Os sinais ensombram-me, os que vi e foram acompanhados de palavras de aviso. O queme ensombra agora é tudo o que já não poderei mudar, quando mudar-me teria sido tão fácil. O que me vai certamente ensombrar daqui para a frente, será o que escolhi fazer quando não me cabia apenas a mim.
Fechar os olhos e perceber que não vou poder limpar tudo o que deixei sujar, já não me magoa, porque aprendi a perdoar-me, mas ainda vai continuar a castigar-me. Algumas das horas dos meus dias, já não muitas, ainda são dedicadas a sentir pena de mim, mas apenas o faço como se duma terapia se tratasse, para que possa eventualmente parar de me olhar de fora para dentro. Acordar de forma tranquila, a perceber que apenas controlo o meu lado da vida, e que mesmo esse também vai escapando ao que achava estar garantido. Acordar sem dores emocionais, com o corpo que me carrega, pronto e capaz de me levar até onde sei que ainda chegarei, permite-me sorrir e até rir do que me assustou lá atrás. Acordar hoje, já não é igual ao acordar de ontem, aquele em que mesmo com sol aberto apenas consegui ver as nuvens que se avolumavam.
Carrego as minhas baterias no que escrevo, porque percebi que não o faço apenas para mim, nem sequer por mim. Carrego as baterias porque passo para os que não conseguem pôr por palavras as emoções que terão que ler para que percebam o que estão a sentir.
Ainda tenho coisas que me ensombram, afinal também sou humana, mas já ultrapassei a barreira da auto-comiseração e sentir pena de mim nunca me irá ensombrar demasiado, porque sei o que sou e o que valho. Já deixei de precisar que me fosse dito, afinal de contas se eu não me conhecer...
O meu processo de cura chega a ser milagroso, talvez porque saiba já onde me tocar e de que forma me restaurar sobretudo de mim. Posso até sentir dor, alguma mágoa momentânea, mas NUNCA sou, em nenhum momento, ingrata ao ponto de afastar bruscamente o que tão bem me chegou a saber!
Tudo, mas mesmo tudo, acontece por alguma razão. Todas as pessoas que se vão cruzando na nossa vida, algumas a parecerem chegar de forma inesperada, já eram de alguma forma esperadas. Todos temos metade de Belas e metade de Monstros, mas apenas porque precisamos de nos defender, e quem não o fizer quando era suposto, verá o corpo e a alma serem irremediavelmente danificados.
Andar por aqui, por este pedaço de mundo com tantos cantos e recantos que não teremos forma de contar, traz-nos ensinamentos duros e mudanças que não desejávamos, roubando-nos o conforto emocional que julgávamos ser nosso.
Nunca sou ingrata, até quando me apetece gritar de raiva perante a incapacidade de me darem o que me parecia ser tão fácil conseguir. Nunca rejeito, para sempre, quem me conduziu para a faixa errada, deixando-me totalmente à mercê dos "choques" que pareço, no primeiro olhar, ser incapaz de impedir, porque me cabe a mim saber quem me pode conduzir. Ingratidão nunca, porque o que me acontecer também terá mão minha. Ingratidão jamais, porque mesmo que tenha tido apenas dois segundos de prazer, serei sempre mais abençoada do que os que não sentem, não esperam, não olham e não acreditam.
Quando fecho os ciclos, torno-me, absurdamente grata e aceito que se algum amor não ficou, então é porque outro o teria que suceder. Quando entendo, sigo em frente e volto a ter o poder que me atribuo, o de cuidar da minha felicidade, porque isso eu faço melhor do que toda a gente.
A minha mente salta, corre, como uma louca, à procura das respostas que o meu coraçãodesassossegado não lhe consegue dar!
Já não sou a mesma, não hoje, não depois de mais um nascer de sol. Já não conheço nem reconheço esta mulher, a mulher que passava e ultrapassava cada obstáculo, e que acabava sempre do lado certo das suas escolhas. Já não tenho os mesmos vinte anos que me deixavam sempre a sorrir, esperançada pela esperança que representava mais um dia. Já não sinto a simplicidade com que tudo chegava, até o que não entendia. Já não entendo o meu coração, e tantas vezes que falamos, eu e ele...
De repente, de bem dentro de mim, chegam as dúvidas, a culpa e o ressentimento e eu tento, com todas as minhas forças, acreditar que sou mais e melhor. Eu sou a que ama, perdoa e agradece pelo que me chega, mesmo que me doa e me deixe com uma vontade, desesperada, de desistir.
O meu coração está desassossegado, "hoje", mas eu acabarei a saber o que lhe dizer quando voltarmos a conversar. O meu coração desassossegado precisa de tudo o que lhe prometi, quando te sonhei e te trouxe até a nós. O meu coração desassossegado terá que me saber perdoar as impossibilidades, porque na verdade não sei amar por dois, mesmo que ame a dobrar.
Hoje estou assim, mas amanhã e em todos os amanhãs de que serei feita, vou tentar que a confusão que me abraça, irreverente, se desvaneça e eu possa, finalmente, sossegar!
Feelme/E no meu agora?Tema:Pensamentos!
Imagem retirada da internet
. No meu agora estou eu, o que criei, o tempo que o meu tempo encaixou. Estão os que consegui conquistar e todos quantos ficaram, porque queriam e sabiam como.
. No meu agora está o que me permiti aprender, de cada vez que usei da minha atenção e respeito por quem até parecia ter algo para me ensinar. . No meu agora está mais um amor, o que existiu sempre, até quando julgava não saber da sua existência. No meu agora estás tu, e chegaste quando fazias, mesmo, falta, para me falar das fraquezas dos outros e para me recordares que a minha força não pode ser motivo de medos, não dos outros, . No meu agora estão os sonhos que nunca paro de sonhar e que se encaixam, perfeitos, em cada momento, segundo a segundo, até quando pareço não estar a sonhar.
. No meu agora penso de mim o que sei de mim, e nunca é pouco, nunca é para me magoar ou tornar pequena.
. No meu agora está a música que oiço de cada vez que arrisco querer mais, mais para a frente, mais rápido, e mais seguro.
. No meu agora, neste preciso agora, estão as palavras que não consigo interromper, porque haverá sempre quem necessite mais delas do que eu.
E se saltar, será que me seguras? Será que me posso confiar toda a ti?
Ter confiança em quem nos passa a certeza de que o que diz e sente é real. Saber que quem nos olha, bem dentro dos olhos, está a ver o desejo que faz crescer apenas por existir. Perceber que é possível voar, indo tão longe quanto queiram ir connosco. Ser capaz de começar por algum lado, aceitando os braços que se abrem para nos acolher. Dar o salto, juntos, até ao lugar que se tornará o centro de nós mesmos.
Estarei a querer demasiado, sonhando com o que apenas existe em mim? Estarei a encurtar passos, quando deveria ser capaz de esperar mais?
Tenho esta vida para viver. Tenho-me a mim para satisfazer e fazer feliz. Tenho o tempo que consegui juntar e agora vou usufruir dele, sem reservas, saltando sem medos, porque lá, no lugar onde acabarei a aterrar de pés, estará o chão que preciso para parar de precisar.
Salta também, permite-te a fé que deixaste fugir e corre, porque a caminhar estiveste este tempo todo e não foste a lugar algum. A resposta à tua pergunta é, se saltares eu estarei aqui para te receber, não posso dizer muito mais, por isso espero que me oiças com atenção, pelo menos desta vez!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.