12.6.22
11.6.22
Sabes quem sou quando me olhas?
Sabem quanto tempo leva a construir uma identidade? Têm ideia de todos os passos elementares, para que se entenda, sem qualquer fundo de reserva, o que se espera da vida, dos sonhos que crescem à velocidade do pensamento e das pessoas que poderão ficar no nosso percurso? Muito, demasiado para alguns.
Não é do nada que acordamos a sentir que a nossa pele nos pertence e tem a tonalidade, o toque e a textura que se encaixa. Os dias que nos levaram à decisão não se apagam, passam a servir de referência e de memória futura e impedem-nos de os resgatar, porque é no passado que deverão permanecer. O tempo passa a correr de forma mais determinada, com sentido, e sentir, caramba, sentir nunca mais é igual, porque se sente TUDO, MUITO e sempre de mente bem próxima do coração.
Não são os outros que nos testam. Não são os lugares que nos definem. Não é o acordar que determina o adormecer e não é adormecendo sem planos que se acorda vazio, ou incapaz de planear. Não é o céu cinzento que nos escurece a alma, nem mesmo o sol resplandecente que torna tudo mais claro, somos nós, por dentro e quando já nos conhecemos o suficiente para sabermos o que fazer, quando, como e com quem, ou simplesmente quando não fazer nada, permitindo que a estrada os redirecione a viagem
Sabem quantas pessoas conseguem acompanhar a nossa passada quando nos revelamos, dizendo sempre o que queremos e querendo apenas o que podemos ter? Poucas, mas seguramente que as únicas que nos servem. Será que alguma vez se questionam quanto ao que pensam algumas pessoas quando as olham e percebem o caminhar seguro e determinado?
Não é o NÃO oferecido de forma repetida que nos impede de ouvir um SIM da boca certa e quando menos esperamos, ele chega, tem o tom que os ouvidos recebem sem questionar, vindo da única pessoa possível e validando tudo o que escolhemos ser, sabendo que o seríamos sem que as dúvidas se pudessem voltar a instalar. Não são as desistências alheias que nos fazem desistir, somos nós que escolhemos continuar em frente, arredando os que não nos conseguem acompanhar.
HOT day!
Dependências emocionais!
Cada vez se ouve falar mais de ligações bizarras, sentimentos deformados e dependências que se tornam tão cáusticas quanto o são as drogas duras. Mas o que "nos" leva a depender de outra pessoa de forma a perdermos a nossa própria identidade? O que "nos" falta assim tanto, para apenas conseguirmos funcionar se o outro estiver por perto? Provavelmente a crise de valores, os medos e o conforto que deixamos instalar. Não querer voltar a ser exposto, mostrando o que somos realmente, impede-nos de sermos verdadeiramente felizes e mais grave ainda, impele-nos a espalhar a nossa infelicidade, minando tudo ao redor.
10.6.22
A carta que não abri!
Olá a ti,
Há sempre outra margem!
Como dar amor, recebendo amor?
De que forma podes saber ao que sabes a alguém? Que medidas podes usar enquanto medes o amor que tens para dar, mas receando que nunca chegue da forma que armazenaste, achando que era a certa? Que palavras deves usar enquanto te expões, para que saibam quem és e o que representas, mas sem que te deixes demasiado nua e vulnerável? Quando é que percebes que já ultrapassaste a linha que separa o suficiente do muito e que mesmo achando que o amor não se mede e por isso não afoga ou quase engole, acabas a engolir quem não precisa de tanto?
Crescer emocionalmente, desenvolvendo habilidades e perceções que os outros deixam passar, estando demasiado distraídos, ou sabendo os custos que os envolvem, apresenta faturas bem altas e que deverão ser pagas de imediato. Ter a confiança e sabedorias que nos fazem saber exatamente o que ser e fazer, não nos deixa confortáveis para dizer tudo e acabam sempre por nos fazer voltar ao eterno lugar solitário. Perceber que a capa nunca poderá abandonar os ombros, mesmo que em dias escaldantes, arrefece-te inevitavelmente o coração. Aceitar que o mundo não está pronto nem aberto para os que sabem mais, querem tudo e precisam de ser do formato que faz sentido para que tudo o resto faça verdadeiramente sentido, leva tempo, mas é esse mesmo mundo que o ensina, da forma mais dura.
De que forma podes dar amor tendo o amor que te serve? Que partes de ti poderás manter enquanto tentas fazer parte de alguém? Quando é que percebes que precisas de voltar as costas ao movimento que parecia levar-te a algum lugar, aceitando, sem demasiadas dores, que ainda não chegou o teu momento? O que ainda te falta saber para que mais nada precise de te fazer falta e sejas apenas tu, ao teu ritmo, com as tuas músicas e sem as pausas que apenas servem para te fazer duvidar? Para quando o merecido repouso do guerreiro?