Feel Me

O que te faria esperar por um amor? O que te deixaria em pausa, sem avançar demasiado, mas esperando não recuar o bastante para voltar ao passado dorido? O que mudarias para receberes quem alegadamente seria a tua pessoa certa?

Chega a ser impressionante a quantidade de seres que padecem de amores desemparceirados, esperando pelo que muito provavelmente nunca chegará e buscando o que aparentemente já encontraram, mas apenas para o voltar a perder.

O que consideras ser o suficiente para que alguém te prenda num amor que nunca mais terá forma de sair?

Fantasiamos as pessoas, é um facto, no entanto elas chegam para tapar um vazio que criámos, inconscientemente, mas na maioria das vezes conscientes de que o caminho escolhido não seria o certo. O amor tem nuances que apenas se transformarão em cores definidas se acertarmos a paleta. O amor não resolve nada se não estivermos seguros e resolvidos. O amor por si só, não nos alimenta do que nos foi faltando.

De que forma reconheces a pessoa que a tua aceitará, não importa o formato, para o resto da tua vida?

Se ainda não souberes a resposta, significa apenas que nunca a encontraste cara a cara, porque a acontecer, o encaixe será automático e perfeito. Tens como solução continuar a procurar ou a esperar que te encontre.

Se consegues mudar o teu corpo, imagina o que consegues fazer com a tua mente!

As mudanças constantes que chegam com o empenho físico, provam-me que sou capaz de muito mais, aliás, de tudo aquilo em que coloco o meu foco, sendo bem-sucedida, tal como quando me supero nos exercícios, por mais difíceis que me pareçam.

Já deveríamos todos saber um pouco mais a cerca do poder da mente, porque ele é ilimitado. Já deveríamos estar a usar muito mais do que nos oferece e introduz, porque somos verdadeiras esponjas, mas igualmente filtros. Já deveríamos ter muito mais respeito pelo corpo que nos sustenta e pela mente que nos mantém por aqui.

Não existem idades para nos superarmos, aliás, considero até que quanto mais velhos, mais sábios, se para isso trabalharmos, por consequência, ter objectivos e vê-los cumpridos diariamente, alimenta-me bem mais do que a comida. Já não uso desculpas para não me superar. Deixei de me preocupar com o que me desalinha da energia que tento manter o mais intacta possível. Parei com as lamúrias, dos outros, porque há muito que aprendi que receberei sempre mais do que "atirar" para o universo.

Se consegues ter um objectivo físico e levá-lo até ao fim, vendo os resultados do mesmo, então já percebeste o verdadeiro poder da tua mente.

Estarmos no mesmo canto do que todos os outros, não torna nada mais suave ou natural. É basicamente assim para todos os estágios da nossa vida. Nas separações, após relações longas e até bem delineadas, aparentemente. Nas escolhas de nova logística, a que nos atira para um lugar só e no qual até cabemos perfeitamente, mas do qual quase ninguém fala e nas enormes mudanças, quer geográficas, quer emocionais.

Se existissem grupos de apoio para tudo e terapias apoiadas e patrocinadas, às tantas éramos um pouco mais saudáveis e resistentes. Saber do que já sabe o outro, quem passou pelo nosso agora, antes, seguramente que ajudaria, digo eu. Se estivéssemos todos mais atentos aos movimentos que indiciam dores bem visíveis, talvez pudéssemos ajudar mais, sendo e dizendo o que o outro precisa. Isto de acharmos que o que vai na casa alheia nos é indiferente, é totalmente falso e ilusório. Somos todos peças duma mesma máquina e se ela não estiver bem oleada...

Precisas de ajuda? Pede, não receies as fragilidades, os mitos e as histórias recorrentes sobre forças interiores e intrínsecas ao ser humano. Se precisas de ajuda para perceberes quem passaste a ser, agora que já não cuidas da prole, que tens todo o tempo para o usares como melhor te aprouver e agora que equacionas manter-te assim, apenas tu, ou abrir-te para o mundo, pede, fala com quem está no mesmo barco, ainda que já na popa.

Não esperes por mudanças sem mudar nada!

Fazer tudo igual, como antes, mas querer que tudo seja diferente no depois, é o mesmo que esperar encontrar um navio no aeroporto, simplesmente não vai acontecer. Decidir o que mudar e quando, define o tom para toda a "música" que passaremos a ouvir. Querer, mesmo, definir quem seremos quando formos a pessoa que antecipámos, deixa-nos suficientemente ocupados para fazermos o que tem que ser feito.

Não adies o inadiável demasiado tempo, porque ele arranjará forma de te cobrar tudo com juros elevados.

Sei bem que não acordamos um dia a mudar tudo, mas o dia virá, depois de uns quantos de reflexão e decisão, em que a normalidade se instalará e o novo já não o voltará a ser. Podemos instituir novas rotinas, olhares renovados, silêncios mais prolongados, mas produtivos e sons que já não se assemelharão a ruído. Termos vontade de passar a sentir vontade de mais, de tudo o que nos pertence, sendo mais inteiros e felizes, tem que bastar.

Não te ocupes demasiado dos outros, esquecendo-te de ti, usa o tempo a teu favor e carrega-te do que inevitavelmente levarás para o resto da tua vida.

Deixas que te deixem nervoso, com receio de mostrares quem és. Aprumas-te e tornas-te bonito por fora, brilhando e rodopiando para que te aprovem, mas apagado por dentro. Revolves corpo e alma na esperança de ser o que se espera e já esperando muito pouco do que te vai chegando. Caminhas sem qualquer certeza, não do caminho que continuas a fazer, porque sabes que outro te espera. Ris sempre porque chorar diria muito de ti, mas estás desgastado de tanto fingir. Ocupas apenas parte do espaço que te cabe por direito, mas estás tão encolhido que já quase não sentes as dores que agora te acompanham a toda a hora. Vestes-te de cores que não te reflectem e há muito que o teu brilho se apagou deixando-te apenas com os cinzentos da vida.

Tens medo de gritar que és outro e que tens MUITO mais do que te permitem mostrar. Tens vontades que nem tu entendes, mas querias apenas senti-las, sem explicações e com a certeza de que apenas assim saberias de ti. Tens dentro de ti a criança que se perdeu para o adulto que desistiu de ser e que apenas tem o que lhe permitem. Tens a cara marcada pelas escolhas erradas e já nem te olhas no espelho que em vão te grita para que pares e te assumas. Tens tudo para ser feliz, mas continuas sem acreditar.

Porque deixas que te digam o que dizer e te façam o que nunca farias? Porque continuas frágil quando até já provaste da tua força, a mesma que em vão reanimas, noite após noite? Porque não os deixas apenas falar, esperar e ordenar e te ordenas a parar de esperar e a fazer TUDO o que já é teu direito? Porque não começas já hoje e te surpreendas com o tempo que ainda tens? Porque não olhas para veres e te ouves sem mais medos? Porque não sobes mais alto e chegas até à lua se preciso for, mas indo e sendo? Porque não escolhes ser a pessoa que verdadeiramente te importa?

Não, não quero voltar, nunca mais. Não quero ser a Sue com 20 anos, porque já passei, há muito, por um portal de crescimento, sabedoria e muito amor que se multiplicou por 3 quando me tornei mãe.

O antes de que tanto nos falam quando nos nasce a prole:

. Quando voltas a ter o mesmo corpo?

. Quando perdes o peso que acumulaste?

. O que vais fazer quando o peito voltar a ser o mesmo de antes? (Graças a Deus que neste ponto não houve regressão para mim).

O mundo espera demasiado de nós mulheres. O mundo tende a ser cruel com as que fogem do padrão, mas esse mesmo mundo acaba sempre por abrir mão do melhor que tem quando arrojamos. O mundo somos nós e não há nada de errado em sermos diferentes, porque todo ele beneficiará do que já formos.

Não, não quero nem preciso de voltar atrás, para o antes. Hoje sou outra, uma mulher nova, mais inteira, mais amada, sobretudo por mim e muito preparada para permanecer no percurso que escolhi.

Voltar para o passado só é bom mesmo para quem não sabe como viver o presente e para essas pessoas o futuro poderá vir a ser muito amargo.

A minha autenticidade é mantida a qualquer custo, porque já tentei, sem resultados e muito lá atrás na minha vida, ser mais padronizada, sendo como serão todos e não me destacando demasiado, para não chocar nem assustar. Ser único nem sempre é sinónimo de apreciação e reconhecimento colectivo, mas se desistirmos de mostrar o que carregamos dentro, sem abusos nem atropelos, deixamos de ser verdadeiros, tendo uma identidade própria.

Viver numa pele que não é nossa, deixa-nos confusos, sem rumo e sem saber exactamente para onde ir, o que dizer em determinadas circunstâncias e olhando sem ver, para não ver em demasia, mas não aceitar a nossa pele e não a reconhecer, desconecta-nos com a essência e afasta-nos de todos os objectivos.

A minha autenticidade é a cada dia mais exposta e vinculada à pessoa que me vou tornando, sem pedir desculpas e sem nunca me tornar na arrogante que apontam, por medo, porque tendemos sempre a temer o que não entendemos e afastamos.

Sou autêntica e não peço desculpa, não hoje e não mais!