17.12.21

Decidi que não quero passar pela tua perda!

dezembro 17, 2021 0 Comments



Decidi que não quero passar pela tua perda. Não me sinto capaz de parar de sentir o teu cheiro, de já não ter os teus olhos pousados em mim e de nunca mais ouvir o som da tua voz. Foi com ela que me conquistaste, o teu timbre fez mover tudo o que tinha dentro e teve o poder de me arrancar um arrepio bom. Não quero passar pela tua perda, recuso-me a ter que cuidar de tudo o que é suposto quando a viagem termina. Não conheço assim tao bem as minhas forças, não dessa forma, por isso não me apetece testá-las. 

Decidi que os finais não compensam a viagem, talvez porque esteja apenas a ser paranoica ou cobarde, mas a realidade atinge-me sempre que tenho que viver perdas alheias e ultimamente são muitas. Estou seguramente mais frágil, sei-o porque fujo qual condenada de filmes que me façam romper o saco lacrimal. É oficial, os pés já estão na entrada da idade perigosa, aquela onde se empola tudo, receia os sonhos que roçam os pesadelos e se esbarra na dificuldade de relativizar.

Decidi que não quero ser a que fica para trás e tem que confortar os que acreditam estar a sofrer ainda mais. Decidi que perder-te não compensa ter-te tido, por isso escolho ficar apenas eu, sem as cortinas que declaram o final e sem as eternas frases motivadoras, mas apenas para quem as usa. Decidi hoje, de forma mais determinada ainda, que se é para te chorar e depois ter que arrancar à força para poder continuar, então não te quero ter.

Nunca tivemos tanto e sentimos tão pouco!

dezembro 17, 2021 0 Comments

Lost in the crowd by Brent Jones


Nunca tivemos tanto e sentimos tão pouco!

Vivemos perigosamente insatisfeitos, querendo só porque sim e não usufruindo, na íntegra, do que nos chega, muitas das vezes através de imenso trabalho e empenho. Descartamos rapidamente cada item, pessoas e até lugares, porque o foco está sempre no que vem depois e ainda não conquistámos.

Já não se sente devagar, saboreando e tentando descortinar cada "ingrediente", agora partimos para a presunção, consideramos saber de tudo e na realidade não sabemos de nada. Se o analisarem comigo, vão entender que quem não se conhece, porque gasta do seu precioso tempo a TENTAR conhecer o que lhe é externo, nunca saberá do que importa e é realmente válido. As mudanças começam por dentro e apenas depois se estendem ao que nos rodeia, incluindo ou excluindo outros. Dá trabalho, ui se dá e obriga a sossegar a mente que deixamos aos saltos para que não tenhamos que nos perscrutar. Parar para reajustar, força a mudanças que nem todos pretendem fazer, porque é na zona de conforto que pretendemos, a maioria de nós, viver, ou será que é sobreviver?

Nunca tivemos tanto acesso a informação, a formação e a crescimento emocional, mas estamos a cada dia mais pobres e pequenos. Porque será?

16.12.21

Que tenhamos todos um Feliz Natal!

dezembro 16, 2021 0 Comments
Sue Amado´s photo


Chega ao final mais um ano e com ele os desejos dum Bom Natal. Desta vez impõe-se, ainda mais, devido a todo o cenário inimaginável que ainda vivemos, que desejemos o melhor para os que amamos, para os que conhecemos e para o mundo em geral, porque dele fazemos todos parte. Tentei tirar o melhor do pior que me chegou e forçou a sossegar, no entanto tornou-se claro que me consigo elevar e melhorar, atingindo o que anteriormente me parecia quase impossível. Não necessito de mais nenhum ano que se equipare aos de 2020 e 2021, lagarto, lagarto, lagarto, mas espero poder ver melhorias que surjam muito para além das pandémicas, porque o ser humano TEM mesmo que se reavaliar e unir. Que este seja mais do que um mero desejo de Natal. 

Afinal já gosto muito mais de mim!

dezembro 16, 2021 0 Comments

Por vezes permito-me perceber que fiquei tão confortável comigo, que incluir outro que não eu mesma, já estará demasiado distante. Sou humana, caso existam dúvidas, mas ter o meu tempo, cada pedaço de hora e todos os minutos geridos pela minha vontade e capacidades de avançar, recuar, aceitar erros ou negá-los de todo, tornou-se difícil de recusar.

Não tenho o coração fechado, não a sete chaves, na realidade até considero que nunca o tive tão pleno e saudável, mas permitir que o questionem ou exijam o que já não pretende dar, afasta-me do mundano e remete-me para o mundo que vou criando, colorindo-o sem que me importe com a paleta que dizem ser a certa. Nas minhas mãos estão os pincéis, as tintas, a escolha livre do desenho e o tempo para o fazer. Não me afastei da vida como existe, estou até mais disponível e atenta, no entanto, e porque evoluir é isto, escolho o que fazer com o que me dizem, atiram em formatos mais ou menos perceptíveis, ou deixam que se apague sem que alguma vez o venha a perceber.

Por vezes duvido desta nova mulher, talvez porque já seja a que tanto desejei e achei não ter como conquistar, não nesta vida, mas depois percebo que apenas poderia ser desta forma, agora, e nem um minuto antes. Por vezes estico a minha resistência física e mental, mas os resultados são tão visíveis e permanentes, que o esforço passa a ter outro nome. Por vezes ser eu dá uma enorme trabalheira, mas a vantagem é que já ninguém sai lesado. Por vezes olho com mais atenção para o espelho que me reflecte e rasgo um enorme sorriso porque gosto muito mais de mim.

15.12.21

Ainda não encontrei amor maior do que o teu!

dezembro 15, 2021 0 Comments



Ainda não encontrei amor maior do que o teu. Ainda não tive, nem terei, outra pessoa para quem me voltar que me proteja da chuva intensa e me mantenha segura. Ainda não me deixaste desistir, sobretudo de mim e é por ti que caminho, mesmo que receosa, porque sei que és o meu chão. 

Nunca fiquei demasiado tempo na tempestade. Nunca vi esfumarem-se as forças que me passaste quando me sopraste que estarias sempre e para sempre. Nunca tive amigo maior, nem noites demasiado longas, porque trataste de me trazer para cada um dos dias que agora vivo por ti. Nunca deixaste que parasse de acreditar que conseguirei tudo o que colocar na mente, porque ela está preenchida com o mais puro de ti. Nunca chorei sem que me limpasses as lágrimas que apenas serviram para me lavar por dentro.

Ainda oiço a voz que aprendi a reconhecer, a que me fala do que aprendi quando era suposto e que nunca me afasta do me ensinou ser certo. Tenho em mim as mãos com que me seguraste quando quase caí e é com elas que me reergo, afastando-me do chão que teima em puxar-me. Falo para que me oiça com as palavras que me representam, mas também me calo para que os sons não ofusquem o que ainda precisarei de saber para que eventualmente carregue a tua sabedoria.

Ainda não me desiludiste uma vez que fosse e é com a tua confiança que confio no nosso para sempre. Tenho alguns medos, mas ter-te, dia e noite, afasta o que nem tu poderás assegurar, mesmo que cuides de me proteger do mundo lá fora. 

14.12.21

Socializar versus repetir e clonar!

dezembro 14, 2021 0 Comments


Será que a nossa necessidade de socializarmos nos leva a aceitar tudo e todos quantos chegam? Os tolos, os incultos, os cheios de si mesmos, os que vão e que quando voltam já mudaram mil e uma vezes de opinião? Será que querer pertencer nos tolhe o discernimento e induz a uma cegueira temporária?

Nunca fui fã do carneirismo, ou sequer das modas, o que aparentemente servia aos outros, qual fato feito por medida, a minha sabia-me a clonagem e como não somos de todo iguais, sempre dei primazia à diferença que nos completa.

Será que é o medo da solidão que nos atira para a multidão solitária

Ter opinião própria obriga a pensar, percebo-o, mas o acto impede-nos tão somente de desligar o cérebro, continuando a alimentar o que nos conduz. Distinguir o certo do errado, o tempo que apenas pertence ao outro, salvando o nosso, pode ser solitário, mas é sem qualquer dúvida enriquecedor e acaba por nos fortalecer.

Será que precisamos do efeito espelho para conseguirmos ver os outros?


Acabaste de conquistar o meu silêncio!

dezembro 14, 2021 0 Comments



Somos um percurso em constante evolução e por isso a tal da consistência apenas serve aos que não pretendem mudar, melhorar ou aprender!

Já fui uma acérrima defensora das palavras, sempre e para solucionar tudo, mas hoje, mais velha e muito mais sábia, sei que os silêncios terão que ser oferecidos a uns quantos, para que mantenhamos em nós as palavras que importam. Algumas pessoas nunca irão mudar, nem aceitar que erraram em determinado "sinal vermelho". Algumas pessoas farão de tudo para se imporem, descartando a importância que carregamos todos. Algumas pessoas terão como missão a nossa evolução e crescimentos e é por esse motivo que umas quantas, tal como eu, de repente escolhem o silêncio, remetendo-se ao lugar e posições que trabalharam para ter.

Cabe-me no entanto contextualizar, porque NUNCA me remeto aos silêncios só porque sim e por desistência, lá atrás, quando me cabia e fazia sentido, usei de muitas palavras, todas as que conheço, para me explicar convenientemente e fazer passar, sem qualquer dúvida, o que permito e o que NUNCA permitirei. Pisei e repisei pontos importantes, dei inúmeras possibilidades, todas as que seriam humanamente possíveis e só depois, muito depois de constantes recusas e incapacidades, me remeti ao silêncio que já ninguém terá forma de quebrar. 

Sendo a mulher que pensa, que escreve e que não receia qualquer emoção, porque é delas que somos feitos, sei valorizar o tempo que as palavras demoram a percorrer a distância entre o que sou e o que alguns nunca irão ter forma de ser. E é assim, não sem alguma surpresa, que já consigo entender os que se calam para sempre. "Se conquistaste o meu silêncio, então jamais saberás o poder que a minha voz teria para te sarar e ajudar a evoluir".