4.3.22

Será que precisas de mais?

março 04, 2022 0 Comments



O que precisas não é do que está em falta, ou sequer do que sonhaste e colocaste numa rigorosa lista que ninguém parece conseguir igualar. O que precisas já tens, existe e está à distância da mão que quiseres estender, porque seguramente será tocada por alguém. O que precisas e que acreditas ter critérios tão rigorosos que deverão ser preenchidos, é tão somente do amor que sentes e que deverás permitir para que te amem de volta. O que precisas é de mim e se não me tiveres nunca saberás a falta que te poderei fazer!

O amanhã continua a parecer mais importante do que o hoje que está aqui, e é nele que nos focamos, numa busca que não cessa e que nos delega para segundo e terceiro lugares. Esperamos pelo que ainda não temos. Procuramos os sabores novos e desprestigiamos os de sempre e carregamos desejos que já poderiam ter sido satisfeitos, se ao menos nos ouvíssemos com atenção e não comparássemos, de forma incoerente, o que nunca poderá ser nosso. O futuro parece a tabela para as conquistas, os sucessos adiados e até os lugares que já deveríamos conhecer. Mas o futuro é tão somente um momento no tempo que seguramente iremos abraçar, porque é no aqui e agora que todos os abraços nos deveriam saber bem. O futuro é o que nos impulsiona a não repetir passados, a alguns de nós, mas a outros, será apenas a roda que gira sem interrupções e na qual não se medem distâncias e se ignora comportamentos que nos marcam como ferros em brasa. O amanhã virá, talvez para mim e para ti, mas visto ser tão impossível de prever quanto de sentir, só nos resta o hoje para que a preparação seja bem feita.

O que precisas é de precisar de cada vez menos, porque com o tempo, os olhares mais sábios e as escolhas mais serenas, terás sempre o que te faz falta. O que precisas é de já não precisar de mim, sabendo que já estou aqui.

3.3.22

Tudo, todas e todos, aqui, num mesmo lugar!

março 03, 2022 0 Comments

Tudo o que nos rodeia influencia o que fazemos, quem somos em momentos diferentes e o que nos sentimos capazes de dar, doando-nos mais ou menos, bastando que o tempo mude e o mundo gire, sempre para o mesmo lado, mas parecendo ser ao contrário. Tudo o que nos disserem afeta a forma como nos ouvimos, ouvindo bem ou mal, melhor ou pior, as palavras de sempre, porque a maioria apenas se repete. Tudo o que temos dentro sairá eventualmente e nem sempre nos melhores momentos, ou exactamente quando era suposto se já nos conhecermos o suficiente. Tudo o que já sentimos quando sentir poderia parecer um luxo, chegará para nos ensombrar ou apaziguar das escolhas, boas ou más, mas provavelmente as possíveis.

Se dúvidas houvesse de que somos únicos, iguais em tantas diferenças e ainda assim tão diferentes que colidimos com os que não se identificam ou entendem, bastaria que olhássemos, atentamente, para os movimentos que o corpo expressa até quando parece estático e para as palavras que jorram sem que as possamos controlar, ou que quase nos sufocam porque as escolhemos reprimir. Se servíssemos para completar a mesma taça, nunca teríamos como brilhar e alguns nunca seriam tão pouco que quase parecem não ser nada.

Todas as razões que encontramos para justificar o que fazemos, nem sempre justificam o que está errado à partida, mesmo que nos sacie a boca e conforte o corpo. Todas as desculpas que arremessamos para que aceitem o que não fazemos quando era suposto, ou fazendo fora do tom, do espaço e do que nos é humanamente permitido, não desculparão o que nunca será certo. Todas as pessoas nos merecem o tempo que precisaremos para nos certificarmos de que são quem permanecerá, ou percebendo que nunca poderão ser nada que nos encha e preencha a alma já tão fustigada. Todas as emoções que provocamos por já estarmos plenos das que nos bastam, apenas servirão para que percebamos o quanto somos necessários na vida de alguém, ou como nunca faremos falta alguma.

Tudo o que vai volta, tal como tudo o que arremessamos, com mais ou menos cuidado, ser-nos-á cobrado ou oferecido, a escolha é nossa, sempre e cada vez mais nossa!

2.3.22

Vou ali e já volto!

março 02, 2022 0 Comments

                       

Sue Amado´s photo


                                    Existem lugares com poder e este é seguramente um deles!

Nem sempre...

março 02, 2022 0 Comments



Nem sempre te consegues convencer do que tantas vezes repetes, talvez até à exaustão, esperando que pelo menos assim pareça certo. Nem sempre sentes da mesma forma, a ti ou aos que te rodeiam, que vai e volta te sugam as energias que demoras a acumular. Nem sempre sabes o que dizer a quem confia na tua aparente sabedoria e muitas vezes sentes uma vontade gutural de lhes gritar que não sabes sempre tudo e que seguramente dias haverá em que não saberás NADA. Nem sempre as músicas que te movem e deixam em alta conseguem operar o milagre de te curar dum dia difícil. Nem sempre estarás cheia da coragem que já te classifica e os medos de outrora encherão o teu coração de dúvidas, de questões a que ninguém parece saber responder e de desejos que colidem com o que já não pretendias desejar. Nem sempre passarás bem sem o amor que não tens e por vezes até que darias um membro para que ele já se tivesse instalado, definitivo, seguro e confiante. Nem sempre terás o olhar que sossega as mentes inquietas e por vezes até tu mesma estarás num reboliço emocional que assusta. Nem sempre serás apenas sorrisos seguidos de um anuir de cabeça confiante, confirmando o que dizem de verdadeiro e corrigindo, de mansinho, o que julgavam ser certo. Nem sempre o teu corpo saberá o que fazer com a mente que lhe arranca, deliberadamente ou não, o prazer que merece, mas quase sempre responderá ao chamado, aguardando, tranquilamente, pelo dia em que o seu dia chegará. Nem sempre serás a tua melhor versão ou sequer maior amiga, mas com determinação e toda a paz emocional que acumulaste, voltarás para te restaurar, desculpando-te do que afinal ainda te falta aprender. Nem sempre conseguirás deixar de te arrepender do que não foi para sempre, mas com tudo o que te define e depois de passada a tempestade, aceitarás que não poderia ter sido de outra forma. Nem sempre gostarás de ti como já percebeste ninguém conseguirá, mas apenas para que te reformules e acabes a gostar ainda mais. Nem sempre a inspiração virá em catadupa, enchendo-te de todas as palavras que precisas de derramar, no entanto estarás apenas a preparar-te para muitas mais. Nem sempre conseguirás estar no aqui e no agora, mas rapidamente regressarás ao que fazes melhor e te foi dado confirmar. Nem sempre conseguirás que o respirar seja compassado, porque por vezes sentirás que te rasgam a capacidade de armazenares mais saudades e as dores que acumulas enquanto mãe. Nem sempre te impedirás de chorar, porque se o fizeres, repetindo ciclos e lugares, apenas rasgarás a fina película que te cobre, mas que já se revelou tão dura que te salvou. Nem sempre será sobre ti, mas tanto que gostarias que fosse...

28.2.22

Existem dias assim, como o de hoje!

fevereiro 28, 2022 0 Comments



Existem dias que nos acordam sem sabor. Acontecem momentos que não nos movem da forma certa e que insistem em assinalar tudo o que sabemos ser errado. Temos lugares que nos afastam do que juramos querer, mas também esbarramos em outros que nos permitem continuar a duvidar. Existem dias assim, como o de hoje, em que me movo sem movimento aparente e em que me torno mecânica e vazia, calando-me para que o que carrego de pesado não pese aos outros. 

Sou de muitas camadas, mas tenho-as arrancado, uma a uma, na esperança de apenas deixar as que me representam, mas existem dias em que nenhuma parece dizer de mim o que merece ser ouvido. Sou e estou, aparentemente, mais capaz e cheia de todas as legendas que eu mesma escrevi, mas existem dias em que não coincidem com o que sinto e por isso desato a sentir mal, sem nada digno de registo e riscando o que em vão ainda tento registar.

Existem dias assim, como o de hoje, em que precisava de ter saltado para o seguinte, evitando-me as explicações que não me apetece dar. Existem dias assim, que mesmo cada vez mais raros, ainda me ensombram a urgência de ser melhor e maior, porque a verdade é que não posso vencer sempre!

26.2.22

O poder da normalidade!

fevereiro 26, 2022 0 Comments

Sue Amado´s photo


O que para alguns é tão somente uma passagem, ou um lugar, para outros seria o dia normal para tanta "anormalidade" e imprevisibilidade. Que pena só darmos conta do BOM que temos quando a vida nos esbofeteia!

Algum tempo depois...

fevereiro 26, 2022 0 Comments



Algum tempo depois, quando julgava já ter feito o que me cabia e continuava pelos trilhos que me levavam ao de sempre, percebi que ainda não vivera, não o bastante e seguramente que não de forma a que valesse a pena recordar. Passei a questionar quem era no agora e que pessoa me tornara, quando na maioria das vezes era tão invisível, movendo-me de forma mecânica, dizendo as mesmas piadas e chorando com os filmes que via uma e outra vez, como que a tentar colocar-me numa outra realidade que não a minha. Algum tempo depois de ter percebido, de forma instantânea dirão alguns, mas demasiado tarde para mim, que passaria a sentir a vida a fugir-me sem que mais nada me restasse fazer a não ser arrepender-me do quão pouco a vivera, quebrei, chorei por mil anos e parei. Os por-do-sol são agora mais grandiosos e já não voltarei a perder nenhum, até que mais nenhum dia reste. O sol continua a nascer para que o veja, mesmo quando as nuvens me ensombram o desejo de o sentir, enquanto me queima a pele e me recorda de que ainda estou viva e que ainda sou eu até que termine. Os silêncios são cada vez mais ruidosos porque os pensamentos, os sonhos e os desejos que engarrafei para usar mais tarde, já não terão como me acompanhar. As vozes somem-se e deixo de ouvir as palavras que me pareceram sempre as mesmas e que agora sei não me terem ensinado nada, ou tão pouco que não encontro em nenhuma a capacidade de me arrancar a dor que ficou e que permanecerá até ao tempo e momento de deixar de sentir. Algum tempo depois, quando finalmente processei o que me dizia quem me entregava a sentença para uma pena curta, sem possibilidade de recurso e com pequenas e inseguras previsões, quase que me vi forçada a reconfortar quem não aparentava saber o que fazer com a minha finitude. Algum tempo depois, percebi que já não me restava tempo que bastasse para amar incondicionalmente quem ansiaria por mais umas quantas horas, e que acabaria defraudado, pilhado de mim e arrependido de ter acreditado que iria cumprir à risca, o que prometera e que passara apenas por poder ficar por aqui, sendo, por mais algum tempo, a âncora, o porto em dias de tempestade e o abrigo que nada nem ninguém poderia derrubar. Algum tempo depois, percebi que deixaria de ter tempo, mas que mais nada me restava fazer, a não ser continuar, até eventualmente parar, ou melhor, ser parada.