1.11.21

Quando é que os opostos se atraem?

novembro 01, 2021 0 Comments



Quanta diferença toleramos na nossa aparente semelhança?

Sou das que acredita, porque já vi o suficiente nas minhas 5 décadas de existência, que os opostos só se atraem na física, pessoas demasiado diferentes, com objectivos que não se cruzam e com vivências e experiências que chocam os outros, jamais poderão esperar o "para sempre", quando muito uns mesitos de respiração ofegante. Precisamos de falar a mesma língua, usando a mesma linguagem, porque usar gestos, de forma indefinida, apenas nos esgota e amassa cada expectativa.

A vida amorosa também comporta ciclos e os que chegam quando estamos a dar os primeiros passos, lá pelos vinte, permitem que se aguarde, procure, trabalhe os feitios e se aprenda sobre o outro, apreendendo qualidades e defeitos. No entanto, quando se chega à minha faixa etária, a formatação já se deu, a vida já nos levou, trouxe de volta e esbofeteou umas quantas vezes, assim sendo a margem de erro é minúscula, tal como o tempo que se encolhe a cada respirar. Nunca me atreveria a arriscar numa relação cujo parceiro fosse o meu completo oposto. Jamais me veria a ouvir palavras que não ressoassem com as minhas. O talvez deixou de fazer parte do meu vocabulário, agora ou é, ou é. 

Onde se encaixam então as cedências?

Posso ceder o meu lado da cama, a melhor parte do bife e até metade do meu cobertor, mas não cedo para deixar de ser e de existir, passando a fingir que eventualmente talvez lá para a frente a coisa se dê e o desejável aconteça do nada. Não cedo em valores, em posturas, em respeito e em tolerância. Não me disponibilizo a acatar com hábitos que se mantêm apenas porque se descarta o novo. Não me identifico com quem não olha para o mundo com a intenção de o ver, mas tão somente para o criticar, avaliar e comparar. Não sou a metade de ninguém, continua inteira e determinada a esbarrar em quem já o seja.

Os opostos existem para que a diversidade se mantenha, mas tal como o sal jamais adoçará o açúcar, a noite também nunca substituirá o dia, a luz natural que nasce a cada acordar não é a mesma que a artificial que nos ilumina e mostra o caminho. As perspectivas até poderão mudar tudo, mas continuo determinada a chamar os bois pelos nomes, ao invés de me enganar, mesmo que com a melhor das intenções.

Não concordas com as minhas considerações? Pois, devem ser os opostos em rota de colisão.

29.10.21

Quem sou eu para achar que sei?

outubro 29, 2021 0 Comments

Quem sou eu para achar que sei o que sentiste quando escolheste não me escolher? De onde me vem o direito de te julgar sem saber do que padeces, do que te deixa mais vivo, de bem contigo e até feliz? Por que motivo considero ser mais fácil considerar-te cobarde ao desistires, ao invés de apenas entender que simplesmente não era a tua pessoa certa? Quem me mandou fantasiar o que não passou de apenas um desejo envolto na vontade de apenas saberes do que era feita?

Uma relação é composta por duas pessoas, um mundo inteiro a julgar, de todas as pessoas que nos impulsionam a seguir em frente, mas também das que apenas respirarão melhor se o nosso suspiro se apagar. Uma relação, qualquer que seja e independente do que a moveu, tem que saber muito bem ao que vai, o que precisa de fazer para que o amor se faça para além de todas as dúvidas e medos e que armas utilizar quando a dor se instalar. Uma relação, por muito bem que comece, precisa de ter o que a manter para sobreviver a cada acordar, continuando muito para além da noite.

Quem achei que era quando decidi que nunca te iria sentir a falta? Porque é que acreditei que não me revolverias os sonhos, matando-os logo de seguida, mesmo que os repetisse, na esperança de te voltar a ouvir, tocar e sentir? Quem me certificou, como se fosse possível catalogar os sentimentos, que me bastaria olhar para os teus defeitos para agradecer a fuga antecipada? O que achei que já sabia quando soube, à força, que me farias mais mal do que bem, mas que ainda assim te amaria até deixar de conseguir pensar, ter memória e perder os sabores a que me soubeste?

Quem sou eu afinal para achar que sei que nunca ficarás melhor sem mim?

28.10.21

Seria tão mais fácil simplesmente acreditar!

outubro 28, 2021 0 Comments



Seria fácil acreditar que procuramos todos a melhor versão de nós mesmos, mas na realidade, deparamo-nos com quem se foca no outro apenas para julgar todos os passos dados e os que ainda faltam assimilar. A nova humanidade, a que já sobreviveu a tanto, está a cada dia mais amarga, ressentida, egoísta e incapaz de encher o resto do "copo" para se sentir inteira.

Foca-te no que importa verdadeiramente. Trabalha, diariamente para saberes quem és, de onde vieste e onde pretendes chegar; Arma-te de emoções que te preencham o bastante para que possas preencher outros; Acredita no bom que existe em ti e transforma-o em algo ainda mais grandioso, para que te enchas do que farás sobrar; Cresce em integridade e dá na proporção do que eventualmente receberás, porque mesmo que demore, seguramente chegará quando mais precisares; Deixa de lado a inveja que apenas te consome quando te focas nos talentos dos teus semelhantes, porque como disse Martin Luther King, "Nem todos poderão ser famosos, mas todos poderão ser grandes" e a grandeza advirá do que fizeres e que será bem maior do que tu, se estiveres ao serviço dos outros.

Seria muito fácil acreditar que de repente, como que num passe de mágica, cada um de nós conseguiria MESMO olhar o outro como espera ser visto, mas mesmo que sem qualquer intenção de impedir a realidade de entrar, recomendo que se continue a sonhar. Seria muito mais fácil acreditar que já chegámos todos "lá", mas a viagem ainda está BEM longe de se iniciar.

26.10.21

Are you a people pleaser?

outubro 26, 2021 0 Comments



People pleaser, não sou nem tenho perfil para. Recuso-me a ser a pessoa que apenas faz o que deixa os outros bem e que se sonega o direito de dizer o que lhe vai dentro, sendo real e verdadeira. Comigo não existe a opção de fingir sorrisos, usando os amargos intestinais nas costas. Nunca faço favores e não papo grupos apenas para fugir à solidão, até porque quando nos sentimos sozinhos, os outros nunca terão forma de arrancar o sentimento, por mais barulho que façam.

Já ouvi e é muito comum nos dias de hoje, o lema do "eu sou assim e ou queres ou queres", isso é prepotência e narcisismo. Nunca precisei de levantar a bandeira da malvadez, sendo rude e propositadamente desagradável, apenas para fazer valer os meus pontos de vista. As palavras já foram todas inventadas, por isso embora lá usá-las, cada uma para a respectiva emoção ou sentimento. No entanto, tenho alguma acidez para os ácidos, dureza, para com os rudes e ironia para com os que se fingem de burros, porque a verdade é que não existem pessoas burras, apenas limitadas e indisponíveis, sobretudo a aprender.

People pleaser, NÃO mesmo, porque nem sei como o faria, seguramente que me esborracharia inteira na primeira frase, é que finjo MUITO mal. What you see is what you get ( o que vês é o que recebes) sem tirar nem pôr, para o bem e para o mal, mas posso afiançar que quem comigo priva, por me merecer respeito, terá sempre lealdade, solidariedade, tempo de qualidade e coração, porque esse sempre esteve no lugar certo.

23.10.21

Que laços te unem a mim, para além do amor?

outubro 23, 2021 0 Comments



Que laços nos unem verdadeiramente aos nossos e que vida passámos aos que, a uma dada altura, dependeram inteiramente de nós?

O passado é suficientemente cruel para não nos permitir remissões, por isso as acções, as palavras e até os silêncios, deveriam ser muito BEM ponderados. É tanto o que se semeia na terra ávida de conhecimento, que deveríamos ter um mestrado em comportamento humano para não marcarmos, muitas vezes a ferro e fogo, os que não tiveram o poder de escolher. Ser pai, ou mãe, vai muito para além dos planos para a compra das roupinhas, as consultas ao obstetra ou a escolha do parto. Trazer ao mundo um ser, é um projecto que apenas terminará quando partirmos e é com essa noção que procuro por traços que me assegurem de que o meu trabalho foi bem feito. Não consigo evitar sorrir com o coração sempre que os sinto confiantes, determinados e genuinamente boas pessoas. Encho-me de orgulho perante cada obstáculo ultrapassado e por tudo o que afinal absorveram enquanto me esforçava, a cada segundo, para que a força emocional os acompanhasse. Durmo mais serena, mesmo que numa eterna intranquilidade perante o que ainda os espera, quando tenho provas do carácter, do amor e respeito pelos outros.

Os laços que criamos com os nossos filhos, permitindo que se construam sob a nossa supervisão e desarredando completamente do cenário qualquer vestígio de egoísmo, porque não nos pertencem, apenas nos são enviados como forma de formação social, tem que ser inquebrável. Tudo o que somos e temos lhes pertence e se cola, de forma indelével, mas inevitável. A nossa força dobrará a deles e as nossas fraquezas deixá-los-ão mais vulneráveis e nada do que dissermos e fizermos passará em vão, ou deixará de ser notado.

Que laços queremos ver perpetuados nas relações que os nossos filhos irão ter? De que forma lhes passaremos, consciente e determinadamente, as ferramentas que lhes salvarão das inevitáveis dores, impedindo-os de permanecer demasiado tempo no lado escuro da vida?

21.10.21

Tens pedras no caminho?

outubro 21, 2021 0 Comments



Pedras no caminho, vais ter sempre umas quantas e a frequência com que chegarão dependerá sempre da tua atitude. Podes escolher ser passivo, acusando o mundo e arredores por tudo, ou, podes tão simplesmente analisar, perceber e fazer escolhas diferentes. Se os cenários se mantiverem e se os resultados permanecerem iguais, então as atitudes estarão definitivamente a ser replicadas.

Não sou sempre focada, forte e optimista, também carrego programas emocionais que me deixam prisioneira de todo o lixo com que me inundaram, os que supostamente deveriam saber tudo e sobre os quais, na minha então "burrice" ou "inocência" acreditei carregarem maior evolução. Não sei sempre o que fazer num momento crucial, mas disponho-me, cada vez mais, a analisar o que me rodeia, analisando-me e procedendo a alterações de rota, agora o que não domino e contra o qual luto a cada segundo, é o tempo, o quando e o como. Para quem como eu gosta de controlar, escolher e separar, a maior lição está a ser a da calma e paciência. Sei o que quero, mas a dada altura da minha vida, muito lá para trás felizmente, percebi que apenas NÃO saber o que queria, por si só nunca bastaria, nem me levaria a lugares novos.

Pedras no caminho, não preciso de as afastar a todas, mas desejo ardentemente que diminuam em tamanho a cada acordar e que nunca me permita adormecer em serviço, sob risco de ser soterrada pelas que alguns desejam "empurrar colina abaixo". 

18.10.21

A era do faz de conta!

outubro 18, 2021 0 Comments


Não posso deixar de achar curioso que algumas pessoas permitam que determinadas características as definam, mantendo-as numa sombra que lhes encobre a personalidade. Temos de tudo, dos cabelos, às unhas, até às escolhas no que toca ao vestuário. 

Será uma forma intencional de camuflagem, para que se escusem a um escrutínio mais interno? Será que somos apenas o que aparentamos? Por esta altura já saberemos todos a resposta, mas quando a vontade de cada um parece passar mesmo por um escudo voluntário, escolho surpreender-me. Usamos todos umas quantas máscaras ( e já nem me refiro às protectoras), mas porque razão evidenciá-las, carregando-lhes na cor e no formato? Que medos e inseguranças terão colados à pele, para que se atribuam uma segunda, ou até terceiras?

Estimo que ainda terei pela frente uns quantos anos de autoconhecimento, mas continuo, de forma persistente, em busca do que me define e por isso mesmo, descasco a pele, camada por camada, diariamente e não me faz qualquer sentido acrescentar o que não me leva inteira aos outros, mas isso sou eu.

O que vestirão à noite, quando supostamente se despem do mundo que criaram e quem serão mesmo capazes de ver de cada vez que se olharem ao espelho?  

Estamos a viver claramente na era do "faz de conta"!