19.3.22

Não sei o que é ser pai!

março 19, 2022 0 Comments
adorable, baby, born

Não sei o que é ser pai

Não sei de que forma, sentem os medos e as conquistas dos filhos. Não sei se o coração também se lhes encolhe, até ficar demasiado pequeno para respirarem, de cada vez que a sua prole se magoa ou coloca em situações de perigo; Não sei ao que lhes sabem os beijos que dão quando ainda não lhes encurtam as manifestações de amor; Não sei se identificam os choros e se serão realmente tão fortes quanto fazem parecer; Não sei que força imprime a mão de um pai que aperta, de forma segura a do seu filho, não sei se o faz alheado de tudo, apenas porque precisa de o proteger, ou se também ele sente que enquanto as mãos estiverem enlaçadas, aquele ser que ajudou a nascer, pertencer-lhe-á verdadeiramente; Não sei se apenas concordam com as mães para que não se aborreçam, ou se sentem mesmo que elas preenchem a parte que não possuem; Não sei o que sonham de cada vez que sonham com o futuro dos filhos e se também se vão revendo no que fazem e dizem. Não sei o que é ser pai e não pretendo tomar-lhes o lugar, porque a mim foi-me atribuído um papel diferente.

O que realmente sei, após uns quantos quilómetros de vida, é que cada pai pode acrescentar aos filhos a experiência que a mãe nunca terá. Sei que o tom de voz e os movimentos do corpo serão repetidos e a serem bem-feitos, ampliarão a vontade que ainda estarão a maturar, de serem iguais, tão grandes e tão seguros quanto os seus olhos forem capazes de ver; Sei que um pai, tal como uma mãe, terá que viver, dia após dia, perto e o mais dentro possível, do coração de um filho. Um pai terá que saber quando faz falta, mesmo que não lhe peçam e raramente o farão; Sei que um pai, e cada vez teremos mais pais assim, tem uma forma diferente de adormecer e de acordar cada um dos seres que lhe foram confiados; Sei que os carregam às cavalitas, dizendo as tonteiras que precisam de ouvir para também eles serem tontos e descontraídos; Sei que lhes ensinam a chutar as bolas com a força que a mãe nunca terá e a atirar as pedras que saltam rio fora; Sei que lhes velam o sono e aconchegam os cobertores; Sei que os beijam de mansinho para que não percebam que também eles lhes têm um amor que por vezes parece não caber no peito; Sei dos planos que vão fazendo, mentalmente, sem saberem a quem rogar por ajuda e sucesso. Sei que quando os veem dar a primeira cambalhota e usar a bicicleta sem as rodinhas se enchem de um orgulho que lhes sai pelos olhos. Sei alguma coisa sobre o que significa ser pai, até porque também tive um, mas o que nunca saberei, porque não posso nem preciso saber de tudo, é do que são feitas as suas emoções. Isso cabe-lhes por inteiro, assim como lhes cabe ensinar tudo o que sabem, mesmo que lhes pareça que nunca os imitarão. Ser pai também tem um peso e uma importância que ninguém se deve atrever a retirar e mesmo que saibamos que alguns nunca serão capazes de ser o que deles se espera, a verdade é que até o que se impedem de fazer servirá de exemplo.

Desejo a todos os pais um dia tranquilo de reflexão e que não esperem, do nada, por aquilo que não foram capazes de dar, porque para um filho, terá sempre que ser TUDO. Deem sobretudo certezas e o que fizerem devolver-lhes-á a tranquilidade e a segurança que não pedem, mas de que necessitam para serem seguros. Desejo, a cada pai que não se afaste demasiado, dando à mãe todos os papéis importantes, porque elas apenas conseguirão fazer bem o seu. Desejo que aprendam a usufruir de tudo o que um filho faz, mesmo quando parece não fazer nada. Desejo que saibam o que significa ser pai e que assim transformem os seus filhos em pais que todos desejarão ter. Desejo-lhes um dia pleno de sorrisos e de abraços.

18.3.22

Vai na frente!

março 18, 2022 0 Comments



Vai na frente e prepara-me o caminho. Toma a dianteira e permite-me repousar, deixando de me preocupar com o que até consigo fazer, mas não faço assim tão bem. Mostra-me do que és feito e usa a tua força para acrescentares a minha. Sê o meu refúgio e o lugar no qual não precisarei de me esconder de ninguém, porque me manterás a salvo. Vai na frente e mostra-me o quanto estás capaz de fazer crescer o amor que me tens.

Nem sempre conquistei a coragem que me sossegaria o coração, porque escolhia a força aparente e a determinação que me quebrava por dentro, mas fortalecia aos olhos dos outros. Nunca tive, sei-o agora, quem me desse o colo que dizia não precisar e me assegurasse de que não teria que saber tudo, nem fazer tudo o resto sozinha. Aceitei, sem questionar, que nunca iria esbarrar na minha versão masculina, no homem que me conduziria, deixando-me liderar e que me amaria, permitindo-me chorar, quebrar e duvidar, mas apenas para juntar de volta todas as peças, jurando-me que não iria fugir, até porque não teria por onde.

Vai na frente, eu deixo e desta vez peço e agradeço. Vai na frente, mas não me largues a mão que passou a procurar a tua, sabendo que já sabes um pouco mais e que por isso posso respirar mais devagar, permitindo que a cabeça repouse no teu ombro seguro. Vai na frente ciente de que te seguirei sem medo, porque já lá estive, mesmo que sozinha, mas pronta para voltar a cada lugar contigo. Vai na frente desta vez e prometo que te revezarei na próxima, porque também irei estar onde te fizer falta, permitindo-te a segurança e o calor que o meu amor já te consegue passar. Vai na frente, mas olha para trás de quando em vez para que saibas que te continuo a seguir e que confio nos passos que os meus acabarão a repetir. Vai na frente, pelo menos hoje, porque preciso de te ver de outro ângulo, tranquilizando-me com as escolhas que me farão escolher melhor, mesmo que já tenha feito a mais importante.

16.3.22

Sei o que estás a lamentar!

março 16, 2022 0 Comments



Sei que estás apenas a lamentar o que deixaste escapar e te deixou a descoberto. Sei que já sabias o que pretendias fazer e que não ficaste com nenhum pingo de remorsos. Sei que não aprendeste nada sobre o amor, mas também sei que não me cabe ensinar-te. 

Quando não somos a parte que acerta o outro, nada do que fizermos alguma vez será bem feito. Há tanto que deve ser visto e revisto em cada reinício, que se o falharmos, as chances de falhas monumentais serão maiores. Somos feitos de massas específicas, queremos o que poderá não fazer sentido para quem não quer de igual forma e não raras vezes dizemos o que não soa a coisa alguma, não a quem diz o oposto. Quando o que vemos no nosso futuro está, há muito, no passado de quem se cruzou connosco num presente que apenas servirá para que nos possamos reavaliar, avançar será tão errado quanto esperar pelo que não poderá acontecer.

Sei que estás apenas a lamentar que tenha descoberto quem és e o que carregas, mas que muito provavelmente terei tão somente atiçado a tua capacidade de dissimulação e que regressarás mais forte do que antes.

15.3.22

Dias diferentes!

março 15, 2022 0 Comments

Sue Amado´s photo


O azul do céu ainda teve como espreitar ontem, mas hoje apenas um cinza a ameaçar cobrir até o ânimo, no entanto já todos sabemos que nada é para sempre!

E se estivesses mesmo aqui?

março 15, 2022 0 Comments

Se ao menos sentisse que a minha ideia de perfeição se encaixava e que conseguiria ser para ti o que representavas na minha vida, tudo o que sempre desejei já se teria instalado. Se o tamanho do amor que me dizias ter fosse realmente grande, nunca me teria sido dada a possibilidade de duvidar, quando o que sempre quis foi a pessoa que parecias representar, mas o que mais querias era tão somente que te quisesse. Se o que temos dentro bastasse para tocar quem nos toca, e chega sem aviso, mas numa espera que se eterniza, todas as estradas que percorremos, muitas delas sem saída, passariam a ser as certas. Se tudo o que fui considerando poder ter fosse mesmo meu, hoje, ou algures num tempo possível, o coração que continua a bater de forma inquieta, sossegaria, deixando-me bem mais pronta e tranquila. Se a forma como chegaste contrariasse o que nunca consegui ter, nem sequer de ti, não estaria apenas a falar do que sobrou.

E se estivesses mesmo aqui? E se tudo o que prometeste, quando nem sequer soava a promessas, mas tão somente a confirmações, tivesse sido cumprido, quem seria eu e em que lugar emocional estaria? E se nunca tivesses considerado desistir, será que ainda me manterias por perto, sabendo que uma vez contigo, dificilmente estaria com mais alguém? E se não me tivesses roubado a capacidade de voltar a amar, quem amaria hoje e de que forma estaria a receber o que me recusaste?

Se ao menos tivesse bebido menos de todas as palavras que usaste, ouvindo-as com atenção, menos coração e mais dúvidas, certamente que hoje não estaria a duvidar de todos quantos passam, mas não ficam porque não permito. Se ao menos não tivesses levado o que me pertencia e acreditei bastar para que me recompusesse do que não bastou, porque um amor que nos liga todos os botões é tão raro quanto serão os que amam sem condições, já não precisaria de escrever sobre ti. Se ao menos soubesse porque motivo me impediste de te oferecer tudo o que dizias precisar e que até tinha, não me negaria os corpos que poderiam manter o meu vivo. Se ao menos já tivesse parado de doer e as perguntas se sumissem como foste capaz de o fazer, deixando-me tão vazia que mais ninguém parece conseguir que consiga ser eu outra vez, o que vim fazer já estaria feito. Se ao menos não tivesse respondido à pergunta que mudou todo o meu percurso emocional, a tua presença nunca validaria a ausência que impuseste. Se ao menos soubesse como te esquecer...

14.3.22

Quem é a mulher que vejo?

março 14, 2022 0 Comments

Sue Amado´s photo


Quem vejo agora e de cada vez que me atrevo a olhar-me com atenção?

Uma mulher nova, diferente, capaz de muito, mas incapaz de tudo o que já deixou de importar. Vejo-me por dentro e assusto-me com a falta de medo para conquistar lugares, um corpo que me acompanhe a mente, e que fustigo até que se renda, mas assustada pela falta de entrega aos assuntos do coração. Arredei-me deles e agora não sei como trazer de volta a que amava com entrega e que esperava pelo melhor, acreditando que o pior nunca chegaria. Vejo-me a olhar com muito mais atenção para o que está aqui e agora, mas TÃO incapaz de ver o que não me reflecte nem se encaixa, que acabo os dias a achar que eventualmente já não caberei em lugar algum. Vejo-me bem quando me chamam os que me conseguem manter em ambos os pés, porque precisam que lhes passe a tranquilidade que a vida ainda não proporcionou, pela falta de idade experiência e não fora essa, a mãe, e parte da mulher já se teria esfumado.
Quem é que vejo quando NADA parece digno de ser visto e o vazio se instala de forma tão ameaçadora, que me assusto com o que carrego dentro e quase me engole, afastando-me dos que apenas dizem o que já não preciso de ouvir?
Vejo a imagem que está aqui exposta, aparentemente cheia de serenidade, mas a implodir de tanta inquietude que muito provavelmente terei que me retocar também ao vivo, de contrário acabarei presa compulsivamente.
Quem é que vejo quando mais ninguém está a olhar?
Vejo a mulher que me tornarei num futuro que já me pareceu muito distante e vou confessar que gosto de tudo nela, mesmo sabendo que será a cada dia menos gostada por todos quantos não se sabem olhar e por isso não a olham com atenção.