11.3.21

Viagens emocionais!

março 11, 2021 0 Comments


Nunca julguei possível querer alguém como te quero a ti. Já me estás demasiado entranhada e estranho sempre a tua ausência, mesmo que de apenas algumas horas. Acreditava estar pronto para viver a minha vida nos meus termos, sendo sempre eu em primeiro lugar, mas eis que chegas e me mudas a posição. Não precisei de muito mais do que te ver enquanto te olhava como se nunca nada tivesse sido remotamente parecido, e olha que já tive mulheres fabulosas, para saber que estava pronto. Sentir-te vai para lá do que alguma vez senti e sinto sempre tudo com demasiada intensidade quando me abraças e sussurras que és minha. Deixas-me as pernas a fraquejar, mas o coração a bater demasiado forte e passas-te sempre como preciso, dando-me bem mais do que pareço merecer e a verdade é que preciso tanto de ti. 

Conquistaste-me apenas com o sorriso, mas logo depois veio a forma atenta como sempre ouviste tudo o que dizia. Não demorou para que nos desejássemos da mesma forma e nunca nada foi difícil o bastante para que pensasse duas vezes sobre nós, fiquei pronta assim que nos tocámos porque parecíamos ter-nos tido desde sempre. Gosto da tua força e segurança quando me asseguras de que vai correr tudo bem. Gosto de como me apertas e colas o corpo ao teu, levando-nos a lugares que apenas vi em sonhos. Gosto de saber que sabes tudo sobre mim e que contigo posso mesmo ser eu, sem máscaras e sem necessidade de me defender. Gosto de ti homem do caraças!

As viagens emocionais têm sempre subidas íngremes e descidas acentuadas, mas sem elas pouco do que somos e vivemos valeria a pena, no entanto, ou encontramos quem nos reconhece, ou nada do que alguma vez fizermos irá valer a pena. 

10.3.21

E quando não estamos em lugar algum?

março 10, 2021 0 Comments



De que forma se gerem as emoções quando nos deixam no limbo e ficamos sem saber se vamos ou voltamos? Para onde dirigimos as frustrações de cada vez que nada nem ninguém nos impede de sentir o que nos amassa a essência? Que nome damos ao que nem parece existir, mas que ainda assim nos embrulha a existência e não de coisas boas?

Gostava de dizer que estou preparada para as dores que me vais deixando, mas ainda me deixas tão vulnerável e pequena, que o medo e a  dúvida se agigantam, abafando-me até que muito pouco de mim sobre. Gostava de sentir que os outros me curam de ti, com o colo, os abraços sentidos e todo o sentimento que te falta, mas a verdade é que mais nada se encaixa da mesma forma e o meu novo formato já não permite que me reconheça.

Tendemos a agarrar-nos ao que sabemos sobre nós, tomando como garantidas todas as horas do dia, mas quando elas correm ao contrário, testando-nos os limites, por vezes apenas nos limitamos a sobreviver, deambulando sem demasiada vontade e achando que desistir será mais fácil. Contamos as histórias que nos sabem a verdadeiras, até ao momento em que cada uma apenas representa a mentira que vivemos, por escolha. Fazemos o mesmo que antes, mas o agora não se assemelha a nada remotamente parecido com o que planeámos e por isso mudamos os planos para que nos ajustemos a eles e desistimos do poder que tanto nos levou a conquistar. Sentimos a chuva na face, mas já nenhum pingo nos lava, e quando se vai leva-nos com ela. 

Gostava de me dizer que vai ficar tudo bem, mas deixei de ter certezas.

9.3.21

Já não somos dois!

março 09, 2021 0 Comments



Já não somos dois!

Falávamos muitas vezes das dependências emocionais e do quanto era importante que nos  bastássemos, mesmo que fossemos sempre UM quando juntos e o amor que nos envolvia, mas nunca deixando de ser apenas nós quando e enquanto vivíamos a vida que nos cabia. Tínhamos a mesma forma de ver o que estava à nossa volta, os outros e cada sentimento menos ou mais intenso. Sabíamos do que sabia cada um e quando nos amávamos mantínhamos o ritmo que nos passava em forma de prazer. Nunca nada foi difícil entre nós e usávamos os dias para dar a quem estava no mesmo lado da nossa vida, o amor que tornava a relação simples, saudável e possível de continuar. Olhávamo-nos com o mesmo desejo tal como no primeiro dia e nunca desejámos menos do que poderíamos ter. Zangávamo-nos, mas apenas para nos amarmos ainda com mais amor e rapidamente escolhíamos o perdão para sararmos qualquer eventual ferida. 

Temos fórmulas mais ou menos testadas sobre como estar e ficar. Acreditamos saber de tudo o que deve ser entendido para que os enganos sejam a cada dia mais raros. Estabelecemos metas e criamos listas mentais ou físicas e vivemos a achar que a vida nunca nos abandonará, mas a verdade é que não sabemos tudo.

Falávamos muitas vezes na necessidade de nunca dependermos um do outro, mesmo que precisássemos desesperadamente de nos pertencer, mas nunca, nem nos pesadelos mais arrepiantes poderíamos ter imaginado a perda do outro e foi a mim que me coube, sem que me fosse dada qualquer possibilidade de escolha, ficar sem ti. Perdi-te, mas não como se perde um amor, um momento ou uma programação mal planeada, perdi-te sem volta e pareço não encontrar forma de voltar a mim. Não nos ensinámos a sobreviver sem a pele que a nossa reconhecia pelo cheiro. Nunca incluímos a possibilidade de já não respirar em conjunto e NUNCA, em nenhum momento achámos ser possível já não voltar a existir a possibilidade de nos amarmos até o dia raiar e o corpo não ter como aguentar. 

Já não somos dois e já sinto que sou tão pouco, que nem oiço as palavras que em vão me tentam confortar. Já não quero nada do que em tempos foi tão simples e previsível e até o sabor mais doce me amarga a alma. Já não te tenho e não consigo parar de pensar no que não te dei. Já não existe forma de te recuperar nem ao amor que nos fazia continuar e apenas isso deveria bastar para que também eu morresse, mas o meu corpo recusa abandonar o que sobrou, mesmo que já não tenha sobrado mais nada. Já não somos dois e a tal da identidade deixou de importar, tal como deixou de me importar quanto tempo andarei por mim. Já não somos dois...

8.3.21

Quem és tu Mulher?

março 08, 2021 0 Comments



Quem é afinal a Mulher, esse ser tantas vezes mal interpretado, quase sempre lido ao contrário e para muitos tão complexo quanto a forma como se expressa?

Vivemos na era que nos acolhe, cheias dum entusiasmo que contagia os mais céticos, mas que mesmo assim lhes força a procura das legendas que nunca terão forma de ler em todas as línguas. Ainda tomam por garantida a força de que somos feitas, esquecendo-se de que carregamos o início do mundo e que lhe impediremos o fim tão anunciado. Renascemos das cinzas todas as manhãs após noites pequenas, dormidas à pressa e muito depois de todos se terem colocado na dianteira para que os cuidemos e tantas vezes nos esqueçamos de ser cuidadas. Solucionamos o que parecia não ter solução e ainda encontramos tempo para os que nos cobram o que nem sempre queremos dar. Somos resistentes aos desejos quando nos coíbem de os mostrar, mas também já os gritamos apenas porque podemos e porque apenas assim saberão o que nos liga os botões.

O que diz a Mulher quando parece estar a falar em códigos que nem a NASA entende e para os quais não existem manuais apropriados? 

Nada como uma Mulher para saber sempre do que fala outra Mulher, do que padece e do que diz que se esquece para se esquecer de tudo o que lhe falta. Falamos de tudo, contamos e recontamos as experiências mais íntimas, quiçá na esperança de que sejam as melhores. Julgamos em atitudes feias, mas corremos para abraçar todas as que por nós chamarem, sabendo sempre o que dizer e dizendo ainda assim tantas parvoíces, que essas sim poderiam servir para compilar grandes manuais sobre complexidade humana. Amamos com uma intensidade que desarma os não entendem porque recusamos que nos vejam como os únicos seres que amam no planeta. Ignoramos as dores que retirariam o protagonismo das dores dos nossos e sofremos caladas, mas esperando que algures na vida que nos coube, exista quem nos saiba ler sem palavras e nos oiça sem os sons que o mundo abafa. Adoecemos como qualquer outro mortal, mas sentimos nunca poder estar suficientemente doentes para que nos afastemos dos que contam com a nossa quase interminável resistência emocional.

Quem somos agora, nós as Mulheres dum século cheio de benefícios, mas ainda tão julgador e redutor de sucessos?

Somos o pilar de qualquer casa e se ruirmos por não aguentar o peso dos que nunca nos aligeiram a jornada, derrubamos almas que apenas passarão a vaguear por aqui, sentindo falta de tudo o que não chegámos a dar. Somos seres excecionais e por isso temos o dever de "produzir" homens que nos respeitem o bastante para que tudo o que nos cabe nos chegue sem esforço às mãos, até porque foi de nós que cada um se apresentou ao mundo. Seremos, hoje e sempre a razão pela qual muitas outras Mulheres derramaram verdadeiras lágrimas de sangue e por isso lhes devemos mais coragem e muitas mais certezas, porque no dia em que nos reconhecermos o real valor, o mundo nunca mais terá como nos diminuir ou ignorar.

Qual é o teu final de estrada?

março 08, 2021 0 Comments



Qual é o final da tua estrada e para onde escolhes já não ir quando percebes que a parte mais importante de ti ficaria para trás?

Não queria ter que desistir do que afinal até me mantém viva, mas como viver não é apenas o que sinto, escolho não sentir de todo e permanecer em controlo de tudo, de mim, do que ainda preciso de fazer e do que já não repetirei, não nesta vida. Talvez não precisasse de escolher a quina mais aguçada, sentindo a dor que me provoco para me acordar, mas como apenas acordada me sirvo, determino o caminho que tem que ser feito, mesmo que sendo difícil. Há muito que não tirava tempo para avaliar o que passei a ser e do que foi que larguei mão para me manter serena, em paz comigo e pronta para outras batalhas. Pareço ter atravessado algumas dimensões para estar "aqui", mas se fui bem-sucedida, não tenho do que reclamar.

O que carrego dentro e o que gostaria de reintroduzir para me limpar não jogam no mesmo team e porque tudo o que fazemos por aqui tem um preço, pago o meu agora para que não me sejam cobrados juros. Já não dói ouvir-me dizer que desisti do amor, talvez porque não tenha desistido de mim. Já não me mói perceber que nunca mais voltarei a ser tocada como só um "ele" poderia, a pessoa que a minha pessoa reconhecesse. Já não corro para consertar o que se partiu, porque nunca mais poderia voltar a colar todas as peças. Já não quero apenas querer e iniciar a viagem, agora passei a querer controlar cada chegada, todos os destinos e a poder fazê-lo sozinha sem pesos, sem lamentos nem arrependimentos. 

Existe sempre muita coragem na mulher que já não olha para trás e que segue, sem deixar descair os ombros, para o lugar que a manterá até que já não esteja mais. Existe sempre um quê de FIM quando se recomeça do ponto de onde nunca se deveria ter saído.

7.3.21

Já tive toda a força do mundo...

março 07, 2021 0 Comments



Já tive toda a força do mundo, todas as ilusões que me alimentavam os planos que acreditava poder tornar realidade. fui muito corajosa, numa mistura meio louca de insanidade e certezas que ninguém me passava, mas nas quais me apoiava para chegar onde me imaginava. soube melhor de que forma desvalorizar os momentos maus, focando-me apenas no amor e alimentando-me dele para poder continuar. fui apenas a menina, feliz, despreocupada, livre e tão bonita que nunca passava despercebida. cheguei a achar que não teria que esperar que o bom chegasse, mas na verdade ele leva o tempo que precisa para que a espera termine...

Vou a cada dia menos vezes ao passado, mas de quando em quando espreito-o para não me esquecer de onde comecei e para onde apontei quando desatei a planear a única vida que me pertence, a minha. Estou muito mais no meu presente agora, e sabe-me pela vida perceber que afinal até fui bem-sucedida e consegui concluir muitas das etapas, deixando outras tantas para que me continue a superar.

fui demasiado frágil, tal como a maioria dos mortais e já quase morri de dores que afinal nem eram minhas. soube ao que sabia não ter qualquer sabor que pudesse identificar, mas também já saboreei o que apenas está reservado aos que nunca desistem de se superar para que superem TUDO o que quase os derruba. achei que tinha todas as respostas, mas a dada altura deixei de me importar com a necessidade de ter razão, até porque é um lugar demasiado solitário. estendi a mão que alguns souberam agarrar, mas também larguei a de quem certamente me devolveria todos os sonhos que abandonei. 

Sou quem me esforço por não defraudar e sei que nunca deixo defraudados os que esperam pelo que até posso dar, e que afinal até é tanto, mas tão natural, que serve sobretudo para me lembrar que já sei bem mais sobre o que terá que me acompanhar para que a solidão nunca me derrube.

6.3.21

Quem me segura agora?

março 06, 2021 0 Comments

Para quem me viro agora que o colo deixou de existir e a minha existência se resume a quem sou e de quem preciso de cuidar? Para onde dirijo o brilho que os meus olhos espelhavam quando era beijada com as certezas de que tudo ficaria bem, tal como eu mesma e que ficavam mesmo? Com quem falo quando falar, antes, era para quem me ouvia, não julgava e assegurava de que no dia seguinte tudo seria mais claro e menos doloroso? A quem faço as perguntas que eram respondidas com toda a verdade, mas que agora chegam como a chuva, a inundar tudo à sua volta, ou apenas a recordar-me de que existe, mas sem que saiba quando voltará? Quem me insufla a vontade de continuar, afastando o que me impede de querer atingir as estrelas, porque elas estão lá para mim? Que amor maior me inspira agora que nenhum amor me preenche o coração e me diminui as atitudes antes tão guerreiras? Onde está quem esteve no meu começo e me prometeu que estaria sempre? Quem me abraçará se sentir que não me basto e quem me afastará a mecha de cabelo teimosa que teimosamente me esconde a face cansada? Para onde corro se a vontade de chegar a algum lugar seguro, a casa, me invadir como invade o vazio que a alma tenta em vão preencher? Para onde me viro apenas para me sentir segura, sendo tão frágil quanto me permito e tão ávida do que ainda me falta saber, sobre mim, o que me espera, e quem eventualmente esperará por mim? Quem me escuda da tempestade e me aquece do frio que cresce na barriga, mas se alastra pelo corpo que mais ninguém toca? Quem me redirige quando o receio de perder é maior do que a certeza de que as perdas também trazem vitória? Quem já não está na vida que nunca julguei ter que viver sozinha, mas que tanta falta me faz? Quem me limpa as lágrimas que escorrem sem que as consiga controlar, porque fiquei, de repente, num acordar novo, sem qualquer base, sem chão e sem o meu pedaço de mundo? Para quem me viro agora que já não sei para onde estou virada?