Feel Me

Os finais de ciclos carregam uma energia que nos invade diariamente e da qual não nos conseguimos dissociar quando estamos atentos.

Sempre que precisamos de fechar gavetas, limpando as "areias" que se foram acumulando no coração e na mente, acabamos inevitavelmente mais livres, muito mais leves e com a certeza de que o precisa de ser feito, será. Quando nos analisamos, e eu faço-o diariamente, percebemos quem nos tornámos e quem se manterá no caminho que escolhemos continuar a fazer. Os que apenas ocupavam do nosso precioso espaço, desaparecem como que por magia e de repente, do que aparenta vir com um estalar de dedos, escolhemo-nos e largamos das mãos os que as prendiam pelas razões erradas. 

A vida é demasiado extraordinária para ser gasta com quem nos drena as energias e faz o coração bater no ritmo errado. Nada é mais poderoso ou revelador do que as escolhas conscientes, a determinação perante o que importamos para nós e o que ainda TEMOS que ensinar aos outros.

Quem se disponibiliza a continuar a aprender, fá-lo com mais serenidade deixando que tudo pareça mais simples e real. Quem ouve com atenção do que falam os que podem servir de exemplo, aprimora-se para também deixar uma marca que permaneça. Quem ainda pretende continuar por aqui, cada vez mais sábio e pronto, prontifica-se a nunca desistir do que é declaradamente BOM.

Quando um fim de ciclo nos toca, passamos a querer que apenas os toques que nos arrepiam, melhoram, seguram e expandem, façam parte da equação. Quando sabemos que depois de cada final virá um começo ainda mais poderoso, desatamos a correr quando antes caminhávamos e desejamos passar a voar para podermos sobrevoar o que ficou para trás, mas nunca deverá ser esquecido, porque apenas dessa forma evitaremos repetições penosas. Quando dizemos BASTA com convicção, somos MESMO ouvidos.

Tens um brilho especial e és única, mesmo que mais ninguém o veja, se não eu. Sabes como te mover e de cada vez que o fazes, moves vários mundos, o meu incluído. A tua beleza vem tão de dentro que apenas os olhos a consegue expelir, mostrando o que vale mesmo a pena ser visto. És a tal, a que tanto desenhei na mente, mas que agora me chegou. Tens o que basta para que esteja assim, apaixonado por ti, vendo-te até quando pareço não estar a olhar para lugar algum. 

Já fui tão desligado do mundano, que apenas agora percebo o quanto estive perdido sem ti. Transformas o simples no que importa verdadeiramente e fazes de mim a pessoa que queria mesmo ser. Por vezes não acredito que me pertences e que estás em todos os novos acordar, mas como já não me dou demasiada importância, achando que sei tudo, percebi que apenas agora comecei a aprender o que significa ter amor, amando.

Os meus dedos percorrem o teu corpo tocando-te como o fazia apenas nas teclas do piano, porque elas continham todos os sons que agora trauteio enquanto te amo e amar-te já é tão natural e seguro, que deixei de o pensar para apenas o sentir. Os meus lábios nunca mais ressecaram perante a falta de outra boca à qual beijar, agora carrego o teu sabor doce todo o dia e começo todos os dias a beijar-te como se fosse a última coisa que pudesse e desejasse fazer.

Tens o que me restaura a fé no único sentimento que tomei por garantido e do qual me afastei achando que estaria seguro. Tens as certezas que carregam as almas puras e por isso agradeço, de forma veemente, as que te trouxeram para mim.

Não cresças, é uma armadilha!

Isto é o que ninguém nos conta e ainda fazem parecer, por norma, que a vida de adulto trará tudo o que faltou enquanto lutávamos, internamente e com os outros, para termos uma voz. O que o mundo pretende é que sejamos iguais a todos os outros, não dando demasiado trabalho, pensando pouco e reagindo apenas ao que surgir, por norma baseado no que nos fizeram acreditar ser verdade. 

Crescer e andar por aqui, é ter as manhas necessárias para suportar o mau carácter e a negatividade de muitos. Vamos ter que aprender a lidar com os mal formados, os mal amados e os que nunca se sentem bem com nada, reclamando até da sombra e por consequência colocando uma nuvem bem negra sob as cabeças mais desprotegidas.

Estamos na era dos conselhos, das dicas infalíveis e das receitas que supostamente funcionam bem, mas estamos a ser inundados das energias que as pessoas carregam, boas de quem se vai reconstruindo diariamente, mas muito más das que estão irremediavelmente danificadas.

Ninguém me disse para não ter pressa em crescer e talvez por isso me tenha deixado embalar pelos cenários embelezados, mas felizmente acabei por perceber que deveria ser um processo levado a cabo com muita consistência, ou de contrário iria arrepender-me, amargamente, de não me ter permitido mais meninice e leveza.

Quando os nossos dias são iniciados e vividos em função dos sonhos que carregamos, não como pesos, mas a saberem ao que pode mesmo ser nosso, passamos a deixar de girar e girar em círculos e mantemos os pés no chão, mas capazes de flutuar. 

A magia acontece quando e de cada vez que nos recordamos do que já fomos e onde estivemos antes, porque só pode ter sido dessa forma, pelo menos para mim que sinto e oiço, de forma distinta, os sons que já me pertenceram e permanecem familiares. Somos da dimensão que formos capazes de antecipar e permaneceremos grandes se soubermos que direcções seguir. 

Quando os meus dias são tranquilos o bastante para que nunca deixe de me ouvir, somo todas as sílabas das palavras que apenas eu sei de que forma juntar, para que me inunde do que mais ninguém consegue. Quando já não parto antes de ter chegado, mas vou assim que ficar deixe de servir, percebo o quanto a minha percepção do EU interior me resolve as escolhas difíceis. Quando já não me disponibilizo para ensinar o que eu mesma tive que aprender, recolho-me, encosto-me bem para trás e contemplo o que tenho e sou agora, vivendo e deixando viver.

Quando os nossos dias se conjugam para não nos defraudemos do que dizemos ser, até as dores mais profundas se esbatem!

Finalmente e quando já julgava estar a conseguir menos do que me propusera, chegas tu. Finalmente trazes algo de novo e vens com tudo, tal como na canção que ouvimos juntos pela primeira vez e cuja letra nos fez tanto sentido. Finalmente o céu ficou de repente azul e tudo se revelou de forma clara. Finalmente e sem que o soubesse, passei a saber o que me fazia falta e deixei para trás as dúvidas que já me corroíam corpo e alma. Finalmente o repouso do guerreiro e o pousar seguro da cabeça na almofada que agora partilhamos. 

Bem dentro de mim, sem que me atrevesse a questionar, já carregava todas as respostas às perguntas que agora me fazes. Sou o teu porto seguro, mas é em ti que pretendo navegar, mantendo-me vivo e cheio de vontade de continuar a querer que aprendas a querer-me assim, como te demonstro todos os dias. Não te tomo por garantida e de cada vez que acordo, belisco-me para me espicaçar a vontade de te manter acordada para mim. Tenho o que tanta falta me fazia, porque o sentia sem que soubesse quando terminaria a vontade e chegaria a realidade. Sou a parte que a tua preenche e é tudo o que quero.

Finalmente a ponta do sofá deixou de estar vazia e sempre que a olho, está a olhar-me de volta a mulher da minha vida!

O processo de autoconhecimento não é de todo desprovido de dores, de dúvidas e de afastamentos. Somos duma massa específica e queremos, assim que a reconhecemos, viver e respirar no nosso ritmo, sem nada nem ninguém que nos apresse as decisões, ou nos carregue de energias que nos deixam a rodar de incertezas.

Em tempos achei que deveria saber tudo sobre mim, o mais rápido que conseguisse e sem demasiadas variações, mas apenas para perceber que tenho tempo e que a cada dia encontrarei mais um pedaço, saberei interpretar melhor um olhar e conseguirei ouvir-me respirar sem pressões. Sou complexa o bastante para precisar de mais horas, mas acredito que me tornarei suficientemente simples, para mim, para que consiga aligeirar as minhas decisões, beneficiando-me em todas as etapas.

Deixar-mos de lado o convencional, o fácil, sendo apenas reactivos e julgadores, não me move. Abomino quem se isola, num casulo roído e bolorento, mas que se recusa a viver a vida como ela se apresenta no agora, no hoje, nestes instantes que nos pertencem enquanto estamos conscientes e prontos. Afasto-me do que não me serve, não perco tempo a analisar, até à exaustão, o que não me reflecte. Asseguro-me de que apenas estou onde me sinto inteira e de que não faço fretes, porque a minha alma agradece e o meu corpo sossega, permitindo-me estar mais presente e mentalmente disponível.

O processo de triagem dos que estão, os que chegam e os que esbarram em nós, é sério e não deve ser adiado, sob risco de nos deixarmos "pendurados" num limbo de NÃO decisões. O que TEM que ser feito, deve sê-lo de imediato, porque a vida não espera pelos indecisos e por norma esbofeteia-os com violência.

As Nightbirde said, an american woman with less than 2% chances of surviving cancer - "You can´t wait for life to stop being painful, before you decide to be happy".

In the end it´s all about choices, hopes, desires and strong will. We are so much more capable of everything. We can recah higher and go further. We can give us chances that will take us exactly where we have invisioned. In the end, after the end of every day, we wont be the same, unless we refuse to change, to see, to trust and believe. In the end it´ll all be about how much we were capable of enduring, but figuring out the tiny little things around us, because they also matter and they also add up.

Life is tough, for most if not for all, but it is so amazing and fulfilling. Life comes at the exact measure of our hability to stand still, reaching for the strength we all have inside, but tend to forget. Life is this, here and now, so we better learn, fast, how to get the most of it.