Quandoestás do meu lado e sempre que te sinto próximo de tudo o que faz sentido para mim, sei que nunca poderei deixar-te ir. Quando a nossa história for contada por outros, certamente que dirão que estiveste sempre do meu lado. Quando se souber do que sabemos agora, todos perceberão que fomos parte um do outro. Quando um dia, num futuro bem longínquo, perceberem que afinal existem amores possíveis e inquebráveis, já teremos ficado um com o outro.
Estar sem pressas, nos dias que se transformam em noites, mesmo nos que não podes estar comigo. Saber que nunca nos deixaremos ir, acreditando que não funcionamos sem nos sentirmos. Sentir a nossa força, impedindo o inverno de entrar, demasiado frio e profundo. Estar do teu lado, tal como estarás do meu, sabendo que preciso de fazer com que tudo se acerte.
Quando dizes que te manterás comigo e por mim, acredito, porque sei que farei sempre parte da tua vida. Quando dizes que me amas, mais nenhum amor faz sentido. Quando te olho sei que encontrei quem teria que chegar. Quando acordo sei que não sonhei!
Quero que apenas os meus beijos te tapem a boca. Desejo que a minha boca na tua te passe o que as minhas palavras não terão forma de explicar.
Lá volto eu uma vez mais aos silêncios. Caramba, é mesmo difícil explicar que existem silêncios e silêncios. Uns os "primeiros", são sinónimo de cumplicidade, de tempo comum e de desejos que conhecemos. Outros, os "piores", são os que nos matam aos poucos, levando tudo o que tínhamos conseguido incluir e destruindo a nossa vontade de lutar, porque é de luta que se fala quando se trata de amor.
Quero que entendas que os meus silêncios são pronúncio de males maiores e que depois de instalados, muito deverá ser reconstruído. Posso e consigo silenciar-me também, mas sempre contigo por perto. Desejo, mesmo que pareça cansativo, ter alguma coisa válida para dizer, porque de contrário seríamos apenas pele e toque. Pode até parecer muito, mas não chega!
Tanta gente por aí a padecer por falta de palavras, uns porque não as sabem usar, e outros porque não têm nada para dizer, mas se precisarem de umas quantas, sintam-se à vontade para pedir que eu arranjo!
Qual o verdadeiro sentimento que nos chega do poder sentir? Sentir que é contigo e por ti que acordo. Sentir que tenho um propósito maior, e que posso, verdadeiramente, tentar encaixar-te em mim, passa-me uma tranquilidade tão normal, que pareço ter estado sempre assim.
Tu tinhas que ter chegado. A tua vida precisava de se cruzar com a minha. Os nossos planos, passam, agora, por nos planearmos juntos e que bem nos sabe. Poder sentir que o que fazemos os dois é real e caminha na mesma direcção. Poder sentir que entendemos os desejos de quem nos inclui, com todos os medos que acarretam as relações novas, até mesmo as que estavam destinadas. Poder sentir que se erra cada vez menos, e que se deseja acertar cada vez mais. Poder sentir o que sente o outro, de cada vez que trocamos as palavras que nos assentam e tranquilizam.
Esta montanha russa que sobe e que desce, invariavelmente, tem que ser encarada como a superação, como o teste, porque nele só passa quem arrisca a viagem. Eu já sei o que sinto, e como o posso fazer de forma a que intas comigo, sabendo do que já sei, e lendo, sem erros, o que escrevo para nós. Eu também já sei o que sentes e o que precisas de ter para que me tenhas, não agora, não por momentos, mas para o resto do tempo que o nosso tempo tiver.
A Andreia está há demasiados anos sem companheiro, por escolha, por medo, por incapacidade de voltar a entender o sexo oposto, ou até por preguiça mental e física. Não sei o que importa realmente, se a razão se a acção, mas a certeza que me ficou do que tem, é que não tem nada. Esbarrou, literalmente, em alguém. Encontrou quem nunca se atreveu a procurar, porque se escudou num desinteresse que nem ela acreditava existir, mas que a deixou na prateleira tempo demais. Agora tudo o que lhe chega parece demasiado. Agora até as carícias e os beijos lhe parecem finitos e nunca sossega a alma que atribulou, ela mesma. Agora e por ora, recusa o amor físico que acredita ser demasiado intenso para quem ainda não sabe como voltar a sentir. Agora quer, desesperadamente, acreditar que pode voltar a ser amada, mas ela mesma não sabe como o fazer.
A Andreia dorme e acorda inquieta. Fala, descontrolada e desesperadamente do que o Artur poderá representar na vida que apenas deixou correr, sem muitas ambições, deambulando sem se reconhecer. A Andreia tem medo que os tempos que passam, tenham passado para ela, irremediavelmente. Talvez tenha deixado de acreditar, ou talvez tema acreditar demasiado e voltar a sofrer.
Quando os tempos passam demasiado rápidos e implacáveis, temos que os saber recuperar, mesmo que apenas alguns dos minutos das muitas horas em que nos deixámos sobreviver.
A multidão fala, as palavras correm velozes, de boca em boca, dizendo o que é suposto, ou não dizendo nada, e será que as oiço?
Por vezes dou comigo a seguir os lábios e a imaginar sons que me caberiam, se coubessem no que espero e desejo para mim. Por vezes dou comigo a querer que não digam nada, que apenas façam silêncios solidários, e que percebam que para chegarem a mim, ao que entendo por válido e valioso, terão que saber MESMO dizer alguma coisa. Por vezes nada me consegue importar, porque nada do que digam soa a novo, a diferente ou a melhor.
Nem sempre é fácil estar assim envolta em palavras, ouvindo o que já sei e tendo repetições que me cansam e impedem até de respirar. Nem sempre o meu aparente dom consegue facilitar-me a existência, porque me tornei demasiado exigente e porque nunca desperdiço os sons. Nem sempre entendo algumas das palavras que usam, até mesmo eu, mas talvez seja porque não as usem nos momentos certos.
Será que oiço o que me faz falta de quem preciso? Não, de todo!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.