Nada do que te faz doer me dá prazer. As tuas dores são minhas, as tuas mágoas alastram-se a mim e o teu olhar dolorido deixa-me sem saber como reagir. Não te quero magoar, nunca o faço com essa intenção, porque quem gosta mesmo, NUNCA em momento algum inflige dor ou sofrimento. Quantas vezes dou comigo a desejar abraçar-te, protegendo-te do que te deixa indefesa e em baixo. Quantas vezes sinto, com toda a certeza, que apenas eu te saberia pôr de novo em pé, de sorriso nos lábios e pronta outra vez para o que nos vai chegando sem aviso.
Como e durante quanto tempo serei capaz de te amar com todas as tuas fragilidades e defeitos? Será que o meu amor por ti pode mesmo ser testado, logo após o primeiro revés? Terei capacidade para te perdoar as inseguranças, esperando de forma paciente para que fales sobre o que te preocupa?
Serei sempre a última pessoa a virar-te as costas, MAS terei de saber MESMO que me queres contigo de frente e capaz de apenas te agarrar as mãos, em silêncio se o precisares. Tenho poucas certezas, tal como teremos todos no geral, mas sei do que falo de cada vez que te falo de mim, do que passaste a representar na minha vida, do que me fazes sentir e de que forma mudaste a minha própria perspectiva do mundo e das pessoas.
Não te quero magoar porque não quero ficar sem ti. Já não saberia como retornar a mim e mesmo que o fizesse o sabor seria tão amargo quanto o saboreio já, bastando que o pense. Não te quero magoar, porque de cada vez que o faço magoo-me a mim tanto, que acabamos ambos derrotados. Não te quero magoar, simplesmente porque te amo.
Tanto que se aprendesobre nós pela forma como amamos outra pessoa! O que nos muda, ou faz acordar para a vida, são os sentimentos e quanto mais fortes mais determinados ficamos. Muitas vezes acordamos surpreendidos com a nossa capacidade de mudar tanto, de revolver o nosso espaço saindo da zona de conforto e de lugares comuns, apenas para conseguir quem nos parece ser certo.
Já dei comigo a dizer que nunca iria fazer isto ou aquilo e que nenhum homem me faria ir a um lugar que não visualizasse e afinal assim que consegui sentir a força com que chegaram os sentimentos por quem amo, tudo se modificou, deixou de fazer sentido e parou de me roubar horas ao sono. Deixar-me sentir, não pensar tanto e aprender com quem certamente viveu o que não conheci, só pode ser bom e servir para me fazer crescer ainda mais, por isso já sei como se faz e de que forma encaixar outra pessoa na minha vida. Qual o grau de casualidade que existe na chegada de alguém que nada nem ninguém previa? Terá sido assim tão casual, será que não o teremos pedido nem que tenha sido em sonhos? Se estivermos atentos acabamos a perceber que cada nova lição de vida é o seguimento do que estávamos a precisar de aprender e que os nossos passos seguem sempre na direcção certa, mesmo quando parecemos não saber por onde ir e de que forma chegar.
Tanto que já aprendi com quem arrisquei amar, que estou certa não seria nem metade do que vejo hoje, se os meus medos me tivessem afugentado. De alguns fugi realmente, mas apenas porque senti mais do mesmo, do menos bom, do que não saberia a nada e não me soava a genuíno, mas dos que amei, mesmo que não tenham ficado, fiquei eu e bem mais inteira e preparada.
O que vem mais forte do que o amor? Esta é fácil, só pode mesmo ser o ódio e com que facilidade algumas pessoa odeiam!
Todos teremos um lado mau e um lado bom, eu acredito que sim, o incrível é quando o mau é bem pior do que tudo o resto, e acaba a emergir de forma violenta, provocando danos irreversíveis. Como nos podemos proteger de pessoas causticas, de gente que parece vomitar a bílis, quando consideram que o Universo conspira para os magoar? Não se trata de Universo meus queridos, o que acontece é que toda a acção resulta em reacção, mais simples ainda, cá fazes, cá pagas, e na maioria das vezes, com juros altíssimos, daqueles que já nem os bancos dão.
O que pensas afinal, sim tu que me lês agora de sobrolho levantado? O que pensas quando estás a amassar a pessoa que te cuida, quando consideras que o teu ar é mais necessário do que o de todos os outros, e que o poder que te assiste hoje não se poderá quebrar amanhã, deixando-te tão vulnerável que até pedirias um abraço a um sem abrigo? Do que te proteges afinal quando atacas, será de ti mesmo, de tudo o que já te sabes capaz de fazer, sobretudo magoar e desprezar quem nunca se impediu de te amar, mesmo contra todas as expectativas e sinais? Será que em nenhum momento receias que a mão pesada da justiça divina caia feroz sobre ti?
Algumas pessoas são verdadeiros case study, porque têm comportamentos que ninguém explica, e parecem, quando julgaríamos que até tinham tudo, o melhor e o que procuramos todos, padecer de uma doença terminal que as mina de cima a baixo, empurrando-as para o lado mais negro que a escuridão encobre.
Na grande maioria das vezes não sinto nada, nem pena, nem raiva, mesmo quando grito e esperneio, tentando que vejam a luz antes que seja tarde, mas como não me cabe fazer de Deus, só me resta vê-las esborracharem a cara no chão e olhem que já vi umas quantas e não foi bonito. Quem sabe assim não aprendem? Lá estou eu como a mania de que o Pai Natal pode bem ter existido, mas apenas foi extinto!
Podemos sempre recomeçar, apanhar o que ficou, algures esquecido. Reencontrar vidas, sentir as pessoas que afinal fazem parte de nós, mas que falhámos ver!
Hoje tive uma dualidade de emoções, a felicidade de encontros adiados e o motivo menos agradável que nos juntou a todos. Sei que temos que acumular tesouros reais, permanecer próximos de quem completa o puzzle, usufruindo do que cada um poderá trazer, afinal de contas corremos com o mesmo sangue, sonhamos a mesma carga de felicidade, e queremos o que nos é devido. Somos tão iguais, em toda a diferença e beleza que herdámos, que bastarão umas quantas horas e nada voltará a ser como antes.
O tempo tem servido de desculpa para muita coisa, mas cabe-me a mim, a ti, a todos, restaurar o que já tivémos, apertar os laços, unirmo-nos no muito que temos para descobrir. Antecipo muitos risos, abraços sentidos, histórias que vieram de lugares comuns, mas que seguiram em direcções opostas.
O tempo moveu-se hoje, ajudou a que o véu se levantasse, e quem já nem está entre nós, promoveu o que muito dificilmente iríamos procurar. A vida e a morte estarão sempre entrelaçadas, até para nos recordarem do que é importante.
Não são apenas minhasas histórias que partilho, as emoções e os sentimentos que debito, segundo alguns, de forma exacerbada. Não são apenas meus, nem sobre mim, são de todos quantos caminham por "aqui" e que de alguma forma padecem de amores excessivos ou insuficientes!
Nunca estamos satisfeitos, isso também é certo, mas espero que passemos a olhar com mais atenção, para os que inevitavelmente passarão por nós e que ficarão, de forma mais ou menos permanente, se não os cuidarmos, rasgando-nos em pedaços que muitos jamais saberão consertar. Digo, com alguma satisfação, que me vou deparando com seres cada vez mais esforçados, coerentes e conscientes do que são, do que querem e de até onde podem ir, porque não fomos feitos para sermos um só, precisamos da outra parte, a que será igualmente importante e se pararmos de nos enganar, certamente que acabaremos a encontrar quem realmente fará a diferença.
Por vezes parece que vos leio e vos escrutino a alma. Quando mo confidenciam fico envolta num prazer indescritível, porque nada do que escrevo faria qualquer sentido se desse lado não o estivessem a receber realmente. As "minhas" histórias deixam de o ser no segundo em que as "largo" no teclado. A partir daí, viajam por quilómetros de esperança, trazendo de volta o que parecia ter-se perdido. O que sou em palavras, somos todos nós, nos momentos de que são feitos os dias, esperando que cada um, depois do outro, se tornem verdadeiras lições de vida, de contrário regressaremos sempre ao ponto de partida, de cada vez que nos magoem e jamais conseguiremos sequer antecipar a meta.
Prometo que nunca permitirei que as minhas mãos recusem o que o meu coração tanto parece conseguir desejar. Eu estarei sempre, "aqui", de pedra e cal, a oferecer-me da única forma que consigo, por palavras. Se vos ajudar, então a razão pela qual o faço fará realmente sentido!
O amor e a falta dele, transforma-nos para melhor e para pior. Somos o reflexo de tudo o que construímos e do muito que nos faltar, para entendermos que apenas teremos o que formos capazes de doar.