11.6.22

Sabes quem sou quando me olhas?

junho 11, 2022 0 Comments

Sabem quanto tempo leva a construir uma identidade? Têm ideia de todos os passos elementares, para que se entenda, sem qualquer fundo de reserva, o que se espera da vida, dos sonhos que crescem à velocidade do pensamento e das pessoas que poderão ficar no nosso percurso? Muito, demasiado para alguns.

Não é do nada que acordamos a sentir que a nossa pele nos pertence e tem a tonalidade, o toque e a textura que se encaixa. Os dias que nos levaram à decisão não se apagam, passam a servir de referência e de memória futura e impedem-nos de os resgatar, porque é no passado que deverão permanecer. O tempo passa a correr de forma mais determinada, com sentido, e sentir, caramba, sentir nunca mais é igual, porque se sente TUDO, MUITO e sempre de mente bem próxima do coração.

Não são os outros que nos testam. Não são os lugares que nos definem. Não é o acordar que determina o adormecer e não é adormecendo sem planos que se acorda vazio, ou incapaz de planear. Não é o céu cinzento que nos escurece a alma, nem mesmo o sol resplandecente que torna tudo mais claro, somos nós, por dentro e quando já nos conhecemos o suficiente para sabermos o que fazer, quando, como e com quem, ou simplesmente quando não fazer nada, permitindo que a estrada os redirecione a viagem

Sabem quantas pessoas conseguem acompanhar a nossa passada quando nos revelamos, dizendo sempre o que queremos e querendo apenas o que podemos ter? Poucas, mas seguramente que as únicas que nos servem. Será que alguma vez se questionam quanto ao que pensam algumas pessoas quando as olham e percebem o caminhar seguro e determinado? 

Não é o NÃO oferecido de forma repetida que nos impede de ouvir um SIM da boca certa e quando menos esperamos, ele chega, tem o tom que os ouvidos recebem sem questionar, vindo da única pessoa possível e validando tudo o que escolhemos ser, sabendo que o seríamos sem que as dúvidas se pudessem voltar a instalar. Não são as desistências alheias que nos fazem desistir, somos nós que escolhemos continuar em frente, arredando os que não nos conseguem acompanhar.

HOT day!

junho 11, 2022 0 Comments

 

Sue Amado´s photo

                                                              Has summer arrived already?

Dependências emocionais!

junho 11, 2022 0 Comments



Cada vez se ouve  falar mais de ligações bizarrassentimentos deformados e dependências que se tornam tão cáusticas quanto o são as drogas duras. Mas o que "nos" leva a depender de outra pessoa de forma a perdermos a nossa própria identidade? O que "nos" falta assim tanto, para apenas conseguirmos funcionar se o outro estiver por perto? Provavelmente a crise de valores, os medos e o conforto que deixamos instalar. Não querer voltar a ser exposto, mostrando o que somos realmente, impede-nos de sermos verdadeiramente felizes e mais grave ainda, impele-nos a espalhar a nossa infelicidade, minando tudo ao redor.

Ninguém deverá ser mais importante do que nós mesmos e temos que acreditar que a pessoa que nos chega, a mesma que escolhemos para fazer um percurso de vida, também tem vontades, desejos e sonhos que deveremos ser capazes de alimentar. Dar, recebendo e ser, permitindo que o outro também o seja, será a forma certa, não esperando em nenhum momento que sintam por nós e que a responsabilidade caia toda sempre sobre o mesmo. Não temos corpos iguais. As nossas almas viveram muitas outras vidas e mesmo que nos tenhamos cruzado antes, NADA do que vivemos faz de nós a metade perfeita do outro. Ao invés de nos esforçarmos, em vão, para nos encaixarmos, deveremos usufruir das diferenças que certamente aumentarão a diversidade. 

Será que conseguem imaginar dois seres totalmente felizes consigo próprios e juntos? Que relação bombástica!

"Quero mais para mim e desejo que encontres tudo para ti. Quero poder partilhar o que fores encontrando, ajudando-te a cumprir cada desejo. Quero que encontres no meu melhor o que te manterá mais completo e que sejamos ambos suficientemente egoístas para termos TANTO em nós, que deixe de nos caber e jorre até ao outro. Não quero depender de ti, quero apenas depender da minha vontade de te ter comigo"!

10.6.22

A carta que não abri!

junho 10, 2022 0 Comments


 Olá a ti,

Estou a responder à carta que não li e nem sequer me atrevo a abrir. Quero acreditar que ainda sei o que me perguntas, talvez porque o tenha feito demasiadas vezes sem qualquer resposta. Preciso de antecipar todas as palavras, escritas em cada linha, seguindo os pensamentos que nos cabiam a ambos. Desejo, mesmo, que me estejas a pedir o que me negaste e a tentar resgatar o que até já era teu. Mas ainda assim sei que não a consigo ler.
Já olhei para o remetente mil vezes. Já engelhei o papel, o mesmo que acabou molhado pelas lágrimas que caíram descontroladas, mas ainda não a abri. Já tentei sentir o teu cheiro, imaginando as vezes que te movimentaste na cadeira, desconfortável e inquieto e já resisti à tentação de "te" rasgar em mil pedaços, ainda assim e para memória futura, quero que saibas que sempre soube de cada razão e que te perdoei. Quero e preciso que entendas que sempre estive muito à frente no nosso caminho e que continuo a recusar atrasar-me. Quero que pares de te desgastar, porque deixou de importar, mesmo que me importe sempre contigo. Quero que finalmente me deixes ir, porque deixámos de ter forma de voltar.

Estou a recusar-me ler a carta que agora te respondo, muito provavelmente com as palavras que não quererias ler, mas apenas para te dizer adeus e a tudo o que poderias ter dito para atenuar a dor imensa que deixaste. Não vou ceder, porque se abrir esta porta, entrarás de rompante para me lembrar de tudo o que me esforço por esquecer.

De mim a quem perdeste,
...

Há sempre outra margem!

junho 10, 2022 0 Comments

Sue Amado´s photo


  Na outra margem até pode haver mais e melhor, mas enquanto estou "nesta", vou usufruindo      inteiramente do que me proporciona.

Como dar amor, recebendo amor?

junho 10, 2022 0 Comments


De que forma podes saber ao que sabes a alguém? Que medidas podes usar enquanto medes o amor que tens para dar, mas receando que nunca chegue da forma que armazenaste, achando que era a certa? Que palavras deves usar enquanto te expões, para que saibam quem és e o que representas, mas sem que te deixes demasiado nua e vulnerável? Quando é que percebes que já ultrapassaste a linha que separa o suficiente do muito e que mesmo achando que o amor não se mede e por isso não afoga ou quase engole, acabas a engolir quem não precisa de tanto? 

Crescer emocionalmente, desenvolvendo habilidades e perceções que os outros deixam passar, estando demasiado distraídos, ou sabendo os custos que os envolvem, apresenta faturas bem altas e que deverão  ser pagas de imediato. Ter a confiança e sabedorias que nos fazem saber exatamente o que ser e fazer, não nos deixa confortáveis para dizer tudo e acabam sempre por nos fazer voltar ao eterno lugar solitário. Perceber que a capa nunca poderá abandonar os ombros, mesmo que em dias escaldantes, arrefece-te inevitavelmente o coração. Aceitar que o mundo não está pronto nem aberto para os que sabem mais, querem tudo e precisam de ser do formato que faz sentido para que tudo o resto faça verdadeiramente sentido, leva tempo, mas é esse mesmo mundo que o ensina, da forma mais dura.

De que forma podes dar amor tendo o amor que te serve? Que partes de ti poderás manter enquanto tentas fazer parte de alguém? Quando é que percebes que precisas de voltar as costas ao movimento que parecia levar-te a algum lugar, aceitando, sem demasiadas dores, que ainda não chegou o teu momento? O que ainda te falta saber para que mais nada precise de te fazer falta e sejas apenas tu, ao teu ritmo, com as tuas músicas e sem as pausas que apenas servem para te fazer duvidar? Para quando o merecido repouso do guerreiro?