De que forma mudas a tua forma?
De que forma deixas entrar um amor novo quando o velho se instalou até te afastar do que julgavas ser fácil e natural?
Mesmo que o "para sempre" não exista, existirá certamente a tua vontade de que este amor dure e caminhe para lá do que foram os que não sabiam onde te encontrar, de que forma deveriam ceder, vendo-te realmente e afastando o exterior, a imaginação e o desejo que cedo se constrói do que nem sempre existe. Até quando te refreias com medo de deixar de ter medo e simplesmente arriscar, uma vez mais, esperando que seja a última e sabendo que apenas terás o que importa se te importares com quem te conseguiu mover?
O que se pode fazer de diferente, sem que as defesas subam demasiado e aceitando que nunca saberemos tudo, mas que poderemos bem reaprender, não importa a idade, nem a viagem? Que partes de nós terão sobrado de outros amores mal calculados, mas que de alguma forma nos reativaram a vontade de voltar a falar do que nos manteve acordados? O que precisamos de saber para sermos capazes de acreditar em quem não se inclua no que nos afastou do que deveria ter permanecido, cumprindo o que parecia caber em muito mais do que promessas?
De que forma afastas quem não parece querer sair de ti, até quando já expulsaste, segura e determinadamente, toda a insegurança que já não deverias ter nas mãos? Quando consegues entregar o corpo que se arrepia perante a vontade de voltar a ser tocado, mas que ainda assim se retesa perante o medo de não conseguir sentir da mesma forma nem com a mesma intensidade? De que forma te asseguras de que as gavetas fechadas nunca mais se voltarão a abrir, mas reabrindo a vontade natural de ter muitas outras para preencher? De que forma sobrevives a ti, o teu maior julgador e te libertas do que te segurou para não fazeres o que já sabes ser certo?