10.10.23

De braços vazios!

outubro 10, 2023 0 Comments


É com os meus braços vazios, mas cheios de vontade de te envolver no corpo que anseia pelo teu, que quase me sinto desistir, deixando-os cair enquanto caio num desespero que me envolve os dias e as noites. É apenas nos meus sonhos que te tenho, mas de forma tão real, que quase recuso acordar, sabendo que nunca te sentirei da mesma forma e que jamais serei sentida por ti. É nos meus beijos, os que já tiveste, que te passo o que sou e o quanto te desejo, mesmo que saiba que os teus não me beijam apenas a mim. É sozinha, uma vez mais, que tento fugir da solidão que me infligiste, acabando ainda mais solitária e cinzenta, eu, a rainha das cores, porque as via até onde mais ninguém parecia conseguir. É aqui e agora que percebo não ter o que tanto pedi e que acreditei ter encontrado mal te olhei, mesmo que nunca tenha sido olhada de volta.

Já entendi que não sou do formato que se encaixa no teu, mas o meu coração teima em negar-me a razão com que o injurio, dia sim e dia também, para que me liberte dum amor que apenas eu sinto. Estar errada deixa-me sem norte. Querer-te sem que alguma vez me tenhas querido, está a voltar-me ao contrário, abanando-me o que julgava ter firme. Saber de mim já não me confere a sabedoria que me apaziguaria a alma e sofrer por amor é o que me vai matando a cada segundo.

É com os braços vazios, mesmo após tanto tempo e entrega, que percebo jamais poder ter o teu corpo no meu, não da forma que me deixaria cheia de tudo. É sem ti que continuo a viagem.

8.10.23

Viver pode ser simples!

outubro 08, 2023 0 Comments



Viver pode ser simples. Amar pode ter sabores que nos deixem a saborear cada beijo, todos os toques e até os olhares que nos olham. Viver pode ser tão simples quanto é flutuar em sonhos, indo onde ninguém nos impede de apenas ser e sentir. Querer quem nos quer, mesmo que não seja a preto e branco, pode carregar-nos de cores novas, daquelas impronunciáveis, mas que soam bem. Viver pode ser simples quando escolhes simplificar a vida, estando apenas onde és desejado e desejando nunca ter por perto quem não queira estar contigo. Viver pode ser apenas um filme visto pela milésima vez, ou as canções de sempre as mesmas, mas com um remix que lhes conferem batidas novas. Sentir, por quem passou a sentir algo por nós, pode trazer-nos a simplicidade dum dia de chuva. ou a perplexidade perante uma Aurora Boreal. Viver pode ser simples, se simples for o teu desejo de ser feliz enquanto usas o tempo para permitir que viva feliz quem te ama. Viver pode ser tão simples quanto é ter a estrada livre do teu lado, enquanto os outros se debatem em infindáveis filas. Quando tens o que se encaixa, sem esforço, mas te esforças para que nada seja tão complexo que te deixe sem energia, estás definitivamente a viver de forma simples.

3.10.23

Círculos que continuam a rodar!

outubro 03, 2023 0 Comments



Círculos que se completam enquanto se fecham, mas apenas para abrir os que já aguardam, em fila de espera, para que a espera termine. Novos olhares e lugares novos que mesmo revividos, terão sempre sabores e sons diferentes. 

Sei, agora ainda com mais certezas, que tenho mais onde estar, sendo do meu formato, mas com formas que poderei adaptar, adaptando-me às mudanças que continuam a acrescentar-me ainda mais habilidades. Sei que posso desafiar-me até quando pareço estar apenas a ser e a existir, mas mostrando-me aos outros, aos novos e aos de primeira viagem, que consigo ir muito para lá do "meu lugar", surpreendendo-os no bom sentido. Sei que tenho muito para dar enquanto me dou sem pedir nada em troca, mas esperando que saibam do que preciso e do que nunca permitirei que se instale. Sei que saber é o que me move, porque apenas sabendo mais de mim, do que me envolve e dos que se envolvem em peles que não reconheço, estarei e serei ainda mais plena. Sei tanto agora, mas percebendo o quanto ainda me falta para não me faltar.

Círculos de viagens e de vidas que começam, mas que também terminam quando e após o dever cumprido. Tempos e momentos que não pareciam parecer-se com nada alguma vez visto ou sentido, mas que ao invés de me assustarem, trouxeram o que na verdade ainda me faltava. Experiências que levarei para poder continuar a experienciar a vida que me coube viver e verdades que se tornam a cada dia mais claras. Círculos que em breve se fecharão, mas que poderei reabrir se voltarem a fazer sentido.

29.9.23

Será que te lembras ?

setembro 29, 2023 0 Comments



Será que te lembras do que sentias quando dizias sentir algo por mim? Lembras-te das palavras que usavas para que te devolvesse as que te alimentavam, mas que nunca me bastavam? Lembras-te das vezes que te esqueceste de mim, para manteres viva a memória de outras, vendo-as como nunca fui olhada?

Não segui em frente por ter esquecido ou feito por arrumar o que me desarrumou, segui por me ter conseguido reencontrar com o meu lugar de sempre, aquele em que sou importante porque me dou importância e no qual ninguém me rouba a paz que seguro com ambas as mãos. Não tenho como esquecer as dores que me infligiste, nem pretendo, porque de cada vez que me queimam a pele, recordam-me do quanto tive que ceder, perdendo-me, para não te perder. 

Será que te lembras da importância que sempre dei ao genuíno e ao real, passando-te em cada beijo o que armazenei para o homem certo? Lembras-te dos meus toques comigo dentro e dos olhares que pousavam nos teus, algo ansiosos pelo dia em que também tu me olharias de volta? Lembras-te dos nossos abraços, aqueles nos quais me envolvias no teu corpo, apertando tanto o meu, mas encolhendo-me o coração? Será que te lembras do quanto te amei, dizendo-o enquanto o confirmava, ou será que apenas o fazes agora porque me perdeste? 

26.9.23

Que atalhos escolhes?

setembro 26, 2023 0 Comments



Não escolho os atalhos, nem procuro o que é mais fácil. Não me nego às experiências e nunca fujo do que me faz sentido até que deixe de fazer!

Se soubesse... Acredito que dizemos todos o mesmo, num qualquer ponto da vida, mas a verdade é que o não saber é que nos permite saber mais. Não podemos ir apenas na direção das ondas, porque nadar ao contrário fortalece-nos e torna-nos mais resilientes. Não devemos contentar-nos com o igual e o previsível, porque é na imprevisibilidade da vida que nos chegam as pessoas mais extraordinárias. Não sabemos tudo de nós, sempre, porque o objectivo é ir sabendo à medida que nos mudamos e acrescentamos.

Não escolho apenas porque sim, tenho e faço planos que alimento ou redireciono. Não me dou por metades, mesmo que me reserve a parte inteira que apenas a mim cabe, até que alguém faça por me merecer. Não iludo com histórias cujos finais já vi acontecer e que não acontecem para me enriquecer. Não espero que me façam feliz, porque seguramente falhariam redondamente e teria que me voltar a reerguer.

Não escolho os atalhos, vou antes na direção que me fará chegar ao lugar certo, mesmo que a estrada seja a mais longa e sinuosa. Não sou eu mesma fácil, mas facilito-me o bastante para os que desejam verdadeiramente estar na minha vida e por isso apenas ficarão os que saibam caminhar comigo e por mim.

24.9.23

Era uma vez uma mulher...

setembro 24, 2023 0 Comments



Era uma vez uma mulher que já se sentia muito antes de sentir tudo o resto. Não foi num dia, num qualquer momento isolado, ou apenas na soma de muitos momentos que se reconheceu e desatou a querer mais, primeiro de si e depois dos outros. Era uma vez uma mulher que fez caminhos sinuosos, mas que se saiu bem de todos, aprendendo a distinguir os que teria que repetir, mas a evitar todos quantos jamais poderiam ou deveriam ser pisados. Desafiou-se a crescer com todos os espinhos e pontas de navalhas. Acreditou até nas dúvidas e mesmo que ainda duvide de uns quantos, percebeu que também precisaria de confiar. Era uma vez uma mulher que foi concebida para conceber e que passou a sentir tudo o que mundo lhe oferecera, para que pudesse oferecer-se sem medida. Sabe do que precisa de saber para que faça bem enquanto continua a fazer de si mesma o que terá que continuar a ser feito. Era uma vez uma mulher que provou do mesmo amor que soube partilhar e que nunca considerou desistir dele até quando não lhe bastou, veio em conta gotas, ou com sabores que amargaram mais do que o doce sabor que carrega. Apenas pede do que pode dar e nunca considera demasiada a medida que encontrou e sabe ser certa. Era uma vez uma mulher que teve uns quantos homens que a tiveram com tudo o que carrega, mas que carregou alguns com toda a falta de peso emocional e incapacidades estruturais. Amou-os de forma diferente, mas sendo sempre a mesma para cada um, talvez em demasia dada a imaturidade que os assolava. Deu-lhes tempo e momentos de adaptação, mas retomou-os para não se perder de si enquanto os deixava ir, serena e confiante de que estivera e confiara até ser possível. Era uma vez uma mulher que nunca o deixou de ser até quando sê-lo parecia acoçar os que nunca a souberam entender, mas diziam amar. Não lamenta nada nem ninguém, porque segue cada dia mais forte, serena e confiante de que apenas lhe restará continuar a sentir-se para que um dia a sintam como espera. Era uma vez uma mulher com caminhos traçados, mas que os mudará sempre e de cada vez que crescer mais um pouco.

19.9.23

Queria correr para ti!

setembro 19, 2023 0 Comments

"The power of love" - Acrylic by Viktoria Lapteva


Queria correr para ti, aninhar-me nos teus braços e sentir a segurança que passam os que não estão apenas de passagem. Queria poder beber da tua força, sendo da forma que se encaixasse no teu formato, mas sem esforço, nem desejos impossíveis. Queria correr para ti de cada vez que o mundo me fustigasse a mente e me esvaziasse as energias. Queria saber que sabias de cada um dos meus pontos fracos, mas que não os usarias para me magoar ou usar. Queria correr para ti com a certeza de que estarias à minha espera, por não precisares de mais ninguém. Queria de ti o mesmo que sou capaz de dar e que quisesses de mim o que mais ninguém teria.

Será que adianta procurar por quem não nos procura? Que avaliações fazemos dos que nos entram coração dentro, para que nos escureçam ou clareiem a alma? Para onde nos devemos voltar quando as partes que se tornam visíveis não espelham o que nos reflete? 

Queria poder ter sido escolhida em igual tempo, para que me sentisse verdadeiramente uma escolha. Queria querer sem embaraços, nem demasiadas explicações, porque o amor não se explica e gostava de saber ao que saberia ter tido o teu amor assim que desatei a amar-te. Queria correr para ti sabendo que saberias exatamente o que dizer e fazer comigo. Queria que não tivesse sido apenas um querer e que a realidade fosse o mais próxima possível do muito que sonhei contigo. Queria, mas eventualmente apenas para continuar a querer, até que alguém, que não tu, me consiga querer de volta.