Descodifica se souberes e puderes, explica-me o que significam as palavras que usas porque na maioria das vezes apenas servem para me baralhar ainda mais!
Teimosa, obstinada, refilona, de ideias fixas, mas igualmente doce, de pele suave ao toque e ao olhar, consegues virar-me do avesso. Pareces uma gata quando te aninhas em mim e permites que eu tenha a sensação, ilusória, de te poder proteger. Os teus cabelos cheiram ao único cheiro que alguma vez se me entranhou. A tua boca, carnuda, vermelha, como se tivesse um batom natural, procura a minha fazendo com que não tenha vontade de a largar, nunca.
Precisava de te descodificar sempre que me olhas, atenta, para bem dentro de mim, parecendo saber o que penso e o que desejo, mesmo quando ainda não o sei eu. És o meu vício, estás-me entranhada e não quero arrancar-te, não posso.
Gostava de descodificar esse teu jeitinho de menina-mulher que parece não saber nada, mas que me mostra que sabe bem mais do que o sei eu, de cada vez que me leva a fazer o que julgava nunca ser capaz.
És um fenómeno, um acontecimento único, a minha verdade assustadora. Mulher da minha vida, se ao menos te entendesse...
Os dias tristes são inevitáveis,até para mim que sou uma optimista nata e que encontro sempre forma de deixar de lado o que me atormenta a alma e o que me faz duvidar do que acabei a escolher.
Se houver sol, sei que me auto animo, mas dias virão em que nem a luz me bastará e em que rir ou sorrir só servirá para esconder que a minha capacidade de me manter à tona e de esperar que tudo se restabeleça, também sofre revezes. Deixei de achar que tenho que ser sempre forte e que devo fazer as escolhas prováveis, não caminhando demasiado rápido. Passei a encolher algumas das palavras de todas as que jorram de mim sem que as controle, para que não percebam que tenho dúvidas e que também me encontro em dias em que não sei, simplesmente não sei nada, nem de mim nem do que me espera. Parei de fingir que não preciso de mais nada para além de mim e que vivo sempre bem sozinha. Já aceito que também irei estar muitas vezes, não estando e ouvindo o que nem escuto. Os dias tristes são naturais e forçam-nos a manter e a equilibrar os bons!
De que forma seríamos capazes de usufruir dos dias plenos, se os tristes não passassem por nós? Como conseguiríamos pesar e medir, sem que os cálculos existissem já? Já tudo foi inventado, por isso agarrem-se ao que conhecem, mas transformem-no no que certamente vos dará mais dias de sol, de cores, de risos e de sonhos. Não precisamos de usar sempre a razão, a tolice que advém de quem sente genuinamente, constrói seres que queremos ter por perto.
Cada dia será sempre de começar algo de novo, de querer e fazer por ter o que nos deixa de sorriso aberto, e hoje, mesmo sem sol, encontrei gente a sorrir e olhares que pareciam transportar coisas importantes!
Não sei porque estás assim, com um sorriso que fala por ti, mas que não diz o que estás a sentir. É tão intrigante quanto engraçado, porque logo tu, que não és de sorriso fácil andares assim, parecendo ter uma máscara de bom humor, hum, o que será que vem aí, ou quem?
Gosto de ser contagiada pelos bem humorados, pelos positivos, mesmo que algo tontos, pelos que continuam a acreditar que tudo será possível, bastando que o desejemos. Gosto de ver gente apaixonada, quase infantil, pronta para receber o que chegará aos sopetões, por norma sem qualquer norma. Gosto de quem nunca vê o lado mau da vida em primeiro lugar. Gosto de quem simplesmente gosta de gostar.
Hoje comecei o dia a beber da boa disposição alheia, e olhem que não é tarefa fácil encontrar quem se mostre mais positivo do que eu, mas senti-me pronta, de alma cheia, capaz de continuar a superar cada desafio, a estar onde faço falta e a dar o que apenas eu consigo. Hoje está a ser um bom dia, e começou como todos os outros deveriam. Assim sendo, espero que as minhas emoções encontrem forma de chegar até cada um de vós, acrescentando-vos apenas o que merece ser sentido.
Quando conseguimos olhares renovados, significa que nos reabilitámos e mantivemos o desejo de continuar à procura do que faz sentido. Quando acreditamos que a nossa missão, a primeira e a mais importante passa por sermos felizes, tornando os outros felizes, pouco fica por desejar, mas muito por construir. Sermos da forma que esperamos que sejam os outros. Darmos, sem reservas, percebendo que o retorno será inevitável, permite-nos momentos únicos e irrepetíveis.
Deixa-te levar. Aceita que estás a ter o que pediste. Muda se não te servir, ou acrescenta se te souber bem!
Mesmo que os males cheguem de onde menos gostaríamos, porque esperá-los até que já esperávamos, será sempre possível reconstruirmos cada pedaço danificado e continuar. A forma como sofremos, ou encaramos o sofrimento é que nos distingue. Uns acreditam que a dor jamais voltará a sair, e permitem que passe a ter morada permanente, e outros, outros lutam como sabem e podem até que se voltem a sentir limpos, restaurados e prontos.
É possível reconstruirmo-nos se olharmos para o que existia antes, para quem éramos quando contávamos primeiro e quando tínhamos um egoísmo saudável que nos fazia ser os mais importantes. É possível reconstruirmo-nos se percebermos que ninguém, mas mesmo ninguém, poderá levar-nos o sorriso, escurecendo-nos a alma e deixando-nos a deambular pelo mundo como fantasmas. Não sei quem disse que sofrer faz parte do crescimento, porque ser feliz, amando e sendo amado é tão mais fácil e produtivo. No entanto, se é "aqui" que vivemos e se é desta forma que devemos aprender, então que seja, mas não para sempre, porque os erros só são válidos se não cometermos osmesmos, uma e outra vez. Que venham novos erros, novas pessoas e situações. Mais do mesmo, ninguém merece!
Se deveria ter aprendido alguma coisa e vou considerar que sim, então aprendi que não preciso de quem não precisa de mim, que não faz qualquer sentido querer algo mais de alguém que ainda nem conseguiu meter a segunda velocidade. Aprendi a não acreditar em quem apenas usa palavras e nunca actos, esperando pelo que até percebi não terem. Aprendi que quem não estiver livre emocionalmente jamais se comprometerá.
Mesmo, e de cada vez que vos pareça difícil, reconstruirmo-nos é possível, sim. Desejem-no afincadamente, aprendam a reestruturar-se e nunca parem de caminhar. "Os ventos nunca poderão ser de feição se não soubermos para onde ir".
O que não é meu não me pertence, é claro como água!
Julgo que isto facilita e muito a aceitação, o entender que não é porque não tinha forma e deixa-me continuar sem mágoas, apenas com a saudade do que não cheguei a ter. Perguntaram-me se te sentia a falta, se pensava, ou desejava falar contigo, e a resposta foi a única possível, sinto claro, a falta, mas não quero falar contigo, porque já não tens nada para me dizer. O jogo terminou, a espera que se prolongaria, até que te apetecesse, não me serviu na altura e não voltaria a servir agora, daí não querer falar, porque nada do que dissesses seria para mudar o que já tens.
É sempre mais fácil deixarmos ir o que não é nosso. Por vezes apenas imaginamos que somos ou temos alguém, mas quando a realidade nos "ataca", percebemos que estamos do lado errado e a retirada passa a ser a única alternativa. Depois é seguir em frente, nada mais há a fazer.
Faço um esforço, diário, para não me culpar, para aceitar que apenas tentei ter quem não me queria da mesma maneira. É importante que o consiga, porque de contrário vou guardar mágoas e criar modelos para os que se quiserem aproximar, e já escrevi, vezes sem conta, que não somos todos iguais, e que os maus exemplos devem ser apenas isso e não nos devem ofuscar a visão.
O pior de qualquer relação será fantasiarmos o outro. O pior de um amor que se quebra, do nosso lado, é o amor que nunca existiu, do outro, mas temos que viver, sentir e consumir para perceber. O pior que fazemos a nós mesmos, é acreditarmos que bastamos e que conseguimos querer por dois. Mas pior do que tudo isso, é viver sem saber o que vale a pena, e hoje tal como ontem, continuo a achar que amar vale SEMPRE a pena.
O que não é meu não fica, mas o que é vem a caminho, disso não duvido!
O que me passa a sensação de renascer, dia após dia, não são os finais ou os começos de anos, mas sim a minha teimosia e determinação em nunca parar de galgar os degraus que me cabem. Acreditar por si só pode até parecer fácil, mas somos testados tantas vezes, que ou sabemos MESMO o que queremos de nós e da vida, ou acabaremos a ceder mais cedo ou mais tarde. Acreditar que somos bem mais do que aquilo que os outros vêem, é um dos maiores trunfos para os dias cinzentos e que resulta quase sempre.
Não fui criada com muitas defesas emocionais. Não me desafiaram mais do que achavam poder aguentar, mas passei-me a necessidade de ser mais, de ter mais e de querer mais a todos quantos escolhi para o meu percurso de vida. Não me disseram, em nenhum momento, que não teria que ceder sempre para não me estatelar toda. O que me diziam, na maioria das vezes, apenas com actos e palavras sem som, é que eu poderia ser SIM, mas depois de todos os outros já o terem sido. Talvez não soubessem mais. Talvez estivessem, também eles a repetir o que tinham ouvido, mas percebi, felizmente não demasiado tarde, que teria que existir MUITO mais do que me queriam fazer acreditar. A vida não poderia ser apenas assim, com cores catalogadas e sem a possibilidade de eu criar outras, novas e minhas. A vida teria que corresponder ao meu modelo de felicidade e ser ela a ajustar-se ao que eu esperava, e a vida só poderia ter-me sido dada, para eu fazer coisas grandes, para me superar e ir tão longe quanto a minha determinação me permitisse,
Nunca se desiste, adapta-se, reajusta-se e recomeça-se. Sei que é possível, deixei de duvidar quando comecei a acreditar em mim e em quem um dia estará onde preciso e mereço, comigo!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.