19.9.23

Queria correr para ti!

setembro 19, 2023 0 Comments

"The power of love" - Acrylic by Viktoria Lapteva


Queria correr para ti, aninhar-me nos teus braços e sentir a segurança que passam os que não estão apenas de passagem. Queria poder beber da tua força, sendo da forma que se encaixasse no teu formato, mas sem esforço, nem desejos impossíveis. Queria correr para ti de cada vez que o mundo me fustigasse a mente e me esvaziasse as energias. Queria saber que sabias de cada um dos meus pontos fracos, mas que não os usarias para me magoar ou usar. Queria correr para ti com a certeza de que estarias à minha espera, por não precisares de mais ninguém. Queria de ti o mesmo que sou capaz de dar e que quisesses de mim o que mais ninguém teria.

Será que adianta procurar por quem não nos procura? Que avaliações fazemos dos que nos entram coração dentro, para que nos escureçam ou clareiem a alma? Para onde nos devemos voltar quando as partes que se tornam visíveis não espelham o que nos reflete? 

Queria poder ter sido escolhida em igual tempo, para que me sentisse verdadeiramente uma escolha. Queria querer sem embaraços, nem demasiadas explicações, porque o amor não se explica e gostava de saber ao que saberia ter tido o teu amor assim que desatei a amar-te. Queria correr para ti sabendo que saberias exatamente o que dizer e fazer comigo. Queria que não tivesse sido apenas um querer e que a realidade fosse o mais próxima possível do muito que sonhei contigo. Queria, mas eventualmente apenas para continuar a querer, até que alguém, que não tu, me consiga querer de volta.

16.9.23

Sou feita de paz!

setembro 16, 2023 0 Comments


Sou, cada dia mais, feita duma paz que me entra pelos poros e se instala, consistente e energizante, até que me envolva de ainda mais. Anseio, a todas as horas, que o certo me acerte a vontade de parar de me procurar, porque já sei quem sou, mesmo que ainda navegue em águas demasiado revoltas à minha procura. Trabalho a mente, nem sempre com sucesso, para que me deixe respirar tranquilamente, porque não preciso de segurar o mundo com ambas as mãos e porque posso desistir, por ser razoável, de esperar sempre mais dos outros. Sou a minha maior competição, os olhares de análise que corrigem cada nova direção ou escolha, escolhendo ainda continuar a melhorar-me. Sou feita da paz que passo aos outros, mas igualmente dos ventos áridos da Islândia, "limpando" tudo à minha volta. Sou e estou, bem mais contente com a versão atual, percebendo, porque a busca e as perguntas são constantes, o que faço por aqui. Sou feita da paz que desejo no amor e não desisto de amar comigo toda, desejando, avidamente, ser amada da mesma forma. Uso das palavras que me refletem, mas aplico umas quantas que refletem todas as almas que se cruzam comigo e que me mostram o caminho que pretendo seguir. Faço escolhas que me acertem o que for mais errado, inevitável e imprevisível, e honro cada uma para que olhem como me vejo. Sou feita de movimentos lentos, lânguidos e sensuais, mas também acelero, correndo e saltando os obstáculos que crio e me são criados. Sou feita da paz que tanto procurei e já não abdico dela.

14.9.23

Como é que vivemos hoje?

setembro 14, 2023 0 Comments



Vivemos na cultura do exagero, da comparação e dos feitos que nem sempre são exemplares, mas que exemplificam bem a falta de valores, de caráter e de respeito pelo outro. Vivemos para nos mostrarmos, sendo vistos da forma mais redutora e errada, mas ainda assim vistos, porque ninguém parece querer estar, nem que por alguns momentos, no recato, no conforto e paz que deveria ter criado, mas que facilmente troca pelo caos e barulhos ensurdecedores. Vivemos sem referências e sem sabermos de que forma referenciar o que vamos fazendo e sendo para os outros, por norma desperdiçando o tempo que nos entregam os que têm tempo de qualidade. Vivemos para ir sobrevivendo aos nossos balanços, quedas e recuos, porque parecemos já não querer ou precisar de viver para mostrar o melhor que supostamente teremos recebido. Vivemos sem pensar no que sobrará no futuro, porque a não ser abruptamente interrompido, chegará, e a fatura será alta e por vezes impossível de saldar. Vivemos tão vazios, que esvaziamos os que nos preencheriam, tornando os dias mais brilhantes e as noites menos solitárias. Vivemos a esperar tão pouco em troca, que tudo o que vier será ganho. Vivemos cada dia mais sozinhos e solitários, recusando os silêncios que nos recordariam de quem já fomos, quando ainda eramos sãos, tolerantes e generosos. Vivemos a desperdiçar a única vida que nos coube e é por isso que pouco nos caberá quando já não houver nada que mereça ser vivido. Vivemos com tanta falta de amor, que nem conseguimos reconhecer os que nos vão entrando "porta" dentro. Vivemos porque estamos, mas estamos a viver tão pouco, que o resultado das somas serão apenas ainda mais subtrações.

12.9.23

Seguiste em frente?

setembro 12, 2023 0 Comments



Segui, sim, mas memorizei, guardei sons, cheiros e toques. Segui em frente sabendo que o que deixei para trás me acompanhará até que se suavizem as memórias e o olhar se torne menos emocional. Segui para não me fixar no escuro, até porque sou alimentada pelas luzes que crio e me rodeiam. Segui em frente e será lá, no futuro que continuo a criar, que seguramente esbarrarei num outro alguém que me fará ficar, perseverando e vencendo cada pequena ou grande luta. Segui para não me perder de mim.

Tenho saudades dos abraços que já não me curam do mundo faz algum tempo. Sinto, se esforçar a mente e o coração, o prazer que me daria ter alguém que me tivesse. Começo a ansiar por beijos verdadeiros, daqueles que se colam nos lábios que recusaria afastar, porque seriam meus e porque me beijariam apenas a mim. Tenho vontade de sentir a vontade que alguém teria de mim e de tudo o que sei que consigo dar.

Segui em frente, é um facto, e a cada dia olho menos para o que me mostrou o pior dos outros e quase me ensinou a desistir de mim. Segui porque não sou de ficar num único lugar, até porque não sou árvore, mas fiquei com uma ENORME vontade de ter "casa" no coração de alguém, a mesma que estou preparada a proporcionar. Segui comigo na dianteira, porque ficar deixar-me-ia em pedaços demasiado pequenos que não serviriam a ninguém. Segui em frente e não me arrependo.

7.9.23

Tanto que fui para ti!

setembro 07, 2023 0 Comments


Tanto que fui para quem nada foi para mim. Tanto que dei para apenas receber migalhas de volta. Tanta entrega, cuidado e amor, para que nenhum amor me tocasse, devolvendo-me os sentimentos que sempre envolvem os que querem, desejam e estão prontos. Tanto tempo a ser tanto.

Imagina o que farei de "ti" que me amarás de volta, se me ofereceres um espaço e lugar que seja apenas meu e pensa em tudo o que serei contigo, se me souberes e quiseres olhar, estando comigo nos abraços verdadeiros, nas palavras sem duplo sentido e nos beijos que apenas beijarão os meus lábios. Imagina, porque já é o meu exercício diário, o que serei capaz de multiplicar para que te sintas pleno, se te deres inteiro e sem qualquer subtração que me desarrede. Imagina o quanto já tenho sonhado contigo, mesmo que ainda sem rosto, mas sentindo-te em cada toque e bebendo de todas as palavras que repetirás, parecendo já teres ouvido cada uma das minhas. Imagina o sabor do amor que faremos...

Tanto que investi sem nada pedir, mas esperando que tudo viesse sem esforço. Tanto que me doei, para apenas acabar vazia, nua de sentimentos recíprocos e entorpecida pelas sucessivas dores infligidas. Tanto que esperei, numa espera desesperadora, pelo dia em que tudo seria verdadeiro. Tanto tempo a deixar fugir o meu tempo.

3.9.23

A meio caminho de casa!

setembro 03, 2023 0 Comments



A meio caminho de casa, com mais de metade dum tempo e lugar que não previra, nem antecipara. A meio caminho de regressar para o que conheço, reconheço, mas mudo, renovo ou adapto, para que me mantenha como sou por dentro, inquieta, mas ainda assim numa quietude que me segura a cada dia mais.

A meio caminho de retomar os sabores, os sons e cada nascer e por do sol. A meio caminho de me regenerar o suficiente para agradecer, verdadeiramente, por tudo o que tenho e por cada uma das pessoas que fazem esta caminhada comigo. A meio caminho de acumular ainda mais caminhos que me permitam continuar a evoluir, conhecendo-me bem melhor e sabendo que já sei de quase tudo o que preciso, para fazer bem as coisas, fazendo-me cada vez mais e melhor no processo.

A meio caminho de regressar para a casa que transformei em lar, inteira, mas já limpa de alguns dos pedaços que me prendiam nem eu mesma sei ao quê. A meio caminho de casa, ansiosa, mas resistindo à ansiedade que poderia estragar o que ainda preciso de experienciar. A meio caminho de já saber o caminho que farei, igual geograficamente, mas tão diferente que quase duvido do que fiz e superei, superando-me. A meio caminho de mais feitos e de ainda mais sonhos. A meio caminho de casa, porque é para casa que preciso sempre de voltar. A meio caminho da casa que já não está vazia e onde cada parede respira da alma e do coração que coloco em tudo o que faço. A meio caminho de ter o meu caminho de volta!

2.9.23

Sim, sou feliz sem ti!

setembro 02, 2023 0 Comments



Sim sou feliz sem ti, e só não o seria, se tivesse sido verdadeiramente feliz contigo!

Sou feliz com a paz que me invade quando não preciso de me justificar e inevitavelmente infeliz sempre que não encontro justificações para o que és e fazes. Sou feliz com os sons que uso, porque sou feita de muitos, mas sabendo que nunca o serei com os barulhos ensurdecedores que te envolvem, por estares demasiado virado para o mundo exterior. Sou feliz incluindo-me em cada decisão e escolha, algo que te viste sempre incapaz de fazer. Sou feliz sem qualquer esforço e dependendo apenas de mim, porque sou capaz de acordar e adormecer sozinha, mas sempre comigo.

Somos seres adaptáveis, mesmo que nos envolvamos em hábitos e rotinas. Somos maleáveis e capazes de mudar até de quadrante, se o lugar e o sentir não forem os que nos representem, mas não o seremos todos, uns quantos, alguns de nós, nos dias de hoje muitos mais do que o desejável, não mudam, não refletem e reincidem, porque repetir é simples e não obriga a esforços desmedidos. Somos cada vez mais egoístas, mas tendemos a exigir muito dos outros. Somos ingratos com os que nos respeitam, mas enchemos de "tudo" os que nunca nos darão nada que permaneça. Somos uma geração demasiado devastada emocionalmente, mas não vou dizer que me surpreendo.

Sim, sou feliz sem ti e sê-lo-ei bem mais quando já não me lembrar do motivo pelo qual achei que poderia, alguma vez, ser feliz contigo.