tuas mãos me apertavam pela cintura, a minha perna esquerda arqueada para que te movimentasses bem, numa posição que nem sabia existir. Implorei-te até desistir e acabei a vir-me ao mesmo tempo que tu, totalmente esgotada de prazer e de cansaço numa luta desigual. Eram assim as nossas relações físicas, com total domínio teu e com uma entrega apaixonada minha.
- Parece que sempre te conheci, tudo parece natural contigo. – Disseste-me num dia bem cinzento, no qual ficámos enroscados um no outro sem qualquer vontade de nos largarmos e retornarmos às nossas realidades. Sobretudo à minha, porque com duas filhotas ainda pequenas, metade da minha vida se consumia nelas e com elas.
- Vem viver comigo minha querida, por favor, preciso de acordar contigo todos os dias contigo ao meu lado. Do que é que tens medo afinal?
- De começar algo que não consiga depois parar.
- E vais querer? Parar?
- Não sei meu querido, eu…
- Ana, por favor, porque escolhes espelhar o teu futuro, baseada no que correu mal no passado?
- Porque Cláudio na realidade as situações complicadas travam os passos, ficamos excessivamente cautelosos. Eu sei que fiquei.
- Mas então ainda não te inspiro confiança nem segurança?
- Por favor Cláudio, não se trata de ti, é mais tudo o que te envolve, nos envolve…
Estávamos ambos deitados numa cama gigante do hotel para onde me levaste e onde dizias saber que eu descansaria e fugiria de algum stress, descontraídos para além do assunto alegadamente pesado e eu ia-te acariciando, olhando os teus olhos que me penetravam e que eu sabia o que me diziam. Que bom que é sentir-me assim, amada por ti, admirada, olhada, mas ao mesmo tempo dá um frio na barriga. Começar outra vez, recomeçar com alguém que nos irá pedir tempo, amor, cuidado, entrega. Serei eu ainda capaz de o fazer? Como se entra na vida de outra pessoa nesta fase onde já carregamos uma mala demasiado pesada, de memórias, de sonhos que passam barreiras e fronteiras? Não sei, juro que não sei, assim como também não sabia que irias entrar de rompante, terminando com o meu jejum de sentimentos. Entraste e pronto, abanaste as estruturas, questionaste o meu percurso, quiseste-me e mostraste-me que é possível ser de outro homem. Amá-lo, enchê-lo do amor que gosto de fazer. Dizes que sou uma sôfrega, que nunca me sacio e eu corada admito. Sou assim mesmo.
Quero sempre mais e quando os dias se arrastam sem o teu corpo fico ansiosa, incapaz de raciocinar com clareza, cheia de vontade de correr pela estrada e gritar. – “Please help, I need to have you inside of me”! Sabe bem que estejas aí, mas ao mesmo tempo queria sentir-me livre, despojada de sentimentos que me prendam ao chão. OK! Complicada? Eu sei, qual a novidade, sou mulher, não é o que os homens dizem? Pensamos demasiado, tentamos racionalizar tudo, mas também teria que o fazer! Eu acordo sempre a prometer a mim mesma que irei ser mais ligeira, pensar menos, querer e fazer, usufruir e gozar… mas… nop, no way, essa não seria eu! Eu sou aquela que ama demasiado, que sente tudo em profundidade, que escreve até que lhe doam os dedos de tanto martelar emoções no teclado. Eu sou a que dá tudo e deseja na mesma proporção. Não quero desistir de mim!
Após a nossa longa conversa, fiquei a saber que o que te movia era sobretudo a vontade de me teres aninhada em ti, na tua casa, na tua vida, que a tua separação já longa te exigia uma companhia permanente e não apenas pedaços de amor. Que me desejas numa intensidade que eu também desejava, mas da qual fugia agora, num absurdo de sentimentos. Queria agora, mas não já! MULHERES!
-  Anda para cima de mim e mexe-te como só tu sabes, minha querida.
- Para além de gostar muito mais de sentir o teu peso em mim, também gosto de estar por cima, de comandar, de ver o prazer que te proporciono e os meus movimentos ficam mais libertos. Queria enlouquecer-te, dar-te tudo mesmo sem precisar de falar. Apenas olhar-te, sorrir-te, beijar-te, mas acabei a dar de menos e perdi-te espero eu que não para sempre, mas perdi.
No entanto está prometido que te irei reconquistar, começando de novo, falando sobre tudo, dizendo tudo, sorvendo-te todo, com o corpo e com as palavras. Nunca mais deixarei nada por dizer, sobretudo que te quero, que te amo e que irei sim partilhar tudo contigo. Todos os cantos e recantos da tua vida, alguns dos quais já conheço e dos quais me habituei a gostar. Até lá, sorry. Just sorry!


Hoje

abril 07, 2012 0 Comments
                                  











Já se passaram quantos anos? Três? Quatro? Nem sei muito bem, mas assim que te vi o tempo desvaneceu-se, deixou de contar e apagou tudo o que ficara para trás. Olhas-me de olhos firmes postos em mim, quase não pestanejas. As minhas amigas deixam cair um silêncio que nos abafa a todos, perguntam-se provavelmente o que sucederá de seguida, mas nem eu sei. Estou incrédula com a tua proximidade, tanto que te desejei e sonhei assim junto de mim. Sinto-me estremecer por dentro e nem sequer tento disfarçar o meu desconforto perante a tua enorme estatura, a mesma que me forçava sempre a esticar-me para te chegar à boca. O quanto te rias então. – “És mesmo pequenina, anda cá que te trago até mim”! Como será que tem corrido a tua vida todos estes anos? Será que te fiz falta? Que outras mulheres encheram o teu vazio? Quem terás tu agora? Tantas perguntas, mas continuamos em silêncio e apenas nos olhamos.
Vejo-te aproximar de mansinho, passos inseguros como se me considerasses uma visão, os teus olhos estão vidrados, seguras-me a cara entre as mãos que sinto tremer, mas nada dizes, agora já o meu coração parece não caber mais no peito, as minhas lágrimas caiem igualmente silenciosas molhando-me a alma e os lábios que beijas suave como que para não me magoar, estou a rebentar por dentro, não consigo entender porque te afastaste de mim, porque me deixaste ir, porque desististe dos nossos dias e noites. Que falta me fizeste, que vazio ficou na minha alma, a mesma que um dia rejuvenesceu para te aceitar. Fugiste do que te faria feliz e deixaste-nos absurdamente sós de tudo, do amor que fizemos sem nunca nos cansarmos, das palavras que esgotávamos quando planeávamos um tempo só nosso, mas não te deixei ir de mim, nunca, até hoje, dia em que te sinto na pele, dia em que finalmente toco os contornos de uma face que já a mente tentava em vão manter. O teu cheiro é o mesmo, esse guardei-o, o cheiro que se misturava com o teu suor, suor que eu sorvia porque era do prazer que te oferecia. – “Jamais alguém te amará tanto como eu”. – Disse-to no dia em que os mesmos olhos de hoje confirmaram que escapavas de mim, mas não te pedi que ficasses, jamais te impediria de ir onde quer que conseguisses, mesmo que sem mim.
Amar-te foi sempre fácil, premente, meu, teu, nosso. Reconheço-te, sei-te, tenho-te aqui, gravado no que conheço de mim. Hoje sei que se voltasse atrás seria para te impedir de partir. Hoje não iria respeitar as tuas inseguranças, iria sim lutar para te ter, para te cuidar, e encher de mim. Hoje não choraria escondida adivinhando que não voltarias mais. Hoje não!
Os teus lábios pressionam agora os meus, sinto a tua língua quente a roçar na minha, devagar, num beijo cheio de vontade, como tantos outros que já demos. Estou em bicos de pés, laçaste-me a cintura e sinto-me no ar, a flutuar no nosso desejo. Não quero que pares, por favor não pares, beijas-me forte e ansiosamente agora quase não respiro, o ar quer fugir, mas não preciso dele, preciso de ti, quero-te a ti. Fazes-me falta. Os meus poros respiram-te. És real, sabia que tinhas estado na minha vida.
- Meu amor que saudades de ti, estou a sentir-te minha outra vez. Perdoa-me, por favor perdoa-me…
E de novo estás na minha boca, na minha carne.
- Não chores por favor, fiz-te sofrer, eu a besta insegura e desumana. Se soubesses como te sonhei, quantas vezes tentei discar o número que me martelava por dentro. A tua voz, sempre me acalmou e soou tranquila, dizendo como me querias e desejavas. Reconhecê-la-ia entre milhões de vozes. És tudo o que pedi, mas acobardei-me, fugi da tua segurança, da tua força. Estou em vão a tentar que percebas porque desapareci na noite sem explicar nada e tu nunca pediste. Fala amor, não chores, fala comigo…
Hoje foi aquele dia que sonhei durante tantos dias e noites em claro. Julguei por vezes que sairia enlouquecida de tudo isto, que até mesmo a minha força se desvaneceria perante a tua falta, vi-te e antevi-te nas ruas de uma cidade tão próxima da minha sentindo-te no ar. Sonhei com este dia, sonhei-o de todas as formas possíveis, mas senti sempre que viria, que iria acontecer. Imaginei-o acordada, segui-lhe os passos, ele ia acontecer e nesse dia eu iria entender. Os silêncios matam, disse-o tantas vezes e tu fingiste ouvir e entender. Julguei que sobretudo tu o entenderias! Quando estavas só, longe deste mundo seguro, num país longínquo que te roubava de mim, nessa altura sabias que a minha proximidade, a minha voz te manteria acordado, vivo, menos dorido e eu nunca te faltei, nunca me silenciei, estive sempre aqui, perto da tua necessidade de mim! Não me deste na mesma proporção, mas amei-te na mesma, quis-te sempre, sonhei-te e senti-te. Não me arrependo de nada, sobretudo de ti. Faria tudo outra vez, hoje e sempre. Amar é bom, deixa-nos vivos, permite colorir dias chuvosos e cinzentos, rasga sorrisos, permite amanheceres cheios de esperança e vontade. Amar é bom e eu amei-te, muito e voltaria a amar-te tanto, que deixaria que o coração que dizem não doer, me doesse realmente!