Feel Me

Ser bem sucedida, a todos os níveis, é a cada dia mais claro e definível para mim. Sou bem sucedida quando tenho paz de espírito, sempre e de cada vez que as minhas escolhas me contemplam e consigo rever-me em tudo o que digo e faço. Sou extremamente bem sucedida quando presencio os sucessos dos meus 3 homens, sabendo das suas lutas internas, das físicas e das que os elevam perante os inevitáveis obstáculos. Sou bem sucedida quando as nossas conversas me asseguram de que estão "armados" com o que lhes servirá em cada nova etapa e saber que o começo de tudo passou por mim, passa-me a inequívoca sensação de trabalho bem feito, sim, porque amar dá trabalho, obriga a muitas noites mal dormidas e a planos bem delineados, porque a margem para erro é diminuta.

Tudo o que tenho de material, ou ainda me falta, não tabela o que sei ser o meu sucesso enquanto mulher e mãe. Participo ativamente no meu crescimento e perceção da vida, consciente de que terei muitos quilómetros para percorrer, mas que os farei com foco e de sorriso nos lábios até quando de lágrimas no coração. O que posso oferecer hoje, acompanhar-me-á até ao final dos meus dias e estará sempre disponível para os que me vierem acrescentar, porque não depende do exterior, dos humores e de necessidades alheias. Tenho como meta a minha total liberdade emocional e quando a atingir, todas as partículas deste universo ao qual pertenço o sentirão.

O meu sucesso tem ampliado a visão mais estreita que herdei, porque a minha recusa perante a inevitabilidade, tornou TUDO possível, sobretudo a serenidade que me invade e se instala. Sou, hoje bem mais do que ontem, bem sucedida pela consistência em revolucionar-me até que me consiga ver sem qualquer reflexo alheio. O meu sucesso tem mudado, criado novas rotas, mas sempre assente no mesmo, porque se não for e se não me tiver como sendo a única escolha, jamais saberei o quê e a quem escolher.

Passei a desejar que os sucessos dos outros lhes saiam até pelos poros, porque os de alma sarada não chateiam e porque o meu pedaço de mundo fica bem maior quando me deixam apenas ser!

Prometi-me, há algum tempo atrás, nunca mais lutar para que alguém conseguisse ver o meu valor, porque sei bem quem sou, o que valho e para quem sirvo. Prometi-me menos desvios de rota e mais assertividade nas escolhas que até entendo fazer de forma acertada, mas também me prometi mais paciência para com o meu coração, porque ele teima em ditar-me regras que apenas cumpro por um período de tempo e até que se justifique. Prometi-me ainda mais amor próprio e determinação perante quem ainda quero ser e para tudo o que me falta fazer. Prometi-me uma limpeza emocional que me deixe disponível para a minha pessoa certa.

Sabem o que me prometi?

Menos compreensão para com quem se recusa a compreender-me e menos tempo dispendido para com quem apenas consome o meu. Mais resultados em períodos mais curtos e menos voltas para chegar ao lugar que já antecipei. Mais beijos, muitos mais beijos, quando for devidamente beijada e abraços que não me soltam de quem seguramente se saberá prender a mim. 

Quando faço promessas que me são dirigidas, cumpro-as religiosamente!

Debaixo do mesmo "teto" apenas ficam os que me reconhecem, todos os outros serão apenas passagens mais ou menos breves. Nos lugares que fixam os meus e me fazem sentir em casa, apenas estarão os que já souberem de que forma permanecer, resistindo ao constante abanar das estruturas e às tempestades que virão para limpar o que afinal nunca fizera sentido. Em mim e no meu coração, apenas manterei os que me mantiverem viva e de olhar vibrante.

Nunca ignores os sinais, os constantes alertas-vermelhos e jamais te retires da equação que te carrega pela importância que tens, porque ninguém te dará o que te cabe apreender enquanto aprendes as regras do mundo. Nunca digas nunca, sobretudo quando e de cada vez que achares que sozinha não terás motivos suficientes para segurar o universo com ambas as mãos. Nunca te diminuas para caber nas pequenas "paredes" de qualquer outro comum mortal.

No mesmo espaço físico e emocional apenas permito os que não me sugam o ar e me carregam de dúvidas que sozinha não contemplo. No meu coração apenas quem me amar com a mesma entrega e intensidade. No meu corpo e para que se mova com a sensualidade e desejo que me caracterizam, apenas os que me reservarem em pleno os seus.

Quando e de cada vez que o amor se transforma em dor, o nome que lhe atribuímos deixa-nos num limbo de emoções no qual tentamos, em vão,  perceber o que nos falta entender. Quando as palavras que ouvimos escondem sentimentos que não nos são dirigidos, quebramos na vontade de proferir as que tínhamos reservadas para quando o amor real e verdadeiro chegasse. Quando deixamos de saber quem ser e o que fazer para que nos queiram o bastante e apenas a nós, percebemos que temos que abrir as mãos e deixar ir.

Algumas pessoas vivem apenas porque viver é o que lhes cabe, mas já outras, vivem como se o mundo inteiro se esgotasse no mesmo dia, querendo apanhar tudo, não importa o quê ou quem. Vamos inevitavelmente cruzar-nos com algumas assim, mas até quando o coração fizer escolhas insensatas, será a nós que caberá desmontar o novelo que fizemos acumular, misturado com demasiadas cores e sem qualquer início ou fim. Nada nos prepara para o que seria tão fácil se verdadeiro e quase que nos perdemos na ilusão de reavivar o não nos era dirigido, apenas escolhendo quando não éramos a escolha.

Quando e de cada vez que nos reduzem a um pó indistinguível, levamos bem mais do que uma vida a recuperar o que já éramos antes de não sermos nada para alguém, perdendo o único tempo que nos restava nesta. 

Apenas sabemos o que nos falta quando já nos conhecemos o suficiente para entender cada pequeno sinal e que deverá ser sobretudo interno. Somos feitos de massas muito diversas, mas capazes de constantes melhorias, desde que consideremos ainda ter o que melhorar.  

Nada do que faço hoje esteve alguma vez no meu ângulo de visão, ou sequer correspondeu a qualquer expetativa. mas a realidade tem-me provado, a cada novo momento, que a minha capacidade de me reinventar é o que me acrescenta e preenche cada pedacinho que rodeia o coração. Não cesso de me surpreender, talvez na mesma proporção do que me surpreendem os outros, mas o que vou vendo, vivendo e lendo no que dizem ou escolhem calar, ensina-me bem mais do que julguei provável.

Apenas percebemos como pretendemos ser amados, quando o somos de forma errada e demasiado distante da proximidade que permitimos. O calor que deverá vir na direção daquele que dispendemos, é o que nos retira o frio interior, o mesmo que a ciência garante não existir. Apena empunhamos as armas se lutar se tornar mais habitual do que a tranquilidade e segurança de que precisamos todos para continuar a querer e a receber.

Nada do que falo deixa por explicar o que pretendo, aceito, ofereço ou descarto, porque de outra forma seria a maior responsável pela irresponsabilidade dos que não têm lugar para mim.

. Quando percebes que tens mais do que devias e que não te sabes dosear porque que as doses que passas apenas servem para matar quem gostarias de manter vivo, não te enches de orgulho, ficas apenas a ver instalar-se a solidão que já te ameaçava antes.

Ser igual, fazendo o habitual, mesmo que de forma errada e consciente, não pode servir de desculpa para quem na verdade nem se serve, servindo mal os que arriscam entrar. Querer só porque sim, sem sequer perceber o que se deve querer de forma a estar saciado, origina "fomes" intermitentes. Passar a responsabilidade para o ontem, para o que nos fizeram e o que nos aconteceu, apenas afasta os melhores acontecimentos, tornando-nos robóticos e desprovidos de sentimentos bons.

Não existe nada mais empoderador do que a escolha. Sermos quem conhecemos, indo e estando onde nos fazemos falta, acaba por acrescentar mais histórias, vida e sons que envolvemos em cores novas. Ter poder é saber quando começar e por que motivo parar. Traçar os rumos que respeitaremos por nós mesmos, torna-nos mais acessíveis e visíveis aos que continuarão a chegar, porque a vida é uma eterna sucessão de idas e vindas.

Ser igual com tanta diferença digna de ser vista e sentida, é demasiado pequeno e limitador. Querer que nos queiram, mas sabendo de que forma iremos queerer mais e melhor, torna as viagens memoráveis e as histórias dignas de serem contadas. Passar, apenas porque passam os outros, é desistir da singularidade que nos deveria destacar, ao invés de carimbar, colocando-nos no meio da restante manada.

Não existe dor mais lancinante do que a perda de identidade quando se desiste da vontade que nos define, ou se desata a ter vontade de tudo e de todos, terminando vazio e sem memórias que importem recordar.