26.12.17

Cada dia que passa...

dezembro 26, 2017 0 Comments


Cada dia que passa. Cada momento em que apenas estou eu. Cada pensamento que se cruza com o que estou a pensar. Cada sorriso e riso que já foram reais, fazem-me lembrar de ti!

Todos os meus movimentos, agora, fazem-me sentir a tua falta. Tanto que me conhecias e cuidavas, consigo ainda sentir a tua mão gigante tocar a minha face logo pela manhã. Os teus dedos nos meus lábios, que entreabrias para que os teus coubessem. O esfregar ligeiro, compassado, mas depois quase desesperado do corpo que o meu já esperava. O teu respirar, misturando-se com o meu, tal como faziam as palavras que continuávamos a usar, porque nada parecia ser capaz de nos parar.

A cada dia que passa agora, sinto que o frio não se arranca, quando o melhor de nós acabou arrancado por forças que as nossas não seguram. Queria que me assegurasses, como esperava de quem sempre me cuidou e me desses o único colo que tive. A cada dia consigo ouvir o que me sopras, meio triste, porque precisas que eu continue, que me reencontre encontrando quem te poderá substituir, mas é aí que me zango mesmo e não quero estar zangada contigo, não mais do que fiquei quando olhei, pela última vez, para a tua figura inerte e sem a vida que a minha tinha quando estavas por aqui. Os teus olhos já não me olhavam e a tua boca quieta como nunca ficava quando a minha estava por perto. As mãos que cruzaram numa rigidez que as minhas não conseguiram amaciar. A pele que nunca mais se encostaria na minha, aquecendo-me do frio dos outros e da vida que te escolheu, deixando-me onde estou, a ver cada dia que passa, sem passar...

Cada dia que passa sinto mais a tua falta e mesmo que me tentem explicar os mil porquês, nenhum explicará porque tiveste que me ser levado. Cada dia e noite que vão passando por mim, apenas acrescentando tempo, não me deixam nada, porque já levaram tudo. Cada dia que passa, tal como passam os movimentos que já não repito, sei que não precisava de saber como seria não te ter, porque nunca deixei nada por fazer, ou dizer. Fui sempre tudo o que foste para mim e agradeci, lembro-me bem, todos os dias por cada segundo em que estiveste. Fiz, supostamente, o que era certo, mas nada pareceu bastar. Cada dia que passa agora, serve apenas para que saiba esperar pelo dia em que deixarei de ter que esperar por ti.



Nada como conseguir ver o nada...

dezembro 26, 2017 0 Comments
adult, back, black and white


Nada como o dia depois do outro onde estiveste, para saber quem és. Nada como deixar que te mostres, solto e sem muita intervenção minha, para que eu perceba quando terei que intervir. Nada como ter na minha boca o sabor que trouxeste de uma outra, para que ele não fique, não se me cole e não me iluda. Nada como não ter nada de ti para nada poder esperar...

Algumas pessoas chegam para que o frio se instale, bem dentro e sem que nada possamos fazer para o arrancar, não de imediato, não quando seria bem mais fácil. Não sei porque teremos que as ter, se na verdade nunca nos poderão pertencer. Algumas pessoas conseguem revirar o nosso Universo e levar-nos a acreditar que este mundo é bem pior do que o vemos. Trazem dores que não nos pertencem e escolhem não tirar, porque sem elas deixariam de ser quem conhecem. Olham-nos bem fundo como se procurassem salvação, mas não se deixam olhar. Fogem com o olhar e refugiam-se no vazio que criaram, o mesmo vazio do qual deveremos fugir, recusando salvar quem não se salva.

Nada como um dia quieto, sem barulhos que nos perturbem o pensamento, para podermos pensar. Nada como lavar as mãos em águas límpidas para ver a sujidade que se colou. Nada como não querermos mais nada de quem nunca nada nos deu, para que o nada possa finalmente partir...

25.12.17

Amor a 50/50

dezembro 25, 2017 0 Comments
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Amor a 50/50. Já tive. Já soube o que significava sentir por metades, metade eu e metade quem me amava. Já consegui medir, e pesar, a pessoa que nunca me parecia bastar, porque cansar-me dela seria desistir da vida como a conheço. Amor a 50/50. Do mesmo lado e ao mesmo tempo. Amor que dava e recebia logo de volta, no mesmo segundo. Quando estávamos apenas nós, éramos mesmo só eu e tu e nada parecia ter espaço ou volume bastante para nos atrapalhar.

Tanto que recordo as palavras que não pareciam chegar, porque deixar de as usar, mesmo durante os silêncios a que as nossas bocas nos forçavam, se tornaria doloroso. Tanto que o doce que te passava me adoçava a alma e fazia acreditar em tudo, em ti, em mim e na força que parecia crescer de cada vez que nos tocávamos. Tanto que aprendi, quando estava contigo, porque aprender me aproximava e deixava pronta para o que me trazias.

Amor a 50/50. Amor que não se gastava, mas que gastámos quando decidimos explicá-lo. Amor que não voltaremos a ter, nem eu que amo com a intensidade dos condenados e muito menos tu que receias amar. Amor que soubemos replicar, mas não pelo tempo que nos bastaria e menos ainda para que pudéssemos parar de nos parar. Amor que ainda não voltei a sentir e que muito provavelmente, e para que o castigo seja bem maior, nunca mais será meu. Amor, o teu, que mesmo perdido sei ter sentido e meu que mesmo tendo desperdiçado, porque o duvidaste, foi o melhor que já tiveste, nesta e em muitas outras vidas onde não estive.

Amor a 50/50, só assim concebo os que arriscarem querer instalar-se. Quem teve tudo nunca mais entenderá o sabor do menos. Eu sei que não...

Natal velho e Natal novo!

dezembro 25, 2017 0 Comments
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Para cada Natal uma nova prioridade, não pela quadra em si, mas pela proximidade de mais um final de ano. No Natal novo, o de hoje, não encontrei nenhuma similaridade com o Natal velho, o de ontem. Sou uma pessoa nova, diferente, mais exigente e ainda mais consciente. Neste Natal tive corações novos, que entraram para encher o meu e é com eles que vou aprendendo a arte de acrescentar. Neste Natal, ao contrário do anterior, estou em mudança externa, bem maior do que a interna. Mas neste Natal, tal como nos anteriores, algumas pessoas não seguirão em frente e permanecerão tão-somente uma lembrança. Para cada Natal a esperança amplia-se e consigo ver-me ainda maior, mais intensa (para mal de uns quantos) mas bem mais capaz de abrir as mãos para quem as saiba segurar. 

Natal velho e Natal novo, apresento-vos a que era e a que sou. Tanto que deixei de ser e tantos doces-amargos provei em cada um dos que já estão tão lá para trás, que nenhuma lembrança é capaz de me escurecer os sorrisos que mantenho, comigo e por mim, porque sou a fazedora e faço sobretudo amor para distribuir.

Já me despedi de alguns, desejando-lhes o melhor deste mundo e sentindo que apenas assim poderei continuar, sem rastos que possam ser seguidos e sem os olhares que nunca me viram. Vou deixar para o resto da semana, até ao dia 31, mais uns quantos recados, limpando de mim e de tudo o que me movimenta, quem não passou nos meus testes, que mesmo não sendo demasiado rigorosos, são de peneira estreita.

Natal novo, leva todos os velhos quando te fores e não permitas que voltem para me ensombrar, eu sei que cuidarás de lhes responder ao que não tiveram coragem de me perguntar, assegurando-lhes que sou da consistência a que me obrigam, cedendo tantas vezes quantas confie que merecem segundas e terceiras oportunidades, mas depois, depois de me ordenar que pare, parar será sempre a opção mais viável. Natal novo, enquanto andares por aqui, podes ir espreitando o que virá e sei já, de antemão, que vais validar cada decisão, porque eu só sirvo depois de me ter servido convenientemente!

Despojos de mais um Natal!

dezembro 25, 2017 0 Comments


O que foi que te restou de mais um Natal? Mais um em que certamente correste, mudaste tudo e adaptaste muito de ti para que outros coubessem. O que foi que aprendeste com mais um Natal? Estás pronta para repetir, tudo, outra vez? O que foi que ganhaste, se é que alguma vez ganhas, mais tempo, mais amor e a companhia dos que contam mesmo? O que foi que viste repetido, ou mudaste para um outro Natal?

Despojos de mais um Natal, é assim que uma grande maioria vive, ano após ano, com o que não lhes enche nem preenche. O Natal passou a ser uma época de enorme corrida de celebridades, queremos mostrar mais, ser maiores e ter o que os outros não conseguiram no anterior. Já não se preserva o que deveria mesmo importar. Já não se dá beijos sentidos e abraços de mais de 6 segundos. Já não se deixa o relógio de lado e apenas se vive, vivendo com os que não poderão estar sempre, o que o Natal ofereceria se ao menos estivéssemos onde queríamos estar.

"Não é fácil" - Dirão alguns. Eu respondo que o que não é de todo fácil é ter que fingir. Olhar sem querer ver e fazer que não ouvimos o que já nem sequer faz eco. Mais um Natal e não aprendeste nada. Não mudaste nada. Não te puseste em primeiro lugar. Não cresceste...

Despojos de mais um Natal, com tudo visto da perspectiva errada e sem sentimentos que compensem tanto esforço.Se falhaste ser neste, desejo-te um próximo Natal, para o qual terás um ano inteiro para te preparares, cheio de ti mesma, sem máscaras e a seres quem consegues. Desejo que chores com lágrimas verdadeiras, para que alguém as possa limpar e que rias com gargalhadas sonoras, porque isso significará que alguém as estará a ouvir. Desejo que no próximo, se neste não afastaste qualquer vírgula das frases que não completaste, que tenhas bem mais do que uma mesa farta. Desejo-te um coração preenchido de um amor que Natal nenhum precisa de reforçar e de pessoas reais à tua volta. Desejo, por ti, já que te tem faltado a coragem, que sejas bem mais corajosa no próximo!

24.12.17

Mais um Natal...

dezembro 24, 2017 0 Comments
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Mais um Natal significa mais um ano. Mais umas quantas centenas de dias, para termos começado ou concluído algo. Mais um novo olhar sobre o que até já é velho, ou sobre o que conseguimos, finalmente mudar. Mais um Natal sem ti, dos muitos a que já me deveria ter habituado, mas este será bem diferente. Mais um Natal em que poderei, porque para isso terei tempo, lamentar o que não te fiz e tudo o que deixei por dizer, e olha que nem foi assim tanto, mas agora e depois de já não poder existir mais nenhum, não para ti e não para mim contigo, sei que deveria ter mesmo dito TUDO. Mais um Natal em que te ouvirei dizer, agora já apenas em lembranças, que não gostavas assim tanto do Natal, mas até sei do que não gostavas. Não gostavas das lembranças de felicidade distantes. Não gostavas dos cheiros que não tiveste como voltar a sentir. Não gostavas de quem te impedia de gostar da época que chegou a ser demasiado importante para todos nós, para que depois fosse tão pouco. Não gostavas de já não ter uma terra, um lugar teu, um momento para onde voltar. Não gostavas de saber que tantos partiram antes de ti e que tu mesmo, deixaste demasiado por partilhar.

Eu e o Natal somos velhos conhecidos, mas andamos sempre por momentos diferentes, tentando cuidar de quem ainda não nos cuida, mas sabendo que aos poucos, após alguma insistência e sem nunca desistir, porque isso farão os fracos, conseguiremos que passe a ser mesmo Natal!

23.12.17

Sem tempo para mim...

dezembro 23, 2017 0 Comments


Nunca sabemos quando podemos, de repente, ficar sem tempo, sem chão, ou sem projectos, porque todos os que nos atrevemos a fazer, por vezes simplesmente caiem.

Aprendi a deixar-me ir, sem demasiadas promessas, apenas a ser todos os dias mais um pouco. Vou-me levando e ajudando a que saiba onde pisar, mesmo que erre pelo caminho e é claro que erro muitas vezes ainda. Parece-me demasiada pretensão achar que controlo alguma coisa, mas se perder a convicção de que o faço quando o desejo, passarei a sentir o tempo fugir-me, mais rápido do que o faz já.

Não quero ficar sem tempo para mim. Não posso deixar para trás o que me faz feliz, mais completa e capaz de superar cada revés. Não quero tornar-me amarga, zangada com o mundo e com quem parece proliferar de forma negativa, como o fazem alguns cogumelos selvagens, muito bonitos à vista, mas extremamente perigosos e até mortíferos. Não quero deixar de querer quem me quis, sem que o pedisse, mas que acabou por se instalar.

Sem tempo para mim deixou de ser desculpa e mesmo que nunca a tivesse usado, conscientemente, agora todos os segundos que sobrarem serão meus primeiro. Poder, só que seja olhar para onde há verde e brilha o sol, sem que nada ou ninguém me cobre, e de forma tão tranquila que sinta rejuvenescer cada célula, passou a ser uma prioridade e um desejo que sei como manter vivo. Sem tempo para quem amo também não será mais possível, porque o que faz de mim este ser que parece ter reservas infindáveis de amor, é todo o amor que sei que me tem. Sem tempo para o meu tempo, "never again", já tenho o calendário bem delineado, agora só tenho que o seguir, olhando-o todas as manhãs, não vá o meu cérebro pregar-me partidas.

As promessas que precisamos de aprender a cumprir terão que ser as nossas, porque depois de o conseguirmos, nada mais voltará a ser tão difícil que nos afaste, irremediavelmente, de nós. Eu comecei a fazê-lo, no primeiro dia do resto da minha vida!