O que dizes e o que oiço!
O que dizes e o que oiço. O que pensas e colocas nas palavras que me inundam e o que escolho entender quando na realidade entendo muito pouco. O que pensas de mim e o que receio que penses enquanto ainda tateias, sem muito jeito, pela mundo que já sou e do qual não fizeste parte. O que ainda nos falta fazer para que mais fique feito e nos poupe as dores, as avaliações desmedidas e os sons que apenas deveriam transportar amor.
Nem sempre oiço, de forma isenta, o que me atiras, talvez porque precises de me descodificar, ou de ter num lugar emocional mais seguro. Nem sempre sou tranquila o bastante para te tranquilizar quando te enches de dúvidas. Nem sempre sei o que fazer do que pareces querer fazer de mim e é isso que nos confunde.
O que dizes e o que permito chegar. Tudo o que ainda manténs dentro e que tento rebater, falando-te de mim, por vezes até à exaustão, mas recebendo sempre tão pouco. Tanto que pareces precisar de te proteger, seguramente que não de mim, mas de quem represento, a outra metade de uma vida que ainda não estás pronto para viver, mas que desejas tanto quanto a mim. O que dizes quando ultrapassas as inúmeras perguntas que dançam, perigosas, na mente que te lança algumas rasteiras, talvez para que saibas, MESMO, o quanto precisas de saber de mim para que saibamos ambos o que fazer de nós. O que dizes, amiúdes vezes, soa-me às perguntas que deixaste por fazer algures na tua vida anterior, mas que me soam a setas de fogo que me queimam as poucas seguranças que conquisto. O que me dizes, porque também o pensas, deixa-me, inevitavelmente, a pensar no que ainda te falta dizer.